A
presente postagem inicia uma série de publicações sob a designação LOGÍSTICA. LOGÍSTICA que visa fornecer documentos com recursos teóricos para quem PESQUISA ARTES
VISUAIS e deseja socializar o seus resultados. LOGÍSTICA que distingue a PESQUISA ESTÉTICA da singela e da necessária ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA. São documentos
em português e visam a cultura sul-rio-grandense. Como tais são textos datados
e inscritos numa determinada cultura. Espera-se que sejam imediatamente
superados por melhores e de mais alta e larga utilidade para a PESQUISA ESTÉTICA SUL-RIO GRANDENSE de alto nível.
CASAL PAQUIO PROCULO - Pompeia – c. 70 d.C.
¿ POR
QUE CONSTRUIR UMA FORMA
ADEQUADA AO MEU PENSAMENTO ?
Círio Simon
¿ Qual é a minha contribuição positiva para a
cultura e para a arte de uma civilização estruturada antes e fora de mim?
Evidente que estou
trazendo algo único e insubstituível. Mas, o meu ‘novo’, é relativo a algo que
é externo a mim. Esse algo externo, é a civilização distinta de cultura (Chaves de
Melo, 1974 : 25)
Civilização exige de mim, no mínimo, consideração e atenção as suas razões e formas nas quais ela é capaz de
funcionar e se reproduzir. Caso contrário, devo voltar a pré-história, e
começar uma civilização minha, baseada nos ‘meus’ princípios, ou então,
permanecer na civilização, circulando na contramão e cheio das ‘minhas razões’,
sendo visto como marginal, sem direitos, na civilização que tento
desconsiderar, pela minha conduta e
cultura aversiva ou deslocada no tempo e no espaço.
Gosto de ser levado a sério quando afirmo algo sério. Mas para que esta
afirmação seja levada a sério, a forma,
pela qual faço a afirmação, também deve ser levada a sério por mim. "O
meio é a mensagem" afirmou Mc
Luhan.
Um trabalho civilizado deve ter uma forma civilizada. Esta forma
civilizada é uma forma que seja aceita em qualquer parte da civilização da qual
pretendo fazer parte. A construção da forma civilizada é um trabalho feito com
as normas que regem uma civilização anterior e externa a mim. O meu saber deve
chegar ao nível da palavra. Palavra bem formulada numa dada cultura humana, bem
expressa verbalmente e bem formulada por escrito. O resto é ruído, ou seja,
interferência na comunicação. O meu valor, na sociedade civilizada, equivale ao
que souber comunicar civilizadamente.
Numa época de pressa e de informática, ninguém tem tempo para algo mal
formulado. A informática possui suas leis. Estas leis não podem ser violadas,
sob pena de a comunicação não fluir. Muitas vezes pessoas se anulam, ou, são
anuladas socialmente, porque não sabem colocar a sua contribuição na forma
civilizada que essa verdade exige para ser recebida na sociedade.
A nossa sociedade informatizada, baseada no computador, está se
acostumando devagar aos comandos desta ferramenta. Estes comandos são precisos
e unívocos. A construção lógica e
disciplina do ordenador, nos está
levando a uma nova lógica e uma nova
disciplina mental e física correspondente. Esta disciplina física é a forma
como nosso pensamento deve ser exposto para se tornar legível de uma forma
rápida e universalmente aceito. Do Discurso
do Método de Descartes (1592-1650) vale aqui o primeiro princípio (1983 p.37) de "nada
incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a
meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em
dúvida."
O saber e o conhecimento são trabalhos como quaisquer
outros. A escola não é uma fuga do trabalho braçal. Não é um congresso de
marginais e vagabundos.. Um dos trabalhos, além de adquirir o saber, é dar
forma digna ao nosso saber, forma que muda segundo o tempo, o conteúdo e a
natureza deste saber institucionalizado.
Educação sempre foi entendida como
respeito ao outro. Este respeito se traduz pelo modo de me apresentar e
conduzir diante do meu semelhante. É na forma que dou ao meu trabalho que
traduzo o grau de minha educação. Existe toda uma tradição institucional destas
formas de apresentação de trabalhos acadêmicos. Se desejo ser reconhecido neste
meio institucional, o mínimo que se exige de mim, é conhecer estas formas
acadêmicas. O pesquisador mineiro Salomon resumiu (1974 p.193) a questão "Todos
sabemos que não basta adquirir mentalidade científica, saber realizar
investigação: é preciso comunicar."
