sexta-feira, 3 de junho de 2016

172– GONDOLEIROS e NAVEGANTES. .

GONDOLEIROS e NAVEGANTES.

Fig. 01 - A imagem do Gondoleiro nas  circunstâncias  Pós-industriais evoca a sua origem, lembra a sua  culminância e distante do seu desaparecimento Seu ZEITGEIST é outro  no meio de personalidades de larga projeção no seu TEMPO. Distante  do VOLKSGEIST aglomerados e legíveis por meio da sua SINCRONIA. O que não se pode ignorar é o restrito e limitado WELTGEIST desta projeção.

A época Pós-industrial é constituída, e se move, por NAVEGANTES e GONDOLEIROS da REDE MUNDIAL e do ESPAÇO EXTERNO. Por isto é apropriado visitar a origem do termo, a  classe profissional e a difusão cultural do termo GONDOLEIRO como NAVEGANTE.
Ainda melhor ver concretizado numa sociedade este conceito apropriado pela classe trabalhadora de um bairro industrial. Bairro, sociedade e economia que se movem num tempo de rápidas e implacáveis  mudanças provocadas pela época pós-industrial.
Fig. 02 - A figura e a profissão do Gondoleiro mantem-se ativos, em Veneza, apesar de todos os recursos tecnológicos que o transporte aquático sofre ou já sofreu.  O que não se pode ignorar é o largo e ilimitado WELTGEIST de sua projeção mundial.  Esta larga projeção mundial mantém aceso  o seu ZEITGEIST no qual a personalidade do Gondoleiro consegue impor o  ritmo do  seu TEMPO multissecular. Evidente que para tias feitos colabora  o VOLKSGEIST que ele soube construir em todas as nações, povos e etnias que o visitam e são transportados por ele física ou virtualmente como no presente texto.
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Na Veneza decadente e entregue a sua própria sorte - após a descoberta da rota marítima para do Oriente e os caminhos pelo mar para a América - emergiu a consciência coletiva da classe anônima dos gondoleiros. Classe surgida no trabalho comum de conduzir a população pelos canais da cidade. Classe que organizou, criou um contrato coletivo e que transformou em lei e rege licenças e caminhos nos canais de Veneza. Esta guilda de barqueiros gondoleiros estabelece a comunicação no arquipélago que constitui no seu conjunto a cidade de Veneza. Veneza é uma cidade plantada num banhado como as cidades de Amsterdã, Londres, Nova Iorque e São Petersburgo que imitaram o exemplo italiano.
Fig. 03 - A cidade de Veneza continua a ser paradigma do Carnaval. A imagem do Gondoleiro, com um dos índices desta celebração,  distante das  circunstâncias  de sua origem, sua  culminância e o seu desaparecimento. Porém a sua memória, cultura e trabalho são ressuscitados e mantidos vivos, atualizados e transportados para lugares como o Clube Gondoleiros de Porto Alegre e  distantes de sua origem. Assim a capital sul-rio-grandense manteve viva esta memória com o BLOCO dos VENEZIANOS[1].

Em Porto Alegre os caminhos das águas foram determinantes para a sua origem, consolidação e consciência de si mesma. O próprio nome Porto Alegre – diferente de "Portalegre" lusitana – relembra esta identidade. No âmbito do Quarto Distrito da capital sul-rio-grandense o bairro NAVEGANTES materializa, evoca e celebra a classe anônima dos intrépidos e anônimos condutores e passageiros dos barcos de todos os tamanhos, bandeiras e cores que rumam para Porto Alegre  ou ali aportam.
Fig. 04 A imagem da procissão fluvial da imagem de Nossa Senhora dos NAVEGANTES –ao percorrer um dos braços do afluente do GUAIBA -  recorda longinquamente as festas aquáticas que se desenvolveram tendo como cenários os braços da Laguna que cerca a cidade de Veneza. Assim o Clube dos GONDOLEIROS reivindica e cultiva a memória dos trabalhadores Gondoleiros. Certamente a recompensa do trabalho está intimamente associada ao trabalho, à vida e aos costumes destes profissionais do Guaíba e da Laguna  que trabalham sobre as águas.

