INSTITUTO de
EDUCAÇÃO
FLORES da CUNHA
– PORTO ALEGRE.
REVISTA do GLOBO nº 172 p. 23. 23.11.1935
Fig. 01 – O prédio do
atual Instituto Flores da Cunha foi concebido e executado ao longo dos
anos de 1934 e 1935 com projeto e supervisão
direta e pessoal de Fernando Corona.
Porém, antes de ser instituição escolar foi o Pavilhão Cultural do Rio Grande
do Sul da Exposição do Centenário Farroupilha,
aberta no dia 20 de setembro de 1935.
Para
quem transita diante, ou mesmo frequente, o imponente prédio do Instituto de
Educação Flores da Cunha necessita de uma vasta rede de informações das
confluências que nele convergem e de influências que dele partem. eu este prédio simboliza e materializa.
Prédio que materializa um mundo de confluências, realidades e projetos que este
recinto significa para a cultura sul-rio-grandense e patrimônio imaterial que ali converge e se encerra.
Penetrar neste espaço - físico e
simbólico - significa encontrar e escutar os ecos das mais grandiosa e eficazes
vozes, gestos e figuras que modelaram o espaço publico da educação escolar
sul-rio-grandense.
[1] CORONA, Fernando Palácios do governo do Rio Grande
do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores.
Porto
Alegre : [s.n.], 1973. [41] p. : il. Biblioteca UFRGS ARQ
Para
iniciar esta compreensão do espaço físico do prédio do Instituto de Educação
Flores da Cunha é saudável a leitura do Diário [2]
inédito do arquiteto, escultor e professor Fernando Corona que concebeu em 1934,
dirigiu e o entregou, este prédio, em 1935, para as solenidades e a realização
da exposição do Centenário Farroupilha.
Fernando Corona
vinha de uma longa tradição familiar. Nesta origem os seus antepassados haviam
praticado e consolidado conhecimentos, vontades e sentimentos coerentes com a
profissão de escultor, construtor e arquiteto.
Em Porto Alegre teve de se adaptar à dura
realidade de uma cultura arquitetônica local. Sofreu derrota com os donos do poder local que concederam ao seu pai
um 1º lugar e prêmio internacional para
o projeto da catedral
metropolitana. Estes mesmos donos locais simplesmente ignoraram e preteriram a
favor de alguém que nem se apresentou para o concurso internacional.
Aniquilaram o trabalho, a sabedoria e a inspiração paterna.
Fernando Corona conseguiu
reverter esta derrota paterna com um longo e penoso trabalho. Após a Revolução
de 1930 foi quando o primeiro mandatário do Rio Grande do Sul confiou-lhe uma
série de projetos de escolas do interior e a joia desta coroa no projeto e
acompanhamento do seu projeto pessoal na forma do Instituto de Educação Flores da Cunha de Porto Alegre
Fernando Corona escreveu em relação ao
prédio do Instituto de Educação no seu DIÁRIO nº 1 (nas folhas 338 até 344)
para o ano de 1934 que:
“o General Flores da Cunha, chefe do Governo
Estadual pediu ao Engenheiro Fernando de Azevedo Moura para dar uma Chegada ao
Palácio Piratini. O Dr. Moura me convidou para junto dele ouvir a palavra do
nosso governante. Era o General Flores da Cunha um dos homens que eu mais
admirava pelas suas virtudes de “condotiere”. Fomos recebidos muito bem e em
seguida foi dizendo: “Quero acabar com o cambalacho entre a firma Azevedo Moura
& Gertum e Danhe Conceição & Cia. Vocês com as concorrências dos
colégios dividiu o bolo sem eu saber como é o segredo. Vamos agora viver as
claras. Quero construir duas obras importantes. A Escola Normal e o Matadouro.
- Vou dar a Escola Normal para vocês e o matadouro
para o Dahne.
[1] CORONA, Fernando Palácios do governo do Rio Grande do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores. Porto Alegre : [s.n.], 1973. [41] p. : il. Biblioteca UFRGS ARQ
[2] CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amor .Tomo I 604 fpp Folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Original de propriedade dos descendentes da família Fernando Corona
CAMINHADA de FERNANDO CORONA. Tomo II 1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer em outronTomo II 220 fpp Folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm.
