segunda-feira, 6 de agosto de 2018

237 – ESTUDOS de ARTE


O PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA pela ARTE:
José de FRANCESCO,(1895-1967)  Paço da Matriz -em1800  óleo s tela 1937   ..  76,0 x 96,0 cm
Fig. 01 –  A organização e a manutenção do ESTADO NACIONAL foi particularmente difícil no RIO GRANDE do SUL. Os grandes aparatos e gastos militares deixaram um instável e minguado espaço para o PODER ORIGINÁRIO SUL-RIO-GRANDENSE e por consequência para a prática da ARTE social e coletivamente aceita.  .  As atuais ruas e calçadas, tomadas de vendedores, são uma constante  desde a origem de Porto Alegre. Tanto no passado como no presente são raros os momentos de um trânsito e de um espaço público coerente com uma civilização

SUMÁRIO
01 – LOGÍSTICA para um NÚCLEO CRÍTICO de uma SÚMULA UNIFICADA das ARTES VISUAIS    no RIO GRANDE do SUL.  . 02 – O PESO do COLONIALISMO nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL 03 - MITOS e FALÁCIAS nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL. 04 - As questões novas suscitadas nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL.   05 – A VIOLÊNCIA NECESSÁRIO ao ESTADO COMO DELEGAÇÃO dos CIDADÃOS 06- COMPENSAÇÂO pelo PROJETO CIVILIZATÒRIO das ARTES   no RIO GRANDE do SUL.   07 - A CONSTRUÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA peas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL 08 -  A ÉPOCA em que TODOS são EMISSORES nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL. 09 - POTENCIALIDADES nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL na ÉPOCA PÓS INDUSTRIAL 10 - NINGUÉM é MAIOR do que o SEU MUNICIPIO nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL PROJETOS FEDERAIS das ARTES no RS: -11 - Culturas originais no Rio Grande do Sul -  FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS
Luís Carlos XAVIER, e Vasco PRADO  - monumento do sesquicentenário da imigração - 21.12.1974  -SÃO LEOPOLDO
Fig. 02 –  Os autores do monumento de São Leopoldo -erguido da praça em comemoração dos 150 anos da IMIGRAÇÃO ALEMÃ no RIO GRANDE do SUL - buscaram  e usaram  signos plásticos que remetem ao potencial  do PODER ORIGINÁRIO.  No entanto, este monumento, obteve parca repercussão pública,  pois as formas escolhidas  não constavam no repertório de um público habituado com estereótipos tradicionais como o monumento ao LAÇADOR e próprio Monumento à IMIGRAÇÂO erguido na mesma cidade..  

01 -  LOGÍSTICA para um NÚCLEO CRÍTICO de uma SÚMULA UNIFICADA das ARTES VISUAIS    no RIO GRANDE do SUL.
Não faltam signos que indicam tanto os acertos como desacertos na busca de obras materiais que expressam o todo sul-rio-grandense. Nos desacertos consta a queima da bandeira do Rio Grande do Sul, em pira pública, no dia 19 de novembro de 1937, junto com a rigorosa proibição do hino estadual pelo Estado Novo. Nos acertos, a vigorosa reação, após 1947, contra estes desatinos do ESTADO NACIONAL TOTALITÁRIO. Esta reação sul-rio-grandense, nas artes visuais, ainda está para ser estudada. Entre tanto outros seria rever o trabalho e o ambiente  do dito “GRUPO DE BAGÈ”[1].
Nos desacertos, posteriores a 1947, os movimentos tradicionalistas fugiram rapidamente do controle dos seus criadores. Não se renovaram. Ao contrário em vez de buscar signo coerente com o novo TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE concreta, voltaram-se para um passado mítico, buscado no Uruguai,  que só existiu na imaginação de alguns.
A feroz reação de Glaucos da Fonseca SARAVA veio no seu “Manual do Tradicionalismo” no qual fez constar no mítico ano de 1968 (p. 222)[2] o seu incontido desabafo:
que dispam as bombachas aviltadas pela indiferença, os palas de seda multicolorida de narcisismo, os tiradores pintados de bazófia, para encobrir a culpa de omissão nas injustiças sociais. Que apeiem dos mastros o glorioso Tricolor Farroupilha para com ele tapar a vergonha de um Estado em decadência e de um povo envelhecido sem reações, traindo sua História, sua Terra e o futuro dos seus filhos
  Este forte texto valeu, ao seu autor, uma espécie de limbo branco e poucos estudam a sua obra. Esta obra mereceria muito mais atenção, especialmente no que concerne  à LÚDICA INFANTIL[3] coletada por SARAIVA. Este acervo traduz, em objetos, o mundo lúdico do "faz  de conta" dos portadores do repertório infantil do LUGAR, do TEMPO, da SOCIEDADE de quem os  concebeu e com eles viveu.


