sábado, 28 de abril de 2012

ARTE - brasilidade e germanidade - 006



OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL
“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
José SIMON professor rural de uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo.

É temerário colocar, num espaço tão restrito, os múltiplos e variados OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL”  dispersos neste imenso território e ao longo de um meio milênio de colonização européia. Pratica-se esta temeridade para criar mais uma narrativa em relação a este vasto panorama das obras das artes visuais produzidas a partir do OLHAR da GERMANIDADE ” . Narrativa que trata este olhar disperso num Zeitgeist de uma linha do tempo brasileiro. Narrativa que tenta expressar o Weltgeist do território nacional que projeta as suas identidades próprias. Narrativa que busca oferecer um nível cultural de uma determinada população – Volksgeist - em contraste complementar civilizado com as demais etnias e culturas do Brasil.
Este panorama narrativo inicia com a constatação de que Pintura e Arte em geral no Brasil Colonial (Zeitgeist) tinham severas limitações. As mais contundentes eram as interdições e proibições vindas dos rigorosos controles legalistas e da uma ortodoxia religiosa única e soberana. A pintura à óleo era interditada e controlada como artigo de luxo. 

Fig. 01 –  Na obra de Frans Jonszonn POST (1612-1680) – “Cachoeira de Paulo Afonso” transparece” o “OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” num projeto  do mentor era Maurício de Nassau. As potencialidades da paisagem e da Natureza e sem a presença humana, transposta para a Pintura e na técnica da pintura a óleo, reforçam este olhar qualificado do que o olhar lusitano.

A exceção eram pinturas sacras. Contudo elas eram destinadas apenas à alguma igreja especifica e com motivos estritamente religiosos e bíblicos. As pinturas de retratos eram destinadas eventualmente para as supremas autoridades como o rei, os vice-reis e os bispos e interditadas para os súditos. Junte-se a isto a pobreza geral da população, a instrução voltada apenas para a inculcação legalista via pelourinho ou pelos rituais  cerimoniais litúrgicos em latim.

Fig. 02 –  Na capa da obra “HISTORIA NATURALIS BRASILIAE” também é possível surpreender o projeto  do seu mentor  Maurício de Nassau. A obra impressa, com os temas das potencialidades humanas, da fauna, da flora  e com a presença humana, responde e é coerente com o  “OLHAR da GERMANIDADE”. Com a proibição da pesquisa natural, das universidades clássicas européias, da imprensa e sem o “nihil opstad” eclesiástico, seria impensável no Brasil colonial.

Diante destas circunstâncias é possível entender o  infortúnio e a falta de continuação da pintura holandesa no Brasil. O que é certo é que esta mentalidade não se reproduziu e nem  se sublimou em outras atividades culturais e artísticas. Simplesmente foi extirpada do território da Colônia Portuguesa.
 Fracassos e desafios constituem, no entanto, a matéria prima dos artistas de todos os tempos e lugares. No campo das forças religiosas coloniais brasileiras despontam exemplares de arte sacra.

Fig. 03 –  Detalhe da obra - Cristo do  FREI RICARDO do PILAR (1635-1700) - Mosteiro São Bento RJ o  Nascido em Colônia teve formação germânica. Esta formação trouxe as técnicas pictóricas desta cultura e desta época como  tinta à óleoOLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”. A pintura mede 288 x 186 cm foi cercada pela torêutica barroca. O contraste entre e o seu entorno realça a ambas as estéticas.

Os engenheiros militares do período colonial conheciam desenho.  Contudo no âmbito oficial não podiam pensar e sentir além daquilo que lhes eram impostas pelo regime colonial além das suas normas de caserna. Vinham para desenhar e construir fortes que pontilharam toda a costa brasileira e ao redor dos quais se assentavam casebres. Fora deste âmbito religioso, oficial e militar não havia o menor interesse em qualquer especulação estética que eles pudessem cultivar.

n TOBINO 2005 p.032
Fig. 04 –  Na obra atribuída ao Padre Antônio SEPP  (1655-1733)  é possível surpreender“ OLHAR da GERMANIDADE em território que formaria depois o BRASIL ”   As MISSÕES JESUÍTICAS do RS eram uma das expressões da PRPAGANDA da FÈ e aqui destinada aos ameríndios. Contudo nesta obra é possível distinguir a sensibilidade estética dos toreutas do  Tirol e que, na época contemporânea, ainda persiste na comunidade de  Treze Tílias em Santa Catarina

A vida breve de Dona Leopoldina (Dona Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena (1797-1826) e da presença (1817-1826) na corte brasileira deu oportunidade não só para desenvolver projetos de imigração. Estes projetos de imigração formam  culminâncias de uma série de missões européias. Além da presença da Missão Artística Francesa, de 1816, houve missões científicas das mais variadas culturas (Weltgeist) que palmilharam este imenso e inexplorado território brasileiro. Estas missões levam desenhistas e artistas que trabalhavam em condições muito piores daquelas mostradas pela figura 05.