Fig. 03 – O General Antônio Flores da Cunha foi uma das figuras centrais da Revolução de 1930. Aproveitou o espaço politico conquistado para planejar uma revolução sul-rio-grandense na educação escolar. A Celebração do Centenário da Revolução Farroupilha foi a vitrina de seu projeto. A Exposição deste Centenário foi a maior e a mais exitosa que já se celebrou no Rio Grande do SUL. O prédio do Instituto de Educação - que levou seu nome - foi a joia da coroa e que permaneceu deste evento.
Podem iniciar o estudo do terreno que deverá ser no
campo da Redenção. Escolham o local que eu depois me entenderei com a
Prefeitura. Saímos satisfeitos do Palácio e ao dia seguinte fui até o Parque
Farroupilha escolher o terreno. Para não entrar campo adentro escolhi um
triangulo irregular plano e de frente para a av. Osvaldo Aranha. Munido das
medidas do terreno conforme levantamento feito por mim mesmo e alguma auxiliar,
iniciei os estudos de um anteprojeto. Antes, porém, fiz uma visita a Escola Normal
dirigida pelo jornalista e poeta Emilio Kemp. A nova Escola Normal era uma
promessa feita em público em 1931 pelo Interventor Federal General Flores da
Cunha. Transcrevo a noticia publicada pela imprensa
EMÌLIO KEMP num desenho de um dos seus estudantes na REVISTA ESTUDO nº1 - 1930 - p.13
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-34592013000200005
https://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlio_Kemp
Fig. 04 – O medico, jornalista e pedagogo Emílio Kemp tinha defendido tese de doutorado na mesma área de Olímpio Olinto de Oliveira (1866-1956). A partir da origem do Ministério da Educação e Saúde Publica o pediatra Dr, Olinto de Oliveira foi diretor da Saúde Infanto Juvenil[1]. Não se encontrou ainda evidências da interação Dr. KEMP, Dr. OLINTO e INSTITUTO de EDUCAÇÂO FLORES da CUNHA. Porém a evidência desta interação se encontra no cuidadoso planejamento de Fernando Corona para adotar um espaço seguro e reservado par o Jardim de Infância e com suficiente flexibilidade para adaptações e denominações posteriores conforme os progressos pedagógicos
[1] MESP 1931 BOLETIM Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro:
MESP ano 1. Nºs 1 e 2 , jan-jun 1931
“Em
entrevista que o Dr. Emilio Kemp deu ao
“Jornal da noite em 1934, declarou: Aqui estiveram os engenheiros Fernando de
Azevedo Moura e Lanry Conceição e mais o arquiteto Fernando Corona que, na
minha companhia e do Professores Drs. Alcides Cunha, engenheiro militar,
Marques Pereira, Médico, Tupi Caldas, Professora Dona Olga Acauan. Dona
Consuelo Costa e dona Maria de Abreu Lima, nos reunimos cada qual lembrando o
que era necessário para que o nosso edifício satisfizesse plenamente a
finalidade de uma Escola Normal moderna.
[1] MESP 1931 BOLETIM Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro:
MESP ano 1. Nºs 1 e 2 , jan-jun 1931
[1] Liceu Dom Afonso https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu_Dom_Afonso + http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/2011/04/biblioteca-publica-do-estado-do-rio.html
[2] Dois Incêndios http://conselheirox.blogspot.com.br/2014/01/porto-alegre-1949-o-incendio-do.html
Realmente, o velho casarão da rua Duque de Caxias
era imprestável. Fiquei assombrado quando Dona Olga Acauan me mostrou as salas
de aula, onde em cada uma havia mais de cem alunas amontoadas. Além do
sacrifício aquilo era anti humano.
[1] Liceu Dom Afonso https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu_Dom_Afonso + http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/2011/04/biblioteca-publica-do-estado-do-rio.html
[2] Dois Incêndios http://conselheirox.blogspot.com.br/2014/01/porto-alegre-1949-o-incendio-do.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-34592013000200005
Fig. 06 – A liderança de OLGA ACAUAN GEYER veio através de um longo, intenso e caro estagio de três anos no núcleo de formação do magistério nacional do Uruguai. Com estes conhecimentos, vontade e sentimento ela se lançou na transformação do antigo prédio do Liceu Sul-rio-grandense Dom Afonso num laboratório pedagógico. Este laboratório estava apto e maduro para o transplante para um novo prédio e digno de seu projeto estadual. Assim repassou paro o arquiteto Fernando Corona - e a sua extensa equipe- o que deveria figurar ser instalado no novo prédio do Instituto de Educação Flores da Cunha
O Diretor Emilio Kemp destacou a Professora Olga
Acauan para estudar comigo o programa – teste. A escola teria capacidade para
2.000 alunos com previsão para aumento, dividida em três setores. Jardins da
infância. Curso de Aplicação e Curso Normal, com gabinetes de ciência natural,
física, clube dos alunos, cozinha, merenda etc. Minha experiência em projetos
escolares havia sido provada nas escolas – tipo do interior do estado. Projetar
a Escola Normal em espaço livre, não dimensionado, era ideal, e para mim um
sonho. O estudo inicial foi por uma unidade de aula de 6,80m por 8.40m. O total
do comprimento da fachada, incluindo paredes iria a 127,95 metros. Desenhado o
primeiro esboço, foi levado ao General Flores da Cunha incluindo orçamento que
alcançava mais de três mil contos de reis.
