quinta-feira, 20 de setembro de 2018

246 – ESTUDOS de ARTE


POTENCIALIDADES ESTADUAIS das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  e o CONTINUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA.
MONUMENTO JÚLIO de CASTILHO – ARMAS do RIO GRANDE do SUL e ASSINATURA de Décio VILLARES  foto as 15h31 26.12.2017
Fig. 01 –  A busca dos valores simbólicos competentes para conferir uma forma coerente com a  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL parece ser uma dos projetos e das tarefas que despontam com novos ambientes adequados. O MUSEU da FUNDAÇÂO IBERÊ CAMARGO parece competente para esta tarefa e projeto. Certamente o currículo deste artista merece todo destaque e atenção, Vindo do interior do Rio Grande do Sul, com formação na capital e com longa e intensa passagem pela capital federal, o seu retorno para a sua terra de origem e criação de uma instituição de ARTES VISUAIS testemunha a potencialidade deste sul-rio-grandense nas suas escolhas, nas suas obras e na fidelidade ao seu projeto.

SUMÁRIO
01 – ARTE com ENTE LINGUÍSTICO. 02    CONTÍNUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA 03 – CONTRADIÇÕES e COMPLEMENTARIEDADES no RIO GRANDE do SUL  04   TODA ESCOLHA é uma PERDA - 05 -  - CAMINHANDO no MEIO do PELOTÂO  06- O POTENCIAL do  GÊNERO nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.  07  O POTENCIAL de AUTONOMIA POSSIVEL  nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL 08 As POLARIZAÇÕES nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL e o POTENCIAL de COMPLEMENTARIEDADES entre EXTREMOS ESTÉTICOS  09 - As  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL distantes de ALFINETES e ADJETIVOS. 10 A OBRA como PRIMORDIAL nas ARTES do RIO GRANDE do SUL: -11 FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS


01 ARTE como um ENTE LINGUÍSTICO.
Admite-se que a ARTE também constitui  um ENTE LINGUÍSTICO que se usa na NARRATIVAS  HUMANAS sem que a RAZÃO atinja a sua compreensão plena.  EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS nas quais é possível verificar aquilo que se APROXIMA, AFASTA ou COTRADIZ e que a RAZÃO admite como  ARTE. No contraditório estas mesmas EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS são FENÔMENOS que ATINGEM os SENTIDOS HUMANOS. Do lado da RAZÃO existe uma CONSTRUÇÃO MENTAL que FILTRA estes FENÔMENOS que ATINGEM os SENTIDOS HUMANOS. A criatura humana possui a liberdade de escolher o MUNDO SENSORIAL ou se FIXAR no MUNDO IDEAL.  Para entender as conexões que se passam no mundo empírico dos sentidos humanos e diferenciá-lo que se passa no mundo da RAZÃO,  Platão ensinava (1985, 2º vol, p.128)[1] que:
estudaremos a astronomia, assim como a geometria, por meio de problemas, e abandonaremos os fenômenos do céu, se quisermos aprender verdadeiramente esta ciência e tornar útil a parte inteligente de nossa alma, de inútil que era antes”.
             Na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL são cada vez mais evidentes os aforismos da HERMENÊUTICA expressos nas CONCEPÇÕES de LINGUAGEM  no caminho Ludwig WITTGENSTEIN[2]


[1] PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  2º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.
Fig. 02 –  A cenografia para receber algumas obras de arte das Missões Jesuíticas no contexto da   ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Esta demonstra que  possui a potencialidade de inserir e a  competência de buscar no passado as obras de arte mais significativas, projetá-las no presente e lhes oferecer um suporte intelectual  e técnico que lhes garante um futuro. A cenografia de Luís Antônio CARVALHO da ROCHA[1] no ambiente do MARGS evidencia como várias épocas distintas das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL possuem competência e potência ara se ressaltarem reciprocamente
  
