segunda-feira, 22 de outubro de 2018

253 – ESTUDOS de ARTE












O GRUPO de PESQUISA da AAMARGS AVALIA os RESULTADOS obtidos nos  CONTRATOS, na METODOLOGIA  e no MATERIAL que disponibiliza no FINAL do ANO de 2018.



Fig. 01–  Os projetos do Grupo de Pesquisas da AAMARGS  tiveram o apoio do MARGS que se constitui numa instituição cujo projeto é de se  dedicar a colecionar, estudar e socializar MANIFESTAÇÕES das ARTES VISUAIS. A sua  natureza se distingue das instituições dedicadas ao ARTESANATO, à MODA ou OBJETOS OBSOLETOS ,  fora da validade da aplicação, do uso e destinados ao descarte . Para tanto o MARGS  busca agir diante da  qualidade própria da OBRA de ARTE cuja NATUREZA  é o de GANHAR QUALIDADE enquanto   DURA e RESISTE com o PASSAR DO TEMPO





SUMÁRIO
01 -  Avaliação dos resultados, das metodologias  e dos documentos 02 – O PROJETO do ANO de 2018  .   03 – A TEMÁTICA da PESQUISA do ANO de 2018.  04 – CONCEITOS e DEFINIÇÃO dos TERMOS da  TEMÁTICA da PESQUISA do ANO de 2018.  05   As ARTES VISUAIS INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL e a LEGISLAÇÃO. 06 -. CONCEITOS e CIRCUNSTÂNCIAS das ARTES  INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL  07- O que PERMANECEU da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no RIO GRANDE do SUL.  08  O PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA pela ARTE 09 – ARTE DISTINTA de CULTURA num PROJETO CIVILIZATÓRIO. 10 - As ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL 11 – POTENCIALIDADES das ARTES VISUAIS no RS em 2018 12 - FRUSTRAÇÕES de PROJETOS nas ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL 13 - ACERTOS e INSTITUIÇÕES do  PROJETO de UNIDADE e IDENTIDADE do RIO GRANDE do SUL. 14- PORTO ALEGRE e suas REPRESENTAÇÕES ARTISTICAS. Os ARTISTAS que muito ou POUCO  “OLHARAM” para a CIDADE15- Os PROJETOS FEDERAIS das ARTES no RIO GRANDE do SUL.16 -- POTENCIALIDADES ESTADUAIS das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  e o CONTINUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA.17 -- O POTENCIAL de NOVAS e de ANTIGAS INSTITUIÇÕES de ARTE no RIO GRANDE do SUL.18 -- Potencialidades ADMINISTRATIVAS das ECONOMIAS SIMBÓLICAS no RIO GRANDE do SUL. 19 -- POTENCIALIDADES OPERACIONAIS e ECONÔMICAS das ARTES no RIO GRANDE do SUL 20 -- FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÈRICAS DIGITAIS
  Revisão do texto por Dirce ZALEWSKY e  por Arnoldo Walter DOBERSTEIN

01 -  Avaliação dos resultados, das metodologias  e dos documentos:
Francisco BELLANCA (1895-1978) - Estudo para figura de um Diploma
Fig. 02–  As  sessões  do Grupo de Pesquisas da AAMARGS  se desenvolveram, ao longo do ano de 2018, num clima de camaradagem, de trocas e de contrastes orientados pela  temática centrada na INSTITUCIONALIZAÇÂO das ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul . Para tanto o Grupo da  AAMARGS  buscou agir diante da  qualidade própria da OBRA de ARTE que é o de DURAR e GANHAR QUALIDADE e NOBREZA enquanto é estudada, divulgada e possui observadores .

Somente é possível AVALIAR ALGO na MEDIDA em que EXISTIREM LEIS, CONTRATOS e PROJETOS conhecidos e respeitadas por todos em relação a este FATO ou OBJETO.  Na falta destes CONTRATOS, de PROETOS e de LEIS, reina o arbítrio, a improvisação e os gastos suntuários. 
Os atravessadores, os mediadores e os interesseiros impõem os EVENTOS PASSAGEIROS que não deixam memória e nem somam uma consciência coletiva para TODO ESTADO do Rio Grande do Sul. 
Carlo ARGAN ao escrever em relação à ARQUITETURA[1] tocou nesta incompletude da OBRA de ARTE
 a :aparente incompletude da obra de arte, seu não poder ser senão como ser-no-mundo, seu colocar-se como Dasein e não como Sein, se manifestam na arquitetura moderna no predomínio, aliás, na substituição das perspectivas pela planta como momento essencial não só da funcionalidade, mas do valor estético do edifício”.

Uma AVALIAÇÃO ISENTA, IMPESSOAL e OBJETIVA perde  qualquer possibilidade - e sentido -  onde domina a “POSSE dos CARGOS” transformados em CABIDES de EMPREGOS BEM REMUNERADOS.  Neste ambiente, carente de CONTRATOS, de PROJETOS e de VALORES CONHECIDOS e RESPEITADOS, os ARTISTAS estão à mercê dos ATRAVESSADORES, dos MEDIADORES e INTERESSEIROS no TRABALHO  e OBRAS ALHEIAS. 
 Neste ambiente emergem e  reinam os “PRÊMIOS em CIMA DE...”, os EVENTOS OCOS, o MARKETING e PROPAGANDA manejados e favoráveis aos ATRAVESSADORES, aos MEDIADORES e aos INTERESSEIROS do alheio.

02 - O PROJETO do ANO de 2018

O PROJETO das SESSÕES PÚBLICAS do GRUPO DE PESQUISAS da AAMARGS esteve voltado, ao longo do ano de 2018,  para a INSITUCIONALIZAÇÃO das ARTES VISUAIS nos LIMITES GEOGRÁFICOS do RIO GRANDE do SUL
No PRIMEIRO SEMESTRE as sessões foram MENSAIS. No SEGUNDO SEMESTRE, foram SEMANAIS sempre, as quintas feiras, das 14h15min até as 16h00 e realizadas no Pequeno Auditório do MARGS
O GRUPO funcionou  sob o alto patrocínio e da autorização da direção do MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL. O seu funcionamento foi decorrência desta autorização  no uso pontual do ambiente. CONVITE, SUPERVISÃO  e FUNCIONAMENTO sem ÔNUS de espécie alguma vieram da ASSOCIAÇÃO de AMIGOS do MUSEU de ARTE do RIO GRANDE DO SUL (AAMARGS).
No ano de 2018 ocorreu a quinta edição das sessões sucessivas nos anos de 2015, 2016 e 2017. Estas sessões retomaram o projeto cuja primeira série ocorreu no ano de 2002.


Fig. 03–  Uma obra da parede do MARGS  marca o ambiente do prédio que INSTITUCIONALIZA as ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul  O tema da atividade lúdica de pequenos seres alados brincando com um delfim conferem o clima de alegria, de despreocupação e da gratuidade que cercam as práticas e o usufruto das artes..No entanto o MARGS  é uma instituição que busca agir diante da  qualidade própria da OBRA de ARTE que é o de DURAR e GANHAR QUALIDADE e NOBREZA . Este conjunto significa projetos e ações práticas cujo objetivo é garantir que esta gratuidade,  despreocupação e alegria possam durar por TEMPO INDETERMINADO

A TEMÁTICA da PESQUISA do ANO de 2018 voltou-se para as ARTES VISUAIS INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL
Esta TEMÁTICA foi desdobramento das quatro edições anuais anteriores.

Fig. 04–  Uma mandala como criação da professora e doutora NEUSA CAVEDON  julho do ano de 2017, pintura, relevo, Ø 230 mm -  reflete o intenso e complexo mundo de concepções e, ao mesmo tempo,  a unidades do projeto do Grupo de Pesquisas da AAMARGS.   O texto que se segue é um reflexo do mundo da Administração da ÉPOCA-PÓS-INDUSTRIAL e envolvem instituições, associações, grupos e pessoas dedicadas à produção, reflexão e usufruto destes campos de forças da CIVILIZAÇÃO.


04 – CONCEITOS e DEFINIÇÃO dos TERMOS da  TEMÁTICA da PESQUISA do ANO de 2018 



A professora e doutora NEUSA CAVEDON elaborou um texto no qual atualizou os conceitos de ADMINISTRAÇAO INSTTUCIONAL a partir de sua experiência na FACULDADE de ADMINISTRAÇÃO da UFRGS. Entre tantos conceitos ela resumiu e destacou:
 na nova definição da teoria institucional da arte, Dickie (1997) traça a teorização e esclarece cada parte integrante da definição. Para ele: 'uma obra de arte é um artefato de uma classe criado para ser apresentado diante de um público do mundo da arte'. Decompondo cada concepção envolvendo a definição anterior: a) o artista é a pessoa com competência para elaborar uma obra de arte; b) o público é constituído por pessoas com capacidade (formação) para compreender aquilo que lhe está sendo apresentado como arte; 3) o mundo da arte é formado por todos os sistemas que integram o mundo da arte: 4) por seu turno, um sistema do mundo da arte configura-se como um ponto de referência para a apresentação da obra de arte, por parte de um artista, frente a um público do mundo da arte”.  
"NO ATELIÊ DOS CONCEITOS: INSTITUIÇÃO / INSTITUCIONALIZAÇÃO"
Neusa Rolita Cavedon cavedon.neusa@gmail.com


05 -- As ARTES VISUAIS INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL e a LEGISLAÇÃO
STUDIO P: atelier aberto de pintura: catálogo 2016-2018 Porto Alegre: UFRGS, 2018.   p.45

Fig. 05 –  A produção física da OBRA de ARTE simultânea com a reflexão e socialização dos conceitos colocam o artista visual na linha proposta por Leonardo da Vinci ao afirmar que uma “PINTURA é uma COISA MENTAL”. Esta dupla ação coloca as artes no interior de UNIVERSIDADE de par em par com as demais profissionais superiores

