As ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL no IMPÉRIO BRASILEIRO e a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA.
AULA
que integra o LABORATÓRIO do CURSO DE HISTÓRIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE
do SUL.
Dia 17 de outubro de
2019. (14h00-15h00): AUDITÓRIO do MARGS
O projeto
cultural-civilizatório do Brasil Império e a relativa equidistância do RS; o
caso excepcional de Araújo Porto Alegre (Círio Simon)
SUMÁRIO desta AULA
01 – PROBLEMA: O projeto cultural-civilizatório do Brasil Império e a relativa
equidistância do Rio Grande do Sul; - 02 – DISTINÇÕES: a Arte do
Brasil Colonial, a Imperial e o Rio Grande do Sul Capitania e Província-
03– AGENTES a Missão Artística Francesa na Corte brasileira e entrada avulsa
de artistas estrangeiros no Rio Grande do Sul.
04–
INOVANDO na ARTE: a Missão Artística
Francesa inova no estado brasileiro ao incluir a Arte no governo e toma
providências para isto - 05 CENTRALISMO ESTÉTICO: a DIALE TICA entre o CENTRALISMO
NACIONAL e DIÁSTOLE frente ao REGIONAL e ao PERIFÉRICO. 06 – DOIS REGIMES em CONFLITO: o Rio Grande do Sul permanece fiel à nação
brasileira cercado de regimes republicanos - 07 – UM CASO DE EXEMPÇÃO Manuel Araújo Porto-Alegre. o Barão de SANTO
ÂNGELO -08
O
FULGOR do IMPÉRIO em DECLÍNIO: a construção de um mito de algo no qual o RIO GRANDE do
SUL não foi consultado ou convidado. 09 – OS GRÊMIOS REPUBLICANOS SUL-RIO- GRANDENSES o artista como CIDADÃO em vez de SÚDITO e os seus recursos estéticos 10 – NOVOS PROJETOS e INSTITUIÇÕES com a MATRIZ REPUBLICANA e CIDADÃ.
01 – PROBLEMA: O projeto cultural-civilizatório do Brasil Império e a relativa
equidistância do Rio Grande do Sul
O poder
simbólico e civilizatório das ARTES esteve na origem dos atuais ESTADOS NACIONAIS.
A ERA INDUSTRIAL procurava transferir para as GRANDES MASSAS
POPULARES que CONSUMIAM os PRODUTOS das
MÁQUINAS. Os ESTADOS NACIONAIS que surgiram e ao longo do século XIX se afirmaram na medida que eram reservas de
matérias primas e um mercado cativo para as
MÁQUINAS dos ESTADOS NACIONAIS que lideravam a ERA
INDUSTRIAL emergente.
O ESTADO NACIONAL BRASILEIRO afirmou-se com a decidido apoio INGLÊS que liderava a ERA INDUSTRIAL MUNDIAL Na CULTURA e na POLITICA apoio era buscada na FRANÇA onde a ERA
INDUSTRIAL tinha raízes
firmes. A MÃO de OBRA ESPECIALIZADA e TÉCNICA veio dos ESTADOS de LINGUÁ ALEMÃ que cedo
passou a sua CULTURA para os paradigmas da ERA INDUSTRIAL mandando a sua OBRA de OBRA OCIOSA para o BRASIL
PORTO-ALEGRE
num desenho de JEAN BATISTE DEBRET que
denominou a obra de PARANAGUA
Paranaguá.
Jean-Baptiste Debret; aquarela sobre papel; 10 x 36 cm; c. 1827. Museus Castro
Maya, Rio de Janeiro. Fonte: http://museuscastromaya.com.br/colecoes/brasiliana/.
Fig.
01 - O equivoco de Debret - ou de quem
imprimiu em Paris uma das suas obras - ao trocar o nome de PORTO ALEGRE por
PARANAGÁ fornece um índice da pouca importância para a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA pelo RIO GRANDE do SUL A origem desta imagem, uma das hipóteses, - da
qual ainda não se tem prova - é que
Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE tenha feito um desenho e que levou ao seu orientador DEBRET da cidade da
qual adotou e levava o nome. O litógrafo ou próprio DEBRET tenha dado este
titulo equivocado,
Pode-se
levantar a hipótese que a troca desta identificação tenha sido intencional
diante das frequentes ameaças que a capital da CAPITANIA sofria do lado platino
e mesmo interno dos FARROUPILHAS prontos a atacar
,
O BRASIL
mandou para o RIO GRANDE do SUL os colonos AÇORIANOS. Reforçou este contingente
lusitano com a COLONIZAÇÃO de fala GERMÂNICA.
No entanto reforçou MILITARMENTE as fronteiras SUL_RIO-GRANDENSES com o um ROSÁRIO de QUARTEIS. Deixou de lado a construção das onerosas
fortalezas físicas, tornadas obsoletas pelas
ARMAS produzidas em série palas MÁQUINAS da ERA INDUSTRIAL. Transferiu expressivos contingentes armados por ARMAS e equipamentos militares produzidos em série pelas MÁQUINAS da ERA INDUSTRIAL. Cedeu as TERRAS do
território CONQUISTADO
das ANTIGAS MISSÕES para MILITARES que transformaram cada FAZENDA e em extensão do ROSÁRIO de QUAREIS estrategicamente distribuídas ao longo desta
perigosa fronteira. Tão perigosa que foi alvo e defesa no avanço da tropas PARAGUAIAS
em 1865.
Esta
somatória de perigos deu pretexto para alguns “gaúchos em disponibilidade” espalharam uma imagem do sul-rio-grandense
violento e estava em permanentes guerras. Athos Damasceno rebateu este argumento afirmou(1971, p.449) [1] que:
“certamente, as lutas que tivemos de sustentar desde
os tempos recuados da Colônia, na defesa de nosso território e na fixação de
suas fronteiras, em muito entorpeceram e retardaram nosso processo cultural.
