A ESTÉTICA AFRO-SUL-RIO-GRANDENSE e a ARTE SACRA
CATEDRAL de OSÓRIO Osário - RS.
Fotograma do vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=srijDEcc2YA&feature=related e http://www.youtube.com/user/ColetivoCaracol
Encontrar fragmentos autênticos das culturas africanas que se mantiveram e desenvolveram no Rio Grande do Sul constitui um verdadeiro milagre. O dominador buscou apagar completamente a sua vontade, reduzindo à heteronomia completa. O seu o corpo foi visto como mero objeto gerando uma reificação absoluta. Aristóteles afirmava que escravo não era gente pois ele não delibera e não decide.
CERIMÔNIA EM OSÓRIO - RS.
Imagem do vídeo http://www.selomundomelhor.org/Maçambique de Osorio-RS - Festa de Nossa Senhor do Rosário em Osório 2008
Arquivado em Novo, VIDEOS por Alfredo Bello 24, December 2009
A energia que manteve os africanos e os seus descendentes vivos, não pode ser atribuída a nenhum índice puramente material. A materialidade desta identidade africana foi-lhes negada. O sincretismo religioso fez com que subvertessem a materialidade cultural dos dominadores conferindo aos santos católicos os atributos dos seus orixás.
Privados de sua liberdade de corpo e de ânimo, deixaram a terra ancestral e as suas etnias diversificadas. No Novo Mundo foi-lhes proibida a fala, o convívio com os as sua própria etnias, pois eram distribuídos e vendidos ao longo da costa brasileira em pontos estratégicos para que os da mesma etnia e mesma fala, não pudessem comunicar-se entre si. Sem direito à paternidade pois eram reproduzidos com a intervenção do branco, romperam-se as referencias e os laços de paternidade e maternidade, base de sua vida tribal de origem. Diante da alta improbabilidade da presença continuada do pai, junto à sua prole, esta função foi assumida com mias intensidade pela mãe. Este fato refletiu-se vigorosamente nas responsabilidades femininas nos cultos afro-brasileiros e ganhou mais visibilidade na figura da “Mãe de Santo”.
WILSON TIBÉRIO - Paris - França.
Há necessidade de caracterizar o estagio cultural da arte africana A contribuição da produção visual africana à cultura sul-rio-grandense deve ser surpreendida em pleno curso da vida pois esta arte ainda não se distinguiu da gratuidade da vida. Assim, no visual colorido das suas comidas, nas cores e nas formas dos seus orixás das suas crenças[1] e em especial no espetáculo do carnaval e ultimamente na moda, existe toda uma forma de sentir e expressar visual e de forma plástica na sensualidade do seu corpo. Evidente que houve o fenômeno do sincretismo, não só religioso mas em especial estético.
[1] - CORREA, Norton F. Batuque no Rio Grande do Sul- antropologia de uma religião afro rio-grandense ( 2ª ed.). São Luis-Maranhão : CA-Cultura & Arte, 295 p
-----------------. Os vivos, os mortos e os deuses: um estudo antropológico sobre o batuque no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre :IFCH-UFRGS, 1988, 474 f –Dissertação Orientação de Brochado, José Joaquim.
Oliveira Silveira foi um construtor de pontes (pontifex) entre as diversas identidades afro-sul-rio-grandenses, entre a cultura afro-brasileira e a européia e entre a erudição e aquela do poder originário. O seu material foi a palavra da poesia. Com ela preservou e desenvolveu a sua própria autonomia, da sua origem do seu povo assumida e mostrou que arte está em quem a produz e não no que produz - Porto Alegre - RS. Foto Correio do Povo 31.12.2009
Como uma visão antropológica recomenda-se o livro de Norton Corrêa[1] e que atualmente leciona e pesquisa na Universidade Federal do Maranhão. Numa pequena resenha desta obra destaca-se que
O Batuque do Rio Grande do Sul é um estudo de fôlego, apresentando vasto material coletado em longos anos de paciente pesquisa. Torna-se ainda mais valioso tendo em vista que até hoje o Rio Grande do Sul é uma das regiões menos conhecidas na literatura afro-brasileira. Apesar dos estudos precursores de Herskovits, Dante de Laytano, de Carlos Krebs, Roger Bastide e de alguns outros, o Batuque ainda é uma das manifestações religiosas afro-brasileira menos estudadas.