Fig. 05 –  A imagem de Jean Baptiste  DEBRET, trabalhando no Rio de Janeiro, permite adivinhar as condições de um artista na busca de seu nome e autonomia no final período colonial brasileiro. Nestas condições podia, no máximo,  tomar notas escritas e apontamento visuais. Debret levou est material no seu retorno para Paris em 1831. Na Cidade Luz fez imprimir e divulgou as imagens litografadas com os temas colhidos no Brasil. Contudo, apesar de todas esta precariedades,  os  poderosos projetos civilizatórios da Missão Artística e sintonizaram com os projetos de soberania nacional forneceram um espaço político e cultural embrionário para que  o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” pudesse encontrar uma realização mais consequente e no própria território nacional. No entanto eram embrionários, com pouca densidade. Assim, até o final do Império Brasileiro, e mesmo no início da Republica, um Pedro Américo, Vitor Meireles ou Luis Augusto de Freitas eram obrigados a procurar Florença, Roma ou Paris para realizar obras de maior envergadura estética e física.

A presença de Johan MORITZ RUGENDAS 1802-1858 em território brasileiro é de fato o resultado de um projeto de visitas a todo continente do Novo Mundo e as recentes soberanias nacionais. 

Fig. 06 –  Thomas ENDER (1793-1875) -   “Arredores do Rio de Janeiro”1817 óleo sobre tela 104 x 188 cm - detalhe - Museu de Viena.  Este pintor austríaco chegou ao Rio de Janeiro no dia 14.07.1817 na comitiva de Dona Leopoldina. Com apenas 24 anos de idade produziu mais de 800 obras. Quase três obras por dia de permanência no Brasil.. Retornou em 01 07.1818 levando, para Viena, esta coleção que foi redescoberta na década de 1950. . O estrangeiro com um “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”.

O que necessita afirmar é que os projetos destes artistas e cientistas europeus, no território nacional, não tiveram a recepção, nem imediata e mesmo ao longo de suas existências. Os resultados materiais destas missões foram redescobertas e valorizadas ao longo de século XX com a instalação da Universidade para todo o território brasileiro a partir de 1931.

in  TOBINO 2007 p. 048b o 
Fig. 07 –  Johan MORITZ RUGENDAS 1802-1858 -   “VENDA no RECIFE”  - Sobre a presença deste artista a acusação de “espião” das potências européias até os dias atuais. O “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”  foi visto com muita desconfiança em todos os tempos. Certamente não ficava bem para as elites locais que o seu povo fosse visto nestas cenas de um comércio primário e na maioria das vezes baseado sobre o escambo e longe de qualquer monetarização. Isto com mendigos, porcos e cachorros disputando espaço.

Poucos artistas conseguiram viver de seu trabalho apesar de muito festejados ao longo do Império brasileiro. No entanto este festejo dos nomes e das raras obras autônomas de encomendas específicas, foi oportunidade do artista para passar do anonimato e da servidão do colonial para alguém com nome e assinatura individual. Se não houve grandes repercussões econômicas e profissionais, serviu para estabelecer os primórdios de um estatuto e de contratos que ainda no século XXI  não estão muito evidentes, tanto para o artista como para os seus observadores.

Fig. 08 –  Esta cena da Rua do Ouvidor do  Rio de Janeiro, captada numa aquarela de  Eduard HILDEBRANDT (1818—1869)  é índice do  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” Com certeza esta cena de rua não recomendava  nem a arquitetura civil, muito menos o urbanismo além da higiene de uma capital de um reino que abrangera a Europa, África, Ásia e grande parte do Novo Mundo.

 Em 1855, um sul-rio-grandense - e discípulo da Missão Artística Francesa - estava no comando maior da Imperial Academiai de Belas Artes (AIBA) do Rio de Janeiro. Num dos encontros públicos com os seus pares da casa Manuel Araújo Porto-alegre perguntava-lhes  numa série de trinta questionamentos ou teses:
2.° - Donde procede o mau gosto, e mesmo a indiferença que temos tido até hoje para com a arquitetura, quais as razões porque os exemplares de Mr. Grandjean não frutificaram, e o que convém fazer em favor desta arte para ter um maior e seguro desenvolvimento? [...]
4.° - Convirá mais auxiliar a litografia já plantada entre nós e com uma vida independente ou pedir ao Governo Imperial uma escola de Gravura a talho doce? A litografia no seu estado atual só peca pelo desenho e a gravura está ainda na infância, mormente a gravura histórica?[...]
30.° - A descoberta da fotografia foi útil ou perniciosa à pintura? E se ela chegar a imprimir as cores da natureza com a fidelidade com que imprime as formas monocromaticamente, o que será da pintura, e mormente dos retratistas e paisagistas?
Certamente o futuro Barão de Santo Ângelo não tinha a resposta a nenhum destes questionamentos. Contudo, muito antes de Max Weber ele percebia que “única coisa que uma universidade pode ensinar é o cultivo continuado do hábito da integridade intelectual”. Esta integridade também valia para o campo estético. Certamente pagou muito caro por esta audácia de 1855.

Fig. 09 –  Na obra  HILDEBRANDT Eduard 1818--1869  "Biblioteca" 1856 o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” um índice das preocupações cientificas e a busca de sua ajuda para entender o mundo empírico

O legalismo, na medida em que avançava, abria espaço para pessoas ocupar CARGOS e sem a menor noção da FUNÇÔES CIVILIZATÓRIAS INSTITUCIONAIS. Perdia sentido e espaço o cultivo continuado do hábito da integridade intelectual”. O próprio Manuel Araújo foi vítima deste legalismo quando foi atropelado por uma nomeação política para um cargo na AIBA de alguém apadrinhado. Dignamente renunciou ao seu cargo.