02 CONTÍNUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA.
 Evidente que esta circulação - entre o EMPÍRICO e o IDEAL-  é de alta interação e sem se fixar num único ponto definitivo. A passagem pela ERA AGRICOLA PASTORIAL e pela ERA INDUSTRIAL trouxeram um contínuo de mudanças de mentalidades, de práticas e de técnicas também para as ARTES VISUAIS SUL-RIO-GRANDENSES.
A presente postagem ressalta que a aproximação da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL está trazendo consigo um grande POTENCIAL e um CONTINUUM das EXPRESSÕES de sua AUTONOMIA para as ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul. Neste CONTINUUM ressalta-se que as técnicas, as práticas das mudanças e das mentalidades que configuram e pertencem à  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Técnicas e mentalidades que permitem apropriar das ARTES VISUAIS do passado da ERA INDUSTRIAL e AGRO-POSTORIL e projetá-las em direção ao futuro. Os recursos técnicos da eletrônica, da informática e os recursos numéricos digitais[2], que caracterizam a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL, possuem esta potencialidade de ir ao passado selecionar o que faz sentido testar e consolidar, no presente  os seus documentos no presente para projetá-los para  outra vida ainda desconhecida.
Fig. 03 –   As obras do escultor Francisco STOCKINGER (1919-2009)  e o pintor Iberê CAMARGO (1914-1994)  dois nomes icônicos  das ARTES VISUAIS em exposição face a face numa galeria de Arte de São Paulo – SP[1].  É uma demonstração como a  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL possui a potencialidade e a  competência de buscar no passado as obras de arte mais significativas, projetá-las no presente e lhes oferecer um suporte intelectual  e técnico que lhes garante um futuro. Especialmente recorre a diversas e incisivas formas visuais de identidade e de contrato coletivo

03 - CONTRADIÇÕES e COMPLEMENTARIEDADES no RIO GRANDE do SUL

 O líder Oswaldo Aranha registrou no seuBreviário Cívico Conceitos referentes ou aplicáveis ao atual momento político[2] que no Rio Grande do Sul:
este fenômeno de integração do Rio Grande não me espanta. Sempre existiu uma razão de congraçamento mais forte do que a razão da divergência. Eu comparo o regime rio-grandense ao regime dos ventos. Na superfície sopram corrente desencontradas, que circulam em rumos diversos e contrários. Mas, no alto, muito acima desta superfície, há um vento só, que corre num sentido único. Assim somos nós, as corrente partidárias se agitam em baixo. Mas quando soa a hora da raça, um só pensamento nos domina nas alturas do nosso civismo: é o pensamento do Rio Grande”.
Da mesma forma as pequenas guerras estéticas, as opiniões e as tendências artísticas de superfície do Rio Grande do Sul desaparecem na medida em ascendem para as alturas de um PROJETO conectado, em rede, com uma CIVILIZAÇÃO MUNDIAL. CIVLIZAÇÃO potencialmente mais humana e pacífica no agir da ARTE.


[1] XICO e IBERÊ na GALERIA FRENTE -  SÃO PULO SP https://www.galeriafrente.com.br

[2] Porto Alegre: Revista do Globo, nº 18, 12 de out de 1929  fl 01 

Fig. 04 –  A artista ZORÁVIA BETTIOL evidencia as suas escolhas no âmbito da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.  Distante de qualquer acomodação, conforto e subordinação suas obras possuem a potencialidade e a  competência de buscar no passado as obras de arte mais significativas, projetá-las no presente e lhes oferecer um suporte intelectual  e técnico que lhes garante um futuro. Especialmente recorre a diversas e incisivas formas visuais competentes para conferir visibilidade, surpresa  e contrato coletivo sem perder a sua identidade

