A
CONSTRUÇÃO do ATUAL PRÉDIO do INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA na MEMÓRIA
do seu ARQUITETO, FERNANDO CORONA.
Fig.
01 – O atual prédio do Instituto de Educação Flores da
Cunha foi o resultado e a culminância de
uma extensa rede de escolas estaduais. Escolas espalhadas por todo o
território do RIO GRANDE do SUL que necessitavam de agentes qualificados. Este
prédio foi construído para GRANDE EXPOSIÇÃO do CENTENÁRIO da REVOLUÇÃO FARROUPILHA, Esta exposição foi uma culminância com a qual o
ESTADO materializava um século de esforços em direção ao REGIME REPUBLICANO. O prédio do Instituto de Educação Flores da Cunha materializava a permanência deste
evento
01 – PROBLEMA: a EDUCAÇÃO PÚBLICA FORMAL como
NÚCLEO da IDENTIDADE e AUTONOMIA
ESTADUAL deve encontrar a sua EXPRESSÃO num PRÉDIO ESCOLAR - 02 – SEGUINDO
o TEXTO do DIÁRIO de Fernando CORONA autor do projeto e supervisor
direto da obra do prédio do Instituto FLORES da CUNHA 03 - FLORES da CUNHA ou uma DECIDIDA AÇÃO de um dos LÍDERES da REVOLUÇÃO
de 1930 -
04– O ATO CRIADOR
IDEAL enfrenta e realidade do DIA
SEGUINTE 05– Um PROJETO TORNA HISTÓRICO o MENTOR do prédio do
Instituto FLORES da CUNHA e foi competente de reunir uma equipe qualificada. 06 – A REALIZAÇÃO de um SONHO de um ARQUITETO PRÁTICO com formação
escolar de quarta série primária
07 – A EQUIPE em AÇÃO sob a liderança do ARQUITETO responsável e
presente na obra do começo ao fim da OBRA -08 – QUANDO o
ARQUITETO ainda era ARTISTA na AUTONOMIA e agia como aquele que concebe,
principia e termina a OBRA de ARTE 09
– Os PRAZOS e o CRONOGRAMA IMPLACÁVEL as etapas, as terceirizadas e o ORÇAMENTO a ser
RESPEITADO e SEGUIDO com RIGOR 10 – A REPRODUÇÃO do PENSAMENTO das ARTES
VISUAIS do RIO GRANDE do Sul entre 0 e 1930: discípulos e prosélitos . 11 – DETALHES dos PROBLEMAS TÉCNICOS e o papel da IMAGINAÇÃO CRIADORA 12 A ALEGRIA como a “PROVA dos NOVE” da OBRA REALIZADA pelo ARTISTA. 13 – O QUE PERMANECE de um PRÉDIO
é PENSAMENTO do DIÁRIO do seu ARQUITETO que ENSINA e RECLAMA por DIGNIDADE,
mesmo em RUINAS
Francis PELICHEK, (1896
– 1937) capa da Revista da Globo dez 1930
Fig.
02 – José Antônio FLORES da CUNHA
(1880-1959) foi uma das lideranças decisivas da REVOLUÇÃO de 1930. Como
interventor do RIO GRANDE do SUL tomou sob sua iniciativa direta os eventos que
marcaram o CENTENÁRIO FARROUPILHA. Não é possível esquecer que no ano anterior a este evento partiu dela a iniciativa
de criar a UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE junto com a Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul no paradigma do Decreto nº 19.851 de 11 de abril de 1931 [1] Nesta iniciativa foi ajudado por Dom João Becker
01 – PROBLEMA: a EDUCAÇÃO PÚBLICA
FORMAL como NÚCLEO da IDENTIDADE e
AUTONOMIA ESTADUAL deve encontrar a
sua EXPRESSÃO num PRÉDIO ESCOLAR.
O prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA estava
destinado a perpetuar o evento do CENTENÁRIO da REVOLUÇÃO FARROUPILHA
(1835-1935) no espaço urbano que se conhece hoje como PARQUE FARROUPILHA. O
projeto deste prédio tentava EXPRESSAR e
dar visibilidade e permanência na EDUCAÇÃO PÚBLICA FORMAL por TEMPO INDETERMINADO. O
projeto deste prédio buscava dar
visibilidade ao NÚCLEO da IDENTIDADE e AUTONOMIA
ESTADUAL. Este prédio se colocado acima destes eventos e da materialidade das OBRAS
FÍSICAS. Em 2019 este prédio está no
ABANDONO e em PLENA DECADÊNCIA. Permanece o PENSAMENTO de FERNANDO CORONA o seu
ARQUITETO
O título do CENTENÁRIO da REVOLUÇÃO FARROUPILHA visava
celebrar e evidenciar o PROJETO do REGIME REPUBLICANO sustentado pelo RIO GRANDE
do SUL entre os anos de 1835 e 1845. O DECRETO Nº 01 da Republica de 15 de
novembro de 1889[2]
elevara as PROVÍNCIAS IMPERIAIS ao grau
SOBERANIA de ESTADOS. Em 1934 o ESTADO RIO GRANDE do SUL estava em perfeita
harmonia com os demais ESTADOS BRASILEIROS.
Os PAVILHÕES ESTADUAIS - erguidos no CAMPO da
REDENÇÂO - materializavam a harmonia e coerência a recente REVOLUÇÃO de 1930 da
qual o Estado do RIO GRANDE do SUL foi uma das expressões e lideranças
nacionais. Entre estes PAVILHÕES PROVISÓRIOS estava prédio definitivo do INSTITUTO de
EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA cujo início efetivo da construção deu-se em setembro de 1934 e foi entregue no dia 20 de
setembro de 1935.
02 – SEGUINDO o TEXTO do DIÁRIO de Fernando CORONA autor do projeto e
supervisor direto da obra do prédio do Instituto FLORES da CUNHA
A construção deste prédio está registrada na memória
de Fernando CORONA. Este anotou esta memória no seu DIÁRIO[3]
escrito após a sua aposentadoria, em
1965, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O manuscrito original,
deste DIÁRIO, pertence à descendência deste arquiteto e escultor espanhol e que
adotou o BRASIL como pátria e que nela faleceu em 1979[4].
-
Diário de Fernando CORONA (1895 – 1979) fl.s
338 até 347–
-
1934
+ 1935 Anos 23 e 24 de permanência de
Fernando Corona em Porto Alegre
Fernando Corona em Porto Alegre
- ANO VINTE e TRÊS da PERMANÊNCIA de FERNANDO
CORONA em PORTO ALEGRE - -
Meus
trabalhos de arquitetura se desenvolviam como eu desejava na firma Azevedo
Moura & Gertum. Este ano de 1934 deveria ser para mim um ano consagrador.
03 – FLORES da CUNHA ou uma
DECIDIDA AÇÃO de um dos LÍDERES da REVOLUÇÃO de 1930 -
O General Flores da Cunha, chefe do Governo
Estadual pediu ao Engenheiro Fernando de Azevedo Moura para dar uma Chegada ao Palácio
Piratini.
O Dr. Moura me convidou para junto dele ouvir a
palavra do nosso governante. Era o General Flores da Cunha um dos homens que eu
mais admirava pelas suas virtudes de “condotiere”. Fomos recebidos muito bem e
em seguida foi dizendo:
-“Quero acabar com o cambalacho entre a firma
Azevedo Moura & Gertum e Danhe Conceição &; Cia. Vocês com as
concorrências dos colégios dividiu o bolo sem eu saber como é o segredo. Vamos
agora viver as claras. Quero construir duas obras importantes. A Escola Normal
e o Matadouro.
- Vou dar a
Escola Normal para vocês e o matadouro para o Dahne.
Podem iniciar
o estudo do terreno que deverá ser no campo da Redenção. Escolham o local que
eu depois me entenderei com a Prefeitura.
[1] DECRETO FEDERAL Nº 19.81 de 11 de abril de 1931
[2] DECRETO FEDERAL Nº - de 15 de novembro de 1889
[3] “CAMINHADA
de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde
se conta de como saí de casa e aqui
fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei
amo” Tomo I
604 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Propriedade da FAMÍLIA
dos DESCENDENTES de FERNANDO CORONA
[4] SUMÁRIO das POSTAGENS
RELATIVAS a FERNANDO CORONA . http://profciriosimon.blogspot.com.br/2017/04/206-estudos-de-arte.html
Fig.
03 – Localização do prédio do INSTITUTO
de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA num terreno na forma de um triângulo
irregular situado entre a Reitoria da UFRGS, Parque Farroupilha e avenida
Oswaldo Aranha em Porto Alegre. O prédio constitui uma das obras que
permaneceram dos Pavilhões da EXPOSIÇÃO FARROUPILHA aberta no dia 20 de
setembro de 1935. Neste evento funcionou como PAVILHÃO CULTURAL do ESTADO
apresentando pesquisas científicas, culturais e artísticas do Rio Grande do Sul
04– O ATO
CRIADOR IDEAL enfrenta e realidade
do DIA SEGUINTE
Saímos satisfeitos do Palácio e ao dia seguinte fui
até o Parque Farroupilha escolher o terreno. Para não entrar campo adentro
escolhi um triângulo irregular plano e de frente para a av. Osvaldo Aranha.
