HÉLIOS
SEELINGER- “O RIO GRANDE de PÉ
pelo BRASIL”
0.1
– Há necessidade de retroceder e conhecer os
DOCUMENTOS da encomenda de uma OBRA de ARTE. 0.2 – A FÁBRICA DE MITOS 0.3 – O RIO GRANDE DO SUL NUNCA FORMOU OUTRA
NAÇÃO fora do BRASIL .04 – O REDUCIONISMO a UM TIPO IDEAL do QUAL a MAIORIA se SENTE EXCLUÍDA. 0.5 – O IDEAL REPUBLICANO
em PERIGO na DÉCADA de 1920 0.6 - AS OBRAS DE ARTE encomendadas e não
instaladas no PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO GRANDE do SUL. 0.7 – O mito de HÉLIOS
SEELINGER como PINTORES ACADÊMICOS. 0.8 – A TRANSFERÊNCIA e a DISTRIBUIÇÃO das
OBRAS DE ARTE do PALÁCIO PRESENCIAL por FERNANDO CORONA e CHRISTINA BALBÃO 0.9 A INDÚSTRIA DO RESTAURO 0.10 – TRABALHO do
ESTAGIÁRIO como PROFISSIONAIS do RESTAURO 0.11
– Hélios
SEELINGER FORA de uma SOCIEDADE do ELOGIO RECIPROCO.
Fig.
01 O quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ
pelo BRASIL” foi concebido e 1925 e executado em 1926 sob a encomenda do governo do Estado do Rio Grande
do Sul. O titulo deste quadro tornou-se um dos lema da Revolução de 1930[1]
quando os rio-grandenses, da época, tentaram reinstaurar o ideário do
REGIME REPUBLICANO. Este espírito já havia passado pela Constituição do Rio
Grande do Sul de 14 de julho de 1891 e vinha desde a Revolução Farroupilha Os personagens centrais do quadro de Hélios
SEELINGER, no entanto é formado pelo “POVO SUL-RIO-GRANDESE a PÉ” de 1926 e com
trajes desta época, bandeira republicana brasileira e armas nas mãos, tendo na
mente uma Revolução Farroupilha imaginada e mitificada com a sua bandeira e
alguns heroicos centauros universais..
“Só sei
que nada sei: este conhecimento me
confere uma enorme vantagem sobre os pensam que sabem alguma coisa” Sócrates
0.1 – Há necessidade de retroceder e conhecer os
documentos de quem encomenda uma obra de arte.
“A
HISTÓRIA é INIMIGA DA MEMÓRIA” conforme Pierre NORA. Uma MEMÓRIA pontual - vinda do cérebro humano - filtra tanto o presente como o passado. Quem recebe uma informação reduzindo-a ao seu repertório já contaminado pelo MITO.
Na HISTÓRIA das ARTES VISUAIS existe o
recurso ao conhecimento dos documentos de QUEM encomendou ou adquiriu uma determinada OBRA. Documentos que desfazem aquilo que foi contaminado por MITOS gratuitos, senão perversos.
[1] REVOLUÇÃO de 1930 https://guerraearmas.wordpress.com/2014/07/19/o-rio-grande-do-sul-na-revolucao-de-1930/
NORA Pierre “ENTRE MEMÓRIA e HISTÓRIA a
problemática dos lugares” Revista
do Programa de Estudos Pós graduação em História e do Departamento de História
da PUC-SP São Paulo, SP.1981 pp. 08 419
MÁSCARA Revista. Porto Alegre, Ano 7, Nº 7, jun. 1925, s/p. – Salão de
Outono de 1925
Fig.
02 - O esboço, ou projeto, do quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL”
conforme foi concebido por Hélios SEELINGER em1925 sob a encomenda do governo
do Estado do Rio Grande do Sul para “PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO GRANDE do
SUL”. O artigo 8º da Constituição do Rio Grande do Sul de 14 de julho de 1891
previa um monumento numa praça pública do
estado a BENTO GONÇALVES e aos seus companheiros da Revolução Farroupilha[1].
Hélio SEELINGER teve várias
passagens em Porto Alegre ao longo do ano de 1925. Participou da ornamentação
do Baile de Carnaval e depois foi um dos estimuladores de SALÃO de OUTONO de
1925, A preparação da REVOLUÇÃO de 1930
estavam em todos os ambientes e sua deflagração, em 03 de outubro de
1930, foi uma consequência natural e já prevista na obra “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL”
da qual tomou um dos motes de mobilização definitiva e vitoriosa.