[2] SARAIVA Glaucus da Fonseca (1921-1983) Manual do tradicionalista: orientação geral para tradicionlistas e centros de tradições gaúchas. Porto Alegre : Sulina, 1968, Coleção Meridional nº 09

[3] SARAIVA Glaucus da Fonseca (-Mostra de Folclore unfanto-juvenil – catálogo em prosa e verso – Porto Alegre: Instituto Gaúcho de tradição e Folclore – 1960, 111 p. Il, col
Fig. 03 –  Os mais variados meios de a criança ensaiar a sua própria expressão foram colecionados por Glaucos SARAIVA.  Esta coleção é um índice da alta cultura que o autor do “Manual do tradicionalista: orientação geral para tradicionalistas e centros de tradições gaúcho” estava embutido frente à manifestações estéticas  do PODER ORIGINÀRIO sul-rio-grandense.

O problema começa quando o adulto não é capaz de superar esta fase embrionária da inteligência, vontade e sensibilidade humana e a projeta, ao longo do resto da sua vida, como a “SUA ÚNICA e ABSOLUTA VERDADE”.  Assim carrega estereótipos, meias verdades e hábitos infantis que há muito deixaram de serem funcionais tanto no mundo simbólico como no material. O pior acontece quando estes hábitos, meias verdades e  estereótipos, derivam para o autoritarismo, a hierarquia e, por final, a deslavada e brutal ortodoxia única e excludente de qualquer “HERESIA”
Esta ortodoxia - única e excludente - é a porta aberta para o COLONIALISMO INTERNO de um estado sitiado por seus próprios caciques e coronéis que fazem de tudo para não PERDEREM  o seu PODER MATERIAL e SIMBÓLICO. Evidente que este COLONIALISMO INTERNO inibe qualquer INTERAÇÃO EXTERNA com outras culturas, povos e movimentos estéticos.
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02 -  O PESO do COLONIALISMO nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL.

 O amortecimento das eventuais expressões regionais deve-se  ao longo, pesado e alienante regime colonial  aplicado por Portugal ao BRASIL. A permanência subliminar deste COLONIALISMO soma-se com a SERVIDÃO – impostos com um modo de SER padronizado e alienado - que foi maléfica tanto ao ESCRAVO como aos seus DONOS. Num contextos destes a ARTE passa a ser mero ENFEITE e usado para tampar a SERVIDÃO subliminar e o COLONIALISMO REQUENTADO por novas metrópoles hegemônicas. Porém, admitir isto, seria um tiro no pé destes rio-grandenses em disponibilidade e com as desculpas para NÃO assumirem a criação original e superior.
Diante disto o que se quer é o inovador e criativo e uma respeitável distância  de um COLONIALISMO REQUENTADO e a SERVIDÃO VOLUNTÁRIA admitida para receber migalhas que caem da mesa dos DONOS do PODER 
Fig. 04 –  O monumento ao EXPEDICIONÀRIO BRASILEIRO-  erigido na Praça da Redenção de Porto Alegre -  foi a ocasião para o escultor Antônio Caringi modelar uma VITÒRIA na forma de ATENAS ADULTA, VESTIDA e GUERREIRA .  Por ironia da sorte este mesmo artista havia estudado com Arno Brecker o escultor número um do nazismo e a sua VITÒRIA não é outra coisa do que um VALQUÍRIA GERMÂNICA.  Enquanto isto o monumento queria celebrar   o triunfo dos EXPEDICIONÀRIOS BRASILEIROS sobre esta ideologia.. Nesta contradição se acentua a força subliminar do COLONIALISMO provocado pelo marketing e propaganda de uma ideologia alheia à identidade sul-rio-grandense com raros retardatário da História.   