04 - TODA ESCOLHA é uma PERDA .
Evidente que esta mudança - e este meio novo e inédito  - possuem os seus riscos e o seu preço. Entre os maiores riscos está falta do domínio técnico de  QUEM PRODUZ a ARTE e de QUEM a RECEBE.
 De uma forma geral esta falta cava abismos entre os que dominam esta nova linguagem e os que não a dominam. De certa forma a distinção continua na divisão artificial entre acadêmicos universitários e artistas intuitivos. Ainda que o domínio técnico das permanentes atualizações técnicas e lógicas nas ARTES VISUAIS tenha caído consideravelmente de preçoe se universalizado, existem fortes resistências motivadas por resistências e escolhas pessoais anacrônicas e conceitualmente limitadas.
 As resistências e as escolhas pessoais anacrônicas e conceitualmente limitadas atingem tanto acadêmicos universitários e artistas intuitivos. Acadêmicos universitários presos a formas e formulários que em algum ponto foram exitosos, mas, que no instante seguinte, não possuem mais o menor sentido para um novo TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE.  Este ponto de êxito ainda é estreito para os artistas intuitivos e que passam a plagiar de si mesmos e se repetir vida afora de maneira acrítica.
Ambos necessitam pagar o preço de uma atualização. Preço que significa escolhas novas, criativas, deixar as zonas de conforto de antigas biografias e a busca de êxitos em outro contexto, tempo e sociedade.
 Muito poucos sobrevivem  a esta rápida obsolescência e conseguem ter êxito na escolha de uma nova tecnologia, mentalidade e estética coerente com o aqui e o agora.

Fig. 05 –  Nesta imagem de Porto Alegre são evidentes os signos da passagem da ERA INDUSTRIAL que marcou a passagem precipitada e forçada para o meio urbano, modelando a plástica dos seus prédios despojandos de qualquer outro simbolismo além do utilitário e enfiou os meios de transporte industriais  numa cidade vinda da ERA AGRÍCOLA PASTORIL A desproporção humana se evidencia  quando uma cidade não é competente para apresentar e orientar o ser humano por meio de uma obra de arte como um índice do seu modo de ser. No contraditório a carência de identidade estética abre o potencial que as ARTES possuem de buscar  na  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL a potencialidade e a  competência oferecendo-lhes no presente   OBRAS, mesmo efêmeras, instalações e eventos. Eventos, instalações e  OBRAS efêmeras com  um adequado suporte intelectual  e técnico virtual  que lhes garante um futuro como OBRAS CONCEITUAIS bem elaboradas e que gozam das potencialidades das obras da MUSICA e do TEATRO constantemente reinterpretadas e encenadas.

05 - CAMINHANDO no MEIO do PELOTÃO.  

A ERA INDUSTRIAL disseminou o MITO da VANGUARDA REVOLUCIONÁRIA e PROPRIETÁRIA. O resto era plágio, repetição e “déjà vu”. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL incorporou este  o MITO da VANGUARDA como relativo a uma época, de algumas poucas sociedades e de certos centros voluntariosos que queriam demonstrar a sua hegemonia estética sobre os demais a qualquer preço e com o objetivo de serem notadas e destacadas na mídia.
A rede mundial, a atualização estética permanente e o fantástico acúmulo de informações necessitaram de um base bem mais sólida, ampla do que um lampejo pontual e fulgurante de algum “NOVO GÊNIO” de um "DEMIURGO UNIVERSAL" e de um “NOVO GÊNIO” pontual, que resulte e dependa desta VANGUARDA insaciável e implacável.
Esta VANGUARDA PROPRIETÁRIA - insaciável e implacável - era, na realidade, uma nova fórmula de colonialismo e servilismo, nefasto e esterilizante, especialmente, para toda e qualquer CULTURA REGIONAL. 
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL retomou e deu mais atenção ao PELOTÃO do MEIO,  ao que foi possível - técnica e logisticamente - pela fantástica capacidade de gerar, armazenar e socializar informações. Assim surgiram milhares de artistas, obras de arte e tendências que haviam sido atropelados por esta VANGUARDA insaciável e implacável.
 No Rio Grande do Sul não só foram descobertas, estudadas e disseminadas biografias de artistas, de obras de arte e de tendências que haviam sido atropelados por esta VANGUARDA PROPIETÁRIA. Além disto surgiram outros tipos de estudiosos, pesquisadores e de um outro público fascinado por temas, tendências e estéticas que eram tabus na ERA INDUSTRIAL.
 Na época PÓS-INDUSTRILAL surgiram afirmações do gênero na arte, aqueles fora de série, o marginal e o contra o sistema. Estes não se tornaram padrões e reivindicaram qualquer hegemonia. Apenas buscam o seu lugar ao Sol. Este potencial certamente é uma das tantas fronteiras possíveis para a CAMINHADA das ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul.
Fig. 06 –  O caminho e a obra da artista Maria Lídia dos SANTOS MAGLIANI (1945-2012) evidenciam o potencial que as ARTES VISIUAIS do Rio Grande do Sul oferecem. Nunca aceitou como condicionante absolutos de sua ARTE as circunstâncias  de ser oriunda do interior do estado, afro descendente e mulher  .  Ao contrário, estas circunstâncias, foram forças potencializadas e orientadas para transcendê-las por meio da  sua ARTE Outro currículo desta artista também merece todo destaque e atenção, Vindo do interior do Rio Grande do Sul, com formação na capital e com longa e intensa passagem pela antiga capital federal, testemunham a potencialidade de uma artista  sul-rio-grandense nas suas escolhas, suas obras e a fidelidade ao seu projeto até o último momento de sua curta e produtiva vida