02 – A FÁBRICA DE MITOS
O colonialismo e a escravidão praticados no Rio Grande do Sul só foram
possíveis por meio de um rígido e estreito fechamento intelectual, da vontade e
de sentimentos. Neste vazio o dominador inculcava SENTIMENTOS para gerar uma
VONTADE SERVIL e a IMPOSSIBILITAR a INTELIGÊNCIA encher, receber e assimilar
outros paradigmas. Nunca houve tanta FESTA como no período colonial. Esta
alienação continua soberana por meio de EVENTOS MIDIÁTICOS, de FUTEBOL e por
uma INDÚSTRIA NACIONAL e ESTADUAL de AUDIOVISUAL ESVAZIADA de qualquer
contestação ou contraditório.
AS FESTAS CÍVICAS tiveram de ser INVENTADAS,
HERÓIS FABRICADOS e INTELECTUAIS e ARTISTAS contratados, subsidiados e cooptados para manter em pleno
funcionamento esta USINA de BENS SIMBÓLICOS.
No final do REGIME IMPERIAL BRASILEIRO houve
uma intensa produção artística para manter ativa e produtiva esta USINA de BENS
SIMBÓLICOS PATRIÓTICOS. Com a queda do IMPÉRIO a primeira REPÚBLICA não
desativou esta usina. Apenas os NOVOS GÊNIOS eram diferentes porém
profundamente embutidos de sua função. Assim os republicanos ANTÔNIO PARREIRAS
e HÉLIOS SEELINGER sucederam os imperiais PEDRO AMÉRICO e VITOR MEIRELES entre
tantos outros concorrentes.
[1] CONSTITUIÇÃO de 14 de julho de 1891 http://www2.al.rs.gov.br/memorial/LinkClick.aspx?fileticket=frKwldvbn2g%3D&tabid.
Este
monumento foi erguido na cidade de RIO GRANDE, enquanto Porto Alegre recebeu o
Monumento ao próprio Júlio de Cstilhos
Fig.
03 A representação prosaica da TOMADA DA
PONTE da AZENHA do pintor rio-grandino Luiz Augusto FREITAS (1863-1962) condiz
mais com a realidade objetiva do que com o mito que PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE (PRR) queria dar ao fato, Certamente esta posição conceitual
deste pintor, contribuiu, em 1918, para
que nunca fosse colocado no PALÁCIO PRESIDENCIAL do qual destoava. Esta discrepância
abriu espaço, em 1925. para a encomenda
da obra de Helios SEELINGER, O arquiteto Fernando CORONA ao projetar o prédio do Instituto de Educação Flores da
Cunha lhe concedeu um amplo espaço na
escadaria monumental de acesso ao segundo piso
03 – O RIO GRANDE DO SUL NUNCA FORMOU OUTRA NAÇÃO fora
do BRASIL .
UM patriotismo tardio e equivocado insiste de
que o RIO GRANDE
do SUL formou um NAÇÃO SOBERANA e
SEPARADA do BRASIL.
Nada mais mitificado do que de fato se
passou. Bento GONÇALVES desde os primórdios deixou evidente que o RIO GRANDE do
SUL apenas procurava FORMAR UM ESTADO DENTRO do BRASIL. Ao longo dos dez anos
da REVOLUÇÃO FARROUPILHA teve de bater em duelo com quem sustentava esta tese
da SOBERANIA, perdeu a ajuda de Garibaldi e quando foi assinada a paz recebeu a
visita do jovem DOM PEDRO II a que ele recebeu com todas as honras como foi
retribuído pela mesma cortesia.
Outro índice é de que não se encontro
registro oficial da busca, fora das fronteiras brasileiras, de reconhecimento
da “NAÇÃO SUL-RIO-GRANDENSE”.
Evidente que havia fortes correntes esparsas e
subterrâneas para a formação e o reconhecimento desta PÁTRIA separada.
A recompensa por tanta lealdade ao BRASIL
veio com a PROCLAMAÇÃO da REPÚBLICA que, no sei primeiro decreto, elevava as
PROVÍNCIAS IMPERIAIS a ESTADOS SOBERANOS com direito á CONSTITUIÇÃO, à
PRESIDÊNCIA e construção de PALÁCIO PRESIDENCIAIS.
