sábado, 2 de março de 2013

059 - ISTO é ARTE


SIGNOS HERMÉTICOS:
 da caverna aos pichadores pós modernos.

 “A memória coletiva está ligada a um grupo relativamente restrito e portador de uma tradição, aproximando-se do mito e manifestando-se através da ritualização dessa memória.
 Oliven 1992: 20

ZUCCARO pintando com sgrafitto o Palacio Mattei em 1595: detalhe
Fig. 01 –Taddeo Zuccaro (1529-1566) grafitando, em 1548, o Pallacio Matteo num desenho feito em 1595 na lembrança de seu irmão mais novo  Frederico Zuccaro (1541-1609). Era o tempo em que os grafiteiros trabalhavam à luz do sol, sob a vista de todos os cidadãos, aprovação, admiração e sob contratos pagos pelos donos dos imóveis.  
                                                                          
A obra de arte se completa na sua recepção pelo seu público.  Porém esta recepção possui seus códigos. Códigos herméticos para o público geral fora dos grupos internos dos produtores e eventuais receptores iniciados. Nas artes visuais tanto os produtores como os receptores formam grupos internos de concorrentes entre si. Estes  concorrentes que se agregam tanto na criação de obras como no consumo. Estes se agregam em constelações formando um mercado físico ou simbólico. Mercado de peças físicas e dominado pelo sistema pecuniário. Mercado simbólico das peças da indústria cultural como das peças  conceituais da era numérica digital.

ZUCCARO pintando com sgrafitto o Palacio Mattei em 1595. Conjunto.
Fig. 02 – Frederico Zuccaro (1541-1609) representando seu irmão Taddeo Zuccaro (1529-1566) grafitando o Pallacio Matteo sob os olhares dos seus cidadãos e recompensado pelas asas e trombetas da fama.

Os períodos clássicos - como o grego e do Renascimento Italiano - haviam atingido uma forma de arte na qual os seus autores tinham nome pessoal e eram aceitos e exerciam a sua arte de forma publica. Exerciam sua arte à luz do sol e sob um contrato digno. Contrato público e remunerado que oferecia as fachadas dos seus prédios e para identifica-los, humaniza-los e ser uma página aberta aos não podiam comprar literatura ou não alfabetizados. O resultado final deste projeto coletivo foi descrito por Miguel Ângelo descreveu (in Francisco de Holanda, 1955, p. 22)[1] como:

nasceis na província [Itália]  que é mãe e conservadora de todas as ciências e disciplinas, entre tantas relíquias dos vossos antigos, que em nenhuma outra parte se acham, que já de meninos, a qualquer cousa que a vossa inclinação ou gênio se inclina, topais ante os olhos pelas ruas muita parte daquelas, e costumados sois de pequenos a terdes vistas aquelas cousas que os velhos nunca viram noutros reinos”.



O artista renascentista não assinava as suas obras. Porém o seu nome era consagrado pela cultura italiana. Os seus nomes ganharam letra de forma na sistematização com os registros de Giorgio VASARI (1511-1574). Assim a maioria dos tratados da História de Arte perseguiu e se fixou em nomes e nas pessoas dos artistas. Porém os nomes dos artistas romanos exerciam a suas atividades de forma anônima. A cultura romana os percebia como escravos especializados e sob a heteronímia dos seus donos. Este paradigma persistiu ao longo da Idade Média e no Brasil até a Missão Artística Francesa.


[1] - HOLANDA, Francisco de (1517-1584) Diálogos de Roma: da pintura antiga. Prefácio de Manuel Mendes. Lisboa : Livraria Sá da Costa, 1955, 158 p

Fig. 03 – A autêntica técnica do “sgrafitto” que trabalha com várias camadas de cores de cimento e que são raspadas numa técnica que também na cerâmica onde recebe o nome de engobe. O resultado é pelo tempo em durar a parede, Os grafiteiros trabalhavam à luz do sol, sob a vista e aprovação admiração de todos os cidadãos e sob contratos pagos pelos donos dos imóveis.

Estes pichadores fecham-se sobre si mesmos e estão longe de qualquer sistema democrático. De outra parte os iniciados também formam um grupo de domina os códigos usados pelos produtores de TAG’S e PIXOS. Assim repetem-se as sociedades herméticas que agridem, depredam e passam por cima dos que tentam impor-lhes limites. Sociedades herméticas e clandestinas que se apropriam sem respeitas leis, contrato ou pactos sociais.

