quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

145 – LOGÍSTICA em ESTUDOS de ARTE: forma e pensamento.


A presente postagem inicia uma série de publicações sob a designação LOGÍSTICALOGÍSTICA que visa fornecer documentos com recursos teóricos para quem PESQUISA ARTES VISUAIS e deseja socializar o seus resultados. LOGÍSTICA que distingue a PESQUISA ESTÉTICA da singela e da necessária ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA. São documentos em português e visam a cultura sul-rio-grandense. Como tais são textos datados e inscritos numa determinada cultura. Espera-se que sejam imediatamente superados por melhores e de mais alta e larga utilidade para a PESQUISA ESTÉTICA SUL-RIO GRANDENSE de alto nível. 
CASAL PAQUIO PROCULO  - Pompeia – c. 70 d.C.
 

¿ POR QUE CONSTRUIR UMA FORMA 

ADEQUADA AO MEU PENSAMENTO ?

                                                                                                           Círio  Simon

       ¿ Qual é a minha contribuição positiva para a cultura e para a arte de uma civilização estruturada antes e fora de mim?

Evidente que estou trazendo algo único e insubstituível. Mas, o meu ‘novo’, é relativo a algo que é externo a mim. Esse algo externo, é a civilização distinta de cultura (Chaves de Melo, 1974 : 25) Civilização exige de mim, no mínimo, consideração e atenção as suas razões e formas nas quais ela é capaz de funcionar e se reproduzir. Caso contrário, devo voltar a pré-história, e começar uma civilização minha, baseada nos ‘meus’ princípios, ou então, permanecer na civilização, circulando na contramão e cheio das ‘minhas razões’, sendo visto como marginal, sem direitos, na civilização que tento desconsiderar, pela minha conduta  e cultura aversiva ou deslocada no tempo e no espaço.
    Gosto de ser levado a sério quando afirmo algo sério. Mas para que esta afirmação seja levada a sério, a forma, pela qual faço a afirmação, também deve ser levada a sério por mim.  "O meio é a mensagem"  afirmou Mc Luhan.
     Um trabalho civilizado deve ter uma forma civilizada. Esta forma civilizada é uma forma que seja aceita em qualquer parte da civilização da qual pretendo fazer parte. A construção da forma civilizada é um trabalho feito com as normas que regem uma civilização anterior e externa a mim. O meu saber deve chegar ao nível da palavra. Palavra bem formulada numa dada cultura humana, bem expressa verbalmente e bem formulada por escrito. O resto é ruído, ou seja, interferência na comunicação. O meu valor, na sociedade civilizada, equivale ao que souber comunicar civilizadamente.  Numa época de pressa e de informática, ninguém tem tempo para algo mal formulado. A informática possui suas leis. Estas leis não podem ser violadas, sob pena de a comunicação não fluir. Muitas vezes pessoas se anulam, ou, são anuladas socialmente, porque não sabem colocar a sua contribuição na forma civilizada que essa verdade exige para ser recebida na sociedade.
    A nossa sociedade informatizada, baseada no computador, está se acostumando devagar aos comandos desta ferramenta. Estes comandos são precisos e unívocos. A construção lógica e  disciplina  do ordenador, nos está levando a uma nova lógica  e uma nova disciplina mental e física correspondente. Esta disciplina física é a forma como nosso pensamento deve ser exposto para se tornar legível de uma forma rápida e universalmente aceito.  Do Discurso do Método de Descartes (1592-1650) vale aqui o primeiro princípio (1983 p.37) de "nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo  em  dúvida."
        O saber e o conhecimento são trabalhos como quaisquer outros. A escola não é uma fuga do trabalho braçal. Não é um congresso de marginais e vagabundos.. Um dos trabalhos, além de adquirir o saber, é dar forma digna ao nosso saber, forma que muda segundo o tempo, o conteúdo e a natureza deste saber institucionalizado.
         Educação sempre foi entendida como respeito ao outro. Este respeito se traduz pelo modo de me apresentar e conduzir diante do meu semelhante. É na forma que dou ao meu trabalho que traduzo o grau de minha educação. Existe toda uma tradição institucional destas formas de apresentação de trabalhos acadêmicos. Se desejo ser reconhecido neste meio institucional, o mínimo que se exige de mim, é conhecer estas formas acadêmicas. O pesquisador mineiro Salomon resumiu (1974 p.193) a questão  "Todos sabemos que não basta adquirir mentalidade científica, saber realizar investigação: é preciso comunicar."                                                              
      Para iniciantes nem para amadores não é solicitada, neste momento, tarefa de produzir textos mais elaborados. O estágio do presente trabalho supõe o pré-requisito de 12 anos de escolaridade fundamental é média no mínimo. Neste estágio supõe-se que as pessoas desejam - e possuem o firme projeto de - se constituírem em profissionais institucionais da área cultural. Espera-se que estes profissionais institucionais tenham êxito na condução do seu pensamento por formas institucionalizadas e que culminam na produção de textos coerentes com este estágio cultural superior.
      A verdade é que na cultura brasileira, fomos pouco acostumados a usar esta forma amadurecida de conduzir o nosso pensamento na sua expressão mais universal. Apenas estamos acostumando a primeira geração nessa tarefa de uma cultura institucionalizada.. Sempre fomos tratados com a cultura de massa e como rebanho. O brasileiro foi proibido de ler até 1822. As nossas primeiras universidades são de 1931. Estamos tentando sair, a duras penas, da marginalidade cultural a qual fomos condenados até hoje. Acabamos  gostando da escravidão mental (heteronímia). O resultado deste reducionismo permitiu  tradicionalista Paixão Cortes sentenciar (1984 p.7) "O brasileiro fala muito, documenta pouco, analisa menos e conclui definitivamente, a sua moda, na hora que interessa”, revelando um dos efeitos deste heteronímia e descrédito do pensamento produzido no Brasil.                      
       A busca da verdade, dentro de um projeto civilizatório, é muito maior do que qualquer de um de nós. Obriga-me a um exercício de honestidade tão grande, ou maior, do que do economista. O roubo da verdade, de descobertas pessoais, propriedade intelectual ou artística, é um crime tão grande, ou maior, do que o roubo da fortuna física de outra pessoa. Quantas vezes roubamos ou nos apropriamos de ideias, frases ou pesquisa de outros e não acusamos de quem é a ideia, frase ou pesquisa. A ABNT pretende distinguir o que é de quem;  é a ética da reversibilidade em que acusamos as fontes nas quais fomos buscar a alimentação e a solidificação das nossas ideias.
      Quando roubamos, também mentimos. É indispensável apreender a valorizar as descobertas e os valores dos outros se nós mesmos queremos ter algum significado numa civilização. Não existe alguém que não possua algum significado intrínseco e único. Se, no meu trabalho e pesquisas, não distingo o que é meu do que é dos outros, as minhas descobertas, por maiores que sejam, caem em descrédito total. Países mais adiantados, que o nosso, nesta busca da verdade e nas suas exigências, nos tratam como "macaquitos brasileños" pelos roubos intelectuais que praticamos. E por cúmulo, achamos esta prática bonita e divertida. Este hábito e mentalidade põe em suspeita toda a busca da verdade e produção acadêmica e administrativa posterior.
O prêmio para quem segue o princípio da honestidade intelectual, é chegar a conhecer a si próprio, pela separação, que sabe fazer, do que é seu, do que é dos outros. Os antigos já definiam que "escravo é aquele que faz os objetivos do outro". O pior escravo é aquele que faz os objetivos do outro, sem se dar conta desta escravidão e dependência intelectual. A heteronomia é o contrário da autonomia. O nosso objetivo é a autonomia, como pessoa intelectual adulta, e, que distingue, em si mesmo, o que é original e o que pertence aos outros.