As encomendas a de obras de arte feitas a ANTÔNIO
PARREIRAS, a LUIS AUGUSTO de FREITAS, a Lucílio de ALBUQUERQUE e a HÉLIOS
SEELINGER são decorrências desta política de SOBERANIA do ESTADO
SUL-RIO-GRANDENSE.
Certamente houve exageros, mal entendidos e corrupção que um antigo presidente do Estado do RIO GRANDE do SUL tentou corrigir por meio da queima das bandeiras estaduais, a proibição dos hinos e redução os “presidentes” a “interventores do Estado Nacional”. Como a todo ação corresponde uma reação contrária, os movimentos tradicionalistas tomara conta da cena, logo após o ESTADO NOVO para fazer um desagravo e transformar o TABU em TOTEM.
blogspot.com/2014/03/carta-de- bento-goncalves-ao-regente. html
Certamente houve exageros, mal entendidos e corrupção que um antigo presidente do Estado do RIO GRANDE do SUL tentou corrigir por meio da queima das bandeiras estaduais, a proibição dos hinos e redução os “presidentes” a “interventores do Estado Nacional”. Como a todo ação corresponde uma reação contrária, os movimentos tradicionalistas tomara conta da cena, logo após o ESTADO NOVO para fazer um desagravo e transformar o TABU em TOTEM.
Carta de BENTO GONÇALVES
ao REGENTE FEIJÓ do dia 20 de SETEMBRO de 1835
http://almanaquenilomoraes.
MÁSCARA Revista. Porto Alegre, Ano 7, Nº 7, jun. 1925, s/p. – Salão de
Outono de 1925
Fig.
04 Hélios SEELINGER foi um dos agentes
mais ativos para a promoção do SALÃO de OUTONO de 1925 realizada no PAÇO
MUNICIPAL de PORTO ALEGER. Na foto da Inauguração o artista aparece no cento da
foto ( segurando o chapéu preto) ao lado de Francis Pelichek. Enquanto isto
o Desembargador André da Rocha lê o seu discurso No lado esquerdo de que olha a
foto está Fernando Corona assiste a cena de torno branco e de braços cruzados È
neste ambiente que Helios concebe o
esboço do quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” que foi publicado na
Revista MÁSCARA junto à grande reportagem e descrição deste evento
04 – O REDUCIONISMO a UM TIPO IDEAL do QUAL a
MAIORIA se SENTE EXCLUÍDA.
Nas décadas de 1920 e 1930 surgiu um
patriotismo que procurava um tipo único, legível e apropria ao MARKETING e
PROPAGANDA de um nacionalismo fácil e palatável para as MASSAS POPULARES. O Nazismo
recorreu ao INDIVÍDUO ARIANO IDEAL e UNIVERSALMENTE LEGÍVEL. Mas que nunca
existiu em ESTADO PURO muito menos tinha os atributos que esta ideologia queria
ver neste ESTEREÓTIPO,
O ESTADO NOVO BRASILEIRO agiu politicamente
na supressão dos tradicionais partidos e desejou implantar o PARTIDO ÚNICO da
PÁTRIA[1]. O
Rio Grande do Sul foi buscar o seu TIPO IDEAL num pequeno segmento da população
de controvérsia inicia pelo
[1] VER O ARTIGO de
LOUREIRO a SILVA de PÁGINA INTEIRA dos DIÁRIO de NOTICIAS de PORTO ALEGRE dos
primeiros dias do ESTADO NOVO. Não há noticias de que a ideia tenha
ganhado corpo e implantado
Fig.
05 O cartão postal que Francis Pelichek
concebeu para a REVOLUÇÂO de 1930[1]
deve
ao quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ
pelo BRASIL” a figura do soldado do
primeiro plano portando a decidido a sua arma O pintor tcheco Francis
PELICHEK conviveu com Hélios SEELINGER e
os dois interagiram em vários momentos no campo das artes visuais,
0.5 – O IDEAL REPUBLICANO em PERIGO na DÉCADA de
1920.
