OS TEXTOS do LIVRO “ICONOGRAFIA SUL-RIOGRANDENSE de PLÍNIO BERNHARDT”.
10 de dezembro de 2009 , às 17h
Lançamento do livro Iconografia Sul-Riograndense de Plínio Bernhardt, com seminário sobre a obra.Auditório Barbosa Lessa, no 4º andar do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico.
A entrada é franca para o seminário e o lançamento..
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Os textos deste livro foram elaborados pelas pessoas mais engajadas no universo das artes visuais, patrimônio e da arquitetura, tirando o autor desta resenha.
A paraense Yvonne OLIVEIRA da CUNHA, nascida na terra do Círio de Belém, mudou-se para o Rio Grande do Sul, cuidou e compartilhou a vida do artista, adotou o seu sobrenome BERNHARDT, e agora prolonga a suave mensagem do artista, escrevendo a emocionada introdução do livro. Em poucas palavras consegue abarcar todo o projeto e conferir-lhe o sentido para o sistema de artes do Rio Grande do Sul e do Brasil. Este texto nasceu de sua interação e comandou a equipe interna que tomou a si o trabalho. Externamente, selecionou os observadores mais atentos. Empenhou alguns recursos familiares, conhecendo as dificuldades do erário público e as urgências que um projeto civilizatório compensador exige do Estado. O certo é que o trabalho precede os valores econômicos. Estes vieram na forma justa e essencial de várias instituições que entenderam os méritos da obra do artista e do patrimônio físico que tomou forma no âmbito de sua família. O TRT de Porto Alegre, por meio da sua associação civil dos juizes do Trabalho, está disseminando a obra pelo Brasil afora. A CEEE desde a 1ª hora compreendeu e empenhou-se para que a sua missão social desse um sentido a todos aqueles que militam diuturnamente nesta empresa, capitaneados pelo seu presidente que franqueou o seu Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo, lugar onde pratica esta política do projeto civilizatório compensador
A leitura do texto de Vinício GIACOMELLI é indispensável para entender a vida e a construção da obra do artista e seus observadores. Evoca os grupos, as instituições nas quais circulou a geração do artista e dos quais o testemunho mais fiel são as obras que sobreviveram ao trânsito do sistema de artes do Rio Grande do Sul. O autor do texto, além de sua formação acadêmica na mesma instituição superior de Plínio, possui experiência pessoal na criação artística[1]. Mas o que levou o Vinício a abraçar esta causa é o conhecimento dos rituais e protocolos do trânsito que a obra de arte necessita cumprir em Porto Alegre para atingir o público de uma forma qualificada e de longa duração. Um dos rituais é a palavra que orienta o olhar do observador. É isto que Vinício cumpre no seu texto. Saber ver a obra de arte significa decodificar para observador os repertórios nos quais estão encapsuladas as obras de arte.
Vinício empenhou-se, ao longo de cinco anos, na tarefa de esquadrinhar a obra de Plínio, pelos documentos escritos e rigorosamente coletados pelo artista. Artista e pesquisador foram solidários neste espaço das letras, fotos e documentos escritos. As 21 notas do texto de Vinício fornecem a possibilidade de outros pesquisadores penetrarem neste espaço. Este cuidado é raro em artistas visuais, pois é comum ouvir deles que a “obra de arte fala por si mesma”. Certamente a obra de arte é primordial e seria inútil qualquer discurso sem a sua presença. Contudo, sem o discurso documentado e reversível às fontes destes documentos, a obra de arte perderia as suas particularidades, o rico universo do qual se originou, e pior, este universo poderia ser mitificado e confundido com outros repertórios concorrentes, incongruentes com o seu sentido e apócrifos. Certamente a infinita carga semiótica de uma obra de arte permite esta mitificação e a corrupção de seu sentido.