              FONTES BIBLIOGRÁFICAS do PRESENTE TEXTO

CHAVES de MELO. Gladston. Origem, formação e aspectos da cultura brasileira. Coimbra: Editora ( ?) , 1974

DESCARTES, René (1596-1650).   Discurso do método. (3ª.ed)  São Paulo: Abril Cultural 1983

PAIXÃO CORTES, João Carlos. Aspectos da música e fonografias gaúchas. Porto Alegre: Repressom   1984     117p.

SALOMON, Délcio Vieira. Como se faz uma monografia : elementos de metodologia do trabalho científico (4ª.ed)     Belo Horizonte : Interlivros  1974    301p. 
       
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ALGUMAS FONTES BIBLIOGRAFIAS para ORIENTAÇÕES de TRABALHOS CIENTÍFICOS:

BECKER, Fernando et alii. Apresentação de trabalhos escolares. Porto Alegre : Redacta 1978 
BRUYNE, Paul da, et alii. Dinâmica da pesquisa em ciências: os pólos da prática metodológica.
        Rio de Janeiro : Francisco Alves 1977   252p.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. Lisboa : Editorial Presença 1982  219p.Existe edição  brasileira
LUFT, Celso Pedro. O escrito científico: sua estrutura e apresentação (3ª.ed).Porto Alegre: L
[Conheça na Biblioteca as normas da ABNT e NB, para apresentação de trabalhos científicos : fale com a Bibliotecária profissional ]


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

"O meio é a mensagem"  Mc Luhan.

Veja como é tratado o furto acadêmico em outras culturas 

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