Por estas e outras razões não é possível aceitar como ARTE PÚBLICA apesar da escancarada visibilidade de seus “pichos” e “tag’s”. Também pela falta de contrato entre o autor  em “recebe” a obra existe um abismo. O mais grave em termos de arte que apenas estamos diante de um “produto” na maioria das vezes não desejado. Porém o que anula todo o trabalho em termos de arte é que os seus autores escamoteiam os seus ENTES sob este manto de um produto cujo original é provisório e perecível.

Fig. 04 – Uma fachada de um prédio na cidade de Praga recoberta com autêntica técnica do “sgrafitto”. Hoje um das atrações turística da cidade, um testemunho do seu tempo e uma ilustração da cultura deste que é aprovada admirada e preservada  todos os cidadãos e que lhes rende não só dividendos simbólicos e econômicos de turistas de todos os recantos do planeta.

Esta aura teve a sua origem que pode ser atribuída ao artista Leon Battista ALBERTI (1404-1472) com o mito do gênio. Ao menos ele foi um poderoso teórico que reforçou o nome do artista na forma da sua fama construída entre os seus observadores. O artista norte americano multimídia Andy WARHOL (1928-1987) reduziu esta fama aos 15 minutos e o distribuiu a todos. Já os seu protegido e discípulo, o porto-riquenho Jean Michel BASQUIAT (1960-1988), levou esta fama e sua assinatura para os muros urbanos o que se mestre reservava para superiores portáteis e nos padrões da indústria cultural.

Porém o artista BANSKY é radical e prefere permanecer no anonimato, apesar de suas obras valerem milhões, estarem espalhadas em muros públicos e com fama mundial. Prefere a divulgação do seu apelido e as obras apropriadas pelos meios numérico digitais.

As manifestações de artes visuais foram, em todos os tempos, apropriações do código vigente no seu meio cultural, expressão dos sentimentos daí decorrentes e busca do seu potencial observador.

Tavik Frantisek SIMON 1877-1942 - idílio o pastor - Sgrafito na fachada do atelier  do artista
Fig. 05 – A tradição dos grafiteiros trabalhando à luz do sol, sob a vista e aprovação admiração de todos os cidadãos foi cultivada pelo artista da Bohemia Tavik Frantisek SIMON (1877-1942). Ele usou a fachada do seu próprio atelier. Em vez do tradicional esgrafito de cores raspadas ele preferiu a palheta de todo as cores. Porém este pigmento  é aplicado numa camada enquanto a massa de cobertura estava ainda úmida o que faz com que a cor esteja integrada na parede. 

Potencialmente todos são artistas. Todos podem apropriar-se do código vigente no seu meio cultural e expressar os sentimentos daí decorrentes e buscar o seu potencial observador. O problema se aguça quando há necessidade de efetivar uma escolha neste vasto mundo de potencialidades dos caminhos que apontam em todas as direções. Toda escolha significa a perda das demais direções.

Quem recebe as obras destes artistas potenciais também pode interferir nesta escolha. O observador pode bloquear a manifestação do pretendente a artista. Bloqueia quando não recebe devido a numerosos traços perceptíveis no autor ou na sua obra.   

Tavik Frantisek SIMON 1877-1942 - Idílio o pastor - Esgrafito na fachada do atelier do próprio artista
Fig. 06 – A tradição dos grafiteiros trabalhando à luz do sol, sob a vista e aprovação admiração de todos os cidadãos foi cultivada pelo artista da Bohemia Tavik Frantisek SIMON (1877-1942). Ele usou a fachada do seu próprio atelier. 
Uma obra de arte se tiver por projeto de estar ao alcance direto do seu publico e sem mediações percorre o caminho sobre um fio da navalha. Normalmente é ela despencar deste fio para no mundo do trabalho onde encontra a sua entropia e não reconhecimento

 Porém a obra de arte sempre correu este risco. Colocada entre o aberto ideal e sua mensagem ser percebida por um observador desconhecido e colocado muitas gerações após o seu criador. A obra de arte já tinha este papel muito antes dos códigos escritos a quer nas cavernas, nas portas das cabanas ou nos monumentos megalíticos. Em todas as civilizações antigas teve este papel.

Fig. 07 –  Em Porto Alegre a tradição das fachadas das casas bávaras pintadas, dos grafiteiros trabalhando à luz do sol, sob a vista e aprovação admiração de todos os cidadãos foi cultivada pelo artista do artista de Munique Ferdinand Schlatter. Aqui um detalhe da casa dos Bávaros da SOGIPA pintada para a ocasião do centenário da Imigração Alemã.