Munido das
medidas do terreno conforme levantamento feito por mim mesmo e algum auxiliar,
iniciei os estudos de um anteprojeto. Antes, porém, fiz uma visita a Escola
Normal dirigida pelo jornalista e poeta Emilio Kemp.
EMÍLIO KEMP in REVISTA ESTUDO[1]
Fig.
04 – O médico, pedagogo e político Emílio KEMP[2]
numa imagem de uma das suas subordinadas e publicada na REVISTA ESTUDO . Fernando
CORONA - ao conceber e realizar o prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da
CUNHA - teve em Emílio KEMP um facilitador e orientador dos seus passos e projetos. O Estado do RIO GRANDE do
SUL reconheceu a obra deste mestre fluminense e em sua memória conferiu o seu nome
à uma escola pública[3]
05–
Um PROJETO TORNA HISTÓRICO o MENTOR do prédio do Instituto FLORES da CUNHA e foi competente de reunir uma
equipe qualificada.
A nova Escola Normal era uma promessa feita em
público em 1931 pelo Interventor Federal General Flores da Cunha. Transcrevo a
notícia publicada pela imprensa.
“Em entrevista que o Dr. Emilio Kemp deu ao
“Jornal da Noite em 1934, declarou: Aqui estiveram os engenheiros Fernando de
Azevedo Moura e Lanry Conceição e mais o arquiteto Fernando Corona que, na minha
companhia e do Professor Drs. Alcides Cunha, engenheiro militar, Marques
Pereira, Médico, Tupi Caldas, Professora Dona Olga Acauan. Dona Consuelo Costa
e dona Maria de Abreu Lima, nos reunimos cada qual lembrando o que era
necessário para que o nosso edifício satisfizesse plenamente a finalidade de
uma Escola Normal moderna”.
[1] REVISTA ESTUDO Porto
Alegre RS 1922 - 1931 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-34592013000200005
[2] Emílio KEMP https://pt.wikipedia.org/wiki/Emílio_Kemp
ATENEU RIO-GRANDENSE - Foto Irmãos Ferrari, em
1900.
Fig.
05 – O prédio do ATENEU DOM AFONSO -
depois ATENEU RIO-GRANDENSE - teve a sua pedra fundamental lançado por Dom
Pedro II em 1846 numa visita do jovem imperador após a REVOLUÇÃO FARROUPILHA,
preocupado com a formação de docentes qualificados Este
prédio foi concebido sob a influência estética da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA[1]
como também o COLÉGIO SANTA TERESA, O prédio do Liceu Dom Afonso foi construído por Georg Karl Philipp Theodor von
NORMAN[2].
Apesar de seus relevantes serviços como
prédio publico, para a biblioteca publica o Ateneu era impensável para educação
infantil
Realmente, o velho casarão da
rua Duque de Caxias era imprestável. Fiquei assombrado quando Dona Olga Acauan
me mostrou as salas de aula, onde em cada uma havia mais de cem alunas
amontoadas. Além do sacrifício aquilo era ante humano.
[1] As ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL no IMPÉRIO BRASILEIRO e a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA https://profciriosimon.blogspot.com/2019/10/270-arte-rs-e-o-imperio-no-brasil.html
[2] Georg Karl Philipp Theodor von Normann, natural de
Halle e formado na Universidade Técnica de Dresden. Foi o autor dos mais
importantes edifícios da capital como o Teatro São Pedro, a Câmara Municipal, o
Liceu Dom Afonso (depois, Escola Normal), a igreja do Menino Deus, a ampliação
da Assembléia Legislativa e foi o construtor do Colégio Santa Teresa que se
constitui numa das duas únicas obras realizado fora do Rio de Janeiro por
Grandjean de Montigny, o famoso arquiteto da assim chamada Missão Francesa de
1816. Deixou numerosas obras pelo interior entre as quais a ponte sobre o Rio
Jacuí que se constituiu na maior obra da província daquela época. Günter WEIMER
in REVISTA DO Instituto Histórico e Geográfico do
... - seer ufrgs
Fig. 06 – Uma das obras divulgadas da Professora OLGA
ACAUAN foi a tradução CARTILHA QUERES LER[1]
cuja aplicação prática ela conheceu no URUGUAI num estágio de três anos. Obra do antropólogo e professor José Henriques FIGUEIRA[2]
descendente de portugueses nascido em Montevidéu.