O passo seguinte - deste COLONIALISMO REQUENTADO - é admitir tudo como verdades, menos aquela que está diante dos olhos e do nariz. Este estado mental confuso deriva para um ECLETISMO  cujas barreiras críticas foram derrubadas, porém mantem agrilhoados os seus mentores em plena luz do Sol e para escárnio de todos. Para estes o inovador e o criativo são tabus e cuidadosamente evitados e classificados como aberrações, mitos e falácias. 
Fig. 05 –  O  objetivo clara de obter a PAZ para todos sempre foi o objetivo de qualquer vigilância e exercício da  VIOLÊNCIA MILITAR no RIO GRANDE do SUL. O lema latino ”SI VIS PACEM PARA BELLUM”[1]  constou na paredes de um quartel do centro de Porto Alegre. Esta vigilância militar esteve, e continua sempre presente, nas ARTES sul-rio-grandense. O exercício desta vigilância, autonomia e prontidão para as guerras simbólicas, sempre caracterizou aqueles que tiveram de travar guerras a favor da civilização, da cultura e da arte. Esta prontidão é perceptível em artistas como Iberê Camargo ou Vasco Prado. A vigilância está presente nos  agudos observadores como o autodenominado  “Barão de Itararé ou refinados  como o poeta Mario Quintana,  Assim, nas artes, esbanjam autonomia os aguerridos administradores institucionais como  Olinto de Oliveira ou eTasso Corrêa. 

03 -  MITOS e FALÁCIAS nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL.
A vigilância, a autonomia e a prontidão para as guerras simbólicas - que os artistas e administradores das instituições de arte sul-rio-grandenses - tiveram de travar, a favor da civilização, da cultura e da arte- não tem nada a ver com inimigos imaginários.  Inimigos imaginários só existem em narrativas distorcidas e fabricadas por mentalidades doentias e herdados das  falácias guerreiras de alguns raros gaúchos em disponibilidade forçada.
Carece de qualquer fundamento a tese de que o Rio Grande do Sul estava em permanente guerra e que toda a arte estava nos quarteis, marchas e hinos triunfais. O poeta Athos Damasceno escreveu com ironia (1971, p.449) [2]  que: :
certamente, as lutas que tivemos de sustentar desde os tempos recuados da Colônia, na defesa de nosso território e na fixação de suas fronteiras, em muito entorpeceram e retardaram nosso processo cultural. Não, porém, tanto quanto seria natural que ocorresse, uma vez evidenciada historicamente a belicosidade crioula, arrolada por aí, com um abusivo relevo, entre virtudes que nos compõem a fisionomia moral. Nossa história está realmente pontilhada de embates sangrentos. Mas lutas e guerras não foram desencadeadas por nós, senão que tivemos de arrostá-las compelidos pelas circunstâncias. Nunca deixamos de ser um povo amante da paz. E, em nossos anseios de construção, sempre desejosos dela. Tropelias e bravatas de certos gaúchos em disponibilidade forçada, não têm o menor  lastro Histórico:  pertencem aos domínios da anedota que os próprios rio-grandenses exploram, com malícia, para a desmoralização daqueles que o fazem, com  malignidade.
No contraponto é necessário verificar que muitos povos e nações tiveram guerras, bem mais severas e amiudadas, do que aquelas tropelias das bravatas das falácias guerreiras de certos gaúchos em disponibilidade forçada.  Nações e povos que aproveitavam qualquer instante de paz para expressar o seu ENTE nas suas ARTES.
As outras nações, especialmente as limítrofes, são as primeiras a reconhecer o valor e o sentido de uma obra de arte autêntica dos seus vizinhos. No lado interno do RIO GRANDE do SUL foi particularmente difícil a organização e a manutenção do ESTADO NACIONAL ÍNTEGRO. O RIO GRANDE do SUL, com DUAS FONTEIRAS internacionais distintas,  sempre exigiiu aguda vigilância interna e externa com grandes aparatos e gastos militares desconhecidos em outros estados.


[2] DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre :  Globo, 1971. 540p.
Fig. 06 –  O aguerrido Loureiro da Silva foi prefeito nomeado de Porto Alegre ao ,longo do ESTADO NOVO. Usou as funções do seu cargo para realizar profundas cirurgias urbanas na capital de estado  do RIO GRANDE do SUL  Ardoroso defensor do partido único da NAÇÂO, Loureiro  impôs a lógica industrial  na qual o nacionalismo, da época,  encontrava a sua inspiração e expressão

04 -  As novas questões suscitadas nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL.