O termo GONDOLEIROS  evoca a figura - e a classe -  daqueles que ganham a vida e seu sentido nas rotas aquáticas. Como classe de trabalhadores individuais anônimos ganha identidade coletiva  neste contexto. Permanece a legitimidade do TRABALHO em COMUM. Ao mesmo tempo sublimam o seu trabalho coletivo, transfigurou-se em CLUBE ESPORTIVO. Com esta designação permanece nas águas de Porto Alegre a legitimidade dos remadores esportivos. Permanece a legitimidade daqueles que se arriscam e enfrentam as rotas físicas das múltiplas redes físicas dos caminheiros, dos ferroviários e aeroviários com suas sedes no Quarto Distrito. Rotas físicas que na época Pós-industrial exigem um rigoroso planejamento virtual, acompanhamento por satélite, avaliação das rotas e das chegadas com segurança e eficácia.
Fig. 05 - A procissão e a festa de Navegantes no dia 02 de fevereiro de cada ano na reúne em uníssono, no Quarto Distrito de Porto Alegre todas as idades, credos e origens  étnicas.  De outro lado existe nítida discriminação desta manifestação da parte da classe econômica e daqueles que se julgam da casta dominante. São as instituições - que permeia o Bairro Navegantes -  que são capazes de transformar esta contradição em complementariedade. Entre estas instituições estão indubitavelmente os CLUBE dos GONDOLEIOS e JANGADEIROS[1].

O dia 02 de fevereiro, de cada ano, é a data na qual se celebra com único feriado municipal de Porto Alegre[2] no qual os CLUBES NÁUTICOS conduzem a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes (LAYTANO[3], 1955). Nesta festa, dia e lugar fundem-se as tradições religiosas e as culturas festivas deste povo alegre e comunicativo. Fundem-se numa intensa integração como toadas nacionalidades de origem. Fundem-se na medida em que é da natureza do 4º Distrito de Porto Alegre ser lugar de rápida passagem e de estacionamento provisório
Permanece a legitimidade daqueles GONDOLEIROS OFICIAIS ou mesmo os FORA da LEI. O QUARTO DISTRITO no qual está encravado o BAIRRO NAVEGANTES é um bairro operário, de trânsito e de estacionamento. Na sua vetustez e resistência este BAIRRO NAVEGANTES mostra, ao longo do tempo e da sua geografia,  índices de gerações de trabalhadores das mais variadas profissões e está construindo a sua identidade própria, operária e distintiva entre os demais bairros da capital sul-rio-grandense (MARÇAL[4], 2004).


[1]  - CLUBE JANGADEIROS de PORTO ALEGRE http://jangadeiros.com.br/

[2] - FESTA dos NAVEGANTES mais  PROFANA do que  RELIGIOSA http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28469/000769997.pdf?...1

[3] - Dante LAYTANO: FESTA DE NAVEGANTES https://www.traca.com.br/livro/103788#

Fig. 06 – O Clube  Gondoleiro - no seu endereço atual - continua e renova o interesse pelo  Carnaval. A nova geração encontra ali um lugar de pertencimento e de  interação renovada pelos novos meios tecnológicos, costumes e meios de expressão humana. Permanece a instituição que acolhe, estimula e orienta estas expressões humanas universais.
 
Porém a razão da fundação da Sociedade Gondoleiros está associado aos festejos do Carnaval em data móvel,  mas  próxima, no calendário, desta data. Um das motivações desta agremiação é a grande massa da imigração italiana do Rio Grande do Sul é procedente do Vêneto italiano. Ali se funde com os “Italianos da Esquina” na expressão e obra de Núncia Santoro. Estes “Italianos da Esquina” eram urbanos na sua origem e haviam precedido a grande imigração oficial que aportou no Rio Grande do Sul a partir de 1875 e cuja grande massa eram agricultores.
Fig. 07 - O tradicional prédio  do Clube  Gondoleiro está passando por uma intensa e inteira reciclagem sem perder a sua identidade visual. Ganha, não só o prédio, ou os seus atuais proprietários,  mas a identidade local. Identidade  rica - não só em memórias individuais e coletivas  passadas -  mas habitada por um sentimento de pertencimento ao seu lugar de origem e de gerações de frequentadores.