O Diretor Emilio Kemp destacou a Professora Olga
Acauan para estudar comigo o programa – teste. A escola teria capacidade para
2.000 alunos com previsão para aumento, dividida em três setores.
Jardins da infância. Curso de Aplicação e Curso
Normal, com gabinetes de ciência natural, física, clube dos alunos, cozinha, merenda
etc
[1] Cartilha “QUERES LER” https://periodicos.furg.br/momento/article/view/5631
[2] José
Henrique FIGUEIRA (1860-1946) https://www.bvfe.es/autor/23150-figueira-jose-henriques.html
INSTITUTO FLORES da CUNHA – Foto Círio SIMON em
26.11.2019
Fig. 07 – O CURSO de APLICAÇÃO do INSTITUTO de EDUCAÇÃO assemelhava-se a um de
HOSPITAL de CLÍNICAS para uma FACULDADE DE MEDICINA. Os candidatos ao MAGISTÉRIO do INSTITUTO de EDUCAÇÃO tinham neste CURSO de APLICAÇÃO o seu
contato com mundo real do ENSINO e APRENDIZAGEM. Os candidatos ao MAGISTÉRIO davam o s primeiros passos concretos em sala de aula e na profissão
sob a supervisão e cuidados de pedagogos
qualificados de renome e experiência. O
JARDIM da INFÂNCIA e a PRÉ-ESCOLA
contava prédios próprios anexos e
integrados ao grande edifício do
INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA
06–
A REALIZAÇÃO de um SONHO de um ARQUITETO PRÁTICO com formação escolar de quarta
série primária.
Minha experiência em projetos escolares havia sido
provada nas escolas – tipo do interior do estado. Projetar a Escola Normal em
espaço livre, não dimensionado, era ideal, e para mim um sonho. O estudo
inicial foi por uma unidade de aula de 6,80m por 8.40m. O total do comprimento da
fachada, incluindo paredes iria a 127,95 metros.
Desenhado o
primeiro esboço, foi levado ao General Flores da Cunha incluindo orçamento que
alcançava mais de três mil contos de reis.
- O projeto é muito bonito, grandioso mesmo, disse
o general. Mas acontece que só posso gastar 2.000 contos de reis e nada mais.
Quero em vinte e quatro horas um reestudo com orçamento certo.
A vitima fui
eu, que trabalhei dia e noite sem dormir. O orçamento alcançava 2.198 contos de
reis se não me engano. O General aprovou o reestudo e encomendou a obra,
recomendando que a queria dentro de um ano.
Em fins de agosto
o projeto definitivo estava terminado, trabalho que fiz na escala de 1’50 sem
auxilio de nenhum desenhista.
Meu
compromisso com a firma era este: Durante a construção da obra, eu teria que ir
de manhã para dirigir os mestres e a tarde fazer os detalhes. A firma me pagava
um conto e oitocentos mil reis por mês. Eles resolveram pagar-me mais 50% dos
lucros da obra
INSTITUTO FLORES da CUNHA – Foto Círio SIMON em
26.11.2019
Fig. 08 – Na década de 1930 estavam no auge a crença e a
liderança dos ESTADOS NACIONAIS e da ERA INDUSTRIAL. No mundo o modelo de
Washington, Londres ou Berlim adaptaram esta estética aos produtos das máquinas
(cimento, ferro e tijolos..), No Brasil
a contribuição da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA, de 1816, ainda estavam na memória
de governantes e da população. Conforme
os registros de Fernando CORONA[1]
ele encontrou mestres de obra, mão de obra especializada proveniente da
explosão historicista que floresceu em Porto Alegre nas primeiras décadas do
século XX.
07 - A EQUIPE em AÇÃO sob a liderança do
ARQUITETO responsável e presente na obra do começo ao fim a OBRA.
E assim foram iniciados os trabalhos sob a direção
do mestre italiano José Vergo, com quem me desentendi um dia. Começava o
revestimento pela platibanda quando de longe verifiquei que estava fora do nível.
Subi os andaimes com o mestre Vergo e verificamos que a diferença era de 12
centímetros. Não seria nada se eu não notasse que com o cimento branco e pó de
pedra branca, havia umas pintas que me pareciam de cal. Reclamei e Vergo me diz
que usava cal para render mais metros quadrados. Protestei logo e dei ciência
no escritório. José Vergo foi substituído pelo espanhol de Minas Gerais José
Batista que terminou a obra a contento e muito bem.