Fig. 10 –  Eduard HILDEBRANDT 1818--1869  - “Convento de Lisboa” - O contraste entre a magnificência do palácio religioso e o caos e pobreza urbana dos seus arredores é idêntico com que este  “ OLHAR da GERMANIDADE” encontrou também no Brasil e entre conventos, igrejas e as ruelas mal traçadas e os tugúrios nos quais se abrigavam os súditos e os escravos.

Os críticos de arte possuem certa unanimidade que renovação deste ambiente veio do lado de fora da instituição e por um olhar germânico sobre a realidade visual tropical do Brasil. O pintor Johann Georg Grimm (1846-1887) viveu na mesma época de Van Gogh (1853-1890). Porém em clima cultural, econômico e institucional completamente distinto do pintor holandês. No Brasil não só tirou a Pintura dos escuros e úmidos ateliers urbanos, mas viveu com intensidade e coerência cada pincelada. Esta sua corajosa atitude, de um quase profeta “nabis” tropical,  abriu os olhares e a compreensão de jovens que buscavam o exercício do hábito da integridade estética no universo da Arte e da Pintura em particular.

Fig. 11 –  Johann Georg GRIMM (1846-1887) foi professor na AIBA entre 1882 e 1884. Porém a  sua corajosa atitude, de um  “nabi” tropical procurou coerência entre a Vida, a Arte e a Pintura.  Preferiu  os olhares e a compreensão dos jovens artistas e nesta perspectiva exercer  o hábito da integridade estética,  .  Assim na condição de estrangeiro pode exercer  o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” escolhendo e pagando caro e administrando estas perdas por meio de obras que fugiam da heteronímia estética do lugar e do seu tempo de final de Império Brasileiro
  
Johann Georg Grimm, ao percorrer, não só o litoral e longe dos centros do poder urbanos, abriu o caminho estético não só para os seus discípulos diretos, como Antônio Parreiras (1860-1937), mas também uma genealogia estética como Aberto Veiga Guignard (1896-1962) e depois para Roberto Burle Marx (1909-1994)

in TOBINO -2007- p 099ao 
Fig. 12 –  Na obra de Johann  Georg GRIMM 1846-1887- "Vista de Sabará" - MG  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” precedeu  Alberto Veiga Guignard no estudo da luz, das cores e das montanhas das Alterosas salpicadas de pequenas cidades do ciclo de ouro

A sua curta vida, os obstáculos econômicos e culturais de toda ordem limitou a sua produção, onde a obra de arte é primordial. O pintor Pedro Weingärtner (1853-1929) tentou seguir os passos e lições entre 1882-1884 de Grimm na AIBA, ao encalço de suas obras e estética. Mas também, e novamente, os cargos dos seus colegas, agora republicanos, falaram mais alto do que as funções, os hábitos de integridade intelectual e a renovação continuada da estética. O pintor sul-rio-grandense seguiu o exemplo  de Johann Georg Grimm, sem fazer disto uma ideologia ou um cavalo de batalha. Também deixou o seu cargo e suas funções a favor daqueles que julgavam-se os novos donos institucionais e que eliminaram o cargo e as funções de Vitor Meireles e o abandonando, na velhice, na mais profunda miséria.


Fig. 13- Johann Georg GRIMM  (1846-1887) - Cascatinha em Teresópolis 1885 - óleo 62 x 47 cm obra o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” realizada Retoma o olhara de Frans Post sobre a paisagem brasileira. Ao mesmo tempo mostravam a diversidade e o vigor da flora brasileira, que Burle Marx irá mostrar a todas as culturas.
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As correntes estéticas das vanguardas européias atraíram e cegaram muitos jovens candidatos à artista. Perderam a coerência com a realidade social, política e cultural brasileira, no seu deslumbramento com uma cultura conceitual e estético alheia. Não percebiam, neste seu deslumbramento, a não ser a propaganda, o marketing e as fortunas econômicas repentinas. Prolongavam, assim também nas artes,  a heteronímia colonial dos seus antepassados. O jovem Helios SEELINGER (1878-1965) conheceu pessoalmente os rituais deste deslumbramento das vanguardas europeu. De retorno ao Brasil dedicou-se a fortalecer, por dentro e por fora, a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como instituição.  Foi uma das vozes constantes para transformar a ENBA em Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) projeto que começo tomar corpo e forma em 1937. De outra parte era uma voz constante na defesa do cultivo do hábito da integridade intelectual

 
Foto - MNBA 
Fig. 14 – - Helios SEELINGER 1878-1965 - foto – MNBA. Este “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” realiza a obra pictórica original e ao mesmo irá se tornar uma das forças empenhadas na criação do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). As suas visitas, projetos e obras de pintura para o Rio Grande do Sula foram um ponto de encontro de artistas de Porto Alegre. Destaca-se na proposta e criação do Salão de Outono de 1925 na Intendência local. 