- O projeto é muito bonito, grandioso mesmo, disse
o general. Mas acontece que só posso gastar 2.000 contos de reis e nada mais.
Quero em vinte e quatro horas um reestudo com orçamento certo.
A vitima fui
eu que trabalhei dia e noite sem dormir. O orçamento alcançava 2.198 contos de
reis se não me engano. O General aprovou o reestudo e encomendou a obra,
recomendando que a queria dentro de um ano. Em fins de agosto o projeto
definitivo estava terminado, trabalho que fiz na escala de 1:50 sem auxilio de
nenhum desenhista. Meu compromisso com a firma era este: Durante a construção
da obra, eu teria que ir de manhã para dirigir os mestres e a tarde fazer os
detalhes. A firma me pagava um conto e oitocentos mil reis por mês. Eles
resolveram pagar-me mais 50% dos lucros da obra. E assim foram iniciados os
trabalhos sob a direção do mestre italiano José Vergo, com quem me desentendi
um dia. Começava o revestimento pela platibanda quando de longe verifiquei que
estava fora do nível. Subi os andaimes com o mestre Vergo e verificamos que a
diferença era de 12 centímetros. Não seria nada se eu não notasse que com o
cimento branco e pó de pedra branca, havia umas pintas que me pareciam de cal.
Reclamei e Vergo me diz que usava cal para render mais metros quadrados.
Protestei logo e dei ciência no escritório. José Vergo foi substituído pelo
espanhol de Minas Gerais José Batista que terminou a obra a contento e muito
bem. O ato de entrega da obra foi feito 360 dias após o inicio. Escolhi o
estilo grego para o desenvolvimento das fachadas. O pórtico, mais rico, seria
inspirado nas colunas jônicas do templo de Artêmis. Eram fiscais da obra pela
Secretaria de Obras Públicas, os engenheiros João Batista Píanca, pela obra,
Ciro Martins pela instalação sanitária e Pereira da Costa pela eletricidade.
Como a firma me conferisse carta branca para a execução da obra, eu mesmo
fornecia os detalhes para esquadria interna e interna, instalações sanitárias,
eletricidade, funilaria, carpintaria, etc. Chamava os interessados fornecedores
e eu mesmo resolvia escolher o mais conveniente. Fiz 108 desenhos em tamanho
natural e eu mesmo assumia a
responsabilidade das medidas na alvenaria de tijolo. Nada em escapava para nada
faltasse na obra. Das nove às onze da manhã corria pelos andaimes e à tarde já
levava as medidas exatas para a execução dos detalhes. –
Esta
narrativa não deixa de lado nem a guerras, intrigas e espertezas das empreiteiras
da época e das quais o Brasil não se libertou ate hoje.
No
entanto, numa leitura mais atenta e centrada no foco, se percebe que:
1
– O projeto do Instituto de Educação Flores da Cunha de Porto Alegre era a
materialização física, o coroamento e a potencialização de um projeto de
educação que estava em andamento há longo tempo[1].
Projeto de educação que ganhou dimensões políticas e governamentais após a Revolução
de 1930 liderada por sul-rio-grandenses.
Estes estavam empenhados em mostrar em tudo território estadual a
eficácia do seu projeto político. Muitas cidades do Rio Grande do Sul exibem,
até o presente, prédios escolares estaduais desta época. Antecedem em 30 anos o
projeto das “brizoletas”
REVISTA ESTUDO nº 1 de 1931 - p.17. Visita ao “Aero Porto” da Ilha dos Marinheiros
Fig. 07 – A Ciência
aprendida na prática e sob o comando de Olga ACAUN GEYER, Na imagem as
estudantes do CLUBE de CIÊNCIAS OLGA ACAUAN do curso de formação de professoras
são recebidas por Otto Ernest Meyer diretor
da CONDOR SYNDICAT e fundador da VARIG no
“AERO PORTO” da ilha dos Marinheiros frente a Porto Alegre. Após a
Revolução de 1930 o Rio Grande do Sul do qual partida a iniciativa desta virada
na vida política nacional fortaleceu as asas das VARIG e que fazia as conexões
regionais e nacionais. Mais do que as aeronaves estava no ar um novo odo de
pensar e que devia ser replantada nas vontades, mentes e sentimentos dos
estudantes.
