domingo, 24 de janeiro de 2010

ARTE SACRA SUL-RIO-GRANDENSE - 13

O RIO GRANDE do SUL do LITORAL e do PAMPA.

Fig. 01 – CATEDRAL de SÂO PEDRO

Rio Grande - RS - 1755 Perceber aos poucas aberturas e a solidez das paredes maciças nas concepções militares


A ocupação lusa do Rio Grande do Sul possui duas vertentes distintas. Do lado do litoral - e nos âmbitos habitados do vasto sistema lacustre - fixou-se a vertente açoriana. No pampa e em nos cimos das serras fixou-se inicialmente o bandeirante, depois o minero e que absorveram as fortes influências platinas e do índio missioneiro.

Fig. 02 – PLACA da FACHADA CATEDRAL de SÂO PEDRO

Rio Grande - RS - 1755

[PARA AMPLIA :clique em cima da imagem ]


O açoriano, vindo das pequenas ilhas povoadas por pessoas com fortes traços étnicos dos antepassados flamengos de origem[1] e com cultura e modos de expressões distintas da metrópole lusitana. Estes habitantes das ilhas migraram de forma programática para o Rio Grande do Sul quando da troca da Colônia do Sacramento e as Missões jesuíticas[2]. Silenciosamente começaram a organizar as pequenas lavouras de subsistência[3] e criar algumas cabeças de gado.



O domicílio eram casas denominadas “cachorro-sentado”- de uma porta e de uma janela - arrumadas em fita ao longo das vias publicas.




[1] - O ano de 1450 é apontado como o do arranque da colonização da ilha Terceira por Jácome de Bruges. Quanto às outras ilhas, Faial e Pico devem ter sido povoadas antes de 1466, na sequência da doação feita ao flamengo Joss van Hurtere, que deu o nome à cidade da Horta. A Graciosa, por via de Pedro Correia e Vasco Gil Sodré, deve ter sido povoada antes de 1510. Quanto a São Jorge, Flores e Corvo, não há indicações acerca do início do seu povoamento, embora se saiba que nas duas primeiras se ficou a dever a Willem van der Hagen (ou Guilherme da Silveira), um flamengo que tinha ido para o Faial e que de lá saiu, na sequência de desentendimentos, para se encarregar das ilhas até então desertas. A presença de grande número de flamengos nas ilhas do Grupo Central, com um aporte que ainda hoje é detectável, levou a que aquelas ilhas fossem durante muitos anos conhecidas por "ilhas flamengas" (em inglês "Flemish islands") na cartografia oriunda do norte europeu. A presença nas ilhas de flamengos e alemães, entre os quais o cosmógrafo Martin Behaim, contribuiu para algum cosmopolitismo da vivência insular de então, em particular no Grupo Central.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_dos_A%C3%A7ores

1. [2] Conferir em Moacyr Flores HISTÓRIA DA IGREJA NO RIOGRANDE DO SUL 1- A religiosidade luso ...- www.forumdaigrejacatolica.org.br/.../hiistoria_dai_greja_no_rs.pdf (para acessar é necessário colocar no buscador do GOOGLE)


[3] LUPI. João et Suzana. São João do Rio Vermelho: memória dos açorianos em Santa Catarina. Porto Alegre : EST, S/d. 95 p

Fig. 03 – MAPA do RIO GRANDE do SUL


Já nos pampas a ocupação e a organização foram conduzidas pelo lusitano militar e aventureiro que comandava ao som de clarins militares, berrantes e gritos guiando gente e grandes manadas e com o mínimo de trabalho manual.

Fig. 04 – Pedro WEINGÄRTNER – CHEGANDO para a MISSA

Óleo Sobre tela 24x40 cm- assinado e datado 1924à direita inferior Leilão 2005
http://www.bolsadearte.com/cotacoes/weingartner.htm



Ambos os grupos foram fortemente assessorados na sua organização social pelo Estado lusitano que tinha neles um tampão contra as pretensões da coroa espanhola sobre o Sul do Brasil. As irmandades de representavam a sua forma compulsória de socialização. O calendário dos santos criava o ritmo em quês estas comunidades expressavam a sua unidade e nos nomes atribuídos às suas cidades. A assistência à saúde vinha das Santas Casas. Os cultos, as riquezas e ostentação tinham nestas irmandades o seu cenário, a parca ostentação social e socorro mútuo.



No âmbito doméstico eram interditos retratos que não fossem do rei e do bispo e qualquer ostentação. As igrejas eram o lugar desta ostentação. Ostentação que podia ter como o pretexto para celebrar o início da vida, nos batizados. Celebrações nas igrejas, escuras e intimistas, acompanhavam o descendente açoriano pela vida afora. Nisto incluíam-se os casamentos até o final encerravam a vida do fiel pelas pompas fúnebres e sucessivas missas em sua memória.


Contudo sobrava muito pouco para esta ostentação, pois era pouca a riqueza da terra. Terra que necessitava de imensos esforços para criar esta minguada riqueza, arrancando-a de onde muitos só percebiam vastidões infinitas de areia, de lagunas e de capim açoitado pelo vento.



Contudo nunca faltava o carinho e o convívio daqueles que vinham dessas pequenas ilhas que se espalharam pelo mundo lendo o patrimônio da fé e esperança num outro mundo possível[1].




[1] As atuais fortes colônias canadenses, norte-americanas, e mais recentemente da Rússia mostram que este patrimônio açoriano.

Fig. 05 – CATEDRAL de SÂO PEDRO - FACHADA

Rio Grande - RS - 1755 – Perceber aos poucas aberturas e a solidez das construções nas concepções militares



Diante disto o Estado luso necessitava alimentar e renovar constantemente o projeto político da posse desta terra ingrata. A Igreja respondia pela guia das almas orientada pelo projeto da Propaganda da Fé.


Em ambos os seus mentores tornavam-se históricos na medida dos seus projetos. Esta historicidade decorre da atenção á circulação constante do poder e que pode ser modificado e potencializado na medida da clareza e da coerência com os seus mentores possuem das circunstancias humanas e físicas do tempo e do lugar.


Apesar da duplicidade, dos dois pólos distintos Rio Grande do Sul, o projeto luso manteve-se fiel a unidade de origens. Este projeto, assumido pela nação brasileira, e depois da independência, ao longo da década farroupilha, permitiu discuti-lo, contratá-lo entre as partes e assim, unificá-lo, ampliando o leque para o ingresso das mais diversas etnias vindas de todos quadrantes e mentalidades. Na atualidade, a fidelidade a este mesmo projeto permite, ao Rio Grande do Sul, um diálogo planetário no mais profundo respeito pelas suas origens diversificadas e emigrando para os quatro quadrantes do planeta, como o realizaram os açorianos desde as origens da criação de sua forte identidade.


Porto Alegre orgulha-se de ser a maior cidade fundada por açorianos é, de fato, expressão maior de uma rede de sítios e de cidades também fundados por eles. Neste cenário o FORUM MUNDIAL e o MUTIRÂO de COMUNICAÇÃO AMÉRICA LATINA e CARIBE encontraram o mesmo projeto político que sempre orientou o açoriano para as firmes expressões de solidariedade e convívio planetário. Expressões de solidariedade que permanecem na mais profunda memória humana, e que, nas ações subseqüentes, produz obras das quais toda a humanidade possa se orgulhar.




O presente artigo é solidário com o MUTIRÃO de COMUNICAÇÃO AMÉRICA LATINA e CARIBE a realizar-se de 03 a 07 de fevereiro de 2010 na PUC-RS Porto Alegre –RS.

http://muticom.org/cultural/

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