Ao se aproximar o colapso da Primeira Republica e a Revolução de 1930 tomar as armas para derrubar a antiga oligarquia de Velha República,  as Artes alentaram o sopro da renovação e o hábito da integridade intelectual.
Neste clima não faltou na pessoa de  Helios Seelinger. Na sua obra “O Rio Grande de Pé pelo Brasil” de 1925 ele antecipa o próprio lema de Revolução de 1930.

Fig. 15 –  Helios SEELINGER (1878-1965) “Rio Grande de Pé pelo Brasil” 1925 - Museu de Piratini RS. Esta obra realizada para o Palácio do Governo (Piratini) e depois destinada ao Museu da cidade de Piratini-RS.- O título desta pintura será o lema da Revolução de 1930.  O  “OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” concretiza-se na escolha e representação visual  dos tipos humanos desta composição.

O escultor e arquiteto prático Fernando Corona era um dos  interlocutores de Helios Seelinger tanto no Rio de Janeiro como em Porto Alegre. 

Fig. 16  - Helios SEELINGER em visita ao Porto Alegre em 1925 com Mário TOTTA (1874-1947) Francis PELICHEK (1896-1937) - Sotero COSME (1905-1978) - Helios (da esquerda para direita da foto)

Em visitas dominicais ao artista este espanhol soube captar alguns dos traços da vida e da mentalidade de Helios. No seu Diário inédito (Vol. I ano de 1934), Corona registrou (pp.334-336).

“Minha vida na Capital Federal limitava-se a frequentar a Associação Brasileira de Belas Artes e anda sempre com o querido amigo Hélios Seelinger. Aos domingos iria até Grajaú, rua da Mata a almoçar com êle. Helios gostava de comer bem e convidar os amigos para isso. Os mais íntimos lá estivemos reunidos o dia que o Helios nos disse que íamos comer pato à francesa
Acervo da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 17 Helios SEELINGER (1878-1965) "Costas do Brasil" 1947 - óleo 70 x 67 cm. Nesta obra saltam as memórias de um Hans Staden e que conduzem o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” nesta pinceladas para um  universo primordial da brasilidade.  .

O pintor Paula Fonseca era nosso amigo e visinho de cerca do Helios. Para emocionar o almoço o Helio fez um discurso com muito espírito. – “Senhores convidados: Não sabeis que o pato gostoso que acabais de comer não foi comprado em mercado nenhum. Também não é hospede do meu quintal que só tem galinhas e um galo danado que não as dá descanso. Meus amigos Paula Fonseca, Argentino Brasil Rossani, Pedro Bruno, Bertazón, Joaquin da Rocha Ferreira, Henrique Cavalheiro e Fernando Corona: O peso que tenho na minha consciência não pode ficar me roendo. Desejo confessar que o pato que todos nós acabamos de saborear pertencia a criação do nosso amigo Paula Fonseca, e ontem a noite ele veio ter às minhas ruais a um pequeno chamado meu, - Não o roubei não, não penseis que sou daqueles que buscam os galináceas nas áreas dos visinhos. Este pato era inteligente e veio a mim com meu pequeno acervo””.
A Arte na medida em que é competente e coerente na captação dos traços da vida e da mentalidade artista

Fig. 18 –  O artista Henrich August TECHMEIER (1895-1971) ainda não foi objeto de grandes estudos, nem na sua origem e muito menos no Brasil e do  um período que esteve no Rio Grande do Sul . No entanto a sua oportunidade de exercer o seu  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”  aconteceu em Brasília, a nova capital a partir de 1960. Alí realizou a sua obra mais conhecida qu é o retrato do Marechal Cândido Rondon e que estabeleceu o padrão iconográfico desse militar, indigenista e positivista.brasileiro.

Com o regime republicano as artes visuais no Brasil saíram da sombra do trono e depois da Revolução de 1930 ganharam o reforço da Universidade. O Brasil foi um dos pioneiros em colocar a integridade estética no âmbito onde antes dominava apenas a integridade intelectual e as suas aplicações tecnológicas. A maioria das Academias superiores e Instituto de Artes, anteriores a 1931, migraram para a esta Universidade Brasileira destinada para todo o território nacional. As novas instituições superiores de Artes que se criavam já nasceram neste âmbito universitário


Acervo da Arquidiocese de Porto Alegre

Fig. 19 –  Na obra Dom Alfredo Vicente Scherer(1903-1996) de  Henrich August TECHMEIER (1895-1971) exerce um duplo “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” tanto no modelo como nas técnicas e recursos plásticos desta pintura.