Não, porém, tanto quanto seria natural que ocorresse, uma vez evidenciada
historicamente a belicosidade crioula, arrolada por aí, com um abusivo relevo,
entre virtudes que nos compõem a fisionomia moral. Nossa história está
realmente pontilhada de embates sangrentos. Mas lutas e guerras não foram
desencadeadas por nós, senão que tivemos de arrostá-las compelidos pelas
circunstâncias. Nunca deixamos de ser um povo amante da paz. E, em nossos
anseios de construção, sempre desejosos dela. Tropelias e bravatas de certos
gaúchos em disponibilidade forçada, não têm o menor lastro Histórico: pertencem aos domínios da anedota que os
próprios rio-grandenses exploram, com malícia, para a desmoralização daqueles
que o fazem, com malignidade”.
Certamente Athos Damasceno estava munido de um vasto
material[2]
que provava o contrário por meio de uma
larga criação estética ocorrida ao logo do REGIME IMPERIAL no RIO GRANDE do SUL.
Para as ARTES VISUAIS, deste período,
ele reservou a sua mais extensa obra que publicou em 1970[3]
já no apogeu de sua vida[4]
e que dedicou TASSO CORRÊA[5]
um sul-rio-grandense nascido em URUGUAIANA a única cidade fundada pelos
FARROUPILHAS.
A ARTE praticada no Rio Grande do Sul permaneceu
equidistante do REGIME IMPERIAL e da CHAMA ACESA REPUBLICANA. No sentido
geográfico a distância do Rio da Prata e os seus centros republicanos, era
menor do que do Rio de janeiro e a sua CORTE IMPERIAL.
02 – DISTINÇÕES:
a Arte do
Brasil Colonial, a Imperial e o Rio Grande do Sul Capitania e Província
Dois séculos
após a vinda da corte lusitana ao Brasil, do contrato da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA e da lúcidos
estudos e publicações do CORREIO BRAZILIENSE do
sul-rio-grande HIPÓLITO JOSÉ da COSTA e possível afirmar que INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA “NÃO FOI NO GRITO”[6] do RIACHO IPIRANGA.
Nas ARTES
VISUAIS a passagem pra a SOBERANIA NACIONAL BRASILEIRA significou DISTINÇÕES entre as EXPRESSÕES ESTÉTICAS do PERÍODO COLONIAL e aquela do BRASIL
SOBERANO,
No sentido
amplo. as EXPRESSÕES do PERÍODO COLONIAL
eram atividades que não faziam DISTINÇÕES e nem tinham
limites ESTÉTICAS entre ARTESANATO UTILITÁRIO. Enquanto o período POLÍTICO
SOBERANO BRASILEIRO DISTINGUE as ARTES NOBRES praticadas - LIVRE e SOBERANAMENTE - por QUEM de FATO GOSTAVA
de ARTE e sem ser OBRIGADO a ISTO. Esta SOBERANIA impulsionava o artista
criador para o TERRITÓRIO LIVRE e
POTENCIAL da PESQUISA ESTÉTICA própria e local. O resultado desta LIVRE
PESQUISA ESTÉTICA instaura potência própria para as ARTES APLICADAS se
valerem das “ARTES NOBRES”[7] e
PRESTIGIOSAS para CRIAR OBRAS no interior desta TENDÊNCIA ÚNICA e PRÓPRIA. NO
BRASIL estava ao dispor da PESQUISA ESTÉTICA a matéria prima, indígena,
africana e da própria criação popular marginal às imposições estéticas das normas coloniais. No entanto tido isto
era POTENCIAL.
Na prática o
NOME do ARTISTA, a sua ASSINATURA e a POSSE AUTORAL e FÍSICA da OBRA, entraram
no BRASIL sob a influência e exigência da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA.
Para quem
quisesse se dedicar a PESQUISA das ARTES NOBRES havia a necessidade de gerar um
conhecimento próprio, social, econômico e jurídico. PESQUISA para um exercício
espinhoso de uma VONTADE PRÓPRIA e DECIDIDA a enfrentar o contraditório de CONCORRENTES com SENTIMENTOS
e GOSTOS CONTRÁRIOS. Isto significava uma ESCOLA de ARTES[8] e
qualificadora semelhante aos demais CAMPOS de SABER ERUDITO[9]
Na prática esta exigência era para alguns
raros brasileiros vindos de um oceano de 95% de analfabetos e u mar de 50% de
escravos submetidos de mentes, de vontades e de sentimentos em corpos onde se
duvidava que estivesse uma “ALMA”
[1] - DAMASCENO, Athos. Artes
plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)
Porto Alegre : Globo, 1971. 540p.
[2] DAMASCENO. Athos (1902-1975) Colóquios com minha cidade. Porto
Alegre : Globo, 1974, 203 p..
--Jornais críticos e humorísticos de Porto
Alegre no século XIX - 1944
---Fotógrafos em Porto Alegre no século XIX 1947
--Palco, salão e picadeiro em Porto Alegre no
século XIX. Porto Alegre : Livra. Do
Globo 1956
--Sociedades literárias de Porto Alegre no
século XIX: fundamentos da Cultura Sul-Rio-Grandense 1952
-mprensa
caricata do Rio Grande do Sul no século XIX
1962
--O Carnaval
porto-alegrense no séc. XIX 1971
[3] DAMASCENO. Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul
(1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p
[5] TASSO BOLIVAR
DIAS CORRÊA http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/04/171-o-pensamento-de-tasso-correa.html
[7] Pra entender o conceito de “ARTES NOBRES” na concepção
da MISSÂO ARTISTICA FRANCESA aconselha-se ler a
CARTA
de LE BRETON ao CONDE da BARCA
[8] Argumentos da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no BRASIL para
a existência de uma ESCOLA DE ARTES NOBRES e outra para os OFÍCIOS http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/03/162-missao-artistica-francesa-no-brasil.html
[9] O ARTISTA DEVE IR para a UNIVERSIDADE (Marcel
DUCHAMPA)
Fig.