O ato de
entrega da obra foi feito 360 dias após o inicio. Escolhi o estilo grego para o
desenvolvimento das fachadas. O pórtico, mais rico, seria inspirado nas colunas
jônicas do templo de Artemis[2].
[1] - Fernando CORONA foi um ativo interlocutor com a
ESCOLA NACIONAL de BELAS ARTES do Rio de Janeiro onde seu filho Eduardo CORONA
estudava ARQUITETURA. A par da renovação
de um Lúcio Costa e de Oscar NIEMEYER sempre encontrava a base do legado da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA. Desta ele nunca esqueceu a LIÇÃO de que a ARQUITETURA
é uma “ARTE NOBRE” que crua e não é criada ou serva.
[2] Templo de ARTEMIS https://www.metmuseum.org/pt/art/collection/search/252453
Templo de ARTEMIS
https://www.metmuseum.org/pt/art/collection/search/252453
Fig.
09 – A ORDEM JÔNICA buscava expressar a nobreza
da síntese entre a fantasia oriental com a objetividade ocidental da ORDEM DÓRICA. As colunas da ORDEM JÔNICA da fachada do prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA são um convite a pensar nas PANATENEIAS onde
desfilavam as solenes “KORÈS” passando ao lado de ERECTION que dirigem ao austero
PARTENON da Acrópole de Atenas .
08 – QUANDO o ARQUITETO ainda era ARTISTA na AUTONOMIA e agia como
aquele que concebe, principia e conclui a OBRA de ARTE
Eram fiscais da obra pela Secretaria de Obras
Públicas, os engenheiros João Batista Píanca, pela obra, Ciro Martins pela
instalação sanitária e Pereira da Costa pela eletricidade.
Como a
firma me conferisse carta branca para a execução da obra, eu mesmo fornecia os
detalhes para esquadria interna e interna, instalações sanitárias,
eletricidade, funilaria, carpintaria, etc. Chamava os interessados fornecedores
e eu mesmo resolvia escolher o mais conveniente.
INSTITUTO FLORES da CUNHA in CANEZ, 1998, p.209[1] e –
Foto Círio SIMON em 25.11.2019
Fig. 10 – A máscara era um das especialidades da arquitetura
de inspiração historicista com é prédio do Instituto de Educação.. Com função simbólica e eventualmente
prática como a gárgula. Fernando CORONA como PROFESSOR de MODELAGEM propunha
o tema da MASCARA aos seus estudantes como exercício de composição, de relevo e
o jogo de luzes e sombras
Fiz o desenho em tamanho natural e eu mesmo assumia a responsabilidade das
medidas na alvenaria de tijolo. Nada em escapava para nada faltasse na obra.
Das nove às onze da manhã corria pelos andaimes e à tarde já levava as medidas
exatas para a execução dos detalhes. –
[1] CANEZ, Anna Paula. Fernando
Corona e os caminhos da arquitetura moderna
de Porto Alegre. Porto Alegre : Faculdades Integradas do
Instituto Ritter dos Reis, 1988 209 p. ilust.
Fig.
11 – Na foto[1]
o professor, escultor e arquiteto
Fernando CORONA mergulhado nas suas memórias
um pouco antes de sua aposentadoria no ano de 1965. Trinta anos após o final das obras do
prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO ele iniciou os presentes registros no seu DIÁRIO como um mergulho na sua própria MEMÓRIA
- ANO VINTE e QUATRO da PERMANÊNCIA de FERNANDO
CORONA em PORTO ALEGRE –
09 - Os PRAZOS e o CRONOGRAMA IMPLACÁVEL as
etapas, as terceirizadas e o ORÇAMENTO a ser RESPEITADO e SEGUIDO com RIGOR.
Estamos em 1935. Durante todo ano até o fim da
construção de Escola Normal, estive dedicado exclusivamente a esse trabalho de
organizar as etapas. O contrato firmado dava o prazo de 365 dias para a entrega
da obra terminada. Sem que me ocorra o dia marcado, mas com certeza 360 dias
após o inicio, reunimo-nos na obra, os engenheiros João Pianca pela obra
propriamente, Ciro Silveira pela instalação de água, e esgotos e Pereira da
Cunha pela eletricidade e eu representando a firma Azevedo Moura &; Gertum.