Com o final da II Guerra Mundial e com a linha dos limites entre as potências da Guerra Fria passando sobre o território da Alemanha dividida a germanidade no Brasil ficou neutralizada e sem definições precisas. Com Queda do Muro de Berlim, a entrada da Alemanha no Bloco Europeu e com um papa alemão estas relações ganharam outro estatuto.  Com investimentos, com fábricas instaladas no território brasileiro e com o Euro como moeda forte, as antigas colônias germânicas no Brasil permaneceram distantes de qualquer contato ou interação direta via institucional e muito menos oficial.
Assim no imenso território e ao longo de um meio milênio de colonização européia, a presente postagem certamente consegue indicar apenas alguns nomes dispersos do OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” . Esta busca de amplidão encontrou outros os espaços culturais e artísticos externos à grande imigração que se fixou em São Leopoldo no século XIX.
Mas no seu conjunto é possível afirmar e comprovar que estes OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL” . foram afirmações contra a pobreza geral da população (Volksgeist), uma alternativa a mais para fugir da inculcação legalista via pelourinho ou pelos rituais dos cerimoniais litúrgicos em latim.
As obras das artes visuais produzidas a partir do OLHAR da GERMANIDADE ”  pontilham toda a linha do tempo (Zeitgeist), mapeiam todo o território nacional (Weltgeist) e criam identidades em todos os níveis culturais da população (Volksgeist) do Brasil.

FONTES da PRESENTE POSTAGEM

PARA  os CONCEITOS de Zeitgeist, Weltgeist, e Volksgeist na Arte, veja

Frei RICARDO do PILAR -  (Colônia 1635 – Brasil 1700).

Antônio SEPP Von RECHEGG S.J.   1655-1733

TREZE TILIAS

CARTAS de DONA LEOPOLDINA

Thomas ENDER

RUGENDAS Johan Moritz 1802-1858

MANUEL ARAUJO PORTO-ALEGRE - 30 teses de

EDUARD HILDEBRANDT 1818-1869

JOHAN GEORG GRIMM 1846-1887
George Grimm foi talvez o pintor de maior sucesso entre os pintores alemães e a sua influência na pintura brasileira é considerável.  Era uma grande personalidade artística que tinha um grande círculo de alunos talentosos.  O artista bávaro iniciou o estudo rebelando-se contra as convenções e tradições antigas e transferiu as suas aulas da sala para o           ar livre.  Nas florestas e montanhas dos arredores do Rio ensinou seus alunos a contemplarem as nastureza para bem saberem representar  ( Karl Oberacker,  Revista Intercâmbio,  Apud  PEIXOTO; 1989,  p.180 - 181 ).

Benno Treidler (1857- Alemanha, 1931- Brasil)

Hélios SEELINGER

CORONA Fernando (1895-1979) CAMINHADA de FERNANDO  CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui  fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amo Tomo I  604 f. Folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm. – Original de posse da Família Coroa
-------CAMINHADA de FERNANDO CORONA. Tomo II 1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer em outro   Tomo II  220 folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm. Original de posse da Família Coroa

TOBINO, Nina A germanidade no Brasil  Porto Alegre: Sociedade Germânia, 2007, 208, il

sábado, 21 de abril de 2012

ARTE - brasilidade e germanidade – 005



ARTE e GERMANIDADE

“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
José SIMON professor rural de uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo


Fig. 01 –  Na imensa obra intitulada  “ Revoluções Burguesas” realizada entre 1983-7, e exposta no  Panorâmio Bad Frankenhausen, o pintor  Werner TUBKE 1929-2004 recapitula visualmente a história da- germanidade com base - na Arte

Evidente que não existe arte alemã, nem brasileira ou ocidental. Arte é um fenômeno universal do gênero humano. O que se poderia afirmar que o ENTE HUMANO possui diversas maneiras de SER e de se expressar. No entanto a Arte está muito próxima ao ENTE humano. Nesta intimidade constituiu-se uma das pontes deste ENTE inatingível com o mundo tangível nas suas formas físicas e sociais. Assim a obra de arte constitui-se como um dos  seus índices mais autênticos e continuados deste SER. 



Fig. 02 –  Albrecht DÜRER (1471-1528) foi um dos mais expressivos representantes do que se estuda aqui como  germanidade na Arte. O seu retrato “Pai do Artista” (1497) mostra o seu domínio do desenho, do detalhe a cor sóbria é coerente com a escolhas plásticas de um artista que opera  coerentemente com o se tempo e ao mesmo tempo. Esta obra é, portado, um  dos índices que WORRINGER descreve como características da arte e do artista nórdico.

Uma obra de Arte 100% original constitui um trabalho condenado a não ter observadores. O seu público potencial não possui meios de entender e valorizar a mensagem do seu autor. Esta obra de Arte terá recepção zero. No contraponto a esta solidão, o artista está mergulhado numa cultura que o ultrapassa em todos os sentidos e direções. O mínimo que ele necessita perceber é de que as suas competências e os seus limites são aqueles do seu tempo e seu lugar. A obra que ele produz é o resultado de um projeto no qual o seu papel é escolher elementos do repertório da cultura física e mental que cerca o seu projeto. Esta mesma cultura do autor a receberá em primeira mão esta obra física.  Esta mesma cultura extrairá os elementos simbólicos que geraram esta obra.
Cabe o aviso: inclusive esta narrativa, em relação à arte alemã, possui como referencial o que perceptível ao seu autor a partir do seu repertório originário da brasilidade. 


Fig. 03 –  A obra de Mathias Gothart GRUNEWALD (c.1470-1528) Altar de Isenheim é decorrência e de toda uma tradição técnica e mental desenvolvido ao longo do período gótico e em contato e distinção na do Renascimento Italiano de sua época. Esta  RESSURREIÇÃO coloca no seu centro a figura humana e reflete a liberdade da germanidade na Arte tanto nos meios técnicos como a forma inédita do grande ponto de interrogação e própria para exercer a abstração pela composição da forma plástica desta obra.