02 No mapa do ano de 1834 de DEBRET,
também impresso em Paris, percebe-se a estreita faixa lacustre e litorânea que
formava o território da Capitania depois Província de São Pedro do Rio Grande
do Sul. Metade do atual território do Rio Grande do Sul continuava
indefinido em 1834.pesar da campanha da “GUERRA GUARATICA”[1]
e dos deslocamento das populações restantes[2]
para um dos confluentes do GUIABA. . O
Brasil conquistou pelas armas BANDA ORIENTAL a partir de 1816 e a transformou
em PROVÍNCIA CISPLATINA e MONTEVIDÉU Este protetorado brasileiro sob a designação
de PROVÍNCIA CISPLATINA durou até a década de 1830. Os habitantes deste
protetorado conseguiram redigir e aprovar uma CONSTITUIÇÃO em 1832 quando o
URUGUAI se declarou uma nação soberana. Este gesto foi imediatamente
reconhecido pelo Brasil e pelos Estados Unidos como nação soberana, Com este
reconhecimento permitiu ao Rio Grande do Sul tomar o seu formato atual e que
foi defendido arduamente pelas tropas republicanas farroupilhas.
O RIO GRANDE do SUL estava submetido politica,
militar, religiosa e intelectualmente ao
NÚCLEO do PODER CENTRAL BRASILEIRO. Como uma CAPITANIA de CONQUISTA e de
ALTOS INVESTIMENTOS para tal, as condições políticas, econômicas, militares,
religiosas e intelectuais eram ainda mais rígida e zelosamente vigiadas.
A passagem
da CAPITANIA para a condição de PROVÍNCIA mergulhou o passado colonial
sul-rio-grandense num esquecimento das frustradas experiências estéticas das
MISSÕES JESUÍTICAS e uma rigorosa vigilância par este “exagero estético” não se
repetisse
De fato, a REVOLUÇÃO FARROUPILHA foi um alto e
forte protesto coletivo contra as condições politicas, econômicas, militares,
religiosas e intelectuais eram ainda mais rígida e zelosamente vigiadas pelo
NÚCLEO do PODER CENTRAL BRASILEIRO
As tênues concessões feitas pelo PODER CENTRAL aos FARROUPILHAS, em 1845, mostraram a sua eficiência 20 anos depois na
GUERA do PARAGUAI .
Na prática as mobilizações FARROUPILHAS e a GUERRA do PARAGUAI reforçaram a chama do
REGIME REPUBLICANO.SUL-RIOGRANDENSE. O PÁRTENON LITERÁRIO[3], os
GRÊMIOS REPUBLICANOS confluíram para o PARTIDO REPUBLICANO e diretrizes do
JORNAL a CONFEDERAÇÃO estimularam os ARTISTAS VISUAIS a sair da CONDIÇÃO ECLÉTICA
de SÚDITOS IMPERIAIS para as QUESTÕES ABERTAS que um CIDADÃO REPUBLICANO
enfrenta com convicção, argumentos e obras que faz circular sem temer censura e
se importando pouco do censo comum de aprovação ou de reprovação. Sem envolver os “CULPADOS de seu EXITO ou de seu FRACASSO” este CIDADÃO REPUBLICANO sabe do PREÇO que o seu ENTE deve de pagar
pelo seu modo de SER. Este CIDADÃO ARTISTA sabe que em ARTE, em POLITICA e no ESPORTE não é possível pedir perdão pelo fracasso. Resta-lhe a opção de recomeçar e superar o tropeço com uma OBRA digna deste nome..
Nesta linha os ARTISTAS VISUAIS SUL-RIO-GRANDENSES
não esperam pelo favorecimento nem querem serem favorecidos. Escolheram
livremente, lutaram e mesmo com magros retornos provam todos os dias e em cada
obra “QUE a ARTE é PROVENIENTE POR QUEM PRODUZ; não desistem mesmo que a
repercussão seja por momentos passageiros pois sabem que este retorno é
coerente com as condições de educação, a técnica dependente condição geral da
sociedade presa às necessidades básicas não resolvidas.
03 – AGENTES:
a Missão Artística
Francesa na Corte brasileira e a entrada avulsa de artistas estrangeiros no Rio
Grande do Sul.
Os integrantes
da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA foram recebidos
pelo NÚCLEO do PODER CENTRAL BRASILEIRO. Como tais integravam a CORTE
REAL e depois a CORTE IMPERIAL. Eram remunerados como cortesões ao estilo do
que acontecia na corte francesa e antes nas cortes do Renascimento Italiano.
Nesta
condição os membros da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA tinham contatos apenas mediados e filtrados com as
Províncias Brasileiras. Cabia aos representantes da s províncias atrair e subsidiar os candidatos à IMPERIAL
ACADEMIA de BELAS ARTES (IABA).
O Rio grande
do Sul subsidiou e apoiou Manuel Araújo Porto-alegre, enquanto a Província de
Santa Catarina apresentou e apoio Vitor Meireles e a Paraíba a Pedro Américo
para citar os mais conhecidos
[1] GOLIN, Tau. A Guerra Guaranítica: como os exércitos de Portugal e Espanha
destruíram os Sete Povos dosjesuítas e índios guaranis no Rio Grande do Sul.
(1750-1761). Passo Fundo : PUF e Porto
Alegre : UFRGS, 1998, 624
[2] LANGER , Protásio Paulo. A Aldeia Nossa Senhora dos Anjos: a
resistência do guarani missioneiro
no processo de dominação do sistema luso. Porto Alegre : EST, 1997, 128 p
[3] MACHADO, Antônio Carlos «Breve
História do Partenon Literário » in Revista do Museu Júlio de Castilhos e Arquivo Histórico do Estado
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Secretaria de Educação e Cultura,
1956, pp. 111/125.