As normativas, as leis e a instituições próprias de uma região geográfica (Weltgeist), como o Rio Grande do Sul ganham sentido social (Volksgeist) e lógica interna além de referências autorais únicas. No contraditório, o constante  acúmulo do fluxo de informações estéticas, permitindo-lhe uma constante atualização da inteligência. Liberta-se, assim, da heteronomia de  mitos e fetiches de tendências estéticas alheias e de outros tempos (Zeitgeist). Esta tripla autonomia permite à OBRA de ARTE o novo, o único e uma gradativa formação de uma consciência daquilo que lhe é caro e coletivamente significativo.  O que importa é que esta identidade - já sedimentada e definida - facilite o encontro com o diferente, sem temores característicos de uma frágil e insegura identidade pessoal e coletiva.
No RIO GRANDE do SUL cada novo e sucessivo regime político ditou, escreveu e fez cumprir uma série de LEIS que estimularam direta ou indiretamente o CAMPO de FORÇAS ESTÉTICAS. Evidente  que estas leis contornam o campo de FORÇAS da ARTE, porém o limitam ou fertilizam. Assim os regimes coloniais, imperiais e republicanos sul-rio-grandenses tiveram como resposta limitações intransponíveis aos seus contemporâneos   ou,  então, lhes abriram amplas perspectivas ao EXERCÍCIO PLENO de EXPRESSÕES de ARTE 



06 . CONCEITOS e CIRCUNSTÂNCIAS das ARTES  INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL
Fig. 06 –  Uma das propostas mais significativas das Artes Visuais do RIO GRANDE do SUL é a criação e execução do MUSEU DO PERCURSO NEGRO de PORTO ALEGRE.  Um museu público com um acervo de obras de arte visuais e que, no entanto, não é um  parasita,  pois não possui prédio, funcionários específicos e burocráticos. Esta instituição, em plena e continuada exposição pública,   é potencialmente uma das propostas adequadas para a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL 

A pesquisa estética  não é parasita do Estado e nem se alimenta de sua seiva. Estas epífitas[1]  aproveitam-se apenas da altura, da sombra e do microclima propiciado pela hospedeira.As eventuais INSTITUIÇÕES DE PESQUISA ESTÉTICA são tratadas como as orquídeas hospedadas na árvore contanto que NÃO parasitem ou suguem qualquer recurso do erário público. 
Esta autonomia das organizações estéticas, de pesquisa e de reprodução as mantém o mais distante possível dos governos seguindo  Platão que  já  avisava (1985, p.84)[2]::
cada governo estabelece as leis para a sua própria vantagem: a democracia leis democráticas, a tirania leis tirânicas e os outros procedem do mesmo modo; estabelecidas estas leis, declaram justa, para os governados, esta vantagem própria e punem quem transgrida como violador da lei e culpado de injustiça
A dimensão social, econômica, técnica e política  do fenômeno da ARTE passa pelo filtro expressões do SER humano.  A partir do seu ENTE as obras de ARTE, deste SER humano, estabelece aa ARTE com suas leis e suas vantagens. Esta tensão gera um campo de forças suficientemente esclarecido para avaliar, estimular ou se opor a qualquer governo externo a este campo da ARTE.  Por esta razão  os mais variados governos censuram, se imiscuem ou valorizam  o campo de forças da ARTE. 
 O processo ganha uma  sólida consistência e dimensões contratuais e hierárquicas na medida em que grupos, instituições e sociedades valorizam e normatizamcrítica d este campo de forças da ARTE.  O indivíduo artista aufere a sua energia do campo de forças do CAMPO da ARTE especifico que gera, circula e se reproduz a partir do seu núcleo cada vez mais denso e autônomo.
 No início do terceiro milênio, o Rio Grande do Sul assiste, participa e contribui para o adensamento do seu próprio núcleo de forças do CAMPO da ARTE. Este fenômeno ganha visibilidade e materialidade  avaliável em  grupos, em instituições e em sociedades normatizadas e hierarquizadas. Instituições que se burocratizam rapidamente e seguem a lógica formal e legal. O perigo que se apresenta é que esta burocratização se esterilize e perca a possibilidade de se reconectar com os ideais e necessidades de sua origem e nem possua a competência de interagir com o presente. Instituições que seguem a sina de que a “FORMA MATA a ARTE”. Nestas circunstâncias estão muito distantes de se constituir e reproduzir PROJETOS autênticos, COMPENSADORES da VIOLÊNCIA e que a civilização artificial, contratual e humana necessita exercer como DELEGAÇÃO PERMANENTE dos seus cidadãos.


[2] PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  1º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, - 1985 - 238 p.
STUDIO P: atelier aberto de pintura: catálogo 2016-2018 Porto Alegre: UFRGS, 2018.   pp.42-3
Fig. 07–  A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  possui a potencialidade de incorporar, no seu universo, todas as etapas estéticas e culturais de todas as eras, tendências artísticas e devolver um produto inédito sem ser eclético. Como esta mesma ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL está conectada com todo o planeta,  ela dialoga com todas as culturas ativas e troca com elas, em pé de igualdade

O que permanece é o PENSAMENTO. O PENSAMENTO da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA permaneceu. Isto apesar de - ao longo de 143 anos – seu projeto  escrito permanecer distante de qualquer conhecimento além do seu autor JOAQUIM LE BRETON e alguns desconhecidos. Este PENSAMENTO foi formalizado no dia 12 de junho de 1816  numa longa e detalhada CARTA[1]  que algum zeloso funcionário público colocou embalsamada no fundo de uma  gaveta de um serviço burocrático e acessível apenas para um seleto grupo de intelectuais brasileiros O projeto de 1816 ficou mofando até 1959 quando o pesquisador Mário Barata achou, traduziu, divulgou  e publicou a carta de Le Breton chefe da Missão Artística ao Rei Dom João VI. Mário BARATA comentou[2]   que: 
nas indicações dadas pelo texto comprovam a influência de Humboldt sobre Le Breton, no tocante à criação de uma escola de Artes, mas delas se deduz, definitivamente, o fato de que a Missão Artística foi concebida pelo antigo secretário do Instituto de França, ficando com o Conde da Barca e D. João VI o mérito  (já bastante grande) de terem aceito a proposta e procurado de certo modo realizá-la.  O decreto de  12 de agosto, posterior apenas de um mês e três dias a data do segundo rascunho, já não seguia, porém, as linhas do plano de Lebreton, nem  o projeto de lei por ele elaborado”.
Nestes 143 anos a Imperial Academia de Belas Artes convivia com os arraigados hábitos da escravidão e com as práticas do regime colonial pesado e alienante. Neste meio tempo, a seção burocrática e imperial nominalmente das BELAS ARTES era sustentada pelas províncias, como o Rio Grande do Sul sem que tivessem qualquer contrapartida ou instituição de arte. Além disto  províncias nada recebiam em troca além da  obrigação de enviarem os seus filhos de elite para a corte  centralizadora do Rio de Janeiro.  As províncias não tinham direito à uma destas INSTITUIÇÕES de ARTES, nem a algum evento das Artes Visuais ou mesmo a alguma obra de arte digna deste nome. As capitais das províncias imperiais continuavam com a sua aparência visual, hábitos e a sua vida cultural do período colonial lusitano.
Assim o ESTADO IMPERIAL priorizava a  SEGURANÇA JURÍDICA e ECONÔMICA pelo qual pagava o preço da renúncia da AUTONOMIA do CAMPO das ARTES. O ESTADO NACIONALISTA, da ERA INDUSTRIAL, lançava a semente no CAMPO da ESTÉTICA e da INDÚSTRIA CULTURAL.
Enquanto isto, a Carta de LE BRETON continuava estrategicamente na gaveta. Na sua essência este projeto propunha duas escolas. Uma para as BELAS ARTES  e outra para as ARTES e os OFÍCIOS
eu proporei não se esperar a sucessão de tempo necessária para que a influência de vossa principal escola chegue às oficinas do Artesão, e ofereço-me para organizar, com o ensino das Belas Artes, a propagação simultânea do desenho nas artes e ofícios que dele podem tirar proveito”.

 O que de fato incomodava os cortesões - no aguardo de uma POSSE de um CARGO PÚBLICO, era  a proposta de uma dupla  instituição com os mesmos professores e em número pequeno e eficiente “professores de uma dupla escola das artes do desenho bastarão para todo o ensino dessas artes, e mesmo de suas aplicações aos ofícios.” Esta tipo de economia era impensável para estes cortesões.
A premonição de Le Breton tinha endereço certeiro:
 é essencial que se determine bem o emprego de cada um, e não se deixe ao patronato, desprovido de luzes, nem às pretensões pessoais dos artistas, a possibilidade de intervir ou enfraquecer a ordem do ensino pela invasão de qualquer professor medíocre ou não clássico, pois a escola, desde o início, apresentava germes de fraqueza e de torpor que não tardariam a prejudicá-la”.
O castigo desta falta de projeto planejamento seria imediato e atroz. ”sem isto teríeis rapidamente, sr. Conde, um formigueiro de artistas-abortos, saídos de vossa escola, e que seriam mais importunos que úteis”, Certamente isto aconteceu mais do que conhece e divulga. O erário público era gasto sem garantia de resultados e eficiência de espécie alguma. O descrédito do campo de artes é proveniente tanto da não divulgação dos projetos, dos contratos e dos resultados mesmo que sejam de longo prazo.
LE BRETON previu a necessidade que a população detenha acesso a esta produção artística desenvolvida no Brasil:
 por este meio bastante natural, cuja despesa não seria assustadora, a escola brasileira, desde o nascimento, iniciaria um Museu Nacional interessante, que se enriqueceria, cada ano, e logo se estenderia até a descrição pitoresca do País”. Mais adiante continua “é, portanto, necessário reunir quadros de diversas escolas, telas que possam servir às lições práticas, como demonstração, ao mesmo tempo em que guiem e mesmo inspirem professores
E qualifica este Museu “escolhendo bem e pondo de lado a pretensão e a mania de possuir coisas demasiados raras”. Na sua CARTA Le BRETON já previu um DIA da ARTE “Todos estes trabalhos se exporiam publicamente no aniversário natalício do Rei. O folheto explicativo da exposição poderia ser vendido em proveito da escola”. Este evento fixou-se no dia 12 de agosto em função de decreto que criava a Escola Real de Belas Artes e Ofícios, no ano de 1816[3].
Ao reportar-se às províncias brasileiras, LE BRETON  cita o exemplo da interiorização deste saber na França:
os Intendentes e os Bispos abriram várias dessas escolas nas províncias a exemplo de Paris, com regulamento feito por Bachelier; assim, imprimiu-se à indústria francesa um movimento de melhora que se fez sentir em toda parte, e que nada custou ao tesouro público”.
De fato o posterior Regime Republicano demonstrou que a criação,  tanto de instituições de Belas Artes como de Arte e Ofícios,  praticamente nada custavam ao erário nacional. Os bispos, da época, eram funcionários do governo real.  Em contrapartida a distribuição de renda e os impostos derivados foram e continuam a ser uma fonte ainda não esgotada. 
No entanto o hábito da dependência, da heteronomia da vontade, da inteligência e dos sentimentos continuaram a se pautar pelo colonialismo, pela escravidão e burocratização derivado de um sistema jurídico adequado à inércia, a encontrar um culpado de tudo e transformar qualquer assunto, sério e consequente, em piada,  deboche e desqualificação de qualquer crédito


[1] A  CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
ehttp://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/02/151-logistica-em-estudos-de-arte.html
[2]  REVISTA do PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL - nº 14 -  1959
[3] Os advogados escolheram o dia 11 de agosto em função da primeira Faculdade de Direito fundada 11 anos depois

08 -. O PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA pela ARTE.