O IDEAL REPUBLICANO em PERIGO na DÉCADA de 1920. Este perigo foi identificado pelos jovens de Porto
Alegre e a causa colocada em público. Eles escreveram da revista Madrugada[2]:
“a mudança do regime monárquico foi
apenas, entre nós, uma substituição de acento grave por agudo, na personagem
governativa, o que vale dizer uma pura questão gramatical”. Os articulistas
constatavam “passamos do governo dos reis
ao império dos reis, entidades perfeitamente concretas, bem soantes, amadas e
poderosas”. Personagens sustentadas,
não pela sua competência política, cultural ou ideológica, mas pelas puras
forças do regime patrimonialista do estamento de dominadores do estado imperial
transfigurado apenas semanticamente em república. “Sucedendo à aristocracia complicada dos brasões com Coroa, os
aristocratas do dinheiro formam um núcleo de cabeças ocas e barrigas fartas
enchendo as ruas das mesmíssimas carruagens douradas e vistosas nas quais os
condes de antanho descansavam a indiscutível nobreza dos seus assentos’”. A
economia patrimonialista imperial encontrou apenas outras formas de escravidão
no uso do ‘pátrio poder’ corrompido,
permitindo a esses personagens, travestidos de republicanos, viver sem precisar
trabalhar e para produzir algo honesto.
“Os Paes da pátria’ como esses Paes que notando na filha um Dom que a faz
preciosa, exploram-na em seu próprio benefício, dormem regaladamente, na metade
do ano, para na outra metade fruírem os mil-réis que a coitada ganhou a custa
do seu trabalho”.
Esse
grupo de jovens intelectuais editorialistas[3] da Madrugada[4]
foi comandado por Theodomiro Tostes, Augusto Meyer, João Sant’Anna[5]
e Azevedo Cavalcante e não podiam ser mais enfáticos na necessidade de mudar o regime da Velha República.
O
quadro de Hélios SEELINGER deu cores, tintas e formas a este grito para
reforçar e visualizar a arregimentação para reverter coletivamente esta
CORRUPÇÃO do IDEAL REPUBLICANO tolerado
e praticado inclusive pelo PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE (PRR).
[1]
REVOLUÇÂO de 1930 https://guerraearmas.wordpress.com/2014/07/19/o-rio-grande-do-sul-na-revolucao-de-1930/
[2] Revista Madrugada
Porto Alegre, ano 1, nº 5. Dia
04 de Dezembro 1926 (sem paginação).
[4] - COSME, Sotero. Capa n.º 1 da Rev.Madrugada e COSME, Sotero . Capa da Revista Madrugada nº 3 1926 ..
[5] - João Sant’Anna era
secretário da Sociedade Riograndense de Bellas Artes que promoveu em Porto
Alegre, o Salão de Outono, de maio a junho de 1925, e que pretendia
institucionalizar o evento e lhe dar continuidade. Ficou num único evento. A
Sociedade tinha por presidente honorário Borges de Medeiros e Otávio Rocha. O
presidente efetivo era Francisco BentoJunior.Vice-Presidente Fabio de Barros e
o tesoureiro era Bernardo Jamardo. A abertura foi presidida por Manuel André da
Rocha, membro do CC-ILBA-RS. Revista Máscara, Porto Alegre, ano 7, nº 7, jun.1925.
Fig.
06 A tentativa de reavivar o REGIME
REPUBLICANO em plena contestação no final da REPUBLICA VELHA e com o PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE EMPOLEIRADO NO PODER e um PRESIDENTE do ESTADO
com a temeridade ser vitalício necessitava de argumentos fortes, unidos para
romper com este círculo de ferro, Esta ruptura se produziu com a REVOLUÇÃO de
1930. O retorno aos ideais farroupilhas era potencialmente um destes
recursos e que ganhou formas ideais neste cartão postal de Francis Pelichek e
que visivelmente se inspira na parte superior do quadro de Hélios SEELINGER
0.6 - AS
OBRAS DE ARTE encomendadas e não instaladas no PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO
GRANDE do SUL.
O atual PALÁCIO PIRATINI era de fato e de direito
um PALÁCIO PRESIDENCIAL Esta condição decorre
do DECRETO Nº 1 da REPUBLICA BRASILEIRA[1]
que CONFERIU SOBERANIA aos ESTADOS antes denominados de PROVÍNCIAS.
Par atingir este estatuto houve sucessivas
encomendas de obras de ARTES VISUAIS para o PALÁCIO PRESIDENCIAL
do ESTADO do Rio Grande do Sul, Esta encomendas foram dirigidas a artistas
nacionais e sul-rio-grandenses e são construídas por MURAIS e PINTURAS.