06 – O POTENCIAL do  GÊNERO nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.  
A produção de obras de arte visuais devidas ao olhar e mãos femininas esta se desenvolvendo simetricamente com a sistematização e a  socialização  da pesquisa desta temática
Um geração de artistas no feminino reagiu aos mitos  arcaicos e coloniais de que o trabalho  com as mãos é tabu para as classes superiores coloniais. Nestes mitos coloniais  a exposição pública da mulher era vista com reservas e preconceitos. O pensamento, a deliberação  e a decisão eram predicados masculinos.
No contraditório  - esta afirmação feminina nas ARTES VISUAIS SUL RIO GRANDENSES - não significa a menor reivindicação ou imposição de uma VANGUARDA PROPRIETÁRIA proveniente de "DEMIURGOS" e das premissas e da lógica da ERA INDUSTRIAL. Afirmação feminina é proveniente de um equilibrado PROJETO CIVILIZATÓRIO que passa distante de qualquer devastação ou  atropelo de uma eventual oposição ou desconfiança.  
Este potencial é uma forte esperança e uma certeza nas ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul. Esperança com lastro em OBRAS como PINTURAS e DESENHOS que concluíram e levaram até os seus últimos dias a fidelidade a escolha da ARTE com meio de vida. Certeza confirmada nas atuais trajetórias femininas nas ARTES VISAAIS em pleno curso com projeções estaduais, nacionais e internacionais.
Fig. 07 – O escultor Francisco STOCKINGER   e o pintor Iberê CAMARGO são dois nomes icônicos  das ARTES VISUAIS índices de uma  legião de nomes e de trajetórias das potencialidades que as forças da expressão estética oferece Rio Grande do Sul. Evidente que os seus caminhos foram árduos e cheios de imprevistos e até tropeços. Os dois nomes icônicos  já pertencem ao passado. No presente os seus currículos ensinam que não basta optar por este caminho único nas ARTES VISUAIS. Este caminho apenas aponta para uma eventual POTENCIALIDADE nas ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul. .

07 – O POTENCIAL de AUTONOMIA POSSÍVEL nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.  
Na medida em que o artista se libertou da guilda medieval, do artesanato servil da religião, do regime militar ou da burguesia também é competente para contornar a erudição acadêmica ou de um mercado de arte subalterno apenas ao patrimonialismo.
No contraditório nenhuma destas condicionantes é capaz de fazer sucumbir uma inteligência, uma vontade e o sentimento de alguém que delibara e decide sobre os limites destas mesmas condicionantes impositivas. Certamente a condição humana, a sobrevivência física e moral são condicionantes  bem mais implicáveis e brutais que também são necessários transformar em ARTE e CIVILIZAÇÃO para merecer o estatuto de ARTISTA.
Assim se o ARTISTA “deve ir para uma universidade[1] ele está plenamente consciente que ao se submeter a um programa acadêmico esta heteronomia é por tempo determinado e  para buscar algo que sobrepasse a sua condição de estudante. De outra parte, caso ele contorna o estudo erudito,  sabe  conduzir suas ações obras como  um príncipe ou como aquele que principia algo inédito e único e no qual empenha todas e as suas melhores forças, vontade e sentimentos.
Este empenho é perfeitamente legível num grande e qualificado grupo de artistas visuais do Rio Grande do Sul.