O Rio Grande do Sul é herdeiro direto da falácia e do mito da cultura ocidental da superioridade masculina. Assim é bem recente a entrada feminina  no âmbito das ARTES ditas NOBRES.
Ariadne DECKER - Missões Jesuíticas do Brasil - Tribo atual
Fig. 07 –  As silenciosas e longas jornadas indígenas,  na busca da TERRA SEM MAL, mantém viva a sua identidade[1]   mesmo na capital de estado  do RIO GRANDE do SUL Avessos à escravidão à propriedade privada e monetarista são um contraponto vivo  NAÇÂO, ai consumismo predatório à poluição e ao atrelamento político Os arquétipos formais indígenas inspiraram artistas eruditos como Cláudio Afonso MARTINS COSTA (1932-2005).
Na medida em que a mulher conquistou, com grandes méritos seus, emergem numerosas vertentes novas nas ARTES ditas NOBBRES.
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL trouxe ferramental e  mentalidade coerente para afirmação feminina. Nesta mentalidade, e  com este ferramental novo,  ”todos são artistas” nas posições teóricas de  Joseph BEUYS 1621-1986) e praticadas, no Rio Grande do Sul, pela ação e obra de Iberê Camargo. 
Destas vertentes teóricas e práticas nascem,  progridem e se agitam  grupos, instituições e geram obras de arte.  Instituições, grupos e artistas muito distantes das normas canônicas que eram inquestionáveis  na lógica linear e unívoca do sistema de arte derivado da lógica e meios da ERA INDUSTRIAL. 

05 -  A VIOLÊNCIA NECESSÁRIA ao ESTADO como DELEGAÇÃO do CIDADÃO.

O cidadão se abstém de praticar e fazer justiça com as próprias mão e meios. Ele delega, ao seu ESTADO, o EXERCÍCIO desta VIOLÊNCIA.
No entanto, caso o ESTADO APENAS PRATICA a VIOLÊNCIA, que lhe delegam, ele se torna um ENTE POLICIAL, e gera aversão e medo  generalizado. Como o ESTADO também SABE que "TODOS SÃO ARTISTAS POTENCIAIS" e que igualmente  existem ARTES SOCIALMENTE ACEITAS como  o contrário, ARTES DELETÁRIAS e CONDENÁVEIS.
Nesta dualidade cabe ao ESTADO OFERECER ARTES SOCIALMENTE ACEITAS como bases eficientes e qualificados PROJETOS CIVILIZATÓRIOS COMPENSADORES da sua VIOLÊNCIA. Se OFERECER APENAS VIOLÊNCIA terá de multiplicar ao infinito e sustentar PRESIDIOS, TRIBUNAIS e transformar a cidade num campo de CONTROLE, de ESPIONAGEM e de DELAÇÔES SEM FIM.

 06 - A COMPENSAÇÃO pelo PROJETO CIVILIZATÓRIO das ARTES   no RIO GRANDE do SUL.
No Rio Grande do Sul é recente a implementação de PROJETOS CIVILIZATÒRIOS COMPENSADORES da sua VIOLÊNCIA. O estado -  herdeiro de aguerridas tradições do exercício individual ou grupal da violência e da justiça buscadas com as mãos e as armas - percebe esta lógica disseminada em milícias, facções, criminosas.
 Porém isto não significa e basta que este ESTADO contemple e forneça garantias para a monetarização desenfreada e assegure a lógica dos lucros a qualquer preço inclusive na CULTURA e na ARTE. Esta solução simplista leva para a grande e inútil discussão se reduz ao maniqueísmo entre ESTADO MÌNIMO e o ESTADO MÀXIMO. Esta mentalidade perde a possibilidade de perceber, estudar e implementar um ESTADO COERENTE, PROPORCIONAL e EFICIENTE. 
No Rio Grande do Sul as ARTES constituem um ótimo índice deste maniqueísmo entre ESTADO MÌNIMO e ESTADO MÀXIMO. No ambiente do ESTADO MÍNIMO o ARTISTA PERDE QUALQUER ESPERANÇA. Enquanto no ESTADO MÀXIMO, o ARTISTA, NÃO PASSA de UM BUROCRATA.
Nesta direção Ado MALAGOLI possuía razão ao afirmar que “ARTISTA RICO é APENAS MAIS UM RICO”. Isto ocorre  quando ele perde inspiração, criatividade e ousadia nas malhas da FAMA,  da lógica dos lucros a qualquer preço, da burocratização, da monetarização desenfreada e do patrimonialismo acumulativo de sua obra.
Fig. 08 –  A acelerada e forçada urbanização no RIO GRANDE do SUL provocou uma coletivização social que não foi acompanhada por uma consciência coletiva. Antes, ao contrário, gerou uma ambiciosa disputa do singular, da autobiografia e do gênio do momento. Misturaram-se mentalidades de  fazendeiros, de agricultores, de proletários e comerciantes  A população desfavorecida criou uma centena de favelas[1], mocambos e malocas enfiadas em bairros de classe média e mesmo abastada.  