Friederich SELLOW (1789-1831) índia de nome
Maria-Eusébia de São Luís Gonzaga RS no Brasil - em 1825
Fig. 03 O jovem Friderich SELLOW (1789-1831) esteve, entre 1818 e 1826 em várias expedições
naquilo que restava dos SETE POVOS na época com profundas relações com a
cultura platina através da PROVÌNCIA CISPLATINA sob o protetorado do Império
Brasileiros SEELOW observou e desenhou vários retratos de
indígenas estava integrado com uma MISSÂO CIENTIFICA sem vínculo com a MISSÃO
ARTISTICA FRANCESA
..
O Rio Grande
do Sul tinha mais facilidade e oportunidades de contatos com as novas repúblicas do Rio da Prata do que com a corte
IMPERIAL fechada do Rio de Janeiro. As grandes fazendas de criação extensiva de
gado transitavam livremente de um lado da fronteira pois possuíam propriedades
dos dois lados[1].
[1] Estas posses nos dois lados é cumm ainda comum em pleno século como na exílio de
vários políticos brasileiros, uruguaios e argentinos Aparece na familia de
Otavio CORRÊA em LIKS, Afonso – Otavio Corrêa o civil dos 18
de Forte de Copacabana Porto Alegre; Quatro Projetos, 2016, 144 p. il
Fig.
04 – A hipótese de mapas com despistes
por meio de localizações falsas de cidades que se consideram estratégicas
talvez caiba ao mapa do BRASIL de DEBRET, impresso em Paris, no ano de 1834.
Está fora de dúvida que havia interesses em vários países industrializados, em
grupos insatisfeitos e em aventureiros como Giuseppe GARIBALDI e capazes de
aventuras militares na Bacia do Rio da Prata. Assim a Argentina foi
invadida doze vezes por expedições militares de origem inglesas maiores ou
menores. As ilhas MALVINAS são reclamadas destas expedições britânicas até ´dia
de hoje assim não é fora de proposto. a hipótese a se cpmprovar ainda PORTO
ALEGRE é de a gravura seja um desenho
Este
território era palmilhados por mascates e viajantes estrangeiros ávidos para
descobrir clientes de produtos industrias de suas pátrias de origem.
Poucos
deixaram registros e ainda mias impresso como Arsène ISABELLE[1]. Este
encontrou, em São BORJA, um irmão de INGRES. Outras expedições partiram do Rio
de Janeiro paras esta região como a de SAINT-HILAIRE[2]. As
diversas incursões das expedições na quais ia o jovem Frederic SEELOW parece
que preferiam entrar pelos rios que formam o Estuário do Prata, Não se
pesquisou ainda o material deste desenhista que pereceu precocemente e cujos
desenhos estão depositados oi MUSEU de CIÊNCIAS NATURAIS de BERLIM.
Assim parece
crescer o mérito de Manuel ARAÚJO PORTO_ALEGRE em procurar a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no âmbito do NÚCLEO do PODER CENTRAL BRASILEIRO
para o convívio e aprendizagem nas ARTES com este grupo seleto de artistas da
CORTE NAPOLEÃO BONAPARTE e com estreitos contatos com os irmãos HUMBOLDT
04 – INOVANDO
na ARTE: a Missão Artística
Francesa inova no estado brasileiro ao incluir a Arte no governo e toma
providências para isto
É
indiscutível o grande mérito dos integrantes da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA que constituiu em
colocar as ARTES no âmbito do NÚCLEO do PODER CENTRAL BRASILEIRO. Tomaram todas
as providências que estava ao seu alcance para tornar irreversível e por tempo
indeterminado a presença da
Ao longo do REGIME COLONIAL esta função das ARTES era da competência da IGREJA e das IRMANDADES
enquanto os PALÁCIOS e as REPARTIÇÕES PUBLICAS permaneciam na austeridade
[1] ISABELLE, Arsène (1806-1888) Viagem ao Rio Grande do Sul ( tradução
de Teodomiro Tostes) Brasília: Senado,
2006, 349 p : http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/188907
[2] SAINT-HILAIRE,
Auguste (1779-1853) . Viagem ao Rio
Grande do Sul Belo Horizonte: Itatiaia, 1999, 215 p.,
Fig. 05 - DEBRET tinha ao seu dispor uma rica
população do Sul do Brasil que se locomovia até do Rio de Janeiro a capital do
Reino e a corte, Esta população do extremo Sul do Brasil em trânsito O
longo silêncio em relação à OBRA de JEAN BAPTISTE DEBRET. Esta obra,
profundamente voltada ao povo brasileiro, ao escravo e ao indígena, não era exatamente
o que uma mentalidade IMPERIAL estava procurando ou um modelo para ser estudado
e ensinado na IABA
O povo em
geral era mantido longe das ARTES e da CRIATIVIDADE que pudesse despertar
alguma identidade diversas do PODER CENTRAL BRASILEIRO. A população era
entretida com eventos e espetáculos sob rigoroso controle de tudo aquilo que
pudesse descambar para qualquer questionamento do PODER COLONIAL. PODER
IMPLACÁVEL na qual a ritualização das FOGUEIRAS da SANTA INQUISIÇÃO e
JUSTIÇAMENTO das PENAS CAPITAIS e AÇOITES PÚBLICOS reforçava este PODER
COLONIAL inquestionável.
Assim era
temerária qualquer manifestação estética sobre a qualquer pudesse pairar as
mais leves sombras adversas ao PODER da “MESA da CONSCIÊNCIA”, ou o “NIHIL
OBSTAT” do BISPO e dos MINISTÉRIOS da JUSTIÇA da “SANTA INQUISIÇÃO” .