[1] DUCHAMP, Marcel  Duchamp du signe –Escritos -  Reunidos a apresentados por Michel Sanouillet. Paris : Flammarion, 1991.  pp. 236-239
ALVES de Almeida, José Francisco (1964).  A Escultura pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto Alegre : Artfólio, 2004  246 p.
Fig. 08 –  A obra do  escultor Francisco STOCKINGER  contrasta com a Natureza do Parque Marinha do Brasil de Porto Alegre. Esta obra é uma das amostras como as ARTES VISUAIS possuem um potencial de humanizar, orientar e civilizar A civilização sempre é algo humano e artificial a ser renovado em cada época, lugar e sociedade. O lugar geográfico do RIO GRANDE do SUL possui seu clima específico, seu relevo sua hidrografia condicionam manifestações próprias e eu caminham para serem índices destes conjunto de circunstâncias.

08 – As POLARIZAÇÕES nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL e o POTENCIAL de COMPLEMENTARIEDADES entre EXTREMOS ESTÉTICOS.
 No contraditório as declaradas guerras estéticas, as polarizações extremas e as excomunhões reciprocas continuadas distanciam as ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL, de qualquer  ecletismo, do elogio recíproco e sombra de covardia.
 O PROBLEMA da OPINIÃO PONTUAL e  da TESE colidem com a declarada ANTÍTESE. Este contraste TESE x ANTÌTESE  é potencialmente competente para iluminar uma SÍNTESE.
Esta SÍNTESE  não é instantânea ou mecânica. Gerações de cronistas, de críticos e historiadores de arte necessitam serem mobilizados para encontrarem, evidenciarem e socializarem as causas, as consequências destas POLARIZAÇÕES nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL. Ao mesmo tempo abrir canais e caminhos nos quais seja possível progredirem para o campo neutral no qual a POTENCIAL COMPLEMENTARIEDADE entre EXTREMOS ESTÉTICOS faça sentido e coerência coma a sociedade, tempo e lugar.
Canais e caminhos que passem distantes de qualquer  armadilha do “ECLETISMO acomodatício e máscara de todas as covardias” na expressão de Mario de Andrade (1955, fl. 13][1]. Certamente neste ponto os EXTREMOS ESTÉTICOS - nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL - ganham sentido e potencialidades imprevistas e diametralmente contrárias ao “déjà vu” , à repetição e ao plágio.


[1] ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro   de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f
PINTURA  de Jones CHRIST em exposição no Centro Cultural Érico VERÍSIIMO - CEEE no segundo  semestre do ano de 2018
Fig. 09 –  Um dos projetos da ERA INDUSTRIAL foi a  busca desesperada de um TIPO uniforme de ARTE à qual seria aplicável o adjetivo e o alfinete  de “GAÚCHA”, facilmente identificável e marcante.   Como qualquer lei ou normativa unívoca e linear mais atrapalhou as potencialidades e a  competência de QUEM produz ARTE e que necessita da AUTONOMIA e da LIBERDADE de recorrer a diversas e incisivas formas visuais de identidade e de contrato coletivo

09 –As  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL distantes de ALFINETES e ADJETIVOS.
 Esta POLARIZAÇÕES -  nas  ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL e o POTENCIAL de COMPLEMENTARIEDADES entre EXTREMOS ESTÉTICOS - afastam a adjetivação das ARTES. Evitam a sua redução a uma única opinião ou tese ou crença que desprestigiam o imenso e fecundo campo de forças estéticas.
 Os detritos do NEO, da RELEITURA, do MODERNO, do CONTEMPORÂNEO e de um balaio de adjetivos, poluem não só os mares, a água e a terra, mas também as mentes humanas.
A adjetivação das ARTES é um recurso de mediadores, atravessadores e semiotas e que reduzem tudo a narrativas definitivas, autoritárias e que matam qualquer fecundidade estética.
É preferível a revolta, a hermenêutica e o silêncio filosófico de Ludwig WITTGENSTEIN[1] aos tratados de Semiótica vitoriosos, vazios e onipotentes do seu professor Ferdinand SAUSSURE (1857-1913)[2].
Para o filosofo vienense a adjetivação das ARTES esteriliza e mata antecipadamente toda possibilidade de uma experiência sensorial autêntica com uma obra de ARTE. Também este é o pensamento do músico e artista visual Paul KLEE ao sentenciar “A FORMA mata a ARTE[3]. A autêntica obra de “ARTE está em QUEM a PRODUZ e não no QUE PRODUZ” na sentença de Aristóteles[4]