O pacto social, cultural e estético do Renascimento italiano foi transformado em migalhas pelos processos concorrenciais do mais forte e agressivo do sistema capitalista. Traços deste sistema capitalista são perceptíveis nas obras geradas nestas circunstâncias. A sua natureza estética reflete a inquietação diante destas circunstâncias. Por mais cruéis, agressivas ou até feias elas não fogem da busca da sua verdade. Verdade que buscam na coerência e de adequação interna parcial ou total em si mesma. Traços no autor da obra perceptíveis como agressão a valores, desajuste aos hábitos ou de pura delinquência. Estas obras de arte são vigorosos documentos da ordem moral e ético das quais as obras  são portadores.

A singela busca da fama pode se constituir na pior corrupção da necessidade de o artista socializar, da publicidade à sua produção e angariar observadores para a sua obra. Só um verdadeiro mestre tem coragem para uma declaração destas e revela um exemplar testemunho do tempo absolutamente novo que estamos vivendo. Para manter viva a indústria cultural esta teve de estabelecer e manter o projeto que Bourdieu descreveu (1987: 104) que

“na Inglaterra com a vinda da era industrial, a relação entre artistas  o público modifica-se, o público é tratado de uma forma diferente em relação a era do artesanato, a produção artística torna-se uma entre as especializadas, a teoria da realidade superior da arte e o artista independente é um «gênio superior».

Fig. 08 – As obras romanas foram realizadas por artesões na total heteronímia e que trabalhavam para estetizar estes períodos de decadência e de luxo que Sêneca recriminava nos seus escrtitos. Repetiam motivos e técnicas da Grécia  clássicas às quais elas citavam sem atingir a alma e mentalidade que caracterizavam estes criadores visuais em permanente concorrências e excomunhões recíprocas e que os escritores gregos testemunhavam. 

 Se arte contemporânea ainda atesta este projeto na contramão as queimas das suas vítimas na FOGUEIRA das VAIDADES cuja luz ilumina muito empresário, mediador e critico de arte é que os artistas tomaram em suas mãos a força da arte. Exercem esta autonomia sabendo de todas as perdas que poderem provir desta escola.

 Se as obras romanas não testemunham as lúgubres e horrendas fogueiras de Nero para as sua noites de orgias e crueldades. Elas foram realizadas por artesões na total heteronímia, sem nome que história guardou e que trabalhavam para estetizar estes períodos de decadência. Os corações palpitantes nas mãos dos sacerdotes astecas ou as fogueiras da inquisição iluminando as noites da Idade Média também foram cobertos por estetizações de artista sem a autonomia para expressar o seu mundo.

O autêntico artista contemporâneo é competente nas mais impiedosas críticas,  mesmo que elas atinjam toda a vida e sua própria obra. Assim uma das mais comovedoras e honestas avaliações da abertura foi feita, este ano, pelo mestre Ado Malagoli, a o repórter Ivo Stigger:

Hoje daria zero para a minha obra, principalmente porque levei muito tempo para descobrir a verdadeira Arte, isto é, a Arte com direito de ser livre, alforriada de todas as escolas e academicismos”.      Zero Hora, 17 de julho de 1990, p.4 col. 4

Certamente trata-se de um artista que passou, se formou e soube orientar os seus estudantes universitários para o exercício perene do hábito do hábito intelectual e estético.

Fig. 09 –. O estágio natural seria o pictograma como a primitiva escrita  já desenvolvida pelos maias no atual México  O sonho de uma sociedade cuja subsistência física dependia da caça e cuja mentalidade estava voltado e representava apenas os animais que podiam satisfazer esta necessidade básica estava dando lugar para primitivos agricultores. O tabu da representação da representação naturalista estava dando lugar para o totem da figura humana. Porém como totem estava longe figura natural. Esta era representada mais como uma sombra ou símbolo e uma silhueta. Assim esta figura humana pode ser interpreta  como TAGS’S ou PIXOS da pré-história humana mais recente e desenvolvido no atual território do Brasil.

Na contemporaneidade a pintura ganhou novamente as fachadas pela ação agressiva dos grafiteiros. Se esta manifestação encontra argumentos que a condenem pela sua posição estética, agressão patrimonial e pelo seu hermetismo das suas mensagens anárquica individualista, encontra argumentos que explique esta manifestação agressiva. Entre eles a mercantilização, mitificação de gênios e mediações, atravessadores e tuteladores de toda ordem que se apropriaram do sistema de arte. Mediadores, atravessadores e tuteladores que incluem “os simpáticos”  e excluem os “não simpáticos”. A reação daqueles “não simpáticos” é expressa pelos “pichos”  silenciosos, noturnos e individualistas. Estes “pichos” e “tag’s”  substituem a voz e a vez ações e atitudes dos pichadores urbanos.