Diante deste
quadro COLONIAL SOMBRIO cabe grande mérito aos integrantes da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA de colocar AS ARTES no âmbito do NÚCLEO do PODER
CENTRAL BRASILEIROS
05 – CENTRALISMO ESTÉTICO a DIALÉTICA entre o CENTRALISMO NACIONAL e
DIÁSTOLE frente ao REGIONAL e ao PERIFÉRICO
O REGIME IMPERIAL BRASILEIRO foi um concessão à FAMÍLIA BRAGANÇA e aos NOBRES
PORTUGUESES que não perdiam nem titulo nobiliárquico, nem posses e muito menos a sua MÃO de OBRA ESCRAVA. Este REGIME IMPERIAL ocupou 67 anos da vida soberana do BRASIL.
Hábil na propaganda dos seus eventuais FEITOS
e em esconder a FALTA de um VERDADEIRA
BASE de uma ERA INDUSTRIAL. Apoiava a sua ECONOMIA nas “MÁQUINAS” que
eram de fato as “PEÇAS” escravas que plantava, colhiam e moviam o transporte
dos produtos da NATUREZA BRUTA
Alfred Demersay (1815-1891)[1], Ruínas da Igreja de São
MIGUEL em 1846.
Fig.
06 - A presença de artistas avulsos europeus no
Rio Grande do Sul ao longo do REGIME IMPERIAL e sem vínculos com a MISSÃO
ARISTICA FRANCESA mostra a abertura para estes viajantes na maioria das vezes
vindos do Rio da Prata, As capitais platinas ficam mais acessíveis para
população do extremo Sul do Brasil, como eram visit ados por artistas europeus.
Tanto de um lado como do outro circulavam as ideias republicanas especialmente
nas atividades artísticas no “GRAND TOUR” pelo mundo sem se fixar em lugares
exóticos,
No entanto
esta hábil da propaganda dos seus eventuais FEITOS necessitava de um RÍGIDO
CONTROLE ESTATAL, UNIFORME e CENTRAL no TRONO REAL e IMPERIAL. As numerosas revoltas,
ocorridas ao longo do REGIME REINO UNIDO e IMPERIAL dizem deste questionamento do
CENTRALISMO. A maioria destas revoltas aspirava, ao REGIME REPUBLICANO na senda
apontada pelos INCONFIDENTES MINEIROS.
Nas ARTES
VISUAIS é visível e palpável este RÍGIDO CONTROLE ESTÉTICO CENTRAL. Os
candidatos a ARISTAS CRIADORES E ORIGINAIS deviam ir para corte e para a
IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES. O resultado mais visível deste centralismo é
perceptível na TENDÊNCIA ESTÉTICA UNIFORME do NEO CLÁSSICO introduzida no BRASIL
em oposição à TENDÊNCIA ESTÉTICA UNIFORME anterior do BARROCO COLONIAL
06 – DOIS REGIMES em
CONFLITO: o Rio Grande do Sul permanece fiel à nação
brasileira cercado de regimes republicanos
O REGIME IMPERIAL tinha toda força legal e
governamental no Rio Grande do Sul apesar de uma crescente insatisfação com
este sistema que orbitava ao redor do trono imperial. Esta insatisfação era
sufocada, chantageada e coagida a pagar altos tributos e receber encargos
econômicos, militares e políticos e miseras migalhas culturais que eram mais
para os já abonados do que a população em geral. Assim o sonho de um REGIME
REPUBLICANO era cada vez mais REAL e com o crescente números de adeptos
Pinacoteca Aplub – Porto Alegre – presumido retrato
de Evaristo da Veiga por Araújo Porto -alegrE
07 – Evaristo da VEIGA (1799-1837)[1]
foi um dos apoiadores da carreira e
um dos patronos na corte de Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE. O jornalista e tribuno
conseguiu apoio e subsídios - do trono imperial e do Regente Feijó - para que o
candidato a artista pudesse acompanhar o seu mestre Jean Baptiste DEBRET na sua
volta e atividades em Paris e seguir o seu irmão François DEBRET[2]
arquiteto de prédios de teatro por toda a Europa Ainda
restas dúvidas e falta documentação para que a obras acima, pertencente ao
acervo da PINACOTECA APLUB seja de faro o retrato de Evaristo da VEIGA. Caso
fosse, seria mais um reforço à tese de Afonso Carlos MARQUES doo SANTOS [1]
de um projeto CIVILIZATÓRIO em GESTAÇÂO
em consequência da Missão Artista a Francesa
O que deve
ser consignado a favor da Província Imperial do Rio Grande do Sul é permanecer
fiel à nação brasileira cercado de regimes republicanos. Esta fidelidade se
evidenciou especialmente em Porto Alegre e nas cidades mais desenvolvidas como
Rio Grande e Pelotas.
Se esta fidelidade tinha um alto preço não era
menor a expressão de que desejava oficialmente uma mudança significativa de
regime.
O espírito combativo, enérgico e reto de Manuel ARAÚJO
PORTO-ALEGRE sofreu muito com na própria corte do Rio de janeiro com a
burocracia, as interferências indevidas nas ARTES de pessoas em grande preparo
para a carga simbólica, administrativa e educacional da Imperial Academia de
Belas Artes da qual foi estudante, bolsista professor e diretor.
Ao perceber a inutilidade de seus esforço renunciou
sem antes deixar um ESTATUTO que é elogiado até os dias atuais como são as suas
observações nas reuniões dos professores
da IABA
Retrato http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon960827/icon960827_018.jpg
[2] François DEBRET
(1777-1850) https://pt.wikipedia.org/wiki/François_Debret
Acervo
do MUSEU DE ARTE do RIO GRANDE do SUL
Fig.
08 - Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE iniciou a sua vida como pintor de cenários
para teatros.. Em Paris acompanhou DEBRET e conviveu com seu irmão François DEBRET
(1777-1850) construtor de teatros.