Fig. 08–  Caso falte ALMA para uma cidade, também lhe faltará ÂNIMO.  Por mais limpa educada e tecnificada for uma metrópole se lhe FALTAR ARTE os seus habitantes irão cansar deste TRABALHO ROTINEIRO.  Caso uma cidade  dedicar TODAS AS SUAS ENERGIAS e FORÇAS e ECONOMIAS  para a  LIMPEZA e para a SEGURANÇA ela será ESTETICAMENTE  ESTÉRIL e TODOS FOGEM DELA no PRIMEIRO FERIADO que surge no calendário.

O cidadão delega ao seu ESTADO o EXERCÍCIO da VIOLÊNCIA. Este cidadão se abstém de fazer a justiça com as próprias mãos e meios. No entanto, caso o ESTADO APENAS PRATIQUE a VIOLÊNCIA - que lhe delegam - ele se torna um ENTE POLICIAL, e gera aversão e medo  generalizado. Como o ESTADO também SABE que TODOS SÃO ARTISTAS POTENCIAIS igualmente sabe que existem ARTES SOCIALMENTE ACEITAS como  também aquelas deletérias e vivamente condenáveis. Assim cabe ao ESTADO OFERECER eficientes e qualificados PROJETOS CIVILIZATÓRIOS COMPENSADORES[1] da sua VIOLÊNCIA, caso não queira multiplicar ao infinito e sustentar PRESIDIOS, TRIBUNAIS e transformar a cidade num campo de CONTROLE, de ESPIONAGEM e de DELAÇÔES SEM FIM.
O projeto oficial da CONSTRUÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA  a partir do seu PODER ORINÀRIO é bem recente no Rio Grande do Sul.  Na cultura brasileira ganhou uma forma legível, em 1942, com Mário de Andrade que propunha[2], para a UNE:
o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência nacional [..] A novidade fundamental, imposta pelo movimento, foi a conjugação dessas três normas num todo orgânico da consciência coletiva.
Esta conferência evocava os resultados culturais da Semana de Arte Moderna de 1922. Mario da Andrade havia sido uma das figuras centrais desta Semana. Ele se indispusera em 1938 com o Estado Novo. A conferência ocorria no auge desta ditadura que entrava em guerra com o Eixo.
A noticia, desta proposta, repercutiu no Rio Grande do Sul,  mas tardou em se tornar fato e direito na direção de “QUE TODOS SÃO ARTISTAS” ganhou força com as investidas de Iberê CAMARGO e as respostas de grupos como o “BODE PRETO” Ganhou institucionalização com o ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE, das ESCOLINHAS de ARTE e proliferação de CURSOS SUPERIORES de ARTES VISUAIS espelhadas por todo território do Rio Grande do Sul.
 No contraponto o Rio Grande do Sul é herdeiro direto da falácia e do mito da cultura ocidental de um ECLETISMO ESTÉTICO ACOMODATÍCIO.  Contra este elevou-se a voz de Mário de Andrade que fustigava -  em 1938[3], na época do Estado Novo - o ECLETISMO ESTÉTICO  como “acomodatício e máscara de todas as covardias (1955, fl. 13].
                Se Mário colocava, em 1942, a nacionalidade como primeiro principio, já nos registros de 1938,  se precavera contra a SERVIDÃO e o COLONIALISMO SUBLIMINAR. COLONIALISÃO e SERVIDÃO que misturam tudo, intencionalmente, para estragar tudo e não servir a NINGUÉM. Por meio da exibição deste ECLETISMO,  além do exercício dos DONOS de PODER, a sua intenção é ESTRAGAR TUDO. Estes DONOS do PODER  buscam apenas - e tão somente - ressaltar a sua ONIPOTÊNCIA inconteste, ONISCIÊNCIA sem sombra de dúvidas, ONIPRESENÇA em tida mídia e ETERNIDADE garantida pela POSSE hereditária dos CARGOS.


[1] MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto   Civilizatório do Império»  in  180 anos de Escola de Belas Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.

[2] - ANDRADE, Mario O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942,  p.45.
                Esta conferência evocava os resultados culturais da Semana de Arte Moderna de 1922. Mario da Andrade havia sido uma das figuras centrais desta Semana. Ele se indispusera em 1938 com o Estado Novo. A conferência ocorria no auge desta ditadura que entrava em guerra com o Eixo.
                Mário coloca a nacionalidade como primeiro principio os concluía com busca da construção de uma consciência coletiva.

[3] ANDRADE, Mario Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro  de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 fls.
09 . ARTE DISTINTA de CULTURA num PROJETO CIVILIZATÓRIO.


STUDIO P: atelier aberto de pintura: catálogo 2016-2018 Porto Alegre: UFRGS, 2018.   p.40
Fig. 09–  A criatura humana necessita um pouco mais do que PÃO e CIRCO no qual os OUTROS são PADEIROS e ATORES. É da NATUREZA das ARTES que TODOS SEUS CRIADORES, AGENTES além de simples expectadores criem uma rede de solidariedade e de trocas simbólicas e materiais ao redor das OBRAS. Por mais atrapalhado e bisonho que seja este ATOR  só assim experimentando e sentindo as sensações das ARTES NOBRES ele começará a dar sentido para as GRANDES OBRAS UNIVERSAIS

Para as ARTES VISUAIS VALE a mesma pergunta que se faz ao FALANTE “¿ QUEM ESTÁ FALANDO QUANDO VOCÊ FALA?”. O mesmo vale para as ARTES VISUAIS. A pergunta - ¿ QUEM está PINTANDO ou ESCULPINDO no RIO GRANDE do SUL? - deve ser dirigida ao artista e/ou  para as suas obras originais, se caso o artista não estiver presente.

A apropriação do DISCURSO ALHEIO, da SUA GRAMÁTICA e da sua TERMINOLGIA,  desqualifica a ORIGINALIDADE, a AUTONOMIA e a  PRETENSA OBRA não passa de um PASTICHE, de KITSCH ou de FURTO CRIMINOSO. Uma das razões pelas quais o 'ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE'. Ele está PINTANDO ou ESCULPINDO para se apropriar de linguagens, técnicas e modos pelos quais OUTROS deram corpo e  RESOLVERAM um PROBLEMA ESTÉTICO de sua época, lugar e sociedade.
 Na realidade a apropriação do discurso, da maneira de pintar ou esculpir o alheio constitui “TRABALHO”, EXERCÍCIO e TREINAMENTO dos SENTIDOS e da MENTE HUMANA. Porém o projeto na ARTE é sempre dar  corpo para uma “OBRA” diferente e superior ao simples “TRABALHO”. Na concepção de Hannah ARENDT[1] o “TRABALHO” destina-se ao CONSUMO, para a OBSOLESCÊNCIA e para DESAPARECER sem deixar MEMÓRIA .  
O SOBRE-HUMANO é a “OBRA  de ARTE que não é consumida pelo uso. Ao contrário, a  OBRA” de ARTE continua a projetar valores, sentidos e o novo na medida em que ela resistir a qualquer uso, utilidade imediata e ao consumo.
No Rio Grande do Sul as questões de sobrevivência da OBRA de ARTE dizem respeito  à proximidade da NATUREZA do IMEDIATISMO  e de CONSUMO e  assim DESAPARECER sem deixar MEMÓRIA. É ainda o reino do  TRABALHO”. Da MUDANÇA SEM MEMÓRIA e do INTUITIVO.
Neste REINO INTUITIVO fundamenta-se  a  OBRA  de ARTE do ARTISTA PRIMITIVO, do ÌNSITO e da GRATUIDADE. Todas as civilizações começaram a se descolar da  NATUREZA, do IMEDIATISMO  e do CONSUMO.
 No RIO GRANDE do SUL verifica-se, também, a enorme distância entre as INSTITUIÇÕES de ARTE com as autênticas e continuadas EXPRESSÕES das ARTE. Estas instituições se burocratizam rapidamente e seguem a lógica formal e legal da CULTURA. CULTURA que por si mesma está sem possibilidade de se reconectar com os ideais e necessidades de sua origem e nem possuem a competência de interagir com o presente. Instituições que seguem a sina de que a “FORMA MATA a ARTE”. Assim os PROJETOS autênticos, COMPENSADORES da VIOLÊNCIA estão muito distantes do que se FALA, do que se PUBLICA e do que se FAZ CIRCULAR mesmo no mundo NUMÉRICO DIGITAL. Importa nestas circunstâncias constituir,  reproduzir como um ARTEFATO  alertando para que aquilo é apenas um documento de algo que JÁ ESTEVE VIVO e FOI ARTE  no MOMENTO de sua CONCEPÇÃO e  CRIAÇÂO. 
Só o exercício da DELEGAÇÃO PERMANTE das COMPETÊNCIAS da ARTE aos seus cidadãos, tornará a civilização  um pouco menos artificial, contratual e será algo mais próxima do humano cuja dimensão em muito, o que se pode imaginar de qualquer INSTITUIÇÃO[2] .