 A cultura na qual está mergulhado o autor da obra de arte, ou narrativa em relação à ela, possui competência para sustentar coerentemente esta obra física de forma autônoma e fora do seu autor e de iniciar a sua peregrinação pelo mundo afora - ou impedi-la. Os elementos físicos da obra fornecem, para os seus observadores, a mentalidade que animou o seu autor gerando uma recepção continuada e que transcende, no tempo e no espaço. Esta obra física possui, assim, condições de se abrir aos sentidos dos seus semelhantes.

Fig. 04 –  ALTDORFER Albrecht 1480-1538 A paisagem como tema autônoma de uma obra de arte possui, nesta obra,  na cultura ocidental uma das suas primeiras realizações preservadas pelos seus observadores.  A imagem está no lugar de algo Assim a germanidade desta obra de Arte exerce o seu papel de abstração da Natureza reinterpretada e reduzida a duas dimensões e que ela busca superar pela perspectiva geométrica, recém criada e esta obra pela disposição plástica dos elementos a realiza a perspectiva visual.

O teórico alemão Wilhelm WORRINGER (1881 -1965) distinguiu na sua obra “Abstraktion und Einfuelung” (1908) uma das estruturas pelas quais os elementos físicos e mentais se organizam conforme o lugar e o tempo. Para ele estão, de um lado, as regiões quentes do planeta. Nestas regiões ensolaradas o modo de SER (Einfuelung - natureza) é das culturas mediterrâneas, ou tropicais. Nestas regiões quentes o artista vive epidermicamente e se expressa diretamente e sem grandes medições, reflexões intelectuais ou rebuscados filtros de sua sensibilidade.
Fig. 05 –  O artista e arquiteto  Karl Friederich - SCHINKEL (1781 – 1841) é mais conhecido pela evocação da cultura grega clássica. Contudo  nesta sua  obra  “catedral com torres” ele evoca a germanidade na Arte com base de obras góticas que estão retomadas na conclusão da Catedral de Colônia que será o símbolo da unificação  política dos reinos germânicos na forma da Alemanha contemporânea unificada. Esta retomada gótica será uma das expressões plásticas da tendência romântica na artes. Esta tendência irá se disseminar pela cultura ocidental do século XIX e da qual o Brasil possui expressões por todo o seu território nacional.

Já no pólo oposto coloca-se o modo de agir do SER adaptado ao frio nórdico que ele denominou “Abstraktion”. Este SER possui mais tempo para se fazer mais reflexivo, guardar e elaborar mentalmente aquilo que concerne á Arte. Além disto ele está mais disposto a acumular, arquivar e a refletir.
No seu contraste o SER mediterrâneo vive entregue usufruir o instante presente dado, ao descarte e sem se preocupar com grandes elucubrações filosóficas e também com estéticas mais abstratas.
Fig. 06 –  O TRÍPTICO de VEIT STOSS (1447-1533), elaborado  entre 1477-1484, é a sua obra prima. Hoje em Varsóvia na Polônia. Esta obra  constitui uma das autênticas obras do gótico tardio e uma das expressões da germanidade na Arte pela sua detalhada e minuciosa elaboração formal e técnica. Contrasta por esta elaboração com as obras mediterrâneas do Renascimento Italiano no qual a FORMA é tecnicamente menos afeiçoado aos detalhes e ás minúcias técnicas e formais.

Miguel Ângelo percebeu e distinguiu a germanidade como aquele cuidado no detalhe e na descrição visual exaustiva nas artes plásticas. Nas manifestações mediterrâneas ele apontava para as grandes formas, sem detalhes e dadas ao usufruto direto do observador
A germanidade não se isola da cultura eslava, saxã, do norte da França e dos países baixos (flamengos). De outra parte a germanidade não coincide precisamente com o Estado Alemão atual. Assim austríacos, boêmios, suíços ou holandeses podem ser incluídos nas manifestações com características próximas do modo de SER da germanidade.

Fig. 07 –  O “Monumento a Batalha da Nações  de 1813,   erigido em  LEIPZIG no inicio do século XX e inaugurado em 1913. O Völkerschlachtdenkmal possui 91 metros de altura e salas comemorativas no seu interior. Ele celebra a culminância da unificação dos Estados (Länder) germânicos que formaram na década de 1870 o Estado Alemão.  A sua forma externa permite especular em relação ao modelo do monumento erguido uma década depois em São Leopoldo para comemorar o centenário da imigração alemã. A inauguração daquele de LEIPZIG precedeu a catástrofe alemã da derrota da I Guerra Mundial ficou tristemente famoso pelo uso que a propaganda nazista fez dele.  Contudo com a sua ampla com base sugere o poder originário desta nação e a  germanidade na Arte pela força da cor sombria e pelas fantasmagóricas figuras humanas do seu exterior e interior.