07 -  A CONSTRUÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA pelas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL.

O projeto oficial da CONSTRUÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA,  a partir do PODER ORIGINÁRIO  do Rio Grande do Sul, é bem recente e com poucos resultados objetivos perceptíveis.
Na cultura brasileira Mário de Andrade propunha , em 1942[2], para a UNE:
o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência nacional [..] A novidade fundamental, imposta pelo movimento, foi a conjugação dessas três normas num todo orgânico da consciência coletiva.
Esta conferência evocava os resultados culturais da Semana de Arte Moderna de 1922. Mário da Andrade havia sido uma das figuras centrais desta Semana. Ele se indispusera em 1938 com o Estado Novo. A conferência ocorria no auge desta ditadura que entrava em guerra com o Eixo.
A noticia, desta proposta, repercutiu no Rio Grande do Sul mas tardou em se tornar fato e direito. Nesta direção de “QUE TODOS SÂO ARTISTAS” ganhou força com as investidas de Iberê CAMARGO e as respostas de grupos como o “BODE PRETO” Ganhou institucionalização com o ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE, com as ESCOLINHAS de ARTE e proliferação de CURSOS SUPERIORES de ARTES VISUAIS.
 No contraponto o Rio Grande do Sul é herdeiro direto da falácia e do mito da cultura ocidental de um ECLETISMO ESTÈTICO ACOMODATÍCIO.  Contra este ECLETISMO elevou-se a voz (1955, fl. 13] de Mário de Andrade fustigava,  em 1938[3],  na época do Estado Novo como “acomodatício e máscara de todas as covardias”.
                Mário coloca, em 1942, a nacionalidade como primeiro principio. Porém nos registros de 1938,  já se precavera contra ,a SERVIDÃO e o COLONIALISMO SUBLIMINAR. COLONIALISMO e SERVIDÂO que mistura tudo, intencionalmente, para estragar tudo e não servir a NINGUÉM. Os DONOS do PODER  ESTRAGAM TUDO com esta exibição do ECLETISMO. Neste ECLETISMO buscam apenas, e tão somente, ressaltar a sua ONIPOTENCIA inconteste, ONISCIÊNCIA sem sombra de dúvidas, ONIPRESENÇA em tida mídia e ETERNIDADE garantida pela hereditária da POSSE dos CARGOS.


[2] - ANDRADE, Mario O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942,  p.45.
                Esta conferência evocava os resultados culturais da Semana de Arte Moderna de 1922. Mario da Andrade havia sido uma das figuras centrais desta Semana. Ele se indispusera em 1938 com o Estado Novo. A conferência ocorria no auge desta ditadura que entrava em guerra com o Eixo.
                Mário coloca a nacionalidade como primeiro principio os concluía com busca da construção de uma consciência coletiva.

[3] ANDRADE, Mario Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro  de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 fls.
Edgar KOETZ  (1913-1969) - Churrascaria Modelo - xilogravura
Fig. 09 –  A socialização sob o da urbanização forçada no RIO GRANDE do SUL encontrou meios de se expressar em todos os níveis econômicos, culturais e etário  O bar da esquina serve o churrasquinho como cardápio, as conversas sobre as condições miseráveis  substituem os discursos da ágora clássica Os temas são pautados  pelos ídolos dos esportes como as grandes figura desta civilização e a música improvisada e popular ocupa o espaço da erudita. As artes visuais estão presentes nas estampas impressas