07 – UM CASO DE EXEPÇÃO: Manuel Araújo Porto-Alegre, o
Barão de SANTO ÂNGELO
O discípulo da maior projeção, carreira e êxito da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA foi Manuel Araújo Porto-Alegre O seu vigor, audácia e
múltiplas iniciativas estéticas são admirados até os dias atuais em todo território
nacional. Não pode fazer muito pela sua PROVÍNCIA de origem como também os seus
dois discípulos prediletos Vitor MEIRELES pouco fazer por SANTA CATARINA nas ARTES,
ou PEDRO AMÉRICO pela sua PARAÍBA natal.
No entanto os
ESTADOS REPUBLICANOS da PARAÍBA, de SANTA CATARINA e do RIO GRANDE do SUL
possuem u verdadeiro culto pela memória destes artistas fieis ao TRONO e a
CORTE IMPERIAL.
De um lado
estes três luminares para o BRASIL e os seus ESTADOS de origem merecem este
destaque devido aos seus méritos de se submeter a esta rigorosa seleção,
conduzir projetos pessoais e sua sólida obra. De outro tanto a multidão
burocrática tanto no regime IMPERIAL depois REPUBLICANA denunciam a falta de
uma VERDADEIRA BASE de uma ERA INDUSTRIAL BRASILEIRA.
VERDADEIRA BASE de uma ERA INDUSTRIAL BRASILEIRA
embutida no PROJETO da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA. Na carte de LE BRETON a DOM
JOÃO VI ele sugere “DUAS ESCOLAS”. Uma para as ARTES NOBRES e OUTRA para ARTES
E OFICIOS. A das “ARTES NOBRES” foi IMPLANTADA imediata e definitivamente sem
teste ou experiência alguma e sobre uma NAÇÃO de ANALFABETOS e ESCRAVOS. Mereceu
esta pressa pois era uma REPARTIÇÃO BUROCRÁTICA onde uma classe ociosa queria
empregos. Dai o desgosto de Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE.
Só na segunda
metade do século XIX veio ao mundo o “LICEU de ARTES e OFICIOS”[1]. O trabalho
com as mãos era sinal evidente de classe baixa, proletária e sem perspectiva
política.
Porto Alegre – Colégio Santa Teresa – MorroSanta
Teresa Projeto, em 1848. de GRANDJEAN
MOMONTUGNY
Fig.
09 - TERMINADA a REVOLUÇÃO FARROUPILHA o jovem
imperador Dom Pedro II visitou Porto Alegre. Uma das providências foi criar o
COLÈGIO SANTA TERESA, pelo Decreto nº 438, do dia 02.12.1854,. para as meninas
órfãs surgidas no conflito conforme
SCHNEIDER[1],
1993, p 74 . O
projeto do prédio coube Auguste GRANJEAM MONTIGNY (1775-1850) um dos membros originais da MISSÂO ARTÍSTICA FRANCESA de 1816.
08 – O FULGOR do IMPÉRIO em
DECLÍNIO: a construção
de um mito de algo no qual o RIO GRANDE do SUL não foi consultado ou convidado
O fulgor de
um FIM de um DIA e do POR do SOL são espetáculos naturais admiráveis. O mesmo
esplendor reveste o final de um ERA, de um IMPÉRIO ou de uma CASA em DECADÊNCIA. SÊNECA[2] foi
implacável com a descrição das multidões que acompanham ávidas por um migalha
ou um último fulgor dos patrimônios arduamente conquistados numa
etapa anterior.
“Constrange-me o ânimo quando vejo a aparência de
alguns destes pedagogos, esses escravos vestidos com o maior capricho e com
mais ouro do que em dia de procissão, este exército resplandecente de servos em casas nas quais se pisam sobre precisas
alfombras, nas quais a riqueza está por todas as partes, os tetos são
refulgentes e onde sempre existe esta multidão que acompanham os patrimônios
que que se dissipam ”
Um
dos momentos mais emblemáticos deste
fulgor de um FIM no Brasil foi o episódio do “ BAILE da ILHA FISCAL” [3] nas
vésperas do POR do SOL do REGIME IMPERIAL BRASILEIRO. Este Baile eternizado nas
tintas de Aurélio FIGUEIREDO irmão de Pedro Américo mostra uma das razões da
queda deste IMPÉRIO.
Nas províncias do IMPÉRIO BRASILEIRO
repentinamente transformadas em “ESTADOS SOBERANOS” pelo Decreto Nº 01 da
REPUBLICA[4] estas
luzes "refulgentes e onde sempre existe esta multidão que acompanham os
patrimônios que se dissipam" e iluminaram projetos de palácios, criaram cargos e
funções que se arrastaram até o final da dita “REPÚBLICA VELHA”. A REVOLUÇÃO de
1930 teve de ser feita devido a estes hábitos, títulos, e esbanjo suntuários
que vieram do IMPÉRIO BRASILEIRO atravessaram 41 anos de REGIME REPUBLICANO e
cuja mentalidade se incorporou definitivamente no corpo social, político e
econômico sem deixar trégua ao bem geral da NAÇÃO BRASILEIRA,
[1] SCHNEIDER, Regina Portella. A Instrução Pública no Rio Grande do Sul
(1770-1889) Porto Alegre ; UFRGS. 1993
496 p..
[2] SÊNECA Da tranqüilidade do ânimo, p. 08
[4] DECRETO Nº ! de 15 de novembro de 1889 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm
PROJETO ORIGINAL do
HOSPITAL SÂO PEDRO
Fig.
10 - O imenso
prédio do hospital psiquiátrico São Pedro foi concebido nas normas do
Neoclássico. Chegou a abrigar 6.000 pacientes Concebido e construído logo após
a Guerra do Paraguai e inaugurado pela Princesa Isabel inscreve-se na campanha
do REGIME IMPERIAL para dar visibilidade as suas realizações espetaculares. Inicialmente
destinado para toda a população do extremo Sul do Brasil este prédio esta
tombado e os pacientes são atendidos e internados em clínicas e residências
espalhadas pela cidade e no interior
Num
olhar mais amplo e mundial este período corresponde a um dos apogeus da ERA
INDUSTRIAL na qual se gastava muito além da conta e da economia. Os modelos
suntuários se espalharam pelo mundo depois do PALÁCIO do CRISTAL e a EXPOSIÇÕES
UNIVERSAIS na EUROPA e na AMÉRICA. Inclusive Porto Alegre hospedou um destes
eventos no ano de 1881[1].