Com esta finalidade esteve aqui Antônio
PARREIRAS entre os anos de 1908 e 1908. A seguir esteve aqui Décio VILARES que
além de conceber o Monumento a Júlio de Castilhos[2]
deixou pinturas para o Palácio. Houve uma encomenda à Lucilo de Albuquerque que
foi destinado em 1935 ao Instituto de Educação Flores da CUNHA fazendo tríptico
com duas obras Luiz Augusto de FREITAS. Este logo após a I GUERRA MUNDIAL
esteve aqui que levou a encomenda de três murais que ele foi pintar em Roma.
Entre 1625 e 1926 esteve aqui é SEELINGER que apresentou um esboço e depois
executou o mural “O RIO GRANDE de PÉ PELO BRASIL”.
Por variados e desconhecidos motivos nenhuma
destas obras permaneceu exposta no palácio. Esta incumbência coube ao muralista
Aldo LOCATELLI que produziu extensa obra que continua com a sua função neste ambiente
governamental.
[1] DECRETO Nº ! de 15 de novembro de 1889 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm
[2] CENTENÁRIO do MONUMENTO a JULIO de CASTILHOS http://profciriosimon.blogspot.com/2013/01/057-o-que-e-arte.html
Fig.
07- O
gesto heroico do civil sul-rio-grande, Otávio CORREA de se juntar aos militares
rebelados do FORTE de COPACABANA, no ano de 1922, produziu um forte abalo da opinião publica.,
Assim na memória recente da população estava na mente de Hélios SEELINGER na
hora da concepção quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” De
outra parte o gesto de Otávio CORREA era coerente com o temperamento temerário
do artista Hélios SEELINGER, capaz de gestos desta natureza para enfrentar a
SOCIEDADE dos ELOGIOS RECÍPROCOS e ser massacrado sem dó nem piedade
0.7 – O mito de HÉLIOS SEELINGER como “PINTOR
ACADÊMICO”.
O alfinete de “PINTORES ACADÊMICOS” cravado sobre os nomes de Antônio PARREIRAS e
Hélios SEELINGER, significa nunca ter se aprofundado numa das SUAS OBRAS ou
lido um BIOGRAFIAS SÉRIA e DOCUMENTADA. Nada mais ANTI-ACADÊMICO do que as
atitudes soberanas e rupturas estéticas com as convenções que se percebe numa
leitura atenta de sua autobiografia de Antônio Parreiras[1] ou
uma visita ao seu atelier em Niterói[2].
[1] PARREIRAS,
Antônio. História de um pintor:
contada por ele mesmo. Niterói: Diário
Oficial, 1943. 255 p
Fig.
08 Na
foto o medico Mário TOTTA (1874-1947) , o pintor Francis PELICHEK( 1896-1937) ,
Sotero COSME (11905-1978) e Hélios SEELINGER confabulam. Certamente o autor do
gigantesco quadro ¨”O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” em muito da coragem
e da audácia dos dois artistas visuais e do médico que comandou o BAILE de CARNAVAL
de 1925 e foi ajuda valiosa para agremiar os artistas no Salão de OUTONO de
1925
De outro lado Hélios SEELINGER [1]
permaneceu na instituição da ESCOLA NACIONAL de BELAS ARTES. No entanto agia
como uma autonomia admirável e pouco reverente com TABUS ESTÉTICOS,
PATRULHAMENTOS IDEOLÓGICOS dos seus colegas e aqueles promovidos e sustentados
por SOCIEDADES DE ELOGIOS RECÍPROCOS. Nesta sua autonomia agiu e foi um
pedra no ÂMAGO desta INSTITUIÇÃO
motivando-a que conseguiu preservar o
prédio no qual criou-se, em 1937, o MUSEU NACIONAL de BELAS ARTES localizado na
Avenida Rio Branco em frente ao Teatro Municipal do Rio de JANEIRO
Evidente que nenhum dos dois pode ser
incluído nos cada vez mais estreitos paradigmas que alguns querem impor como
ARTE nos dias atuais e tão fáceis como CAÇAR ANIMAIS DOMESTICADOS num ZOOLÓGICO[2]
com as armas mais sofisticadas e letais.
[2] CARRERAS, Gonzalo – CAÇAR no ZOOLOGIOCO - El Mercurio – Santiago – Chile - ARTES E
LETRAS –dia 22, 09,2019 – p. 19
Fig.