08 -  A ÉPOCA em que TODOS são EMISSORES nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL.
O potencial humano, no Rio Grande do Sul, possui as mesmas forças e energias do que em  qualquer cultura ou civilização.
O inverso não é verdadeiro, ou seja, querer transplantar qualquer civilização, ou cultura, ao Rio Grande do Sul. Neste transplante se disseminam apenas obras, pensamentos e hábitos alheios e nascidos em outra SOCIEDADE, TERRA e TEMPO. O transplante não é a fonte que reside em “QUEM PRODUZ a ARTE”. Os hábitos, pensamentos e obras alheias são projeções senão plágios e furtos subtraídos de “QUEM PRODUZ a ARTE”. De outra parte o TEMPO tornou-se relativo e repercute em todas as direções conforme Marc Bloch ao afirmar (1976, p.42)[1] que: .
é tal a força da solidariedade das épocas que os laços da inteligibilidade entre elas se tecem verdadeiramente nos dois sentidos. A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçar-nos por compreender o passado se nada sabemos do presente .
O potencial de uma obra de arte - de carregar no “MÍNIMO de sua FORMA MATERIAL o MÁXIMO de sua CIVILIZAÇÂO de ORIGEM  -  permite ao ser humano  do Rio Grande do Sul auferir as mesmas forças e energias desenvolvidas  em qualquer cultura ou civilização,
Este potencial cresce na medida em que artistas estrangeiros consagrados atravessam fronteiras e como portadores de “QUEM PRODUZ a ARTE” disseminam obras e mentalidades cultivadas na sua civilização. A quem recebe artista, obras e a sua mentalidade,  cabe a autonomia de escolher o que é coerente com a sua TERRA, SOCIEDADE e TEMPO.


[1]BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

Fig. 10 –  A erudição nas ARTES de Porto Alegre ganhou ATELIR LIVRE da PREFEITURA em 1960. Diversas gerações  passam por ele renovando a sua crença de que TODOS SÂO  ARTISTAS POTENCIAIS. Bastam  as condições e a ocasião para que esta potencialidade se materialize  De outra parte esta crença já estava em Aristóteles que afirmava que a “AARTE ESTÁ em QUEM PRODUZ e não no que PRODUZ”


09 -  POTENCIALIDADES nas ARTES VISUAIS  no RIO GRANDE do SUL na ÉPOCA PÓS -INDUSTRIAL .

Quando ”todos são artistas”, na concepção de Joseph BEUYS, abre-se a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Esta ÉPOCA trouxe para as ARTES VISUAIS do Rio Grande do Sul um ferramental e uma mentalidade nova.
O que se evidencia é a falta de uma normativa linear e unívoca de um SISTEMA de ARTE comandado por demiurgos de plantão. A falta destes demiurgo onipotentes permite uma pesquisa estética  e um experimentalismo nas artes visuais jamais visto no Estado. Se estão confusas aqueles que estão de fora do campo de forças estéticas, em compensação os produtores de ARTES VISUAIS pouco se importam desta incompreensão, crítica ou indiferença. Os produtores de ARTES VISUAIS prosseguem suas pesquisas estéticas sem proselitismo, desespero do vencer ou morrer pela Arte.
No contraditório esta autonomia do artista necessita pagar o preço do perigo de ficar FALANDO SOZINHO, exercer a AUTONOMIA da FAVELA  ou não mais receber feedback de sua obra. A altaneira posição do “SEI ERRAR SOZINHO” marca estas perigosas fronteiras da arte praticada na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.
Fig. 11 –  A visão do artista italiano Aldo LOCATELLI em relação à origem de Porto Alegre. Ao mesmo tempo reforça as diversa etnias que concorreram para  as bases de  civilização no RIO GRANDE do SUL A imagem registra esta formação de um núcleo cultural e, plena expansão

