GONDOLEIROS
e NAVEGANTES.
Fig. 01 - A imagem do Gondoleiro nas circunstâncias Pós-industriais evoca a sua origem, lembra a sua culminância e distante do seu desaparecimento
Seu ZEITGEIST é outro no meio de
personalidades de larga projeção no seu TEMPO. Distante do VOLKSGEIST aglomerados e legíveis por meio
da sua SINCRONIA. O que não se pode ignorar é o restrito e limitado WELTGEIST desta
projeção.
A
época Pós-industrial é constituída, e se move, por NAVEGANTES e GONDOLEIROS da
REDE MUNDIAL e do ESPAÇO EXTERNO. Por isto é apropriado visitar a origem do
termo, a classe profissional e a difusão
cultural do termo GONDOLEIRO como NAVEGANTE.
Ainda
melhor ver concretizado numa sociedade este conceito apropriado pela classe trabalhadora
de um bairro industrial. Bairro, sociedade e economia que se movem num tempo de
rápidas e implacáveis mudanças provocadas
pela época pós-industrial.
Fig. 02 - A figura e a profissão do Gondoleiro
mantem-se ativos, em Veneza, apesar de todos os recursos tecnológicos que o
transporte aquático sofre ou já sofreu. O
que não se pode ignorar é o largo e ilimitado WELTGEIST de sua projeção
mundial. Esta larga projeção mundial
mantém aceso o seu ZEITGEIST no qual a personalidade
do Gondoleiro consegue impor o ritmo
do seu TEMPO multissecular. Evidente que
para tias feitos colabora o VOLKSGEIST que
ele soube construir em todas as nações, povos e etnias que o visitam e são
transportados por ele física ou virtualmente como no presente texto.
.
Na Veneza decadente e
entregue a sua própria sorte - após a descoberta da rota marítima para do
Oriente e os caminhos pelo mar para a América - emergiu a consciência coletiva
da classe anônima dos gondoleiros. Classe surgida no trabalho comum de conduzir
a população pelos canais da cidade. Classe que organizou, criou um contrato
coletivo e que transformou em lei e rege licenças e caminhos nos canais de
Veneza. Esta guilda de barqueiros gondoleiros estabelece a comunicação no
arquipélago que constitui no seu conjunto a cidade de Veneza. Veneza é uma
cidade plantada num banhado como as cidades de Amsterdã, Londres, Nova Iorque e
São Petersburgo que imitaram o exemplo italiano.
Fig. 03 - A cidade de Veneza continua a ser
paradigma do Carnaval. A imagem do Gondoleiro, com um dos índices desta
celebração, distante das circunstâncias de sua origem, sua culminância e o seu desaparecimento. Porém
a sua memória, cultura e trabalho são ressuscitados e mantidos vivos,
atualizados e transportados para lugares como o Clube Gondoleiros de Porto
Alegre e distantes de sua origem. Assim
a capital sul-rio-grandense manteve viva esta memória com o BLOCO dos
VENEZIANOS[1].
Em
Porto Alegre os caminhos das águas foram determinantes para a sua origem,
consolidação e consciência de si mesma. O próprio nome Porto Alegre – diferente
de "Portalegre" lusitana – relembra esta identidade. No âmbito do Quarto Distrito
da capital sul-rio-grandense o bairro NAVEGANTES materializa, evoca e celebra a
classe anônima dos intrépidos e anônimos condutores e passageiros dos barcos de todos os tamanhos, bandeiras e cores que rumam para Porto Alegre ou ali aportam.
[1] - VENEZANOS e ESMERALDA - http://www.clicrbs.com.br/especial/br/carnaval/conteudo,0,2330,Historia.html
Fig. 04 A imagem da procissão fluvial da imagem de
Nossa Senhora dos NAVEGANTES –ao percorrer um dos braços do afluente do GUAIBA
- recorda longinquamente as festas
aquáticas que se desenvolveram tendo como cenários os braços da Laguna que
cerca a cidade de Veneza. Assim o Clube dos GONDOLEIROS reivindica e
cultiva a memória dos trabalhadores Gondoleiros. Certamente a recompensa do trabalho
está intimamente associada ao trabalho, à vida e aos costumes destes
profissionais do Guaíba e da Laguna que
trabalham sobre as águas.