Assim a manifestação que ganhou maior relevo e coerência nesta cultura da foi a ARTE GÓTICA. Especialmente quando se expressa em miniaturas, na pintura de cavalete, escultura e mesmo na sua verticalidade arquitetônica como nas catedrais de Colônia, Ulm e Viena.
Esta manifestação não impediu a Albrecht DÜRER (1471-1528) aderir e transitar no espaço do Renascimento italiano. Contudo o mestre do altar de Issenheim Mathias GRÜNEWALD (1470-1528) , Veit STOOS (1447-1533) mantém a coerência no detalhe e ênfase na descrição minuciosa. Assim também procedem nas suas obras o pintor Albrecht ALTDORFER (1480-1538) e uma série subsequente de pintores maneiristas. Altdorfer também cultivou a paisagem em si mesma. Esta busca da “paisagem por ela mesma como tema de uma pintura”, constituiu motivo e tema de um grande número de pintores flamengos.
Fig. 08 –  Caspar David FRIEDERICH (1774-1840) na obra “Arvores e Lua” ,1824,  óleo 19.5 c 25.5 cm expressa a germanidade na Arte com os detalhes minuciosamente observados e desenhados. A noite, o mistério e fantasmagórico das regiões frias nórdicas e predispõe autor e o seo observador a dar livre curso à “ABSTRAKTION”

No início da História contemporânea os artistas germânicos do Iluminismo deixaram se seduzir pelas artes de Roma e da Grécia Clássica. A obra de Johann Joachim WINCKELMANN (1717-1768) encontrou uma série de artistas e depois arqueólogos que consagraram a suas vidas a esta estética. Desta preocupação derivaram as tendências Neo-Clássicas.  O Romantismo colocou a Idade Média e sua arquitetura, escultura e música diante destes artistas.
Fig. 09 – Adolph von MENZEL (1815-1905) elaborou, entre 1872-1875, a pintura “Modernos Ciclopes”. Nesta imagem ele mostra o acúmulo de gente, matéria prima e tecnologia que evidencia triunfo da era industrial e da linha de produção que sustentaram materialmente a germanidade na Arte, a partir do século XIX.

Estas tendências neo-góticas estavam em plena expansão quando os imigrantes deixaram a Alemanha.  A conclusão da catedral de Colônia, em 1884,  marcou fisicamente a unificação da Alemanha e ponto alto das tendências românticas. O Rio Grande do Sul recebeu o  mestre João GRUNEWALD (1832-1910)e que havia trabalhado no canteiro de obras (bauhaus) da Catedral de Colônia [http://www.koelner-dom.de/home.html ]
Fig. 10 –  Adolph von MENZEL (1815-1905) na sua obra “Praça das Ervas de Verona” (1884), evidencia a profunda germanidade da sua Arte. Esta se materializa pelas cores sóbrias, a atenção aos incontáveis detalhes e pela materialidade da tinta que usa. Esta materialidade da tinta continua a ser explorada por Anselm Kieffer, nascido em 1945, em suas obras “matéricas”.

O Expressionismo encontrou na Alemanha terreno fértil que estava marcado pelas contradições culturais, econômicos, sociais e políticas que precederam, acompanharam a derrota na I Guerra Mundial e as suas consequências. Contra esta dilacerante tendência estética tentou-se erguer a arte das formas puras construtivas e sem figuração propostas pelos mestres da BAUHAUS.
Fig. 11 –   Lyonel FEININGER (1871-1956) na pintura “O Motim”  (1910) este pintor norte-americano profundamente identificado com a  germanidade na Arte busca o caricato, o estranho e insólito.Foi professor da Bauhaus no período áureo (1912-1932) desta instituição germânica proveniente do movimento DEUTSCHER WERKBUND (1907) e associado ao sentido pragmática da arte desenvolvido no século XIX na Inglaterra sob a designação Art and Crafts.

A reconstrução pós 1945 teve na arte uma das formas para a Alemanha dizer a si mesma para o que veio e mostrar ao mundo este seu sentido. A Documenta de Cassel foi, a partir de 1955, uma das instituições que acolheu, estudou e divulgou mundo a fora este novo modo de SER da arte alemã, sua presença no mundo e o seu respeitoso diálogo e interação com as demais culturas e tendências estéticas.
Fig. 12 –  Joseph BEUYS (1921-1986)  num fotograma de das suas últimas ações desenvolvidas em 1986. Nesta ação procurava chamar atenção para individualidade e autonomia do artista e como tal na busca de um espaço no qual este EU possa ser sujeito ativo e autônomo capaz da sanção de sua ação moral, estética e social.
 Este piloto de um caça alemão da II Guerra Mundial, caído numa aldeia russa e salvo pelos seus inimigos tornou-se um verdadeiro xamã da germanidade na Arte. Coerente passou a desenvolver ações e movimentos que tinham como fonte e repertório objetos e situações do seu tempo e lugar. Com esta abertura procurava a medicina das suas próprias feridas e aquelas da identidade alemã destroçados pelas ideologias, as guerras e a divisão (1945-1990) da Alemanha em duas.