[1] ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.    https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne
[2] A INTELIGÊNCIA HUMANA ULTRAPASA - em  MUITO - a UNIVERSIDADE

10 . As ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.
MAC –RS -  FESTIVAL de ESCULTURAS ITINERANTES[1] em SETEMBRO de 2018
Fig. 10–  O OUTRO  como OBJETO, a  SERVIDÃO HUMANA e a FALTA de ÉTICA na prática das ARTES VISUAIS corrompem  e tornam cínicas, espalhafatosas e cria cenários  desproporcionais. Cenários cujo objetivo é apenas  comover, surpreender  escandalizar sem que isto garanta a sua permanência como OBRAS de ARTE.  TRABALHOS desta natureza bastam a si mesmas do alto de seus discursos tonitruantes e desproporcionais  sem que PERMANEÇAM, GANHEM QUALIDADE e/ou NOBREZA.

As conexões da ÉPOCA NUMÉRICA DIGITAL permitem a ATUALIZAÇÃO INSTATÂNEA da INTELIGÊNCIA nas ARTES no RIO GRANDE do SUL.  Qualquer artista pode saber instantaneamente o que se passa nas ARTES VUSUAIS nos centros hegemônicos da cultura planetária. Porém não é SUFICIENTE a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA nas ARTES no RIO GRANDE do SUL.    
Se, de um lado,  esta ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA é vantagem,  do outro lado ela aumenta  o poder subliminar do COLONIALISMO e da SERVIDÃO ESTÉTICA. As CULTURAS HEGEMÔNICAS sempre foram hábeis em se apropriarem de conceitos, obras e projetos e as desqualificam em comparações entre ENTES ABOLUTAMENTE DIFERENTES ENTRE SI.
A proliferação de BIENAIS de ARTE vulgarizou as OBRAS APRESENTADAS. Elas passam a serem, novamente, peças,  objetos e cenários e coisas que estão sob o rígido controle de CURADORES e EMPRESÁRIOS. Retorna-se à LÓGICA do REGIME COLONIAL BRASILEIRO.  Estão de volta os POSTULADOS da ”PROPAGANDA da FÉ” na qual a pretensa OBRA de ARTE era destinada, de fato, a convencer e amedrontar os bugres, apenas saídos das selvas. Para tanto EMPRESÁRIOS e CURADORES reduziram estas obras  como objetos de MARKETING e PROPAGANDA dos seus INTERESSES[2], CONCEPÇÕES MERCADOLÓGICOS e PATRIMONIALISTAS.
No extremo oposto muitas CIVILIZAÇÕES, CULTURAS e OBRAS de ARTE nasceram do absoluto isolamento de uma ILHA da PÁSCOA, ou nas CULTURAS CLÁSSICAS PRE-COLOMBIANAS. Não suportaram qualquer mudança, atualização e pereceram sem condições de retornar para a sua primitiva origem e esplendor. Este sempre foi o destino das CULTURAS, das CIVILIZAÇÕES e da ARTE que se basta a si mesma. 
A necessidade de queimar etapas e sintonizar com a ARTE UNIVERSAL fornece potencialidades para a ARTE LOCAL aquilo que elas não possuem. Porém, nesta ATUALIZAÇÃO, correm o perigo de não conferirem o devido peso ao seu presente,  retardadas pela inflexibilidade das suas tradições obsoletas e entorpecidas com ideologias pelas quais julgam a si mesmas como certas e definitivas.
As ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL, na qualidade de uma cultura jovem, possuem  ENERGIAS SOBRANDO e POTENCIALIDADES, na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  livres de cárceres conceituais e, assim,  aptas para transformar os seus TABUS em TOTENS e as suas  CONTRADIÇÕES em COMPLEMENTARIEDADES[3].
O que era CANÔNICO nas ARTES VISUAIS perdeu sentido, compromisso e obrigação no caminho do artista na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. As sábias lições de mestre Ado Malagoli de que ao “DAR uma PROIBIÇÂO a UM ARTISTA ELE a TRANSFORMA em OBRA DE ARTE. Contrariando o próprio mestre, fiel ao uso exclusivo da  tinta a óleo de grande qualidade nas suas pinturas,  os seus discípulos seguiram o seu caminho e passaram a  USAR a TINTA ACRÍLICA apesar das SEVERAS RESSALVAS do seu professor . De outra parte estava clara na didática de Ado MALAGOLI que “ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE”. Este ESTUDANTE necessita sair da sombra do seu mestre e enfrentar a dura e árdua luta para ajustar as suas CONTRADIÇÕES transformando-as em COMPLEMENTARIEDADES, ORIGINALIDADE e VIDA INTELECTUAL e ESTÉTCA PRÓPRIA e ÚNICA.


[2] HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e Interesse. Trad. José Heck.  Rio de Janeiro : Zahar, 1982. 367p.

[3] TRANSFORMAR a CONTRADIÇÂO em COMPLEMENTARIDADE

11 -. POTENCIALIDADES das ARTES VISUAIS no RS em 2018.
Fig. 11–  As múltiplas tendências estéticas que se acumulam em Porto Alegre são uma amostra do que se encontra no  Rio Grande do Sul  afora. Existem numerosos  espaços, ambientes e agentes competentes para  INSTITUCIONALIZAR as ARTES VISUAIS e preparar um futuro no qual  a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL irá encontrar um potencial para o simbólico e  projetos civilizatórios compensadores da violência. . Para tanto a OBRA de ARTE possui a competência de GANHAR QUALIDADE, NOBREZA e  DURAR – não só para estas obras – mas com desdobramentos em cascata para toda a metrópole que a souber criar, cultivar e reproduzir

A onda subliminar das informações estéticas - disponíveis ou geradas pela ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL - dificilmente permite que alguém seja intuitivo nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.  O bombardeio de índices estéticos não só acumula informações as mais desencontradas, ainda na infância,  mas também impõe concepções de mundo, ideologias e paradigmas desencontrados que navegam na rede como garrafas ao sabor das ondas e ventos. De outra parte a GUERRA de IDEIAS resulta do estatuto de “TODOS SÃO ARTISTAS ATÈ PROVA em CONTRÁRIO resulta  numa competição pelo poder interno e externo do campo estético. De um lado a pura e singela reação intuitiva  não produz nada além de ruído, signos ocos e que não se sustentam como obra de arte. Diante deste ACÚMULO, DIVERGÊNCIAS e GUERRAS de IDEIAS, o próprio artista sente a necessidade de ir para uma universidade. O crescente número de cursos superiores  de Artes do Rio Grande do Sul[1] é uma resposta numérica a este necessidade.
  De outro lado o ARTISTA VISUAL teve, em tidos os tempos e lugares, que  reivindicar e conquistar,  a duras penas e exaustivos trabalhos,  a condição de  PRINCIPE ou AQUELE QUE PRINCIPA ALGO. 
A sina do ARTISTA VISUAL do RIO GRANDE do SUL sempre foi ter em mente um PROJETO de um PRÍNCIPE, ou seja o de iniciar algo que outros achavam impossível  e sobre-humano. Estão ali as carreiras de um Manuel Araújo Porto-alegre, de Weingärtner, de um Oscar Boeira, de um Iberê Camargo, de um Vasco Pardo e tantos outros. Seres humanos  que transformaram suas próprias vidas  através de um projeto  cotidiano pelo qual, num, esforço sobre-humano e  superação daquilo que outros achavam impossível realizar.
Fernando Corona (1895-1979), ciente dessa riqueza, resumiu a carência de agentes no Rio Grande do Sul que se dedicam ao seu conhecimento e à sua reflexão, afirmando (1977 p. 166)[2] que :
nunca tantos deverão ficar ignorantes de tão poucos, pois a história na seara das Artes, ainda está para ser contada desde Araújo Porto-alegre e Pedro Weingärtner até os últimos talentos que despertam nas artes plásticas e na arquitetura”. 
Colocados diante do imenso painel no qual “TODOS SÃO ARTISTAS” verifica-se que estes poucos são portadores de um PROJETO  que transformarem suas próprias vidas. Porém este seu projeto exige as circunstâncias nas quais a sua obra faz sentido e ganha a devida dimensão. Um Iberê Camargo quando  realiza  a sua primeira exposição oficial em Porto Alegre exige e consegue que ela  tenha como cenário o atual PALÀCIO PIRATINI.
Caso um novo ladrão conseguisse furtar,  outra vez, a Mona Lisa do LOUVRE e se ele,  por acaso a abandonasse pendurada num jerivá da Avenida Farrapos de Porto Alegre - o seu destino mais provável seria ser recolhida por um caminhão do lixo. Assim a museologia e seus cânone conferem, não só moldura para OBRA de ARTE, como lhe emprestam novos sentidos e dimensões.


[1] INSTITUIÇÔES SUPERIORES de ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

[2] CORONA, Fernando (1895-1979). . Caminhada nas Artes (1940-1979). Porto Alegre : UFRGS/ IEL/ DAC/ SEC 1977, 241

12 -. FRUSTRAÇÕES de PROJETOS nas ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL
Oscar BOEIRA (1883-1943) Figueiras - óleo 18.3x24cm -PIETA in Veeck 1998 p.127 [1]
Fig. 12 –  Uma das características do artista visual do RIO GRANDE do SUL é a coerência com suas próprias escolhas.  O pintor e artista Oscar BOEIRA não se deixou seduzir pela fama, pelo conforto e pelo comércio de suas obras.  Coerente com a escolha da tinta, o pincel e a tela para expressar percepções que o meio ambiente do Rio Grande do Sul lhe propiciava..