Juntos corremos o edifício inspecionando-o. Verificada a boa execução e tudo em
ordem, os quatro assinamos o termo da entrega oficial do imóvel à Secretaria
Estadual de Obras Públicas, recebendo eu dos engenheiros supracitados o parabéns
pelo bom acabamento dos trabalhos.
Fato
inédito aconteceu na construção da Escola Normal que levou o nome de Flores da
Cunha. Estabelecido um preço de empreitada de dois mil e tantos contos de reis,
não houve alteração nem extras que aumentassem o custo pré-estabelecido. Foi o
meu maior orgulho. Durante a construção não deixei passar nenhum detalhe, tudo
foi previsto e não dei pretextos nem sugeri aumentos de alterassem para mais a quantia
empreitada. Sem dúvida, fiz ver isso aos engenheiros e eles confirmaram que na
história das Obras Públicas do Estado, jamais se havia feito uma obra sem que
tivesse aumento de custo ao final.
Mais
tarde, verificadas as contas e liquidadas as dividas com fornecedores verificamos
que a construção da Escola Normal dera à firma Azevedo Moura &; Gertum um
lucro líquido de quatrocentos contos de reis. Como eu havia combinado que receberia
da firma construtora 5% dos lucros líquidos, eu tinha um direito de receber 20
contos de reis. Era justamente a quantia que eu ainda devia da construção da
minha casa à rua Dr. Timóteo. Com esses 20 contos liquidei o débito passando em
seguida a ser feita a escritura.
[1] Foto do Álbum no
2 “ESCULTURA dos ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES” contém fotos e
escritos de 1957 até 1965 em 71 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 167 fotos coladas ARQUIVO GERAL do Instituto de Artes da. UFRGS
INSTITUTO FLORES da CUNHA in CANEZ, 1998, p.180 e– Foto Círio SIMON em 26511.2019
Fig.
12 – O projeto de Fernando CORONA na sua primeira
versão continha estátuas e métopas e que desapareceram com a redução do
orçamento, preso ao orçamento e a o rígido cronograma de um ano. Na
atualidade o PRETENDIDO RESTAURA DESTE PRÈDIO consumiu todos os orçamentos e se arrasta por anos a fio no procrastinação
que o publico interpreta como "INDÚSTRIA DO RESTAURO" cujo único objetivo que é
engordara as contas bancárias das sucessivas empreiteiras sem que ela venham a
público ou se apresentem na Justiça.
10 – O ORGULHO e a RECOMPENSA após o trabalho
intenso .
Considero a construção da Escola Normal (hoje
Instituto de Educação General Flores da Cunha) como a obra mais importante de toda
a minha vida profissional. Tive muita felicidade ao projetá-lo e não é só a
beleza que ainda hoje encontro na obra, mais por que a dirigi e administrei.
Era a primeira vez que Azevedo Moura & Gertum me davam carta branca para
organizar os detalhes e com eles a concorrência dos fornecedores. Minha maior
satisfação foi a de ver a obra crescer diariamente.
INSTITUTO FLORES da CUNHA – Foto Círio SIMON em
26.11.2019
Fig.
13 – A coluna da ordem jônica - escolhida pelo arquiteto Fernando Corona
para o prédio do INSTITUTO FLORES da CUNHA
- contem a elegância na austeridade republicana e a coerência da
organização. A sua estética está
distante de qualquer intriga, de bairrismo e
do personalismo. Esta coluna expressa a eficácia arquitetônica, e
confere a publicidade de propósitos austeros e a moralidade da economia dos
meios plásticos. Nela não é possível acrescentar e nem tirar algo sem
desqualificar esta CRIAÇÃO plástica.
11 – DETALHES dos PROBLEMAS TÉCNICOS e o papel da IMAGINAÇÃO CRIADORA.
Inclusive tive problemas técnicos, de difícil
solução, que a final foram resolvidos como eu imaginava. Por exemplo: a
execução das oito colunas do Pórtico. Eu não queria emendas e imaginei um
sistema que deu resultado positivo. Estas colunas levantadas em tijolo têm um
metro de diâmetro por nove metros de altura total, incluindo base ática e
capitel jônico do Templo de Artemis[1],
que eu mesmo modelei. O havia desenhado em tamanho natural. Para que as colunas
soltas não tivessem emendas os andaimes foram divididos em quatro partes. Em cada uma trabalhava um pedreiro-frentista.