Diante do feroz avanço da força das MÁQUINAS e
da nova logica imposta pela ERA INDUSTRIAL TRIUNFANTE a humanidade teve de
empreender significativas mudanças. A
confiança no indivíduo como cidadão, capaz de seguir e honrar os seus contratos
públicos e particulares nem sempre correspondiam às competências e limites a verdade social, econômica e politicas.
[1] EXPOSIÇÂO TEUTO BRASILEIRA de 1881 - http://lealevalerosa.blogspot.com/2013/07/exposicao-brasileira-alema.html
Fig.
11 - A escadaria do prédio do hospital
psiquiátrico São Pedro. Uma amostra das técnicas construtivas e especificamente
da serralheria concebida nas normas do Neoclássico A grande lotação deste
hospital faz pensar nas estreitas normas de comportamento padrão sociais,
morais e políticas da época. Visto pelo lado do sistema e das estandardizações
exigidas pelo ERA INDUSTRIAL qualquer desvio levava para a anormalidades definitiva
e para o descarte irreversível, Na ÉPOCA PÓS INDUSTRIAL estes desvios são
tratados como surtos temporários, surtos que possuem cuidados médicos, com esta
paciente onde a ARTE como TERAPIA foi
admitida e introduzidas, aos poucos,
09 – OS GRÊMIOS REPUBLICANOS
SUL-RIOGRANDENSES o artista como
CIDADÃO em vez de SÚDITO e os seus recursos
estéticos
Associações, escolas, igrejas e atividades
econômicas do REGIME IMPERIAL eram autorizadas, funcionavam e encerravam as
suas atividades sob o estreito controle do TRONO.
Este centralismo funcional e administrativo evidentemente era apropriado para SÚDITOS
privilegiados e impedia qualquer mobilidade política, religiosa ou econômica. A
escravidão era um estatuto legal regido pelo TRONO
O recurso estava em sociedades secretas e ao
arrepio da lei. Os estudantes das leis começaram a dar forma social, politica e
econômica aos GRÊMIOS REPUBLICANOS. Neste ambiente preparou-se uma geração de
advogados especialmente na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo São
Francisco começou a se preparar para dar um corpo ao REGIME REPUBLICANO. Estes
estudantes eram economicamente amparados por ricos estancieiros e uma nova
geração de produtores de café sem títulos de nobreza, porém com acúmulo considerável
de economias. Do lado IMPERIAL os “BARÕES do CAFÉ” do Vale do Paraíba sentiram
o perigo e a fragilidade do REGIME IMPERIAL. Iniciaram e levaram adiante uma
intensa PROPAGANDA da vantagem do REGIME que lhes conferia e garantia os titulo
de nobreza. Valeram-se e criaram o mítico “GRITO do IPIRANGA” e investiram
pesadas somas de dinheiro em tornar crível e aceitável continuidade do REGIME
dos BRAGANÇA e de seus benefícios simbólicos e econômicos que esperavam ter do
TRONO.
Os convencidos das IDEIAS de mudança de REGIME espalharam
Brasil afora os GRÊMIOS REPUBLICANAS. Este GRÊMIOS confluíram para PARTIDOS
REPUBLICANOS em cada província. As ideias ganhavam formas impressas e
circulavam em jornais nos quais as
lideranças republicanas difundiam as suas ideias e se preparavam para eventualmente
lideram um GOVERNO REPUBLICANO
Se os
artistas visuais não faziam esta propaganda ideológica, em compensação
percebiam, no REGIME REPUBLICANO, a ocasião de um comportamento, da produção e
da circulação das suas obras. No aspecto institucional percebiam a ocasião de
formação de associações e a criação de escolas de artes.
Fig.
12 - Outros dois prédios oficiais que obedeceram
as normas neoclássicas. O prédio maior é o Theatro São Pedro iniciado em 1833,
paralisado ao longo da Revolução Farroupilha e inaugurado em 1858. Ao lado
o prédio CÂMARA e depois Tribunal da Justiça foi consumido pelas chamas em 1951
junto com o prédio Atheneu Sul Rio-grandense. Num angula esquerdo inferir da foto
a primeira estátua publica de Porto Alegre erguida na década de 1870. Obra da
oficina de mármores de Adriano PITANTI está localizada atualmente na praça
Conde de Porto Alegre
10 – NOVOS PROJETOS e INSTITUIÇÕES com a MATRIZ REPUBLICANA e CIDADÃ.
É necessário
sublinhar que os membros da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA eram CIDADÃOS REPUBLICANOS
e por esta razão desqualificados pelo REGIME MONÁRQUICO da FRANÇA de volta ao
poder em PODER em PARIS em 1816.
Ao longo dos
67 anos do REGIME IMPERIAL BRASILEIRO este traço REPUBLICANO e PROLETÁRIO da
origem dos artistas franceses foi escamoteado e oculto pela estrutura
burocrática da IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES do Rio de Janeiro, Inclusive há
muitas sombras sobre a efetiva liderança e atividade pedagógica que exerceram
nesta instituição. Uma das provas está na leitura atenta da CARTA de Joaquim LE
BRETON ao CONDE da BARCA[1] cujas
ideias são bem distintas do que se implantou de fato. A carta e as ideias do
CHEFE da MISSÃO ARTÍSTICA só foram achadas por Mário BARATA no século XX e
publicadas em 1959.
Outra destas
reservas em relação à MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA é o longo silêncio em relação
à OBRA de JEAN BAPTISTE DEBRET. Esta obra, profundamente voltada ao povo
brasileiro, ao escravo e ao indígena, não era exatamente o que uma mentalidade
IMPERIAL estava procurando ou um modelo para ser estudado e ensinado na IABA
Fig.