Um dos  grandes problemas das ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL é PENSAR ter CHEGADO até o CONTRATO COLETIVO, à IDENTIDADE e até à ARTE, quando ela está longe da ARTE, da IDENTIDADE e do CONTRATO COLETIVO. Para superar esta ilusão resta a alternativa de transfigurar as suas CONTRADIÇÕES em COMPLEMENTARIDADES. Este projeto envolve equacionar as CONTRADIÇÕES da MEDIAÇÃO e a HETERONOMIA de interesses extra estéticos, enfrentadas pela COMPLENTARIDADE da NATUREZA da ARTE.
Para esta NATUREZA da ARTE, em primeiro lugar, a “ELA ESTÁ em QUEM A PRODUZ” pelas concepções de Aristóteles. Portanto o PRODUTO sempre é algo do PASSADO mesmo que tenha sido elaborado no DIA ANTERIOR.
Em segundo lugar, na CONTRADIÇÂO, o fenômeno estético sempre chega mediado por algum atravessador,  outra mídia e, no caso, das ARTES VISUAIS, por meio de IMAGENS editadas.
Em terceiro lugar há uma constante leva de pessoas de outros campos que usam o fenômeno estético para seus interesses, seus repertórios e seus naturais limites.
Diante disto cabe  o pensamento de DIDEROT diante do SALÃO de PARIS[2]  convidava o espectador para refazer o caminho até o artista por meio das obras originais ali mostradas.   Este convite também é adequado e valido para as ARTES VISUAIS SUL-RIO-GRANDENSES. Elas refletem não só as frustrações, mas os decididos projetos de se realizar na autonomia, venha quem vier e de onde vierem.  O que não faltou foi vontade para se expressar de forma singular e assim contribuir - de uma maneira criativa - no grande projeto nacional. Os decididos projetos de autonomia continuam a se configurar com variadíssimas fontes de origem.  As surpreendentes manifestações das ARTES praticadas no Rio Grande do Sul continuam a se projetar continuadamente interna e externamente.  As ARTES VISUAIS SUL-RIO-GRANDENSES constituem marcas, identidade  e documentos de sua múltipla SOCIEDADE, das suas fertilíssimas TERRAS e de um TEMPO em mudança constante .
Mudanças constantes para encurtar a  enorme distância entre as INSTITUIÇÕES de ARTE do RIO GRANDE do SUL das autênticas e continuadas EXPRESSÕES das ARTE. Instituições que se burocratizam rapidamente e seguem a lógica formal e legal sem possibilidade de se reconectar com os ideais e necessidades de sua origem e nem possuem a competência de interagir com o presente. Instituições que seguem a sina de que a “FORMA MATA a ARTE”. Nestas circunstâncias estão muito distantes de se constituírem e reproduzirem nos  PROJETOS autênticos, COMPENSADORES da VIOLÊNCIA e que a civilização artificial e, contratual e humana necessita exercer como DELEGAÇÂO PERMANTE dos seus cidadãos.



[1] PIETA., Marilene. «  « Oscar Boeira- Um pintor com luz própria» in VEECK, Marisa Caixa  Resgatando a Memória. Porto  Alegre : Caixa Econômica Federal, 1998c pp.119/139

13 -. ACERTOS e INSTITUIÇÕES do  PROJETO de UNIDADE e IDENTIDADE do RIO GRANDE do SUL.

Fig. 13   Estimulado pelos fenômenos do clima, da atmosfera e da luz do RIO GRANDE do SUL o pintor Ado Malagoli comparava Porto Alegre com um dos lugares mais  favoráveis para o exercício das cores, das formas e dos meios da expressão da pintura.   A coerência entre o uso da tinta, o pincel e a tela -  para expressar percepções que o meio ambiente do Rio Grande do Sul – potencialmente pode propiciar um dos pontos da busca da IDENTIDADE do PROJETO CIVILIZATÓRIO a ser desenvolvido no âmbito da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. É o  fato que está ocorrendo com a revitalização da ORLA do GUAIBA[1]

A ARTE no RIO GRANDE do SUL busca uma IDENTIDADE do seu  PROJETO CIVILIZATÓRIO na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.  Esta busca  rompe a força potencial do mito do SISTEMA ÙNICO e se desfaz dos velhos hábitos inculcados e cultivados nos SISTEMAS LINEARES da ERA INDUSTRIAL. Em ARTE um SISTEMA significa  uma ÚNICA ENTRADA possível, uma ELABORAÇÃO LINEAR NORMATIZADA e uma ÙNICA SAÍDA.  
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  rompe com esta lógica taylorista da ENTRADA, do DESENVOLVIMENTO e da SAÌDA LINEAR da ERA INDUSTRIAL No seu lugar a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  instaura um ESPAÇO do SIMBÓLICO, de IDENTIDADES, de  DIVERSIDADES e SAÍDAS múltiplas[2].  
No RIO GRANDE do SUL esta DIVERSIDADE da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL instaura e transcende as manifestações coerentes com o universo simbólico, criativo e inédito. Assim emerge um humanismo cercado da SOLIDARIEDADE das ÉPOCAS passadas, de SOCIEDADES e de TÉCNICAS em constante atualização, mudança e onde todos são emissores e receptores.
  Por MEIO das ARTES o RIO GRANDE do SUL busca a sua IDENTIDADE num PROJETO CIVILIZATÓRIO.  Toda a ARTE possui a sua base material e física num ou mais dos sentidos humanos. O APREENDER A VER possui a sua base material na VISÂO HUMANA como o OUVIDO continua sendo a base material para a PERCEPÇÂO do SOM e do SILÊNCIO[3] Nas ARTES VISUAIS a CRIAÇÃO e o USUFRUTO continuam tendo a sua materialidade nas manifestações coerentes com o potencial dos OLHOS. 
Este condicionamento sensorial das ARTES universaliza as manifestações estéticas. A IMAGEM, o SOM, o GESTO e o ESPAÇO FÍSICO não necessitam de tradução. Evidente que estas MANIFESTAÇÕES e PERCEPÇÕES  podem sofrer codificações. Porém neste momento estamos no ESPAÇO da COMUNICAÇÂO HUMANA. De outra parte é constante a busca de traduzir para o COMUNICAÇÃO a EXPRESSÃO HUMANA realizada pela ARTE[4]


[2] El olvido que seremos,- DAVID RIEFF y los dilemas da la memoria
Contra o sistema... A tentação do BEM é pior do que do MAL.

[3] JOHN CAGE e 4’33’https://es.wikipedia.org/wiki/4′33″

[4] PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. 3a. ed.  São Paulo: Perspectiva. 439p.


14 . PORTO ALEGRE e suas REPRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS. Os ARTISTAS que muito ou POUCO  “OLHARAM” para a CIDADE



VIRGINIA di LAURO Tramas no Vazio[1] - IEAVI MAC em 18.19.2018
Fig. 14 –  "A FORMA é a MORTE da ARTE", como a “ARTE ESTÁ em QUEM a PRODUZ”. Assim a OBRA é apenas um ESPELHO de sua origem. ESPELHO, na maioria das vezes, fragmentado e que reflete  muitos universos que constituíram o ENTE do seu autor. A sedução por meio dos espelhos foi o primeiro instrumento de aproximação entre os indígenas brasileiros e os recém-chegados europeus. 

As técnicas, os equipamentos e mesmo os conceitos são relativos. Quando se trata da PAISAGEM de PORTO ALEGRE a dúvida sempre paira entre o “OLHAR” e o “VER”. Nesta dualidade existem verdadeiros desastres visuais tanto na PINTURA como na GRAVURA ou na FOTOGRAFIA da PAISAGEM de PORTO ALEGRE. Quando na PAISAGEM domina o singelo OLHAR resulta a perfeita imitação da NATUREZA  e as ideias do VER se perdem. O referencial do OLHAR se esteriliza, perde interesse quando o VER é hegemônico e que transforma tudo em metafísica, comunicação e FORMA PLÀSTICA
Para superar estas catástrofes visuais vale o pensamento de Paul KLEE de que A FORMA é MORTE da ARTE[2] na antítese da tese  de Herbert READ “A ORIGEM das FORMAS em ARTE[3]. Na síntese repete-se e se insiste na NATUREZA da ARTE em  que   a “ARTE ESTÁ EM QUEM PRODUZ  e NÃO NO QUE PRODUZ” na expressão de Aristóteles[4].
Evidente que a FORMA é o TESTEMUNHO SENSÍVEL da VIDA de quem PRODUZ a ARTE e o seu MEIO SOCIAL, ECONÔMICO e TÉCNICO. Dai o cuidado na FORMA como ÍNDICE eficiente e competente tanto na PRODUÇÃO como PERCEPÇÃO[5] daquilo que se pretende como OBRA de ARTE. No entanto esta FORMA não pode mentir ou iludir. Tanto para quem PRODUZ a OBRA de ARTE como para aquele que a RECEBE vale o principio do HÁBITO da INTEGRIDADE INTELECTUAL, MORAL e ESTÉTICA.  Quem PRODUZ ou APRECIA uma PINTURA não pode desviado da verdade de que se trata de uma superfície coberta ou não com TINTAS. Para quem elabora  ou aprecia um FILME sabe que são 24 IMAGENS por SEGUNDO ao longo de todo tempo. QUEM escreve - ou aprecia MÚSICA - sabe que se trata de  SONS, SILÊNCIOS em MOVIMENTO.
Neste sentido a pura e simples EMOÇAO possui um papel secundário. Goethe afirmava que “uma novela banal o levava às lágrimas enquanto as peças clássicas do TEATRO não o EMOCIONAVAM” pois a sua construção e apreciação de peças clássicas do TEATRO tem a sua fonte na inteligência.
A popularização da FOTOGRAFIA DIGITAL sem um aperfeiçoamento  do “OLHAR” e a capacidade de “VER” a PAISAGEM de PORTO ALEGRE é um retorno para a NATUREZA, para o “voyeurismo”, a “mimesis” e o “déjà vu” sem acrescentar nada para a INTELIGÊNCIA.
Platão já fazia esta distinção entre os ASTROS empíricos e o conceitual de ASTRONOMIA ao escrever (Platão,1985, 2º vol, p.128)[6] que:
estudaremos a astronomia, assim como a geometria, por meio de problemas, e abandonaremos os fenômenos do céu, se quisermos aprender verdadeiramente esta ciência e tornar útil a parte inteligente de nossa alma, de inútil que era antes
Nesta “PARTE INTELIGENTE da PINTURA da PAISAGEM de PORTO  ALEGRE” não importa o tema, a mensagem ou o ângulo de vista. No entanto quando esta IMAGEM da PAISAGEM  não consegue se desvencilhar da hegemonia da COMUNICAÇÃO sobre  ARTE estamos de volta  para ao IMPÉRIO da NATUREZA sem acrescentar nada para a INTELIGÊNCIA.
Selecionar, captar o momento certo da “PARTE INTELIGENTE da PINTURA da PAISAGEM de PORTO  ALEGRE” para construir um CORPO ESTÉTICO coerente com “QUEM”  maneja o lápis, pincel ou equipamento fotográfico. Este CORPO ESTÉTICO exige uma longa e árdua ascese. Ascese que  - além de não permitir a presença do menor ruído nesta obra  -  não tolera comparações externas pois ela é ciumenta e definitiva. Certamente “COM a IMAGEM NÃO SE DISCUTE


[4] Toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Aristóteles[4](1973: 243 114a 10 )

[5] MARAGONI, Matteo (1876-1951)– APRENDER a VER. São Paulo:: IPE 1949, 284 p https://www.estantevirtual.com.br/arteeloy/matteo-marangoni-aprender-a-ver-84796462

[6] PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  2º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.
Missões – Obra de Cildo MEIRELES  
 Fig. 15 –  Na INSTITUCIONALIZAÇÃO das ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul  cabe uma nota de otimismo na ação do IPHAN que, desde 1937, investiu na  preservação das MISSÔES dos SETE POVOS.  O governo Federal Brasileiro mantém no Rio Grande do Sul a continuidades de um PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA da cobrança dos impostos. Inclusive o comodato do prédio do MARGS  é o resultado de um PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA que o governo brasileiro sustentou no Rio Grande do Sul. A  qualidade própria da OBRA de ARTE que é o que justifica manter este PROJETO que todos desejam que  DURE e GANHE QUALIDADE e NOBREZA por TEMPO INDETERMINADO.
.