As colunas galbadas tinham caneluras gregas que eram cortadas com ferros curvos
ainda no emboço de cal, areia regular e cimento. Esta foi a primeira face da
execução das oito colunas. Para o revestimento de pó de mármore com mica e
cimento branco, os frentistas me revestiam uma coluna por dia, o que era um
recorde de técnica. Ainda dava tempo para marcarem as juntas horizontais como
se as colunas fossem de pedra. Uma vez terminadas as colunas colocavam o
capitel em cada uma. Em seguida faziam as bases.
[1] A DEUSA ARTEMIS https://www.todamateria.com.br/artemis/
Ártemis é a deusa da caça, da Lua, da castidade,
do parto e dos animais selvagens. É uma das mais veneradas divindades da
mitologia grega e na mitologia romana ela é chamada de Diana. Considerada uma
fantástica caçadora, Ártemis era cultuada por aliviar as doenças femininas,
proteger as crianças e os jovens.
INSTITUTO FLORES da CUNHA – Foto Círio SIMON em
26.11.2019
Fig.
14 – A MANDALA constitui-se em símbolo do TODO numa
unidade, Psicologicamente esta construção formal expressa o indivíduo que busca
expressar a sua UNIDADE na busca de se pertencimento ao grupo Na pedagogia da "DIDÁTICA MAGNA" de Comenios, a FLORAÇÃO
é o resultado de uma lenta e penosa acumulação de energias a espera do momento
oportuno de se manifestar no MUNDO EXTERNO.
12 – A ALEGRIA como a “PROVA dos NOVE” da OBRA REALIZADA pelo ARTISTA.
+ Eu me sentia feliz por ter conseguido os melhores
frentistas todos meus amigos. Com eles pude demonstrar o que a técnica pode
conseguir ou trabalho ordenado. O próprio mestre da obra José Batista me
facilitava tudo, inclusive certas desempenadeiras de madeira curvadas de acordo
com a canelura em cada andar do andaime. Terminadas as colunas lavamo-las com ácido muriático e água dando a impressão de pedra lavrada.
Fig.
15 – A escadaria monumental do prédio do Instituto
de Educação é visivelmente inspirada naquele do Palácio Piratini. Fernando
CORONA havia trabalhado neste Palácio e escreveu e publico[1]
a sua memória. Na escadaria do prédio do Instituto aproveitou as três telas monumentais
encomendadas pelo governo e não instaladas, mas guardadas nas dependência do Palácio
Piratini. A foto acima é de da entrega de um restauro destas três telas
13 – O QUE PERMANECE de um PRÉDIO é o PENSAMENTO do DIÁRIO do seu
ARQUITETO, que ENSINA e RECLAMA por DIGNIDADE mesmo estando em RUÍNAS.
As
majestosas RUÍNAS do prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA de Porto
Alegre constituem um violento contraste e um libelo contra o PRESENTE, do ano de 2019, o RIO GRANDE do
SUL. São RUÍNAS de uma ÉPOCA no qual o Estado TINHA ainda um
GOVERNO de VERDADE.
GOVERNO
e LIDERANÇAS de VERDADE que não pautava as suas ações, apenas pela ECONOMIA
RANÇOSA e pelo COMPADRIO de SÓCIOS ESPÚRIOS que
DESQUALIFICAM a EDUCAÇÃO, a
CULTURA e a ARTE.
A
atual DECADÊNCIA e ABANDONO das OBRAS FÍSICAS - do prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA de Porto Alegre – são SIGNOS de um TEMPO no qual se
acumulam provas concretas das desesperanças num GOVERNO de UM ESTADO NACIONAL. GOVERNO
em franca e inquestionável incompetência para encontrar um PROJETO nos largos
horizontes de uma EDUCAÇÃO ESCOLAR DIGNA e de QUALIDADE.
A
atual DECADÊNCIA e ABANDONO das OBRAS FÍSICAS do prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA de Porto Alegre confere rosto visível ao ACHATAMENTO
salarial e desprestigio e desconfiança nos profissionais da Educação. Profissionais da Educação que necessitam se
contentar com as miseráveis favelas denominadas de PRÉDIOS ESCOLARES. Prédios
que são RUÍNAS ESCOLARES, nos quais faltam projetos viáveis e adequados à
SOCIEDADE, LUGAR e TEMPO Prédios que são RUÍNAS ESCOLARES, nos quais faltam de
equipamentos pedagógicos públicos. PRÉDIOS ESCOLARES que se transformaram em
lugares de um patrulhamento inclemente da ação educação de quem se candidata ao
MAGISTÉRIO.