13 - O interior do Theatro São Pedro é um espaço
privilegiado de eventos sociais, políticos, de arte dramática e de música, Resultado
de numerosas atividades publicas e lugar de apresentação de companhias nacionais e internacionais de passagem pelo extremo Sul do Brasil.
Apesar das
ideias republicanas da MISSÃO só transparecerem nos seus gestos, nas suas
atitudes e nas suas obras esta condição ideológica estava na mais franca sintonia
no Rio Grande do Sul. As artes
sul-rio-grandenses começaram a reverberar as reiteradas afirmações da MISSÃO da
MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA. Os grêmios republicanos não se calaram mais enquanto
os artistas souberam aproveitar a LIBERDADE, a CIDADANIA e VONTADE de PESQUISAR
não mais tolhida pelo medo, imposição e pelo centralismo do TRONO IMPERIAL.
Antônio Cândido de MENESES
(1826-1908) - Dom Pedro II - 1872
Fig.
13 - Antônio Cândido MENESES[1] foi um dos raros estudantes sul-rio-grandenses
da Imperial Academia de Belas Artes sucessora do ensino da MISSÂO ARTÌICA
FRANCESA, O retrato do Imperador Doam Pedro II está assinado
com o nome do artista e carrega vestígios da autonomia do artista fato que a
distingue da pintura anterior à MISSÃO ARTÍSTICA que não carrega o nome de que
executou a obra
No REGIME
REPUBLICANO os artistas visuais sentiram-se cidadãos iguais aos demais
cidadãos. Elevam-se pela força do seu trabalho, da sua pesquisa e de sua atenção
ao seu TEMPO, seu LUGAR e sua SOCIEDADE.
Se uma lição
restava do REGIME COLONIAL e IMPERIAL era no sentido de suas conquistas de se
desvencilhar da escravidão, da condição de súditos amarrados ao trono e de poderem
produzir a sua obra sem patrulhamento estético.
A sua
organização social e profissional estava garantida pela Lei de nº 173 de 10 de
setembro de 1893[1].
Tudo isto está no campo potencial. Como depende do
artista a escolha do QUE, COMO, ONDE, QUANDO e para QUEM produz a SUA OBRA de
ARTE, pois “toda a arte está no que produz, e não no que é
produzido”. Aristóteles[2](1973: 243
114a 10 ) Esta OBRA DE ARTE é um documento do instante fugaz
e único. Quando esta OBRA de ARTE sai do controle do artista NÃO PODE LHE
FALTAR NADA e, ao MESMO TEMPO,. NÃO PODE LHE SOBRAR NADA pronta para iniciar a
sua viagem irreversível no TEMPO, em
OUTROS LUGARES e em SOCIEDADES completamente diferentes de sua ORIGEM.
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FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
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NOBRES e outra para os OFÍCIOS
O ARTISTA DEVE
IR para a UNIVERSIDADE (Marcel DUCHAMP)
VESTPIGIOS da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no RIO GRANDE
do SUL
CARTA
de LE BRETON ao CONDE da BARCA
DECRETO
REAL do dia 12 de AGOSTO de 1816 cria a ESCOLA REAL de BELAS ARTES e OFÍCIOS
O DIA da ARTE: 12 de
agosto.
DIA
da ARTE no BRASIL omite a origem histórica
A MISSÃO ARTÍSTICA e a ERA INDUSTRIAL no BRASIL
A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA e a INICIATIVA CIDADÃ no
BRASIL
François DEBRET (1777-1850)
A MISSÃO ARTÌSTICA FRANCESA no BRASIL – Sumário
http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/03/162-missao-artistica-francesa-no-brasil.html
brasilianaiconografica.art.br/ artigos/20083/um-album-de- araujo-porto-alegre
OBRAS de ARAÚJO
PORTO-ALEGRE
https://www.
LICEU de ARTES e OFICIOS do Rio de Janeiro, iniciativa de
Francisco Joaquim BETHENCOURT que abriu o Liceu no dia 23,11.1856 http://profciriosimon.blogspot.com.br/2018/02/227-estudos-de-arte.html
COLÉGIO
SANTA TERESA _ Porto Alegre - Projeto Auguste GRANDJEAN de MONTIGNY 1845
MORRO
SANTA TERESA
Controvérsia da presença de Debret no Rio Grande do Sul
Debret em OSÒRIO-RS?
Debret em TORRES ?
CRUZ das MISSÂO
DE SÂIO MIGUEUL e MUSU DE CAMAQUÃ
DEMERSAY Alfred
(1815-1891)
HISTÒRIA do
PRÉDIO do THEATRO SÂO PEDRO
Arquiteto Filipe Normann 1833
Evaristo da
VEIGA
Retrato
ATHOS DAMASCENO
FERREIRA
TASSO BOLIVAR
DIAS CORRÊA
BLOG “NÃO FOI NO GRITO”
EXPOSIÇÂO TEUTO
BRASILEIRA de 1881 –
SÊNECA ”Da tranquilidade do ânimo,” p. 08
BAILE da ILHA
FISCAL
DECRETO Nº ! de
15 de novembro de 1889
LEI No. 173 - DE
10 DE SETEMBRO
DE 1893
Regula
a organisação das associações que se fundarem para fins religiosos, moraes, scientificos, artisticos, politicos ou de simples
recreio, nos termos da art. 72, § 3º, da Constituição”.
[1] “LEI No. 173 - DE
10 DE SETEMBRO
DE 1893[1] Regula a organisação das
associações que se fundarem para fins
religiosos, moraes,
scientificos, artisticos, politicos ou de simples recreio, nos termos da art.
72, § 3º, da Constituição”.
[2] - ARISTÓTELES (384-322).
Ética a Nicômano. São Paulo:
Abril Cultural1973. 329p.
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