Os ESTÍMULOS e os APOIOS do GOVERNO CENTRAL BRASILEIRO, para  as ARTES do RIO GRANDE do SUL, são antigos e continuam sob diversas formas.  Já nos primórdios do IPHAN o GOVERNO FEDERAL projetou e bancou a estabilização e a proteção das RUÍNAS das SETE POVOS das MISSÕES Destaca-se o trabalho exemplar de Lúcio Costa[1] nestes projetos e na efetiva estabilização destas ruínas que se tornaram  patrimônio nacional e depois referência mundial na UNESCO
É uma árdua e longa tarefa listar e estudar as intervenções e apoios das ARTES provenientes do Ministério da Cultura, do CNPq, por meio da Lei ROUANET, do IPHAN e da AGENCIA  BRASILEIRA de  MUSEUS (ABRAM)[2] e que tem por destino as ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul. Estão na memória a somatória dos recursos que no passado alavancaram nas ARTES VISUAIS as experiências da FUNARTE, os projetos do PRÓ-MEMÓRIA, os PRÊMIOS e os RECONHECIMENTOS
Não dá para deixar fora os Bancos Federais que ora deixaram no Rio Grande do Sul somas a fundo perdido ou até hipotecas para que  as ARTES do RIO GRANDE do SUL pudesse viabilizar seus projetos. Cita-se apenas o caso do atual prédio do Instituto de Artes erguido em plena II GUERRA MUNDIAL graças ao dinheiro adiantado pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL[3]
PROBLEMA CENTRAL desta postagem é encontrar as veredas para iluminar as razões 
- ¿ POR QUE a ARTE SUL RIOGRANDENSE é BRASILEIRA?
Ao  percorrer os parcos e resumidos índices da presente postagem já e possível chegar à percepção de que o Brasil pensa e tem muitas esperanças no Rio Grande do Sul. O inverso também é verdadeiro. Porém a autonomia, e até a soberania, expressas pelo sul-rio-grandense em todos os momentos da sua história,  faz com o brasileiro chegue a conclusão “o sul-rio-grandense sabe o que faz e porque o faz. Portanto não é necessário me  preocupar  com ele. Nós brasileiros temos problemas maiores e mais urgentes
No contraditório os SUL-RIO-GRANDENSES sempre “ESTIVERAM  de PÉ pelo BRASIL” procurando ajudar a resolver, da melhor forma possível ,estes PROBLEMAS MAIORES e MAIS URGENTES do BRASIL.
São poucos brasileiros que conhecem e reconhecem a produção de base em ARTES VISUAIS sul-rio-grandenses. Em contrapartida muitos artistas, ao exemplo de Manuel Araújo Porto-alegre, não deixam de enriquecer o patrimônio estético brasileiro atual com as suas obras e suas concepções.
Neste conhecimento  vale a observação de quenunca tantos deverão ficar ignorantes de tão poucos do cronista das Artes Visuais  sul-rio-grandenses, Fernando CORONA. Ele partia de sua experiência de escultor, de arquiteto e como professor de uma geração de jovens talentos com comprovada  carreira exitosa.
Na medida em que os olhares e a atenção da pesquisa da memória estética brasileira e regional se voltarem para este imenso acervo e buscarem entender sinceramente a vida artística do RIO GRANDE do SUL,  haverá milhares de outras conexões estéticas entre o BRASIL e um dos seus ESTADOS REGIONAIS a serem evidenciadas e que enriquecem mutuamente ambos os ENTES. Assim não haverá mais dúvidas de QUE as ARTES SUL-RIO-GRANDENSES são BRASILEIRAS.


[3]No dia dois de Outubro assinávamos na Caixa Econômica o empréstimo de quinhentos contos de reis. Para que constasse a legalidade da hipoteca, assinaram conosco as nossas esposas. Os fiadores fomos:  Tasso Corrêa, Enio de Freitas e Castro, Oscar Simm e eu Fernando Corona. Diário de Fernando Corona, ano de 1941,  fl. 425 De fato conseguiram o empréstimo de  400.000$000  da Caixa Econômica, conforme o Livro de Atas do CTA.

16 - POTENCIALIDADES ESTADUAIS das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  e o CONTINUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA.
Fig. 16 –  As sessões  dos projetos do Grupo de Pesquisas da AAMARGS  se desenvolveram, em 2018,  num clima de camaradagem, de trocas e de contrastes orientados pela  temática centrada na INSTITUCIONALIZAÇÂO das ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul . Grupo de pesquisa que se abriga no MARGS retribuindo, para esta instituição,  com a busca, o estudo e a socialização, no âmbito deste grupo a do PENSAMENTO que sustenta a  qualidade própria da OBRA de ARTE oriunda ou circula nas fronteiras do Estado do Rio Grande do Sul

 As declaradas guerras estéticas, as polarizações extremas e as excomunhões recíprocas continuadas afastam as ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL de qualquer ecletismo, do elogio recíproco e sombra de covardia. 

As POLARIZAÇÕES nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL e o POTENCIAL de COMPLEMENTARIEDADES entre EXTREMOS ESTÉTICOS.

 O PROBLEMA da OPINIÃO PONTUAL e  da TESE colidem com a declarada ANTÍTESE. Este contraste TESE x ANTÌTESE  é potencialmente competente para iluminar uma SÍNTESE.
Esta SÍNTESE  não é instantânea ou mecânica. Gerações de cronistas, de críticos e historiadores de arte necessitam serem mobilizados para encontrarem, evidenciarem e socializarem as causas, as consequências destas POLARIZAÇÕES nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL. Ao mesmo tempo abrir canais e caminhos nos quais seja possível progredirem para o campo neutral no qual a POTENCIAL COMPLEMENTARIEDADE entre EXTREMOS ESTÉTICOS faça sentido e coerência com a sociedade, tempo e lugar.
Canais e caminhos que passem distantes de qualquer  armadilha do “ECLETISMO acomodatício e máscara de todas as covardias” na expressão de Mario de Andrade (1955, fl. 13][1]. Certamente neste ponto os EXTREMOS ESTÉTICOS nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL ganham sentido e potencialidades imprevistas e diametralmente contrárias ao “déjà vu” , à repetição e ao plágio

As  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL distantes de ALFINETES e ADJETIVOS.
 Estas POLARIZAÇÕES nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL e o POTENCIAL de COMPLEMENTARIDADES entre EXTREMOS ESTÉTICOS afasta a adjetivação das ARTES e a sua redução a uma única opinião ou tese ou cabeça que desprestigiam o imenso e fecundo campo de forças estéticas.
 Os detritos e as migalhas do NEO, da RELEITURA, do MODERNO, do CONTEMPORÂNEO além de  um balaio de adjetivos, poluem não os mares, mas também as mentes humanas.
A adjetivação das ARTES é um recurso de mediadores, atravessadores e semiotas e que reduzem tudo a narrativas definitivas, autoritárias e que matam qualquer fecundidade estética. "Colocam PALAVRAS onde faltam IDEIAS" na observação  de Goethe a respeito destes atravessadores. 
É preferível a revolta, a hermenêutica e o silêncio filosófico de Ludwig WITTGENSTEIN[2] aos tratados de Semiótica vitoriosos, vazios e onipotentes do seu professor Ferdinand SAUSSURE (1857-1913)[3]
Para o filosofo vienense a adjetivação das ARTES esteriliza e mata antecipadamente toda possibilidade de uma experiência sensorial autêntica com uma obra de ARTE. Também este é o pensamento do músico e artista visual Paul KLEE ao sentenciar “A FORMA mata a ARTE[4]. A autêntica obra de “ARTE está em QUEM a PRODUZ e não no QUE PRODUZ” na sentença de Aristóteles[5]


A OBRA como PRIMORDIAL nas ARTES do RIO GRANDE do SUL.

 Pelo fato de “a ARTE ESTAR em QUEM PRODUZ” faz com que a OBRA esteja próxima o mais íntima possível ao mundo do ARTISTA e das suas CIRCUBSTÃNCIAS. A OBRA de ARTE se constitui, como tal, num documento primordial para acessar o ENTE que a PRODUZIU.
A distinção entre TRABALHO e OBRA confere a esta última o não  padecer dos ultrajes de ser consumida e imediatamente ser esquecida. Ao mesmo tempo o TRABALHO é padecimento, pena e desgaste de TEMPO e de ENERGIAS e pretende ser esquecido e superado logo que a CRIATURA  HUMANA se vê LIVRE dele. Enquanto isto a OBRA possui, além de sua permanência, a recompensa de desafiar os mais altos recursos intelectuais e sensíveis de QUEM a PRODUZ e a a APRECIA.
 Recursos  que só aumentam com a passagem do tempo e das gerações. As novas gerações humanas  tomam a OBRA de ARTE como testemunho, documento do melhor e do mais elevado padrão que as gerações passadas conseguiram colocar no mundo empírico e sensível.

[1] ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro   de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f
[2] HERMENEUTICA CONCEPÇÂO de LINGUAGEM em Ludwig WITTGENSTEIN
WITTGENSTEIN, Ludwig. (1889-1951)Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 1994.

[5] Toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Aristóteles[5](1973: 243 114a 10 )
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.

17 . O POTENCIAL de NOVAS e de ANTIGAS INSTITUIÇÕES de ARTE no RIO GRANDE do SUL.