A queda do Muro de Berlim trouxe para o convivia da Alemanha unificada os representantes da Escola de Leipzig que se sucederam e estão, em2012,  na sua 3ª geração.
O que deve destacar, no mundo germânico, é o mundo conceitual que sempre envolveu e acompanhou atentamente as obras de arte. Este mundo conceitual compre a disposição germânica de acumular, de arquivar e de refletir sobre o fenômeno e a obra de arte que o teórico Worringer lhe apontara em 1908. De memória e possivle nomear alguns destaques como Alexander Gottlieb Baumgarten(1717-1762 criador de termo “Estética”, Georg Wilhelm Friederich Hegel (1770-1831), Alois Riegl (1858-1905 com a sua concepção de “Kunstwollen”,  Carl Jacob Christoph Burkhardt (1818-1897), Aby Warburg (1866-1929) e o seu instituto.

Fig. 13 –  A DOCUMENTA de CASSEL. Iniciada em 1955,  pôs em prática a oportunidade  de o artista alemão e das demais nacionalidades de conviverem e trocarem sentimentos, projeto e realizações provenientes dos cinco continentes. Se de um lado era institucional, e continua sendo, do outro lado preserva e promove a individualidade e autonomia do artista.  Este EU é sujeito ativo, responsável e autônomo e como tal na busca de um espaço no qual capaz da sanção de sua ação moral, estética e social. Esta imagem fotográfica mostra esta individualidade e diferenças a partir das roupas e das formas de vestimenta. Certamente mostra a germanidade na Arte competente para se renovar coerente com o seu tempo e lugar.
 A Escola de Frankfurt, iniciada em 1923, retomou as concepções de Arte partindo das questões de Karl Marx (1818-1883). Estes, e muitos outros,  acolheram, deram suporte como historiadores, críticos e fizeram fluir esta produção intelectual na indústria cultural. Mas todos põem em relevo a autonomia do artista e a primordial idade da obra de arte. Caso contrário podem ocorrer derrapagens conceituais, tendo efeitos desastrosos como ocorreu com a “arte degenerada”, onde um líder afirmava “arte alemã é clara”. Nada mais equivocado se forem contempladas as escuras obras germânicas de todos os tempos.

Fig. 14 –  Werner TUBKE (1929-2004) num detalhe do imenso mural “Revoluções Burguesas” - realizado entre 1983-7 e para o qual foi construído o Panorâmio Bad Frankenhausen -  trata as imagens das individualidades que se destacaram na germanidade na Arte e na Cultura. O tratamento formal desta obra é coerente com esta mesma germanidade tanto no minucioso detalhamento, pela cor negra dos contornos de chumbo dos vitrais góticos e pela abstração temática de uma cena possível de acontecer apenas nas artes, na imaginação,  e não no mundo empírico e fotográfico.

Se quisermos ser fiéis a pensamento de WORRINGEN temos de admitir que o imigrante alemão foi afetado no transplante para as regiões mais quentes do paralelo 30 Sul, proveniente que das frias regiões do paralelo 50 Norte. Assim este ENTE HUMANO TRANPLANTADO DO SEU MEIO, enfrentou neste novo clima outra realidade nas suas maneiras de SER e de se expressar. Em todo caso o fato deste deslocamento não deixou de chamar a atenção, em 1834, quando o viajante francês Arsène Isabelle escreveu:
“Minha admiração não foi menor ao ver, quase sob o trópico, uma nação das regiões polares, conservando hábitos, seus costumes, sua vida ativa, e dando origem a uma geração que deve um dia mudar a face do país”.

Fig. 15 –  Em pleno século XXI o jovem pintor Michael TRIEGEL, nascido em 1968, interpreta em  2008, o tema da “Paisagem visual” em técnica mista e no formato 47 x 64 cm. Ele é considerado como a 3ª geração da Escola de Leipzig  e uma das muitas e variadas expressões da germanidade na Arte que continua a sua trajetória pelo tempo e espaço. Estas novas gerações que acreditam em si mesmas tendo por fundamento o rico variado e único legado e patrimônio estético germânico de todos os tempos.

Em resumo é necessário admitir, que Arte germânica expressa o ENTE de sua Nação em cada nova época e em circunstâncias únicas e inéditas. A Alemanha continua um projeto coerente com o seu tempo e próprio espaço. O imigrado, desta região, possui ainda os traços e as forças de sua origem, porém que evoluem em outra nação e circunstâncias distintas daquelas dos seus antepassados.

                                            FONTES
WORRINGER,  Wilhelm (1881 - 1965).  Abstraccion y naturaleza.  1.ed. 1908.  México :  Fondo de Cultura   Econômica, 1953. 137p.
 ____.   La esencia del estilo gótico.(1ª ed. 1911) Buenos Aires: Nueva Visión,   1957. 144p

RETÀBULO DE EISENHEIM - GRÜNEWALD

ALBRECHT DURER

O RETRATO INDIVIDUAL no PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO

Johann Joachim WINCKELMANN

MUSEU da ESCOLA ALEMÃ

EXPRESSIONISMO ALEMÃO

BAUHAUS  como INSTITUIÇÂO ALEMÃ
ANSELM KIEFER

MEMÓRIA VISUAL da IMIGRAÇÂO ALEMÃ

DOCUMENTA de CASSEL

MICHAEL TRIEGELL

ACADEMIA de ARTES VISUAIS de LEIPZIG

WERNER TÜBKE
ELOGIO de um ITALIANO ao APOIO da CULTURA pelo GOVERNO ALEMÃO



A presente postagem possui objetivos puramente didáticos
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