O
termo GONDOLEIROS evoca a figura - e a
classe - daqueles que ganham a vida e
seu sentido nas rotas aquáticas. Como classe de trabalhadores individuais
anônimos ganha identidade coletiva neste
contexto. Permanece a legitimidade do TRABALHO em COMUM. Ao mesmo tempo
sublimam o seu trabalho coletivo, transfigurou-se em CLUBE ESPORTIVO. Com esta
designação permanece nas águas de Porto Alegre a legitimidade dos remadores
esportivos. Permanece a legitimidade daqueles que se arriscam e enfrentam as
rotas físicas das múltiplas redes físicas dos caminheiros, dos ferroviários e
aeroviários com suas sedes no Quarto Distrito. Rotas físicas que na época
Pós-industrial exigem um rigoroso planejamento virtual, acompanhamento por
satélite, avaliação das rotas e das chegadas com segurança e eficácia.
Fig. 05 - A procissão e a festa de Navegantes no
dia 02 de fevereiro de cada ano na reúne em uníssono, no Quarto Distrito de
Porto Alegre todas as idades, credos e origens
étnicas. De outro lado existe
nítida discriminação desta manifestação da parte da classe econômica e daqueles
que se julgam da casta dominante. São as instituições - que permeia o Bairro
Navegantes - que são capazes de
transformar esta contradição em complementariedade. Entre estas instituições
estão indubitavelmente os CLUBE dos GONDOLEIOS e JANGADEIROS[1].
O dia
02 de fevereiro, de cada ano, é a data na qual se celebra com único feriado
municipal de Porto Alegre[2]
no qual os CLUBES NÁUTICOS conduzem a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes
(LAYTANO[3],
1955). Nesta festa, dia e lugar fundem-se as tradições religiosas e as culturas
festivas deste povo alegre e comunicativo. Fundem-se numa intensa integração
como toadas nacionalidades de origem. Fundem-se na medida em que é da natureza
do 4º Distrito de Porto Alegre ser lugar de rápida passagem e de estacionamento
provisório
Permanece
a legitimidade daqueles GONDOLEIROS OFICIAIS ou mesmo os FORA da LEI. O QUARTO
DISTRITO no qual está encravado o BAIRRO NAVEGANTES é um bairro operário, de
trânsito e de estacionamento. Na sua vetustez e resistência este BAIRRO NAVEGANTES mostra, ao longo do tempo e da sua geografia, índices de gerações de trabalhadores das mais
variadas profissões e está construindo a sua identidade própria, operária e
distintiva entre os demais bairros da capital sul-rio-grandense (MARÇAL[4],
2004).
[1] - CLUBE
JANGADEIROS de PORTO ALEGRE http://jangadeiros.com.br/
[2] - FESTA dos NAVEGANTES mais PROFANA do que RELIGIOSA http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28469/000769997.pdf?...1
[3] - Dante LAYTANO: FESTA DE NAVEGANTES https://www.traca.com.br/livro/103788#
[4] João Batista
MARÇAL http://eusoufamecos.uni5.net/vozesdoradio/joao-batista-marcal/
Fig. 06 – O Clube Gondoleiro - no seu endereço atual - continua
e renova o interesse pelo Carnaval. A
nova geração encontra ali um lugar de pertencimento e de interação renovada pelos novos meios
tecnológicos, costumes e meios de expressão humana. Permanece a instituição
que acolhe, estimula e orienta estas expressões humanas universais.
Porém
a razão da fundação da Sociedade Gondoleiros está associado aos festejos do
Carnaval em data móvel, mas próxima, no calendário, desta data. Um das
motivações desta agremiação é a grande massa da imigração italiana do Rio
Grande do Sul é procedente do Vêneto italiano. Ali se funde com os “Italianos da Esquina” na expressão e
obra de Núncia Santoro. Estes “Italianos
da Esquina” eram urbanos na sua origem e haviam precedido a grande
imigração oficial que aportou no Rio Grande do Sul a partir de 1875 e cuja
grande massa eram agricultores.