Detalhe da obra de Nico ROCHA[1] na Usina do Gasômetro de Porto Alegre
Fig. 17–  A utilização de matérias e técnicas próprias do lugar e do tempo já consagrados pela sociedade para outros fins, encontra nos artistas sul-rio-grandenses um vasto uso para o suporte físico do seu PENSAMENTO em OBRAS cuja matéria prima é recente.
A potencialidade destes outros materiais está se  INSTITUCIONALIZANDO nas ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul  . No entanto estes materiais inéditos nada significam sem uma nova mentalidade sustentada por novas ou antigas INSTITUIÇÕES competentes para garantir a  qualidade própria da OBRA de ARTE que é o de DURAR e GANHAR QUALIDADE na PASSAGEM do TEMPO

Ao longo da série de postagens verificou-se a potencialmente a AUTONOMIA de alguns nomes de instituições ativas no Rio Grande do Sul. AUTONOMIA do  campo de forças das Artes Visuais,  evidenciada no potencial dos recursos, obras e artista a serem PESQUISADOS a partir do estágio inicial da ATUALIZAÇÃO da  INTELIGÊNCIA SUL-RIO-GRANDENSE.
Nesta ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA SUL-RIO-GRANDENSE evidenciou-se que uma NOVA ÉPOCA exige NOVAS INSTITUIÇÕES.  As INSTITUIÇÕES  tornam-se essenciais num tempo em que a crença no ESTADO, na POLÍTICA e nos POLÍTICOS está diminuindo sensivelmente. A civilização é uma criação artificial humana. Esta civilização humana e artificial é constituída, mantida e reproduzida por INSTITUIÇÕES coerentes com seu tempo, lugar e sociedade. Esta descrença não deve levar a jogar a criança pela janela junto com a água suja de banho. INSTITUIÇÕES competentes para manter o hábito da integridade moral, intelectual e estética não envelhecem. Instituições competentes para criar, manter e reproduzir contratos impessoais confiáveis independente de serem novas ou antigas 
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL libertou-se de cartilhas, juramentos e sistemas lineares e acumuladores. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL confere pouca importância para as intrigas e não sente  a necessidade de matar a etapa anterior para se afirmar sozinha e absoluta. Ela é competente para contornar ortodoxias, maniqueísmos e excomunhões recíprocas. A ARTE foi um bom índice da passagem entre a ERA INDUSTRIAL para a PÓS-INDUSTRIAL apesar  não ser a  responsável exclusiva por esta mudança. No presente  ARTE está na busca de INSTITUIÇÔES de ARTE competentes e adequadas para tocar a PESQUISA ESTÈTICA, a ATUALIZAÇÂO da INTELIGÊNCIA e a FORMAÇÂO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA.
 Para tanto a ARTE da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é competente para transformar tabus em totens e transfigurar contradições em complementaridades.  O aparente PODER ORIGINÁRIO é uma ficção enquanto apenas for USUÁRIO dos equipamentos e dependente das manipulações do código genético e da revolução biológica. De outra parte qualquer nação poderá ser conduzida à inércia sem a REDE MUNDIAL e sem o recurso aos SATÉLITES ESPACIAIS. A criatura humana terá pouca AUTONOMIA para PESQUISAR se apenas for dependente da ATUALIZAÇÃO da sua INTELIGÊNCIA.

Evidente que nas piores circunstâncias, e apesar delas, a PESQUISA sempre é possível, caso for tomado como referencial o triplo projeto que Mário de Andrade resumiu, em 1942, na “PESQUISA ESTÉTICA”, na “ATUALIZAÇÃO da CONSCIÊNCIA” e a “FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA.
Ao transferir este triplo projeto ao espaço empírico do   Rio Grande dos Sul surpreende o número de INSTITUIÇÕES que POTENCIALMENTE podem se dedicar ou auxiliar na PESQUISA das ARTES VISUAIS. Cita-se apenas o caso do Atelier Livre  de Porto Alegre na sua humilde origem [3] e os relevantes serviços institucionais que continua a oferecer.


[1] PROJETO PERCURSO do ARTISTA: NICO ROCHA – catálogo da exposição organizada pelo Departamento de Difusão Cultural da UFRGS- Porto Alegre : UFRGS, 2011 188 p. il

MAC –RS -  FESTIVAL de ESCULTURAS ITINERANTES em SETEMBRO de 2018
Fig. 18 –  A complexa concepção e materialização  de uma obra de arte constitui um cadeia ininterrupta de pequenas ideias,  experiências e técnicas que se somam para colocar no mundo físico algo que atinja os sentidos, os repertórios e as aspirações do seu observador. Esta obra terá fortuna enquanto conseguir transportar - neste MÍNIMO MATERIAL - e entregar ao seu observado o MÁXIMO do que significou a sua origem  e o seu trânsito no mundo e nas diversas sociedades onde realizou a sua itinerância.

A OBRA de ARTE é PRIMORDIAL na medida em que se consegue se sustentar e se  impor com um BEM SIMBÓLICO em decorrência lógica  do seu o TEMPO, seu LUGAR e da sua SOCIEDADE. Assim ela se constitui  numa  fonte e permanência da economia formal. Nesta OBRA de ARTE vitoriosa, emergem novas forças  de viver e de  sentir o mundo. Neste caso, cumpre-se o argumento de Giulio Carlo Argan  a obra de arte é o objeto único, que tem  o máximo de qualidade no mínimo da quantidade”. Nesta QUALIDADE firmam-se os BENS SIMBÓLICOS que refluem para uma ECONOMIA ao modelo do Museu do Louvre, de Veneza e de Florença ou pirâmides do Egito que irrigam com BENS ECONÔMICOS de toda ordem.
 Os BENS SIMBÓLICOS e a POTENCIALIDADE das ARTES SUL-RIO-GRANDENSES nunca foram tão valorizados como nesta ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Valorização fundamentada na qualidade da OBRA DE ARTE coerente com “QUEM a PRODUZ”.
A vida e a obra do escultor e professor Cláudio MARTINS COSTA[1] merece atenção e referência da ARTE POSSIVEL no RIO GRANDE do SUL. Obra e vida que  ilustram a qualidade coerente com as condições sociais, do seu tempo e da sua sociedade. Qualidade objetivamente dada ao projeto de quem quer ser artista no Rio Grande do Sul. No rasto da sua VIDA e da  OBRA de Cláudio MARTINS COSTA sustentam-se uma dimensão econômica nos primórdios de sua consolidação e cujo número ainda não foi estudado e avaliado.
A OBRA de ARTE motiva, seduz e se materializa no caminho de quem possui um PROJETO CIVILIZATÓRIO minimamente explícito e conta com uma série de instituições alinhadas com este PROJETO. Potencialmente o Rio Grande do Sul conta com estas instituições e numerosas propostas dos agentes instituições e fora delas apontam para o  embrião de um PROJETO CIVILIZATÓRIO.
Pelo que foi exposto na presente postagem,  o Rio Grande do Sul esta enveredando para esta  ECONOMIA SIMBÓLICA. Numa história de longa duração, acumularam-se significativos BENS SIMBÓLICOS e que potencialmente candidatam o Estado a propor um projeto típico da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Este projeto o desafia para uma mudança que apesar de sua natureza SOBRE HUMANA não esquece as necessidades básicas minimamente satisfeitas por uma economia e produção autossustentável no âmbito desta ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Se de um lado a ERA INDUSTRIAL fez perder a AURA da OBRA de ARTE, há indícios de sua RECUPERAÇÃO  e POTENCIALIZAÇÃO. Apesar de  o Rio Grande do Sul ser apenas USUÁRIO da INFORMÁTICA, este meio está atualizando a sua inteligência e o torna competente para distinguir, produzir e fazer circular os seus BENS SIMBÓLICOS. As OBRAS de ARTE se constituem como espelhos de seu TEMPO, de seu  LUGAR e da sua SOCIEDADE do Rio Grande do Sul. Como espelhos retrovisores refletem os caminhos, os equívocos do passado, evidenciam as forças do presente e possibilitam constituir contratos para um futuro próximo ou remoto.  Neste futuro a OBRA DE ARTE é motivadora da ECONOMIA SIMBÓLICA que  POTENCIALIZA o RIO GRANDE do SUL a se desenvolver em áreas que exigem cada vez mais CRIATIVIDADE, TINO ADMINISTRATIVO AUDACIOSO conjugado com HUMANIZAÇÃO e SUSTENTABILIDADE. Para tanto não BASTA ESTETIZAR com a OBRA DE ARTE SUL, porém exigem uma firme motivação para sustentar  um PROJETO CIVILIZATÓRIO digno deste nome.
 No contraditório, a este otimismo, existem notórios entraves para esta almejada ECONOMIA SIMBÓLICA no RIO GRANDE do SUL. Além do recuo da esperança e crença no ESTADO NACIONAL faltam PROJETOS dignos deste nome e competência para AVALIAR eventuais resultados desta pretendida ECONOMIA SIMBÓLICA.
Na compensação desta lacuna, não faltam OBRAS de ARTE aguardando serem estudadas, sistematizadas e colocadas no seu devido lugar no âmbito social, econômico e político. 