Para
iniciantes nem para amadores não é solicitada, neste
momento, tarefa de produzir textos mais elaborados. O estágio do presente
trabalho supõe o pré-requisito de 12
anos de escolaridade fundamental é média no mínimo. Neste estágio supõe-se
que as pessoas desejam - e possuem o firme projeto de - se constituírem em profissionais institucionais da área
cultural. Espera-se que estes
profissionais institucionais tenham êxito na condução do seu pensamento por
formas institucionalizadas e que culminam na produção de textos coerentes com
este estágio cultural superior.
A
verdade é que na cultura brasileira, fomos pouco acostumados a usar esta forma
amadurecida de conduzir o nosso pensamento na sua expressão mais universal.
Apenas estamos acostumando a primeira geração nessa tarefa de uma cultura institucionalizada..
Sempre fomos tratados com a cultura de massa e como rebanho. O brasileiro foi
proibido de ler até 1822. As nossas primeiras universidades são de 1931. Estamos
tentando sair, a duras penas, da marginalidade cultural a qual fomos condenados
até hoje. Acabamos gostando da
escravidão mental (heteronímia). O
resultado deste reducionismo permitiu tradicionalista Paixão Cortes sentenciar (1984
p.7) "O brasileiro fala muito,
documenta pouco, analisa menos e conclui definitivamente, a sua moda, na hora
que interessa”, revelando um dos efeitos deste heteronímia e descrédito do
pensamento produzido no Brasil.
A busca da verdade, dentro de um projeto
civilizatório, é muito maior do que qualquer de um de nós. Obriga-me a um
exercício de honestidade tão grande, ou maior, do que do economista. O roubo da
verdade, de descobertas pessoais, propriedade intelectual ou artística, é um
crime tão grande, ou maior, do que o roubo da fortuna física de outra pessoa.
Quantas vezes roubamos ou nos apropriamos de ideias, frases ou pesquisa de
outros e não acusamos de quem é a ideia, frase ou pesquisa. A ABNT pretende
distinguir o que é de quem; é a ética da
reversibilidade em que acusamos as fontes nas quais fomos buscar a alimentação e
a solidificação das nossas ideias.
Quando roubamos, também mentimos. É indispensável apreender a valorizar
as descobertas e os valores dos outros se nós mesmos queremos ter algum
significado numa civilização. Não existe alguém que não possua algum significado
intrínseco e único. Se, no meu trabalho e pesquisas, não distingo o que é meu
do que é dos outros, as minhas descobertas, por maiores que sejam, caem em
descrédito total. Países mais adiantados, que o nosso, nesta busca da verdade e
nas suas exigências, nos tratam como "macaquitos
brasileños" pelos roubos intelectuais que praticamos. E por cúmulo,
achamos esta prática bonita e divertida. Este hábito e mentalidade põe em
suspeita toda a busca da verdade e produção acadêmica e administrativa posterior.
O prêmio para quem segue
o princípio da honestidade intelectual, é chegar a conhecer a si próprio, pela
separação, que sabe fazer, do que é seu, do que é dos outros. Os antigos já
definiam que "escravo é aquele que faz os objetivos do outro". O pior
escravo é aquele que faz os objetivos do outro, sem se dar conta desta
escravidão e dependência intelectual. A heteronomia é o contrário da autonomia.
O nosso objetivo é a autonomia, como pessoa intelectual adulta, e, que
distingue, em si mesmo, o que é original e o que pertence aos outros.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS do PRESENTE TEXTO
CHAVES
de MELO. Gladston. Origem, formação e aspectos da cultura
brasileira. Coimbra: Editora ( ?) , 1974
DESCARTES, René (1596-1650). Discurso
do método. (3ª.ed) São Paulo: Abril
Cultural 1983
PAIXÃO CORTES, João Carlos. Aspectos da música e fonografias gaúchas. Porto Alegre:
Repressom 1984 117p.
SALOMON, Délcio Vieira. Como se faz uma monografia : elementos de metodologia do trabalho
científico (4ª.ed) Belo Horizonte :
Interlivros 1974 301p.
.
ALGUMAS
FONTES BIBLIOGRAFIAS para ORIENTAÇÕES de TRABALHOS CIENTÍFICOS:
BECKER, Fernando et alii. Apresentação de trabalhos escolares.
Porto Alegre : Redacta 1978
BRUYNE, Paul da, et alii. Dinâmica da pesquisa em ciências: os
pólos da prática metodológica.
Rio de Janeiro : Francisco Alves
1977 252p.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas.
Lisboa : Editorial Presença 1982 219p.Existe
edição brasileira
LUFT,
Celso Pedro. O escrito científico:
sua estrutura e apresentação (3ª.ed).Porto Alegre: L
[Conheça na Biblioteca as
normas da ABNT e NB, para apresentação de trabalhos científicos : fale com a
Bibliotecária profissional ]
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
"O meio é a mensagem" Mc Luhan.
Veja como é
tratado o furto acadêmico em outras culturas
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material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
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