sábado, 28 de novembro de 2009

CÂNDIDO JOSÉ de GODÓI - 02



Pintura acrílica de Círio SIMON - 2007

CÂNDIDO JOSÉ de GODÓI - 02

O PROFISSIONAL.

Cândido José de Godói nasceu em 1858, em Rio Grande, educou-se na Ecole des Ponts et Chaussées[1] de Paris onde se formou em engenharia na turma de 1876. Não aceitando os cargos na administração francesa ingressou nos serviços da Administração do Estado do Rio Grande do Sul.

Desempenhou sucessivamente, de 1888 a 1897, os cargos de engenheiro-ajudante de 2ª e 1ª classe, Chefe de Tráfego e chefe de Locomoção, na Estrada de Ferro de Porto Alegre à Uruguaiana. Foi engenheiro-condutor de 1ª classe da Comissão das Obras da Barra do Rio Grande e ajudante de 1ª classe da Inspetoria do 6º Distrito dos Portos e Canais marítimos da República. O engenheiro Godoy chefiou, de 1898 a 1906, os trabalhos de Dragagem do Rio Grande do Sul.

O ADMINISTRADOR PÚBLICO,

AO apogeu da administração de CÂNDIDO JOSÉ de GODÓI deu-se na época anterior a 1ª Guerra Mundial e no contexto da Constituição castilhista de 14 de julho de 1891.

O governo do Estado confiou-lhe, 25 de janeiro de 1908 a 24 de janeiro de 1913, as competências das funções de Secretário das Obras Públicas no governo do dr. Carlos Barbosa Gonçalves. Ocupou também o cargo de Secretário interino da Fazenda.

Neste período iniciou as obras do cais do Porto da Capital, a abertura das suas avenidas e o Palácio Piratini. Construiu os portos de Montenegro, Santa Vitória e as primeiras estradas de rodagem do Estado. Fixou os toldos indígenas na colonização do Alto Uruguai.


[1] Confira Ecole des Ponts et Chaussées em http://www.enpc.fr/fr/enpc/historique/histoire_ecole.htm






O porto de MONTENGRO RS foto Círio SIMON

Deixando estas funções pelo término do período presidencial, o dr. Godoy foi nomeado Chefe da Comissão das Obras da Lagoa Mirim.

O governo federal nomeou-o, em 1914, chefe da Comissão Fiscal do Porto do Pará e 21 de outubro do mesmo ano, Inspetor dos Portos, Rios e Canais do Brasil em cujas funções se aposentou.

Apesar das superficiais e apressadas generalização em relação a ação de ideologias de moda na época no Rio Grande do Sul, elas não são causas últimas dos projetos, das ações e das obras deste engenheiro.

O DIVULGADOR da CIÊNCIA

Os seus trabalhos publicados são numerosos, revelando o fulgor do seu talento, o desejo seu de fixar em livros, que ficam, a coragem das afirmações, o mérito de estudos aprofundados de profissional cônscio da sua personalidade inconfundível do seu vigor técnico.

Escreveu as seguintes obras: “Porto do Rio Grande”, “Bacias Hidráulicas da Barra do Rio Grande do Sul, de 1912 a 1922”; “Memórias sobre o projeto do Porto de Santa Vitória”. “O problema do reflorestamento”. Editou as “Lições de Aritmética”. Elaborou um “Tratado de Descritiva, Perspectiva e Sombras” que eram professadas nas suas aulas da Escola de Engenharia o que não foram publicadas ainda.

O PROFESSOR

A pesquisa, o estudo e a ação didática-pedagógica estavam profundamente vinculados à vida do Engenheiro CÂNDIDO JOSÉ de GODÓI. Foi um dos fundadores da Escola de Engenharia [atual UFRGS], ali sendo professor das cadeiras de Descritiva e de Máquinas, do curso de Engenharia Civil. Ministrou, ali, sábias lições a uma plêiade de patrícios que, depois, ocuparam cargos de relevo na vida pública. O dr. Godoy foi professor de Matemática elementar e de francês no Ginásio do Rio Grande do Sul e no Colégio Sevigné, apesar da sua grande atividade nos afazeres das suas Secretarias governamentais

A ÉTICA PROFISSIONAL.

Oscar de Oliveira Ramos escreveu “educado na escola das altaneiras virtudes cristãs, que tanto influem na formação do caráter do homem, o dr. Cândido Godoy salientou-se sempre, como um espírito altamente justiceiros. A justiça norteou invariavelmente as diretrizes da sua conduta irrepreensível, emoldurada por uma bondade criadora. Jamais se vergava às injustiças da politicalha, tão ao sabor de certos espíritos rotineiros, o dr. Godoy sabia colocar-se, com elegância moral dos seus gestos, acima e fora das correntes partidárias”.

CÂNDIDO JOSÉ de GODÓI dedicou a sua vida a abrir, manter e melhorar estradas, vias e portos. Estas obras podem parecer estreitas e superadas, vistas do presente. Contudo foi nestes caminhos, vias fluviais e portos fluiu, e se ancorou, aquilo que denominamos o nosso presente.

Certamente “não há caminhos. Eles se fazem ao andar” no dizer da Antônio Machado. Nesta andar permanecem os rastros deixados pelo profissional, administrador e professor. Nestes rastros existem índices das marcas das necessidades básicas da sociedade organizada da época. Marcas que constituem a interpretação de um dos seus representantes mais qualificados pela inteligência. Inteligência que soube transformar em atos e obras a sua vontade inquebrantável de abrir caminhos para uma civilização.

Fontes do texto em:

RAMOS, Oscar OLIVEIRA de - A ação dos engenheiros nos grandes melhoramentos do Estado: vol. 2, Cândido José de Godoy . Porto Alegre : Livraria do Globo, 1940-1941, 36 p. il

RAMIREZ, Hugo O Engenheiro Cândido José de Godói, Vanguardeiro do Progresso Rio-Grandense. Porto Alegre : Correio do Povo

Hugo RAMIREZ, nasceu, em 12 de abril de 1922, em Uruguaiana. Durante sua vida, atuou como jornalista, advogado e educador. Professor fundador do Colégio Cândido Godói e do seu Grêmio de Professores Escreveu mais de setenta obras, com destaque para o romance “Rio dos Pássaros”, enaltecido pela Academia Brasileira de Letras. Em 2003 foi
condecorado com a Medalha do Mérito Tradicionalista Barbosa Lessa, a mais alta comenda do tradicionalismo gaúcho Faleceu em 1° de agosto de 2007

GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre : Livraria do Globo 1911, 380 p. il.

Um comentário:

  1. Muito elogiosa sua iniciativa de homenagear esta figura do início do século XX e que tanto está em nossa mente na escola Godói...Parabéns Prof. Ciro!

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