Este livro de Norton possibilitará aos interessados comparar o Batuque com outras religiões de origem africana com as quais possui semelhanças evidentes, como o Xangô do Recife, o Tambor de mina do Maranhão, o Candomblé da Bahia, e com manifestações similares em outros países, como Cuba.
É necessário um melhor conhecimento do Batuque, especialmente porque ultrapassou nossas fronteiras e se expande amplamente no Uruguai e Argentina, como demonstram estudos recentes.
Norton parece ter incorrido na tentação de dizer, de uma vez, tudo do muito que conhece sobre o assunto. Seu trabalho, entretanto, pode ser lido com grande interesse, pois escreve de forma clara, simples e agradável. Gostei especialmente de algumas partes, como a abordagem da dança, da economia do templo, das várias etapas das festas, do rito de dar a fala aos orixás, da festa do peixe, dos rituais fúnebres, da "balança" esta desconhecida nos demais cultos afro - além de outros temas de que trata.
O trabalho vem preencher uma lacuna nos estudos afro-brasileiros, permitindo um conhecimento mais amplo do Batuque do Rio Grande do Sul.
A arte afro sul-rio-grandes vista pelas etnias concorrentes evidencia-se mais como tabu do que totem. Há necessidade de estudar, sistematizar e separar, o que de fato pertence ao mundo simbólico dessa etnia, que deu efetiva e importante contribuição, não só no Brasil, mas no Rio Grande do Sul.. Como no caso indígena esta etnia também não pode ser vista como um todo monolítico e um tipo acabado. No Brasil há milhares de pequenas influências tribais e de nações africanas, cada uma ostentando valores e concepções absolutamente distintas entre si. Os “maçambiques” da cidade de Osório[2] conseguiram, com muita dificuldade, preservar no Rio Grande do Sul, esse universo originário da África. Essas irmandades negras estavam sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário[3]. Os argumentos contrários dos europeus aos valores africanos são evidentes e correspondem a interesse claros do dominadores. A necessidade da dominação, exercida pelo europeu, só podia fazer enxergar o outro e o diferente no africano. Esse processo fez ver algo demoníaco e aberrante em qualquer manifestação cultural africana (Langer, 1997, p. 116). A elite, no final da escravidão, propunha o branqueamento da raça, coerente com o temor desta elite dos valores do OUTRO. Esse projeto de branqueamento da raça, é a forma mais subliminar de confessar os temores e uma busca desesperada para calar séculos de uma atroz escravidão física e espiritual do negro. O temor e a busca para silenciar uma cultura é uma forma de confessar a fraqueza e a pouca consistência da cultura européia. Este temor possui o seu fundamento no fato de que a cultura africana possui as suas raízes na origem da espécie humana e conseguiu, há muito tempo elaborar as suas perdas e as suas contradições.
[1] - Contato em http://comprar.todaoferta.uol.com.br/umbanda-o-batuque-do-rio-grande-do-sul-correa-norton-f-TS6KM87KN2#rmcl
[2] - AGUIAR BRANCO, Estelita - Maçambique: coroação de reis em Osório. Porto Alegre: Comissão Gaúcha de Folclore. 1999, 87 p.
[3] - A recitação do rosário já era praticada na repetição das mantras indianas e das suras alcorônicas. O cristianismo adotou esse ritual religioso ao longo da Idade Média. Muitos dos africanos eram muçulmanos e já possuíam a prática das recitações islâmicas. Assim o rosário foi naturalmente adotado para cultos católicos dos negros em substituição das práticas muçulmanas.