Os braços cruzados dos impotentes, tolerantes e atônitos poderes constituídos pelos mediadores, atravessadores e tuteladores do poder público perdem cada vez mais terrenos em toda a cultura ocidental. O seu agressivo meio urbano encontra cada vez mais as respostas em pichações simetricamente cada vez mais agressivas. Pichações tão vazias, anárquicas e agressivas na mesma medida das agressões, faltando-lhes humanismo e carecem de um pacto social significativa que produz estes monstros dos dois lados deste muro erguido pelos mediadores, atravessadores e tuteladores.

Fig. 10 – A representação da  máscara mão humana como um "TAG" ou "PICHO" obtido com o sopro de um pó vermelho sobre a parede úmida de uma caverna da pré-história  de uma ausente e sonho de uma sociedade cuja subsistência física dependia da caça e cuja mentalidade estava voltado e representava apenas os animais que podiam satisfazer esta necessidade básica. Não há vegetais, nem paisagem muito menos a figura humana que podia ser interpretada como objeto de caça.

O artista visual reage e coloca as suas obras fora do sistema convencional de arte e do circulo de ferro do mercado. Realiza esta façanha voluntária e intencionalmente reconquistando a sua autonomia do rebanho que vai para o matadouro do sistema de artes. Subsidiariamente estes criadores fogem do alcance dos alfinetes nas suas costas e classificando-os em estilos. Fogem dos mitos redutores de gênio largamente disseminado pela indústria cultural e pelo sistema de artes. O teórico Argan, arquiteto e prefeito comunista de Roma, afirmou (1992: 40) que

“foi somente no início do nosso século que os grandes artistas, com uma surpreendente unanimidade, começaram a protestar contra o nome «gênio» para insistir no ofício, da competência e nas relações entre arte e artesanato. O artista, mesmo quando empresta sua obra à autoridade constituída, exerce uma função de guia no interior da sua esfera social, a do trabalho”. 

Assim os artistas podem novamente serem eles mesmos com todas as perdas que isto importa, inclusive de sua própria aura.

Fig. 11 – Uma sociedade caçadores cuja subsistência física dependia daquilo que ela representava. Esta representação pictográfica irá gerar no estagio da agricultura para pictogramas base das primeiras escritas  cuja mentalidade estava voltado e apenas os animais que podiam satisfazer esta necessidade básica. Não há vegetais, nem paisagem muito menos a figura humanaque podia ser interpretada como objeto de caça.
 Quando os TAGS’S e PIXOS : pichadores e pixadores


Porém a greve dos observadores poder ser observada pelos  braços cruzados dos impotentes, tolerantes e atônitos poderes constituídos pelos mediadores, atravessadores e tuteladores do poder público perdem cada vez mais terreno em toda a cultura ocidental. O seu agressivo meio urbano encontra cada vez mais as respostas em pichações simetricamente cada vez mais agressivas. Pichações tão vazias, anárquicas e agressivas na mesma medida das agressões, faltando-lhes humanismo e carecem de um pacto social significativa que produz estes monstros dos dois lados deste muro erguido pelos mediadores, atravessadores e tuteladores.

Fig. 12 – Os pichadores há 30.000 anos na caverna de Chauvet, no sul da França,  num fotograma do filme ‘Caverna dos Sonhos Esquecidos”  de Werner Herzog e colocado no mercado cultural como peça industrial.  O sonho de uma sociedade cuja subsistência física dependia da caça e cuja mentalidade estava voltado e representava apenas os animais que podiam satisfazer esta necessidade básica. Não há vegetais, nem paisagem muito menos a figura humanaque podia ser interpretada como objeto de caça.

Cabe ao autor da obra a tarefa de transformar o tabu em totem e demonstrar outros caminhos e percepções.  É necessários que os "tag’s" e "pichos" constituem uma apropriação simbólica dos lugar e dos imóveis. Seria um capítulos a parte esta guerra de apropriação de áreas que eles consideram de prestígio e posse individual.

De um lado Moulin afirma (1995: 127)  que “de todas as categorias sócio profissionais, a do artista é sem dúvida o mais definido na medida em que os critérios que podem servir são a herança  multissecular”

Porém toda esta herança multissecular é anulada sem a fala, a exposição das mentalidades, os contratos que transformam contradições em complementariedades o terreno das forças da arte correm o risco de caírem como prêmio no terreno do mais esperto e economicamente forte. Mesmo as leis - contra e favor - não fazem, neste caso, o artista.