[1] GIACOMELLI – Vinício http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=115&Numero=43&Caderno=5&Noticia=55473
O texto de Sérgio COSTA FRANCO refere-se inicialmente a esta polissemia tanto da obra de arte como da palavra escrita. Como bom carioca, que cedo se aquerenciou no pampa, conhece e sabe distinguir tanto o linguajar como o ambiente social, urbano e telúrico das plagas do Sul do Brasil. Sérgio é referência obrigatória em qualquer evento urbano de Porto Alegre que possua necessidade de decodificação para a contemporaneidade. E o realiza com a mesma maestria e desenvoltura para a pessoa de letras como para o público em geral que se move pelas ruas portoalegrenses. Os textos de Sérgio e os desenhos de Plínio sintonizam neste particular.
Outra contribuição notável é a do arquiteto e professor Maturino da LUZ. Antigo presidente do Conselho Estadual de Cultura do RS, ao lado do seu vice o artista plástico Francisco Alves, certamente conhece os meandros do sistema de artes do Estado. Mas o seu texto é um documento incontornável de de uma amizade e uma profunda interação entre arte e arquitetura, como seria desejável para a identidade sul-riograndense. Um exame mais detalhado do texto do Maturino revela um conhecimento e um amor à evolução destes dois universos em Porto Alegre. Registra o caminho de Plínio em instituições, pessoas e obras, coisa que seria difícil encontrar em outra fonte. Fonte escrita que permite decodificar as obras do artista que possuem como tema o ambiente e as obras arquitetônicas do Porto Alegre e do Estado. O forte conhecimento e a defesa do patrimônio que caracterizaram sempre Maturino não poderia terminar sem a denúncia “frente ao imobilismo da sociedade e do poder público ante a ação do tempo, dos vândalos e dos especuladores imobiliários”. Se Plínio não o fez nestes termos, certamente o texto de Maturino fornece o contraponto e sentido ao infatigável esforço do artista em salvar, ao menos em imagem e poética, o que já sabemos no passado irremediável.
Ana MEIRA conjuga no seu texto o patrimônio material e imaterial que uma obra de arte consegue materializar em linhas e tintas, ao focar um prédio. As experiências de Plínio, nas suas visitas aos sítios arquitetônicos referenciais do patrimônio construído do Rio Grande do Sul, acompanham toda a epopéia da construção de uma consciência estadual, em relação ao legado das múltiplas etnias e períodos, que deram uma feição tão própria ao estado brasileiro do extremo sul do Brasil.
O texto do geólogo e paisagista Carlos Fernando de MOURA DELPHIM descreve a transcendência que uma obra de Plínio consegue criar. O autor nos afirma que a obra de Bernhardt fixa o verdadeiro sentido poético e visual do ambiente físico no qual se move a criatura humana no Sul do Brasil. Este texto projeta as paisagens de Plínio com potencial para representar o Estado, diante da cultura brasileira e universal sendo indispensável para penetrar no sentido de uma paisagem. O tema autônomo da paisagem muito recente na arte ocidental, ganhou autonomia na medida em que a criatura humana se urbanizava e perdia o contato direto com a vida no campo e na paisagem natural. A imagem possui o dom de estar no lugar de algo que não existe mais.
O texto de Teniza SPINELLI é um dos registros fundamentais desta colega de tantas jornadas institucionais ao lado da ação do artista na qual estão as observações escritas da jornalista e agente cultural de larga experiência na cultura sul-riograndense. Teniza está sempre atenta e sensível ao que de melhor se produz na pesquisa estética, que permanece como testemunho institucional do que é possível na ex-província de São Pedro e que foi pioneiro em abraçar a causa republicana conquistando a soberania que lhe foi alcançada pelo decreto de 15 de novembro de 1889.
Confira no próximo artigo a coerência entre a obra e o livro “Iconografia sul-riograndense de Plínio BERNHARDT”.
Mais informações em:
ICONOGRAFIA SUL-RIOGRANDENSE de Plínio BERHARDT
http://www.cccev.com.br/site/template_011.asp?campo=368&secao_id=7
Revisão ortográfica deste texto de Yvonne BERNHARDT.
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