[1] CLÁUDIO AFONSO de ALMEIDA MARTINS COSTA (1932-2005)
Jorge HERRMANN  pintando na Praia de TORRES  2019
Fig. 19 –  O artista na sua autonomia não teme  mais o tradicional patrulhamento estético e  a busca do controle externo de grupos, ideologias e estéticas que buscam outros horizontes diferentes do seu. Assim Jorge HERRMANN mantém a coerência entre o uso da tinta, o pincel e a tela para expressar percepções que lhe propicia a paisagem da cidade litorânea de Torres no Rio Grande do Sul.  No contraditório este ARTISTA  sabe que o preço - desta AUTONOMIA conquistada -  é o de que NÃO É POSSIVEL PEDIR  DESCULPA por uma obra falha ou no caminho de sua carreira

O vértice da pirâmide é o apogeu de uma laboriosa construção física. ARTES NOBRES do RIO GRANDE do SUL são as modeladoras das POTENCIALIDADES OPERACIONAIS e ECONÔMICAS das ARTES APLICADAS. Na sua formação este VÉRTICE resulta e é  constituído ao longo de um projeto  que progressivamente acumula, seleciona e depura valões superiores de uma consciência coletiva. Uma vez constituído e aceito este VÉRTICE ele passa ser o farol  e confere sentido ao conjunto desta construção física. No sentido figurado e simbólico este VÉRTICE evidencia e  materializa um contrato coletivo exitoso e no presente é um referencial de uma vasta base que se sente representada por ele.
Quem potencialmente pode o MAIS também domina o MENOS. O cultivo das habilidades das ARTES NOBRES possui por base o aprendizado e domínio técnico do ARTESANATO, do fazer e conhecimento das competências.  
No tópico o INTERIOR e a CAPITAL do RIO GRANDE do SUL, no contexto da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL, os municípios do Rio Grande do Sul constituem um verdadeiro arquipélago de cidades e que se distinguem do interior rural e pastoril. Um grande contingente de ARTISTAS VISUAIS possui a sua origem nesta cultura pastoril, rural e urbana. Assim estes municípios, são violentamente jogados e cobrados em confrontos com a atualização da inteligência e as conexões da cultura da Capital do Rio Grande do Sul. Instala-se um diálogo entre surdos com repertórios completamente distintos. Os pequenos núcleos urbanos carregam repertórios rurais, pastoris e locais. Quando tentam se sintonizar com a Capital do Estado encontram repertórios superados e que eles passam a adotar como 'mantras' de que pouco ou nada entendem, muito menos significam para o seu LUGAR, TEMPO e SOCIEDADE.
O ARTISTA assume cada vez mais o controle das forças, da eficácia, do risco e  dos devidos prêmios do campo artístico, na medida em que o Estado e as demais instâncias, perdem este  papel . Isto acontece quando as INSTÂNCIAS de CONTROLE no contexto das POTENCIALIDADES OPERACIONAIS e ECONÔMICAS das ARTES do RIO GRANDE do SUL estão retornando para a iniciativa, controle e ação da sociedade civil. Esta autonomia foi conquistada ponto a ponto. No  entanto corre sérios riscos de se tornar uma autonomia de favela, desaparecer a qualquer momento no tumulto do mercado, na fama oca do marketing e da propaganda simbólica.
Na realidade o artista produz para os seus concorrentes próximos, submetendo o seu produto ao critério dos seus pares e recebendo a opinião deles, conforme a concepção de Pierre BOURDIEU[1]. Assim estes concorrentes próximos se fortalecem e mantém o campo estético em permanente estado crítico
No conjunto do  percurso, da presente postagem foi possível observar, que no Rio Grande do Sul, as, ARTES NOBRES sempre tiveram o papel de se constituírem em poderosas forças indutoras sobre as POTENCIALIDADES OPERACIONAIS e ECONÔMICAS tanto de um estado regional como sobre os indivíduos isolados ou seus eventuais agrupamentos. Assim estas POTENCIALIDADES OPERACIONAIS e ECONÔMICAS regionais, seguem a natureza da própria ARTE que consiste na busca de SER a EXPRESSÃO permanente do seu próprio TEMPO, seu LUGAR e da sua SOCIEDADE. 

[1] BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p.

20 -.CONTROLE de QUALIDADE JURÍDICA das ARTES NOBRES no RIO GRANDE do SUL


Fig. 20 –  O amplo universo da Natureza do  RIO GRANDE do SUL possui condicionantes diferentes da Natureza europeia ou mesmo do Nordeste e Amazônia Brasileiros.  A ARTE na medida em que mantem a coerência com o LUGAR, TEMPO e SOCIEDADE não pode se eximir do CONTROLE da QUALIDADE ESTÉTICA e mesmo da JURÍDICA. Esta QUALIDADE JURÍDICA se reflete no trato ÈTICO da OBRA de ARTE realizado pelo ARTISTA, pelo PUBLICO e pelos MEDIADORES que no MÍNIMO do seu MATERIAL possui  o MÁXIMO do significado da sua ORIGEM e TRÂNSITO por este MUNDO


A recompensa de todo este esforço, atenção e persistência na PESQUISA é novamente um pensamento original e do qual se conhecem as fontes.  A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL está oferecendo não só várias alternativas para superar esta mera ATUALIZAÇÃO APRESSADA e FÚTIL da INTELIGÊNCIA em FONTES ALHEIAS como está propiciando diferentes alternativas para superar o PENSAMENTO LINEAR e UNÍVOCO do SISTEMA TAYLORISTA da ERA INDUSTRIAL. 
Certamente estas alternativas são bem mais trabalhosas, cheias de IMPREVISTOS e sob a AMEAÇA PERMANENTE do CAOS. A FÍSICA trata como um PONTO de EQUILÍBRIO HOMEOSTÁTICO e que necessita ATENÇÃO e CORREÇÕES PERMANENTES ao CONJUNTO dos seus MÚLTIPLOS COMPONENTES. Os PROGRAMAS de PÓS-GRADUAÇÂO ACADÊMICA se comportam e reagem neste EQUILÍBRIO HOMEOSTÁTICO para validar DESEMPENHOS e RESULTADOS. Este PROGRAMAS superaram os CONTRATOS IMPESSOAIS, FIXOS,  ETERNOS e IMUTÁVEIS.
No contraditório, é necessário registrar a enorme distância entre as INSTITUIÇÕES de ARTE do RIO GRANDE do SUL das autênticas e continuadas EXPRESSÕES das ARTES. Instituições que se burocratizam rapidamente e seguem a lógica formal e legal sem a possibilidade de se reconectar com os ideais e necessidades de sua origem e nem possuem a competência de interagir com o presente. Instituições que seguem a sina de que a “FORMA MATA a ARTE”. Nestas circunstâncias estão muito distantes de se constituir e reproduzir PROJETOS autênticos, COMPENSADORES da VIOLÊNCIA e que a civilização artificial, contratual e humana necessita exercer como DELEGAÇÃO PERMANENTE dos seus cidadãos.
Fig. 21 –  As 22 sessões presenciais - organizadas pelo GRUPO de PESQUISAS da AAMARGS ao longo do ano de 2018 - contaram também com um publico que recebi as pautas e as atas destas sessões via e-mail.  No espaço numérico digital os temas, destas pautas, eram reforçados pela  página do FACE BOOK do GRUPO de PESQUISA da  AAMARGS

O GRUPO de PESQUISA da AAMARGS confere  os RESULTADOS obtidos  nos seus CONTRATOS, na METODOLOGIA  e no MATERIAL que disponibiliza no FINAL do ANO de 2018.  Diante dos resultados  pode-se concluir que o GRUPO de PESQUISA da AAMARGS AVALIA que  cumpriu os seus CONTRATOS.  
O  GRUPO de PESQUISA da AAMARGS avalia que percorreu os diversos TEMAS do PROJETO, nas datas e hora previstas nestes CONTRATOS coletivos celebrados no início do ano de 2018.
 A METODOLOGIA usada foi pesada, exigente e rigorosa. Este rigor, exigência e peso permitiram, contraditoriamente. aberturas seguras, ao longo do tempo inteiro das sessões,  para manifestações de livre expressão de todos.
Quanto ao MATERIAL o GRUPO partiu da concepção de que “AQUILO QUE PERMANECE é o PENSAMENTO”.  Assim no âmbito das sessões privilegiou-se a PALAVRA FALADA e ESCRITA enquanto a IMAGEM ocupou um lugar de complemento e de ilustração das ideias. 
A permanência física dos projetos, das pautas, das atas e das matérias, expostas nas sessões públicas,  serão copiadas em papel permanecendo cópia física e digital na SECRETARIA da AAMARGS. No espaço numérico digital, estas mesmas matérias, expostas nas sessões públicas, estão disponíveis em blog eletrônico http://profciriosimon.blogspot.com.br/

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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------- Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro   de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f

ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.    https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne

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BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p.

CORONA, Fernando (1895-1979). . Caminhada nas Artes (1940-1979). Porto Alegre : UFRGS/ IEL/ DAC/ SEC 1977, 241

HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e Interesse. Trad. José Heck.  Rio de Janeiro : Zahar, 1982. 367p.

MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto   Civilizatório do Império»  in  180 anos de Escola de Belas Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.

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PIETA., Marilene. «  « Oscar Boeira- Um pintor com luz própria» in VEECK, Marisa Caixa  Resgatando a Memória. Porto  Alegre : Caixa Econômica Federal, 1998c pp.119/139

PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  1º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, - 1985 - 238 p. http://pt.scribd.com/doc/36631268/A-Republica-Platao-Vol-I

PROJETO PERCURSO do ARTISTA: NICO ROCHA – catálogo da exposição organizada pelo Departamento de Difusão Cultural da UFRGS- Porto Alegre : UFRGS, 2011 188 p. il

STUDIO P: atelier aberto de pintura: catálogo 2016-2018 / coordenação e organização Marilice CORONA – Porto Alegre: UFRGS, 2018.  50 p. il col  ISBN 978-85-9489-128-0

WITTGENSTEIN, Ludwig. (1889-1951)Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 1994.


FONTE NUMÉRICAS DIGITAIS

A  CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
ABRAM
IBRAM
 CONFLITO ABRAM  IBRAM
A INTELIGÊNCIA HUMANA ULTRAPASA - em  MUITO - a UNIVERSIDADE
ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE sua ORIGEM no ABRIGO dos BONDES:
CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
CLÁUDIO AFONSO de ALMEIDA MARTINS COSTA (1932-2005)
A FORMA é a MORTE da ARTE
“DASEIN”  - em Carlo ARGAN
DIDEROT e os SALÔES de PARIS
El olvido que seremos,- DAVID RIEFF y los dilemas da la memoria
Contra o sistema... A tentação do BEM é pior do que do MAL
EPIFITA
FESTIVAL de ESCULTURAS ITINERANTES no MAC-RS em 2018
HERMENEUTICA CONCEPÇÂO de LINGUAGEM em Ludwig WITTGENSTEIN

INSTITUIÇÔES SUPERIORES de ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

JOHN CAGE e 4’33’ https://es.wikipedia.org/wiki/4′33″

Lúcio COSTA nas MISSÔES JESUÍTICAS
Múmias não são arte
REVISTA do PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL - nº 14 -  1959
SAUSSURE Ferdinand (1857-1913)
TRANSFORMAR a CONTRADIÇÂO em COMPLEMENTARIDADE
VIRGINIA di LAURO – Tramas no Vazio
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