[1] HERMENEUTICA CONCEPÇÂO de LINGUAGEM em Ludwig WITTGENSTEIN
WITTGENSTEIN, Ludwig. (1889-1951)Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 1994.

[4] Toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Aristóteles[4](1973: 243 114a 10 )
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
PINTURA  de Jones CHRIST em exposição no Centro Cultural Érico VERÍSIIMO - CEEE no segundo  semestre do ano de 2018
Fig. 10 –  Os meios físicos primordiais da produção da expressão estética da PINTURA é a  TINTA sobre uma SUPERFÌCIE,. A retomada destes meios físicos “da TINTA sobre uma SUPERFÌCIE” em plena ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  possui a potencialidade e a  competência de criar  formas visuais  incisivas de identidade e de contrato coletivo com o observador da obra.

10 - A OBRA como PRIMORDIAL nas ARTES do RIO GRANDE do SUL.
 Pelo fato de “a ARTE ESTAR em QUE PRODUZ” faz com que a OBRA esteja próxima o mais íntima possível ao mundo do ARTISTA e das suas CIRCUNSTÃNCIAS. A OBRA de ARTE se constitui, como tal, num documento primordial para acessar o ENTE que a PRODUZIU.
A distinção entre TRABALHO e OBRA confere, a esta última,  o não  padecer dos ultrajes de ser consumida e imediatamente ser esquecia. Ao mesmo tempo o TRABALHO é padecimento, pena e desgaste de TEMPO e de ENERGIAS e pretende ser esquecido e superado logo que a CRIATURA  HUMANA se vê LIVRE dele. Enquanto isto a OBRA possui, além de sua permanência, a recompensa de desafiar os mais altos recursos intelectuais e sensíveis de QUEM a PRODUZ e a a APRECIA. Recursos  que só aumentam com a passagem do tempo e das gerações. As novas gerações humanas  tomam a OBRA de ARTE como testemunho, documento do melhor e o mais elevado que as gerações passadas conseguiram colocar no mundo empírico e sensível  .

Fig. 11 –  Sob a assinatura de Décio VILLARES aparece a semiologia oficial do Estado sul-rio-grandense é proveniente da superação de graves e dolorosas frustrações que Júlio de Castilhos colocou na 1ª Constituição Estadual  no TITULO VI, Artigo único que – “São insígnias oficiais do Estado as do pavilhão tricolor da malograda República Rio-grandense”[1].  Este projeto e as tarefas atinentes foram incorporadas em novos ambientes e costumes em contraste com a  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL

As NARRATIVAS  HUMANAS necessitam serem refeitas em cada novo LUGAR, TEMPO e SOCIEDADE. A ARTE como ENTE LINGUÍSTICO   usa as NARRATIVAS  HUMANAS para buscar  um ponto de repouso e de equilíbrio homeostático na dialética da  circulação entre polos contrários e opostos do MUNDO EMPÍRICO. Este equilíbrio jamais é completo, perfeito e definitivo nesta busca de um ponto ideal de repouso. 
A RAZÃO jamais atinge a compreensão plena da ARTE. No entanto nas  EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS  é possível verificar aquilo que se APROXIMA, AFASTA ou COTRADIZ aquilo que a RAZÃO admite como  ARTE. 
EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS que possuem como tema os FENÔMENOS que ATINGEM os SENTIDOS HUMANOS. Do lado da RAZÃO existe uma CONSTRUÇÃO MENTAL que FILTRA estes FENÔMENOS que ATINGEM os SENTIDOS HUMANOS. Neste plano das EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS a criatura humana possui a liberdade de escolher o MUNDO SENSORIAL ou se FIXAR nos paradigmas do MUNDO IDEAL. Entre estes polos extremos o equilíbrio homeostático ou oscilação certamente ainda é aconselhável, produtivo e levam também a ARTE ao campo da dialética hegeliana[2]. Oscilações que permitem socializar os seus conflitos, suas contradições e impasses hermenêuticos.