09 Dois tópicos do acervo e o destino
das obras de arte estocadas no PALACIO do GOVERNO resenhados e escrito no
relatório do arquiteto, professor e
cronista Fernando CORONA ( 1895-1979) Entre
estes estava quadro de Hélios SEELINGER, que ele intitulou “POVO em ARMAS”
[ clique sobre o texto para poder ler]
0.8 – A TRANSFERÊNCIA e a DISTRIBUIÇÃO das OBRAS DE
ARTE do PALÁCIO PRESIDENCIAL por FERNANDO CORONA e CHRISTINA BALBÃO.
O minucioso trabalho descritivo do PALÁCIO
PIRATINI[1],
empreendido pelo arquiteto, cronista e professor Fernando CORONA, permite
rastrear as OBRAS de ARTES VISUAIS ali
existentes na época em servia de PALÁCIO dos PRESIDENTES do ESTADO do RIO
GRANDE do SUL Quando o este prédio PERDEU
este FUNÇÃO as OBRAS de ARTE SEGUIRAM para DIVERSOS MUSEUS.
Por este relatório, do ano de 1973, é
possível perceber a verdadeira corrida dos artistas para este lugar de
consagração para terem uma obra exposta neste lugar de prestígio.
O próprio Corona, como o seu pai, haviam
trabalhado neste prédio. Ao mesmo tempo tinha participado e interagido com os
principais personagens que haviam ocupado a presidência, governo ou
interventores que por ali passaram. Ele era amigo pessoal de Hélios SEELINGER e
que visitava no Rio de Janeiro[2]
onde se celebravam memoráveis almoços na casa atelier do artista ao lado do não
menos original Luís Edmundo[3].
0.09 - A INDÚSTRIA
do RESTAURO
Restaurar uma obra de ARTE ORIGINAL para colocá-la
num ambiente reconhecidamente hostil e impróprio é condená-la a ser mais uma
peça para alimentar a INDÚSTRIA
do RESTAURO. Assim perdem-se
investimentos, esforços e, por fim, o próprio original torna-se um Lázaro
pictórico.
Pra evitar isto existem duas alternativas. Uma
a de condicionar o ambiente definitivo com todas as condições ambientais que
uma obra quase centenária exige.
Outra é de fazer uma cópia 1:1, guardar a
original nem ambiente adequado enquanto a cópia enfrenta as condições adversas.
Uma
terceira solução seria uma opia fotográfica de altíssima resolução para o
ambiente não climatizado do Museu de Piratini.
Enquanto o original teria todas as condições numa ambiente da cidade ou m museu
em condições ter uma reserva técnica com controle de luz, de umidade, atmosfera
e partículas de pó.
A prevenção ainda é o melhor e mais barato remédio também para as OBRAS DE
ARTE. Quanto melhor a CONSERVAÇÃO MENOS
RESTAUROS ou DOENÇAS de uma OBRA de ARTE. Isto exige um PROJETO CLARO, um
CONTRATO exequível com reais condição TÉCNICAS, PROFISSIONAIS e AMBIENTAIS
0.10 – TRABALHO
do ESTAGIÁRIO como PROFISSIONAL do RESTAURO.
Certamente nenhum museu de arte ou
laboratório sérios permitiria que um estudante intervenha numa obra de arte
significativa.
Um estagiário está impedido profissionalmente
de exercer o restauro, pois ele tira
e ocupa as funções e o lugar de profissionais
qualificados e que vivem desta profissão.
Mesmo
que estagiário aprenda a profissão de restaurador o mercado desta profissão é
estrito e já minado por “DONAS CECÍLIAS”[4]
com as mais desastradas consequências.
Na
prática trata-se de TRABALHO ESCRAVO, sem remuneração adequada e sem
perspectiva de trabalho sério e seguro quando o estágio se conclui.
A sua recompensa será um diploma que inflaciona
o mercado incapaz de absorver um
profissional.
Evidente que os laboratórios acadêmicos de
restauro não podem submeter obras de arte legítimas e insubstituíveis como
cobaias. Qualquer deslize pode ser fatal para obra de arte insubstituível e o
estagiário não poderá ser responsabilizado, pois não autonomia de vontade.
A saída para a aprendizagem do restauro está
em todos os museus sérios que permitem que os estagiários exerçam e desenvolvam a intimidade de uma obra de
arte reconhecido por meio exigente disciplina de uma cópia qualificada.
0.11 – Hélios
SEELINGER FORA de uma SOCIEDADE do ELOGIO RECIPROCO.