10 – NINGUÉM é MAIOR do que o SEU MUNICIPIO nas ARTES VISUAIS   no RIO GRANDE do SUL
A atomização - dos emissores de arte no Rio Grande do Sul - faz retornar a criatura humana à sua verdadeira dimensão. Vários artistas sul-rio-grandenses estão voltando ao simples  ENTE no seu PRÓPRIO MODO de SER de ARTISTAS VISUAIS.
Evidente que, neste retorno ao MODO de SER no MUNDO,  não existe nenhuma segunda intenção além daquela cultivar as ARTES VISUAIS com autonomia.
Quanto a AUTONOMIA sul-rio-grandense o estrangeiro, o escultor, professor e arquiteto espanhol Fernando Corona (1895-1979) acompanhou, a partir de 1912, na intimidade e partilhou a vida, no dia-a-dia – em particular da criatura humana de Porto Alegre  A imagem que ele captou está  em seu diário(1937,  fl 373). Ali ele anotou:
Porto Alegre como capital do Estado é a cidade mais democrática de todas, dando exemplo de fidalguia a qualquer um. A sua riqueza foi conquistada com o trabalho de seus habitantes. Porto Alegre republicana foi sempre, desde sua formação democrática. Não tenho lembrança de ter visto na capital – milionários viver de rendimentos, a não ser o produto do seu trabalho. Desde que aqui cheguei notei que um simples pedreiro ou carpinteiro já era proprietário de seu chalé mesmo que fosse de tábua. A riqueza em Porto Alegre é muito dividida e os grandes industriais cresceram com o trabalho. A influência das colonizações  estrangeiras contribuiu muito para a democratização, pois, ao iniciarem o trabalho da estaca zero, o braço do patrão suou a lado do braço do operário. Sempre defendi esse principio, pois todos tem direito e um dever que se crescer na medida do progresso.
Este retorno ao MODO de SER no SEU MUNDO  aporta dificuldades ao cronista, ao curador, ao critico e do historiado de arte.  Estes necessitam se despir de todo o seu arsenal logístico, estratégico e tático da ERA INDUSTRIAL  para não destruírem o objeto do seu trabalho situado na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Em síntese, estes profissionais necessitam reinventar-se e assumir também o seu ENTE no seu próprio modo de SER. O contrato entre o artista que está dobrado sobre seu ENTE com os seus OBSERVADORES qualificados, pode significar oposições antíteses e ferozes críticas recíprocas. Estas excomunhões recíprocas evidenciam as energias, os campos de forças polarizadas pelos extremos. Em ambos os lados ardem os fogos alimentados pela LOGÍSTICA para sustentar NÚCLEOS CRÍTICOS. Estes divergem, convergem e, com estas atrações e atritos, iluminam o espaço intermediário das ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL. Os cronistas, os curadores, os críticos e os historiadores de arte extraem uma SÚMULA UNIFICADA com a ajuda desta luz  de atritos continuados.
Carlos Alberto do OLIVEIRA “CARLÃO” – (1951- 20013) - futebol
Fig. 12   O carteiro afrodescendente Carlos Alberto do OLIVEIRA abriu por seus próprios meios e méritos o caminho das artes no meio de uma comunidades predominantemente de origem germânica  A sua estética alimentou-se das sua vivências pessoais

11 –  Culturas originais no Rio Grande do Sul
O direito à pesquisa estética na qual “TODOS SÂO ARTISTAS”  vai acumulando pensamentos, obras e eventos cada vez mais coerente com a sua TERRA, com o seu TEMPO e com a sua SOCIEDADE na qual são produzidos.
As ARTES VISUAIS materializam esta profunda necessidade humana  de estar no mundo e ali se afirmar.
A ARTE - INSITA, PRIMITIVA ou NAIF - reinventa este mundo, ao seu modo, contornando CÂNONES, TIPOLOGIAS ou ORTODOXIAS alheias ao seu MODO de SER no mundo. Estes artistas, mesmo que conheçam e respeitem NORMATIVAS, TIPOLOGIAS ou CÂNONES não  pertencem ao seu MODO de SER no mundo.  Contornam o mercado, zombam de juízes e da influência de atravessadores. Zombam de si mesmos não se deixando classificar e nem desejam oferecer uma leitura unívoca e linear de sua obra.
Num termo a OBRA de ARTE é PRIMORDIAL. Nela cabe aos juízes, atravessadores e curadores reunir vestígios do seu modo destes artistas.  A sua OBRA de ARTE é primordial, mesmo que os seus autores estejam numa outra aventura ou habitem apenas na memória coletiva.
Com certeza o ECLETISMO e a PATEURIZAÇÃO da OBRA de ARTE estragam tudo neste seu reino. Constitui um atentado contra a ARTE querer impor julgamentos canônicos,  normativas eruditas ou modos de ser e de agir ortodoxos,   para aqueles que possuem o  “DIREITO PERMANTE de PESQUISA". Da mesma forma, no polo oposto, decretar modos de pensar e agir infantis, primitivos e naifas, também aniquila, reduz e corrompe qualquer autonomia ou pesquisa estética autêntica e consequente.
Assim seria absurda a  gaveta dos “ARTISTAS VISUAIS PRIMITIVOS DO RIO GRANDE do SUL” com característica próprias legíveis, únicas.  Na contramão não há nada mais universal, na espécie humana, do que as obras dos artistas PRMITIVOS de cada cultura ou civilização. A diferenciação inicia com projetos singulares de cada cultura a partir dos seus PRMITIVOS.
José de Francesco (1895-1967)Acervo MARGS http://www.margs.rs.gov.br/catalogo-de-obras/J/16863/
Fig. 13 –  O artista visual  José de Francesco teve formação erudita. Porém isto não ofuscou a sua percepção de mundo. Distribuidor de fitas de cinema, dono de duas revistas e  cartazista dos filmes das fachadas dos cinemas.  Deixou a sua mentalidade em letra de forma num livro[1] no qual registrou, ao se modo, os artistas, administradores culturais e as suas ações que conheceu ao longo de sua carreira.  