11 - FONTES BIBLIOGRÁFICAS.


ALVES de Almeida, José Francisco (1964).  A Escultura pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto Alegre : Artfólio, 2004  246 p.

ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo : Centro   
        de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f

ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.

DUCHAMP, Marcel (1887-1968) Duchamp du signe –Escritos -  Reunidos a apresentados por Michel Sanouillet. Paris : Flammarion, 1991.

HEGEL Jorge Guilherme Frederico(1770-1831). De lo Bello y sus formas (Estética) Inroduccion  -II – Método a seguir en la inadagación filosófica de  lo bello y dela Arte – Buenos Aires  : Esoasa Calpe Argentina (Coelçaõ Austra – Volume extra) 1946, p. 33.

WITTGENSTEIN, Ludwig. (1889-1951)Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP. 1994,   239 p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
CONSTITUIÇÃO do ESTADO do RIO GRANDE do SUL - 14 de julho de 1891 –
Assembleia Constituinte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, 14 de julho de 1891, 3° da República.
Luís Antônio CARVALHO da ROCHA
Ferdinand SAUSURE (1857-1913)
LOGISTICA NUMÈRICA DIGITAL


XICO e IBERÊ na GALERIA FRENTE -  SÃO PULO SP
IBERÊ


ESTUDOS de CASOS
1 – A HISTÓRIA da AAMARGS

2 – GRUPO de PESQUISA da AAMARGS

3 - A UERGS e a FUNDARTE MONTENEGRO
2018.08.30- Postagens disponíveis  na  REDE NUMÈRICA DIGITAL de MATERIAL do GRUPO de PESQUISA da AAMARGS do ANO e 2018

13.01.2018.. PESQUISA das ARTES VISUAIS INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL.  [projeto de 2018]

19.05.2018.. NO ATELIÊ DOS CONCEITOS: INSTITUIÇÃO / INSTITUCIONALIZAÇÃO  Neusa Rolita Cavedon cavedon.neusa@gmail.com

18.07.2018.. As ARTES VISUAIS INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL e a LEGISLAÇÃO.

27.07.2018.. CONCEITOS e CIRCUNSTÂNCIAS das ARTES  INSTITUCIONALIZADAS no RIO GRANDE do SUL

01.08.2018.. O que PERMANECEU da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no RIO GRANDE do SUL.

06.08.2018.. O PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA pela ARTE:

14.08.2018.. ARTE DISTINTA de CULTURA num PROJETO CIVILIZATÓRIO.

21.08.2018.. As ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL  na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.

27.08.2018.. POTENCIALIDADES das ARTES VISUAIS no RS em 2018:

31.08.2018.. FRUSTRAÇÕES de PROJETOS nas ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL

05.09.2018.. ACERTOS e INSTITUIÇÕES do  PROJETO de UNIDADE e IDENTIDADE do RIO GRANDE do SUL:

08.09.2018.. PORTO ALEGRE e suas REPRESENTAÇÕES ARTISTICAS. Os ARTISTAS que muito ou POUCO  “OLHARAM” para a CIDADE


[1] CONSTITUIÇÃO do ESTADO do RIO GRANDE do SUL - 14 de julho de 1891 – Assembleia Constituinte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, 14 de julho de 1891, 3° da República. http://www2.al.rs.gov.br/memorial/LinkClick.aspx?fileticket=frKwldvbn2g%3D&tabid

[2] HEGEL Jorge Guilherme Frederico(1770-1831). De lo Bello y sus formas (Estética) Inroduccion  -II – Método a seguir en la inadagación filosófica de  lo bello y dela Arte – Buenos Aires  : Esoasa Calpe Argentina (Coelçaõ Austra – Volume extra) 1946, p. 33.

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