Conforme BOURDIEU[5] o
intelectual e o artista produzem para os seus concorrentes Só este concorrentes
são capazes de entender e avaliar o novo, o inédito e o autêntico da qual o
autor é portador. O campo das ARTES
VISUAIS sofre frequentes invasões promovidas por SOCIEDADE
do ELOGIO RECÍPROCO que se caracterizam
pela falta de mais elementar de HÁBITOS DE INTEGRIDADE INTELECTUAL, ESTÉTICO e
MORAL. De fato esta não são CONCORRENTES pois nada produzem além de intrigas,
eventos e marketing dos quais não desejam que permaneça a menor memória
Na busca da sua própria BUROCRATIZAÇÃO
descartam, custe o que custar, qualquer documento sério e concorrente capaz do
HÁBITO de INTEGRIDADE INTELECTUAL
Neste contexto entra o personagem de Hélio
SEELINGER descrito com anti-convencional num texto recente[6] na
qual o autor afirma que:
“na prática diverge de boa parte de seus contemporâneos.
Em muitos momentos, ele preferia pintar em uma maneira própria , executando
séries, nas quais variava alguns motivos bastante pessoais, como deixa entrever
na seguinte declaração : ‘Para a América do Norte, fiz, por encomenda uma série
de “FAUNO e PELICANO”, variando pouco sobre o mesmo motivo, segundo encomenda
do comprador. Mais tarde no Brasil, comecei a pintar “CARAVELAS”[7]
Coalhei os mares com esses velhos barcos portugueses. Os meus estaleiros não
paravam. Não houve sala, de português inteligente e patriota, que não tivesses
ao menos um destes navios. Pendurado na parede. Cansei de fazer caravelas e
passei a pintar o lago, a lua e o cipreste. Este três fatores deram-me um
motivo que explorei largamente segundo as variações de sentimento, da nos
índole romântica. Enquanto foi possível despertar corações, pintei o cipreste”
O que se depreende deste texto é que HÉLIOS SEELINGER CULTIVAVA o HÁBITO de
um PROJETO de AUTONOMIA, de LIBERDADE ESTÉTICA coerente com o seu modo de SER. Sem
este projeto as suas intervenções jamais seriam reversíveis ou avaliáveis.
Assim se verifica que, no projeto (fig. 02)
publicado na Revista Máscara, ele busca nas formas e cores livres o motivava
para enfrentar o obra definitiva (fig.01) na qual era fiel a este esboço. A
mesmo tempo era mestre na distribuição monumental das massas pictóricas
coerentes com o tamanho (380 x 570 cm) do quadro
Se de um lado vale o receituário de QUE TUDO é
ARTE e que TODOS SÃO ARTISTAS nas concepções de Marcel DUCHAMP e Joseph BEUYS.
No contraditório estes conceitos imponderáveis escondem e dissimulam o fato de que ARTE e ARTISTAS são
apenas um POTENCIALIDADE HUMANA em desenvolvimento. POTENCIALIDADE que exige uma
longa, penosa e insegura QUALIFICAÇÃO para atingir o plano de algo que permaneça como definitivo de uma cultura e
civilização. Os conceitos imponderáveis
de que “TODOS SÃO ARTISTAS” confundem OBRA com TRABALHO mecânico e
intuitivo voltado pra as necessidades básicas . TRABALHO que pertence ao MUNDO
OBSOLESCÊNCIA imediata e irremediável. Enquanto isto a OBRA que se quer ARTE
pertence ao mundo ideal com perfeito equilíbrio entre MENTALIDADE e mundo
FÍSICO a tal ponta que não é possível tirar ou acrescentar algo. Ai esta o
ponto de equilíbrio de qualquer intervenção no sentido de dar SOBREVIDA ao
ORIGINAL. Este ponto de equilíbrio ainda não está ao alcance de um estudante,
de um estagiário ou da uma “DONA CECÍLIA”.
Assim Ado MALAGOLI, fundador do MARGS e exímio restaurador e
museólogo, tinha sobradas razões em afirmar que “ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE”. Estudante está na heteronomia do mestre do
qual só se liberta quando CONHECER a SI MESMO, SUAS POTENCIALIDADES e o que
nele é ORIGINAL e ÚNICO. Este CONHECIMENTO não é mera IMAGINAÇÃO. Esta verdade
o filósofo SÊNECA já expressou na sua obra da TRANQUILIDADE do ÂNIMO, ao
afirmar que
“Penso que muitos poderiam ter atingido a
sabedoria, se não se tivessem imaginado ter chegado até ela, se não se tivessem
fingido certas coisas em si mesmos, se não passassem por outras com os olhos
fechados”
Com certeza a realidade e o mundo concreto e
objetivo é muito mais espantoso do que a IMAGINAÇÃO HUMANA é capaz se produzir
e corromper com os seus estreitos limites de TEMPO e de ESPAÇO.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, Pierre
(1930 -2002) Economia
das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva, 1987.