Não faltaram agentes políticos originários do Bairro Navegantes e que se projetam no âmbito da metrópole e mesmo nacionalmente. Apesar de figurarem nos nomes do prédio ALUÍSIO FILHO da Câmara Municipal. Entre os senadores o também pintor. memorialista[1] e escritor como GUIDO FERNANDO MONDIN (1912-2000).


[1]  Guido MONDIN BURGO sem  ÁGUA https://www.traca.com.br/livro/789356/#

Fig. 08 - Na imagem de 2016 do prédio do Clube Gondoleiro resistente ao seu desaparecimento físico e institucional. Enquanto isto o imponente prédio do CINE TALIA - seu vizinho - deixou um enorme buraco  urbano,  na mesma avenida e calçada da Avenida Roosevelt (antiga EDUARDO) do Quarto Distrito de Porto Alegre.

Bairro de oficinas de escultures como Wenzel Folberger (--1915) , de artistas cineastas como Eduardo ABELIM[1] com avant-premières   no Cinema Thalia[2] da Av. Eduardo, pintores como Francisco Brilhante (1901-1987), Edgar KOETZ (1913-191969), Gatão HOFSTETTER ( 1917-1987).


[1] Eduardo AMELIM com o filme “EM defesa da honra da irmã” rodagem no Quarto Distrito e avant-première em 11.11.1926 no Cinema THALIA da av. Eduardo – Atual Presidente Roosevelt

[2]  CINEMA THALIA e outras salas de CINEMA  do Quarto Distrito
Fig. 09 - A imagem distante do prédio do Clube  Gondoleiro indica as  circunstâncias  de sua origem, sua  culminância e a sua resistência ao seu desaparecimento Enquanto isto o imponente prédio do CINE TALIA, seu vizinho, deixou um enorme vazio urbano na mesma avenida e calçada do Quarto Distrito de Porto Alegre. A distinção entre GONDOLEIROS e TALIA é que este foi  expressão da ERA INDUSTRIAL em nítidos fins comerciais e capitalistas e que não resistiram à passagem do TEMPO.  Enquanto o prédio do Clube GONDOLEIROS foi na origem, e continua sendo,  uma instituição fundada e destinada para durar e se renovar por tempo indeterminado com o objetivo de transformar continuadamente as contradições em complementariedades.

Numa das conclusões é que o 4º Distrito é lugar de passagem (rápida) e estacionamento (provisório). Assim todo o tumulto e vida social, econômica e política possui pouco TEMPO de atenção, de distinção, observação e estudo sistemático. 
Fig. 10 –  Conhece-se pela sua mesa a cultura de  criatura humana (VOLKSGEIST).  A imagem do churrasco improvisado numa calçada  ou na Praça Pinheiro Machado é cena comum ao redor do Clube Gondoleiros Gondoleiro do Bairro Navegantes . Hábito o rural e da campanha sul-rio-grandense adaptado e improvisado no meio urbano (WELTGEIST). O Quarto Distrito de Porto Alegre, e, em especial a Bairro Navegantes constitui uma membrana entre o mundo rural e o mundo urbano  ZEITGEIST ao mesmo tempo o CLUBE GONDOLEIROS é índice da memória do imigrante italiano ao qual vieram juntar-se outros etnias de imigrantes europeus mesclando-se ao hábitos e costumes dos que os antecederam no Novo Mundo.

De outra parte as expressões e as evidências da época Pós-industrial confluem e fluem rapidamente na Quarto Distrito de Porto Alegre, em particular no bairro NAVEGANTES. A Sociedade GONDOLEIROS é uma destas variadas expressões desta era pós-industrial. A Sociedade GONDOLEIROS de Porto Alegre assim como a cidade de Veneza, sempre ameaçada pelas águas e a natural entropia do tempo e da moda fez do movimento, da criatividade e de sua constante renovação. 