Fig. 07 - O tradicional prédio do Clube Gondoleiro está passando por uma intensa e
inteira reciclagem sem perder a sua identidade visual. Ganha, não só o
prédio, ou os seus atuais proprietários,
mas a identidade local. Identidade
rica - não só em memórias individuais e coletivas passadas -
mas habitada por um sentimento de pertencimento ao seu lugar de origem e
de gerações de frequentadores.
Não
faltaram agentes políticos originários do Bairro Navegantes e que se projetam
no âmbito da metrópole e mesmo nacionalmente. Apesar de figurarem nos nomes do
prédio ALUÍSIO FILHO da Câmara Municipal. Entre os senadores o também pintor.
memorialista[1]
e escritor como GUIDO FERNANDO MONDIN (1912-2000).
Fig. 08 - Na imagem de 2016 do prédio do Clube Gondoleiro
resistente ao seu desaparecimento físico
e institucional. Enquanto isto o imponente prédio do CINE TALIA - seu
vizinho - deixou um enorme buraco urbano,
na mesma avenida e calçada da Avenida
Roosevelt (antiga EDUARDO) do Quarto Distrito de Porto Alegre.
Bairro
de oficinas de escultures como Wenzel Folberger (--1915) , de artistas
cineastas como Eduardo ABELIM[1]
com avant-premières no Cinema Thalia[2]
da Av. Eduardo, pintores como Francisco Brilhante (1901-1987), Edgar KOETZ
(1913-191969), Gatão HOFSTETTER ( 1917-1987).
[1] Eduardo AMELIM com o filme “EM defesa da honra da
irmã” rodagem no Quarto Distrito e avant-première em 11.11.1926 no Cinema
THALIA da av. Eduardo – Atual Presidente Roosevelt
[2] CINEMA THALIA e
outras salas de CINEMA do Quarto
Distrito
Fig. 09 - A imagem distante do prédio do Clube Gondoleiro indica as circunstâncias de sua origem, sua culminância e a sua resistência ao seu
desaparecimento Enquanto isto o imponente prédio do CINE TALIA, seu vizinho,
deixou um enorme vazio urbano na mesma avenida e calçada do Quarto Distrito de
Porto Alegre. A distinção entre GONDOLEIROS e TALIA é que este foi expressão da ERA INDUSTRIAL em nítidos fins
comerciais e capitalistas e que não resistiram à passagem do TEMPO. Enquanto o prédio do Clube GONDOLEIROS foi na
origem, e continua sendo, uma
instituição fundada e destinada para durar e se renovar por tempo indeterminado
com o objetivo de transformar continuadamente as contradições em
complementariedades.
Numa
das conclusões é que o 4º Distrito é lugar de passagem (rápida) e
estacionamento (provisório). Assim todo o tumulto e vida social, econômica e
política possui pouco TEMPO de atenção, de distinção, observação e estudo
sistemático.
Fig. 10 – Conhece-se
pela sua mesa a cultura de criatura
humana (VOLKSGEIST). A imagem do churrasco improvisado numa calçada
ou na Praça Pinheiro Machado é cena
comum ao redor do Clube Gondoleiros Gondoleiro do Bairro Navegantes . Hábito o
rural e da campanha sul-rio-grandense adaptado e improvisado no meio urbano (WELTGEIST). O Quarto Distrito de Porto Alegre, e,
em especial a Bairro Navegantes constitui uma membrana entre o mundo rural e o
mundo urbano ZEITGEIST ao mesmo tempo o
CLUBE GONDOLEIROS é índice da memória do imigrante italiano ao qual vieram
juntar-se outros etnias de imigrantes europeus mesclando-se ao hábitos e
costumes dos que os antecederam no Novo Mundo.
De
outra parte as expressões e as evidências da época Pós-industrial confluem e
fluem rapidamente na Quarto Distrito de Porto Alegre, em particular no bairro
NAVEGANTES. A Sociedade GONDOLEIROS é uma destas variadas expressões desta era
pós-industrial. A Sociedade GONDOLEIROS de Porto Alegre assim como a cidade de
Veneza, sempre ameaçada pelas águas e a natural entropia do tempo e da moda fez
do movimento, da criatividade e de sua constante renovação.