Iniciativa e realização da Irmandade Nossa Senhora do Rosário e conexão com a Festa de Navegantes - Porto Alegre - RS.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_do_Ros%C3%A1rio_(Porto_Alegre)
A arte afro-sul-rio-grandense possui uma evidente força subliminar e que escapa à lógica da análise racionalizada.. Contra o temor e a vontade de silenciar as raízes da cultura africana no Rio Grande do Sul, ela garantiu permanência e reprodução maiores do que cultura indígena. Esta, muito mais identificada e próxima da natureza, não conseguiu promover a interação com as outras duas culturas concorrentes com as quais entrou em contato. A cultura afro penetrou em toda a cultura sul-rio-grandense de forma subliminar. É possível surpreender as suas manifestações vivas das artes visuais em terreiros[1] , das festas de Nossa Senhora dos Navegantes, espalhadas por todo território do estado, como aquelas de Iemanjá e no carnaval.
Fig. 06 – FESTA de IEMANJÁ.
02 de fevereiro - Cidreira - RS.
Para enfrentar, e para transformar em totens, os diversos tabus de silêncios inexplicáveis em relação ao regime escravocrata, são necessárias todas as forças do ânimo e as energias dos corpos. São necessárias todas as forças do ânimo para romper o tabu da imensa dívida da reparação econômica pelo trabalho apropriado do africano sem que tivesse o mínimo usufruto. O tabu do silêncio do judiciário em relação a queima da documentação, da hierarquia eclesiástica em relação à moral que se desenvolveu na senzala e em especial do capital que se acumulo em mãos alheias e não retornou para quem o produziu de fato.
Este processo não é uma simples vingança ou ajuste de contas. Trata-se do equilíbrio e da busca de autonomia, da possibilidade da dignidade e da continuidade das imensas potencialidades do africano possui da criação artística e das quais já deu mostras inquestionáveis.
02 de fevereiro - Cidreira - RS.
Com a ajuda destas forças materiais e transcendentes, certamente é possível verdadeiro milagre de, não só localizar os fragmentos das culturas africanas que se mantiveram e desenvolveram no Rio Grande do Sul, mas re-estabelecer a verdade, a justiça e a beleza de que esta cultura é mensageira e portadora para um mundo mais humano.
CORREA, Norton Batuque no Rio Grande do Sul- antropologia de uma religião afro riograndense. São Luis-Maranhão : CA-Cultura & Arte, 2008, 295 p
Em relação as religiões afro-brasileiras - recomenda-se o texto disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2002000200006
MAÇAMBIQUES – OSÓRIO RS
http://www.youtube.com/watch?v=iiyQTh32LBM&NR=1 Video
http://www.youtube.com/user/ColetivoCaracol Video
http://www.selomundomelhor.org/ Maçambique de Osorio-RS - Festa de Nossa Senhor do Rosário em Osório 2008Arquivado em Novo, VIDEOS por Alfredo Bello 24, December 2009 Vídeo
http://www.cantadoresdolitoral.com.br/m/nz-mb.htm
REINO DE OXUM LAVA a ESCADARIA da Igreja do Rosário de RIO PARDO
http://www.defender.org.br/grupos-afro-lavam-escadarias-da-igreja-matriz/
REINO DE OXUM e o NATAL da Igreja do Rosário de RIO PARDO
http://www.gaz.com.br/noticia/68765 celebracao_afro_integra_a_festa_de_natal.html
CARLOS ALBERTO OLIVEIRA pintor
http://www.camaranh.rs.gov.br/Materias.asp?IdMateria=605&Tipo=Artigo
Igreja do Rosário Foto
http://www.landelldemoura.qsl.br/igros.htm
WILSON TIBÉRIO
http://www.esculturagaucha.com.br/wilsontiberio.htm biografia
OLIVEIRA SILVEIRA
http://www.geledes.org.br/oliveira-silveira/
http://www.overmundo.com.br/overblog/oliveira-silveira-contra-a-metafora-chapa-branca
http://www.overmundo.com.br/agenda/poemas-de-oliveira-silveira-vem-a-publico-no-20-de-novembro
CULTURA NEGRA e ARTES
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