 Aos diversos estudiosos,  cronistas, a curadores,  críticos e  historiadores da arte ínsita sul-rio-grandense, como Dante LAYTANO e Glaucos SARAIVA seria possível acrescentar os estudos brasileiros e s publicações de Cecília Meireles, Leila Coelho Frota e Luís Roberto Vilhena.  Estes - para se aproximarem deste campo de forças-  necessitaram se despir de todo o seu arsenal logístico, estratégico e tático da erudição convencional para reinventá-lo coerente e eficiente nesta aproximação, estudo e registro.
Assim, também na arte ínsita, primitiva e naif  sul-rio-grandense não faltam signos, que indicam a busca pensamentos e obras materiais que expressem o MODO de SER do TODO no mundo sul-rio-grandense.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Mário. O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942,  p.45.
---------  Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro  de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 fls.

BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

FRANCESCO, José de. Reminiscências de um artista. Porto Alegre; s/editora. 1961.

FROTA, Leila Coelho (1936 - 2010 )[2]  -  Mitopoética de 9 artistas brasileiros: vida, verdade e arte Rio de Janeiro: FUNARTE 1978, 127 p. il     http://www.acervodpilon.com.br/peca.asp?ID=890987

LAYTANO Dante de (1908-2000). - Festa de Nossa Senhora dos Navegantes Estudo de uma tradição das populações  Afro-Brasileiras de Porto Alegre. Porto Alegre: UNESCO- Instituto Brasileiro Ciência e Cultura- Comissão Estadual de Folclore do Rio Grande do Sul - 6º Vol.  1955, 128 p. il

MEIRELES, Cecília (1901-1964). Artes populares. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1968,           156. p.

SARAIVA Glaucus da Fonseca (1921-1983) Manual do tradicionalista: orientação geral para tradicionlistas e centros de tradições gaúchas. Porto Alegre : Sulina, 1968, Coleção Meridional nº 09.
--------Mostra de Folclore unfanto-juvenil – catálogo em prosa e verso – Porto Alegre: Instituto Gaúcho de tradição e Folclore – 1960, 111 p. Il, col

VILHENA, Luis Rodolfo (1963-1997)[3]. Projeto e Missão: o movimento folclórico brasileiro 1947-1964.   Rio de Janeiro : Funarte 1997. 332p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.

Sementas das Artes Visuais do RS – 23.05.2015
postagem nº 123 ARTE no RIO GRANDE do SUL


OS QUATRO de BAGÉ

RESISTÊNCIAS MBYA GUARANI

SI VIS PACEM PARA BELLUM”

ESTUDOS de CASOS
1 – DIVERSAS CULTURAS ORIGINAIS do ESTADO do RIO GRANDE do SUL – SANTA ROSA – FESTA das ETNIAS

2 – CULTURAS HEGEMÔNICAS e SUBALTERNAS
2.3- no BRASIL e no  RIO GRANDE do SUL


4 -  O RIO GRANDE do SUL na ótica do atual imigrante ESTRANGEIRO
.


[1] FRANCESCO, José de. Reminiscências de um artista. Porto Alegre; s/editora. 1961.

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