Longe
vão os ideais de Fernando CORONA que deixou de ser ESCULTOR para formar ESCULTORES
numa ESCOLA SUPERIOR PÚBLICA. Fernando CORONA que deixou de ser ARQUITETO para
formar arquitetos. ARQUITETOS sem emprego ou na heteronomia e empregados de
outras profissões. ESCULTORES rebaixados a decoradores de festinhas sem ocasião
para demonstrar as qualidades aprendidas com o seu mestre portador de poderosas
ideias e com uma obra notável material.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CANEZ, Anna Paula. Fernando Corona e os caminhos da arquitetura moderna de Porto Alegre. Porto Alegre :
Faculdades Integradas do Instituto Ritter dos Reis, 1988 209 p. ilust.
CORONA, Fernando (1895-1979). Palácios do governo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : CORAG,
1.973, 44 p. il col.
-----------“CAMINHADA de FERNANDO CORONA:
Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí
de casa e aqui fiquei para sempre: nasci
num lugar e renasci em outro onde encontrei amo” Tomo I
604 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Propriedade da FAMÍLIA dos DESCENDENTES
de FERNANDO CORONA ( 1 )
------------“CAMINHADA de FERNANDO CORONA.
Tomo II 1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer
em outro” Tomo II 220 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Propriedade da FAMÍLIA dos DESCENDENTES
de FERNANDO CORONA ( 2 )
------------“ESCULTURAS dos ALUNOS do
INSTITUTO de BELAS ARTES” Álbum no 1 contém fotos e escritos de 1938
até 1956 99 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 332 fotos coladas ARQUIVO
GERAL do Instituto de Artes da
UFRGS
-------------“ESCULTURA dos ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES” Álbum no 2
contém fotos e escritos de 1957
até 1965 71 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 167 fotos coladas ARQUIVO GERAL do Instituto de Artes da. UFRGS
FIGUEIRA, José Henrique Queres ler?
(Tradução e adaptação por GAYER, Olga Acauan e SOUZA, Branca Diva Pereira de).
Porto Alegre: Ed. Martins fac-símile da
30ª ed], 2007, p.124[2]
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
DECRETO FEDERAL
Nº - de 15 de novembro de 1889
DECRETO FEDRAL
Nº 19.81 de 11 de abril de 1931
1ª versão desta narrativa
MURAIS para o PALÀCIO
PIRATINI
Templo de
ARTEMIS
A DEUSA ARTEMIS- mitologia
As
ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL no IMPÉRIO BRASILEIRO e a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA https://profciriosimon.blogspot.com/2019/10/270-arte-rs-e-o-imperio-no-brasil.html
Cartilha “QUERES
LER?”
REVISTA ESTUDO Porto
Alegre RS 1922 - 1931
Emílio KEMP
Escola EMÍLIO
KEMP
ENSINO SECUNDÀRIO na
PROVÌNCIA do RIO GRANDE do SUL
SUMÁRIO das POSTAGENS RELATIVAS a
FERNANDO CORONA
[1] CORONA, Fernando (1895-1979). Palácios do governo do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre : CORAG, 1.973, 44 p. il col.
[2] O livro ¿Quieres leer? foi publicado, em 1892. pelo educador
uruguaio José Henríquez Figueira, Ele era Inspetor Escolar desde 1884, sendo
sua obra didática reconhecida como propulsora de um método da leitura estruturado
sobre bases científicas, verdadeira inovação pedagógica iniciada à época. Como
o poeta luso, o educador uruguaio teve que vencer ideias relacionadas ao ensino
da leitura que se contrapunham ao seu método no Uruguai. Uma missão da Escola
Complementar de Porto Alegre, formada por professores/as e alunas mestras, foi
a Montevidéu em 1913, com a incumbência de observar métodos de ensino seguidos
nos estabelecimentos de instrução pública da adiantada República vizinha
(Trindade, 2001). Olga Acauan e Branca Diva Pereira de Souza estavam entre as
alunas-mestras que compunham a missão que adaptariam a obra didática uruguaia
de Figueira, Esta foi aprovada pela Comissão de Exame das Obras Pedagógicas em
1924 e indicada por essa Comissão para adoção na Instrução Pública do nosso
Estado em 1929, identificado-a como de orientação
"analítico-sintética".
VER:
TRINDADE, Iole Maria Faviero A PRODUÇÃO DE IDENTIDADES ALFABETIZANDAS
SUL-RIO-GRANDENSES NA INTERSECÇÃO DE INFLUÊNCIAS EUROPÉIAS E LATINO-AMERICANAS
– Disponível na Internet em
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