Fig. 11 – A
permanência secular da memória e da cultura necessitam instituições ao nível do
repertório do expatriados e que vieram ao Novo Mundo por alguma necessidade não
satisfeita nos seus países de origem Para os gregos clássicos o estatuto do
estrangeiro era um passaporte que igualava e até, em certos pontos, tornava superior aos cidadãos nativos que o
recebiam. Nestes pontos superiores os gregos clássicos aprendiam com o
estrangeiro. Com este saber expandiam as
suas inteligência, vontades e sentimentos para além de sua estreitas muralhas.
De outro lado entendiam que o estrangeiro, premido pelas necessidades, ofertava
aos habitantes da cidade que o acolhia, o
seu trabalho ao qual se entregava com diligencia e eventuais tesouros que
conseguia reunir. O século da existência do CLUBE GONDOLEIROS conta esta
história de recepção, trocas e de enriquecimento recíproco.
A
riqueza e a grandeza do CLUBE GONDOLEIROS e, por extensão o BAIRRO NAVEGANTES -
não é apenas o numero de seus sócios.
Nem é a riqueza, a fama ou poder
politico, econômico ou social ali acumulados. O que ali se cultiva é a alegria
de viver coletivamente, a segurança de que o trabalho e o esforço que rendem os
seus frutos para esta coletividade e para o ESPAÇO EXTERNO. O que não se pode
ignorar que ali reina ainda a proporção humana e humanizante. Nada de centralização
de poder, de informações e acumulação descomunal de riquezas. Se existem gigantescas
manifestações coletivas, como a procissão de Navegantes, no momento seguinte esta
manifestação se desfaz e cada qual segue livre o seu caminho e a sua vida.
Deste conjunto coletivo e proporcional brota a
esperança, e a garantia, que isto poderá se usufruído ainda por muitas novas
gerações de habitantes e daqueles que transitam pelo BAIRRO dos NAVEGANTES, do
Quarto Distrito de Porto Alegre. Este bairro e distrito constitui uma passagem entre o meio urbano e o rural e um estacionamento
provisório. Do outro lado constitui um nó rodoviário, náutico, ferroviário e aeroviário
que aponta para a REDE MUNDIAL.
O
CLUBE GONDOLEIROS constitui uma destas expressões proporcionais ao seu meio
local e que há um século rema ritmado em direção à REDE MUNDIAL.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
LAYTANO, Dante (1908-2000) Festa de Nossa Senhora
dos Navegantes: estudo de uma tradição das populações
Afro-Brasileiras de Porto Alegre – Curitiba: Instituto Brasileiro de
Educação e Ciência (I.B.E.C.C.)- Vol.
6 1955 – 128 p.
MARÇAL João Batista A Imprensa Operária do Rio Grande do Sul
1873-1974– Porto Alegre: do Autor – 2004, 288 p. il.
MONDIN, Guido
Fernando (1921-2000) Burgo sem água- reminiscências do 4°
Distrito - Porto Alegre: FEPLAN,1987, 187 p.
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
SOCIEDADE
GONDOLEIROS
/
Prédio
Sedes
Blog
Face book
Dia da Mulher no Clube
Gondoleiros
Esporte Social
Estandarte de Ouro
Regimento interno
Aniversário: vídeos
Festa da Luluzinha
ASSOCIAÇÂO
dos AMIGOS do QUARTO DISTRITO
Face
História do Quarto Distrito
ESTÉTICA do QUARTO
DISTRITO de PORTO ALEGRE (1) 084 - ISTO é ARTE
ESTÉTICA
do QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGREb(2) 085 - ISTO é ARTE
MATTAR, Leila Nesralla – A Modernidade
de porto Alegre: Arquitetura e Espaços Urbanos planificadas no área do Quarto Distrito Porto Alegre: :FFCH História 2010 - 354 fl.
Tese
Núncia SANTORO e o Italiano da Esquina
Bem vindo a baderna
Música e vídeo:
OFFENBACH, Jacques BARCAROLLE
CARNAVAL de
VENEZA HISTÓRIA e IMAGENS
CARNAVAL em
PORTO ALEGRE
O GONDOLEIRO
IMPLACÁVEL e sem LICENÇA da CLASSE
VIDA, TRABALHO e
PROFISSÃO de um GONDOLEIRO VENEZIANO
NAVEGANTES: Procissão
Fluvial
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