Fig. 11  –  A permanência secular da memória e da cultura necessitam instituições ao nível do repertório do expatriados e que vieram ao Novo Mundo por alguma necessidade não satisfeita nos seus países de origem Para os gregos clássicos o estatuto do estrangeiro era um passaporte que igualava e até, em certos pontos,  tornava superior aos cidadãos nativos que o recebiam. Nestes pontos superiores os gregos clássicos aprendiam com o estrangeiro. Com este saber  expandiam as suas inteligência, vontades e sentimentos para além de sua estreitas muralhas. De outro lado entendiam que o estrangeiro, premido pelas necessidades, ofertava aos habitantes da cidade que o acolhia,  o seu trabalho ao qual se entregava com diligencia e eventuais tesouros que conseguia reunir. O século da existência do CLUBE GONDOLEIROS conta esta história de recepção, trocas e de enriquecimento recíproco. 

A riqueza e a grandeza do CLUBE GONDOLEIROS e, por extensão o BAIRRO NAVEGANTES - não é apenas  o numero de seus sócios. Nem é a riqueza,  a fama ou poder politico, econômico ou social ali acumulados. O que ali se cultiva é a alegria de viver coletivamente, a segurança de que o trabalho e o esforço que rendem os seus frutos para esta coletividade e para o ESPAÇO EXTERNO. O que não se pode ignorar que ali reina ainda a proporção humana e humanizante. Nada de centralização de poder, de informações e acumulação descomunal de riquezas. Se existem gigantescas manifestações coletivas, como a procissão de Navegantes, no momento seguinte esta manifestação se desfaz e cada qual segue livre o seu caminho e a sua vida.
 Deste conjunto coletivo e proporcional brota a esperança, e a garantia, que isto poderá se usufruído ainda por muitas novas gerações de habitantes e daqueles que transitam pelo BAIRRO dos NAVEGANTES, do Quarto Distrito de Porto Alegre. Este bairro e distrito constitui uma passagem  entre o meio urbano e o rural e um estacionamento provisório. Do outro lado constitui um nó rodoviário, náutico, ferroviário e aeroviário que aponta para a REDE MUNDIAL.
O CLUBE GONDOLEIROS constitui uma destas expressões proporcionais ao seu meio local e que há um século rema ritmado em direção à REDE MUNDIAL.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS

LAYTANO, Dante (1908-2000) Festa de Nossa Senhora dos Navegantes: estudo de uma tradição das populações Afro-Brasileiras de Porto Alegre – Curitiba: Instituto Brasileiro de Educação e Ciência (I.B.E.C.C.)-  Vol. 6  1955 – 128 p.

MARÇAL João Batista A Imprensa Operária do Rio Grande do Sul 1873-1974– Porto Alegre: do Autor – 2004, 288 p. il.

MONDIN, Guido Fernando (1921-2000) Burgo sem água- reminiscências do 4° Distrito -  Porto Alegre: FEPLAN,1987,  187 p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
SOCIEDADE GONDOLEIROS
/
Prédio
Sedes
Blog
Face book
Dia da Mulher no Clube Gondoleiros
Esporte Social
Estandarte de Ouro
Regimento interno
Aniversário: vídeos
Festa da Luluzinha

ASSOCIAÇÂO dos AMIGOS do QUARTO DISTRITO
Face

História do Quarto Distrito

ESTÉTICA do QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGRE  (1) 084 - ISTO é ARTE

ESTÉTICA do QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGREb(2) 085 - ISTO é ARTE

MATTAR, Leila Nesralla – A Modernidade de porto Alegre: Arquitetura e Espaços Urbanos planificadas no  área do Quarto Distrito  Porto Alegre: :FFCH História 2010 - 354 fl. Tese

Núncia SANTORO e o Italiano da Esquina
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Música e vídeo: OFFENBACH, Jacques BARCAROLLE

CARNAVAL de VENEZA HISTÓRIA e IMAGENS

CARNAVAL em PORTO ALEGRE

O GONDOLEIRO IMPLACÁVEL e sem LICENÇA da CLASSE

VIDA, TRABALHO e PROFISSÃO de um GONDOLEIRO VENEZIANO
NAVEGANTES: Procissão Fluvial
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