Resta a esperança na alfabetização deste criador nos nas circunstâncias para que ele as tenha presente no momento de sua criação. Certamente para isto são necessárias instituições coerentes e que já possuem um histórico que Durand descreveu (1989: 59) quando

“Antoine Prost observa que a organização de escolas para a formação de artesões e operários correspondeu a uma fase em que, com a destruição do artesanato pela indústria capitalista, e com a correlata desorganização das categorias de artesões através da aprendizagem nos ateliers dos mestres credenciados, abriu-se a necessidade de nova solução institucional".

De outro lado este projeto e a apropriação desta nova obra de arte necessita o preparo do observador. Certamente não se trata de um público acostumado a receber tudo mediado, editado e colocado de forma linear e de sentido unívoco sempre esteve distante da competência de se sentir à vontade da autêntica obra de arte. Uma obra de arte de qualquer natureza é sempre portador de um mundo e que possui parcas conexões com outros repertório, mundos e paradigmas. Se um de lado a palavra dirige os sentidos humanos há necessidade de alguém honesto e coerente que tenha, de fato, acesso ao mundo do qual pretende ser intérprete e do outro domine as técnicas do discurso. Talvez este interprete coerente e honesto seja mais raros que os produtores de arte.

-Pichação Av.Sertório Porto Alegre foto de Círio Simon em   18.02.2013
Fig. 13 – O arsenal iconográfico usado pelos pichadores pode inclui os TAGS’S e PIXOS : numa estrutura geométrica e os índices visuais os mais próximo possíveis da realidade da indústria cultural e índices numéricos digitais de uma geração 4G. O seu autor abdica da identificação,  assinatura e de data e lugar. A sua obra  é intencionalmente efêmera, feita de madrugada a luz dos luminárias, fora do sistema de arte e sem financiamento. A sua mochila ceramente está carregada de cartuchos de spray colorido. O seu publico são eventuais observadores e que necessita adivinhar o código e o seu sentido

A causa desta dificuldade já era apontada por Nietzsche quando escreveu (2000: 134) que “a arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário”.

De um lado o ideal para a obra é que ela esteja aberta ao alcance direto do seu publico e sem mediações. Porém, de outro lado,  o alto  pacto social, cultural e estético do Renascimento italiano do artista com assinatura e contrato social foi transformado em migalhas pelos processos concorrenciais do mais forte e agressivo do sistema capitalista e pós modernidade. O que era o objetivo da obra de arte muito antes dos códigos escritos quer nas cavernas, nas portas das cabanas ou nos monumentos megalíticos tornou-se um mundo hermético para poucos iniciados. Se em todas as civilizações antigas teve este papel, o artista voltou para a noite do tempo, para o anonimato voluntário. Refugiou-se  dos agressivos e humilhantes  contratos, dos prêmios em cima de...comandados pelos que acham mais espertos e fortes. Refugiou-se  para a noite, para o anonimato fugindo de um sistema e de um mercado de arte que não respeita o seu momento de criação individual Produz para um pequeno grupo de iniciados e de um publico genérico. Busca dispensar os mediadores, atravessadores e aqueles que desejam tutelar a sua criação, furtar-lhe a fama e a propriedade mental e física das suas obras.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992) . História da arte como história da cidade.   São Paulo :  Martins Fontes. 1992.
.BOURDIEU, Pierre ( *1.8.1930 - †23.1.2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p.

DURAND, José Carlos, Arte, Privilégio e Distinção: Artes plásticas, arquitetura e   classe dirigente no Brasil, 1855/1985.São Paulo : Perspectiva: EDUSP 1989. 307p.

MOULIN, Raymonde. L’artiste,  l’institution et le marché. Paris: Flammarion, 1995. 437 p.
         
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900). .La génesis da la moral. Buenos Aires :         Tor, s/d, 160 p. e  A gênese da moral (3a. ed). São Paulo : Moraes, 1991. 113 p.

OLIVEN, Ruben George. VA parte e o todo: a diversidade cultural no Brasil - Nação.  Petrópolis: Vozes 1992.  143p..


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS



VILLA MEDICI ACADEMIA da FRANÇA em ROMA


_ Revista


Fachadas com sgrafitto





TADDEO ZUCCARO aos 18 anos pinta o palácio Mattei




Casa dos bávaros Sogipa




PRAGA Sgrafitto





Tavik Frantisek SIMON 1877-1942







Leon Battista ALBERTI (1404-1472)




Giorgio VASARI (1511-1574)




Andy WARHOL (1928-1987)




Jean Michel BASQUIAT (1960-1988)




BANSKY ARTIST ANÔNIMO





TAGS’S e PIXOS : pichadores e pixadores



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