361p
CARRERAS,
Gonzalo – CAÇAR no ZOOLOGIOCO - El Mercúrio
– Santiago – Chile - ARTES E LETRAS –dia 22, 09,2019 – p. 19
CORONA,
Fernando (1895-1979). Palácios do
governo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : CORAG, 1.973,
44 p. il col.
--------CAMINHADA
de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 –
donde se conta de como saí de casa e aqui
fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei
amo - Manuscrito de propriedade da
Familia
Edmundo, Luís. O Rio
de Janeiro no tempo dos Vice-Reis – 1763-1808 / Luís Edmundo. – Brasília :
Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p.164 – (Coleção Brasil 500 Anos)
LIKS, Afonso – Otavio Corrêa o civil dos 18 de Forte de
Copacabana Porto Alegre; Quatro Projetos, 2016, 144 p. il
MÁSCARA Revista.
Porto Alegre, Ano 7, Nº 7, jun. 1925,
s/p. – Salão de Outono de 1925
NORA Pierre “ENTRE MEMÓRIA e HISTÓRIA a
problemática dos lugares” Revista
do Programa de Estudos Pós graduação em História e do Departamento de História
da PUC-SP São Paulo, SP.1981 pp. 08 -19
PARREIRAS, Antônio. História de um pintor: contada por ele mesmo. Niterói: Diário Oficial, 1943. 255 p.
Revista
Madrugada, ano .1 nº3 1926
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
CONTRADITÓRIO da
MITIFICAÇÃO dos FATOS
Carta de BENTO GONÇALVES
ao REGENTE FEIJÓ do dia 20 de SETEMBRO de 1835
http://almanaquenilomoraes.
CONSTITUIÇÃO de 14 de
julho de 1891
CENTENÁRIO do MONUMENTO a JULIO de CASTILHOS http://profciriosimon.blogspot.com/2013/01/057-o-que-e-arte.html
OTÁVIO CORRÊA o CIVIL dos 18 do FORTE
+
MUSEU
PARREIRAS NITERÓI RIO de JANEIRO http://www.museuantonioparreiras.rj.gov.br
ARTE no RIO GRANDE do SUL IMEDIATAMENTE ANTERIOR À REVOLUÇÃO de 1930
REVOLUÇÃO de 1930
HELIO SEELINGER e “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL”
HELIOS SEELINGER o
ANTICONVENCIONAL
Uma obra com o
tema CARAVELA de HELIOS SEELINGER pertencente ao ACERVO da PINACOTECA BARÃO de
SANTO ÂNGELO do- IA-UFRGS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Helios_Seelinger
O PALÁCIO PIRATINI
e as OBRAS DE ARTE
DECRETO
Nº ! de 15 de novembro de 1889 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm
INSTITUTO de
EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA – PORTO ALEGRE
O RESTAURAO de
DONA CECÍLIA
FRUSTRAÇÕES
nas ARTES do RIO GRANDE do SUL
PESQUISA
de ARTE INSTITUCIONALIZADA no RIO GRANDE do SUL
SÊNECA Da tranquilidade do ânimo,
p. 08
[1] CORONA, Fernando (1895-1979). Palácios do governo do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre : CORAG, 1.973, 44 p. il col.
[2] Diário de FERNANDO CORONA -CAMINHADA
de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 –
donde se conta de como saí de casa e aqui
fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei
amo - Manuscrito de propriedade da
Família
[3] Edmundo, Luís. O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis – 1763-1808 /
Luís Edmundo. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p.164 –
(Coleção Brasil 500 Anos)
[4] O RESTAURAÇAO de DONA CECÍLIA https://exame.abril.com.br/mundo/fenomeno-do-ecce-homo-restaurado-continua-vivo/
[5] BOURDIEU, Pierre
(1930 -2002) Economia das trocas
simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,
1987. 361p
[7] Uma obra com o tema CARAVELA de HELIOS SEELINGER
pertencente ao ACERVO da PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO do- IA-UFRGS http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/pintura/pintura/helios-seelinger-2/image_view_fullscreen
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