Informações
relativas a Otto Ernest Meyer consultar:
ALBUQUERQUE Mário de Berta
e os anos dourados da VARIG:
uma história de bastidores nunca revelados – Porto Alegre: ed. do Autor 2017
416 p, il 25 cm ISBN 978-85-5697-190-6
2
– O arquiteto cercou-se, ouviu e aplicou uma série de recomendações de
especialistas da área central ou periférica da Educação formal escolar.
Em raras ocasiões um projeto arquitetônico recebeu
tão nutrido, denso e qualificado quadro de colaboradores, consultores e
dirigentes. Neste quando estava o engenheiro João Batista Píanca[1],
pela obra comandando os fiscais da obra pela Secretaria de Obras Públicas. Os
engenheiros Fernando de Azevedo Moura e Lanry Conceição assumiam a função da
construtora. A eletricidade cabia ao engenheiro Pereira da Costa. As instalações
de ordem sanitária cabiam ao Médico Marques Pereira pela psiquiatra médico Ciro
Martins[2].
Além dos professores Drs. Alcides Cunha, engenheiro
militar, Tupi Caldas[3],
Professora Dona Olga Acauan. Dona Consuelo Costa e dona Maria de Abreu Lima.
Em 1934 este quadro de colaboradores, consultores e
dirigentes operava sobre uma densa memória de êxitos[4]
e também fracassos do passado. Cada um deles providenciou a passagem de suas
competências para uma galeria de
personalidades que se prolongaram no tempo.
Dr. Emilio Kemp deu ao “Jornal da noite em 1934,
declarou: Aqui estiveram os engenheiros Fernando de Azevedo Moura e Lanry Conceição
e mais o arquiteto Fernando Corona que, na minha companhia e dos Professores
Drs. Alcides Cunha, engenheiro militar, Marques Pereira, Médico, Tupi Caldas,
Professora Dona Olga Acauan. Dona Consuelo Costa e dona Maria de Abreu Lima.
3
– Um dos pontos centrais do projeto do prédio do Instituto de Educação era a
saúde infanto materna. O sul-rio-grandense Dr. Olympio Olinto de Oliveira ocupava o cargo
de Diretor da Divisão de Saúde Infanto Materna no recém criado Ministério da
Educação e Saúde Pública. Os jardins de Infância ganharam visibilidade e uma
política própria. O Instituto de
Educação Flores da Cunha passou a
privilegiar esta política. Fernando Corona incluiu e tratou arquitetonicamente
o espaço físico para as suas atividades diferenciadas
4
– Os “108
desenhos em tamanho natural” de
Fenando Corona são um índice do rigoroso, detalhado
planejamento técnico deste empreendimento. De outra parte este índice reforça a
publicidade, a eficácia econômica dos valores ali investidos não
deixando margem para subterfúgios ou
maquiagens orçamentárias.
[1] Joao Baptista PIANCA_ Manual
do Construtor https://www.estantevirtual.com.br/busca?q=joao+baptista+pianca+manual+do+construtor
[4] - Esta galeria inicial foi estudada
nos séculos XVII e XIX por SCHNEIDER, Regina Portela – A Instrução Pública no Rio Grande do Sul (1770-1889) Porto Alegre:
Ed. Universidade/UFRGS/ EST Edições 1993, 496
Fig. 08 – A contribuição mais ampla e duradora das Professoras Olga ACAUN GAYER e Branca Diva PEREIRA de SOUZA foi a tradução e adaptação da cartilha uruguaia “QUERES LER” trazida de um estágio de três anos em Montevidéu[1] agenciado e propiciado pelo estadual deputado Alfredo Clemente Pinto(1854 -1938) Este, por sua vez, organizou e editou uma série de textos na sua não menos famosa e reeditada “SELETA PROSA e VERSO”. Este volume encerrava o processo do ensino aprendizagem do Curso Primário iniciado pela cartilha “QUERES LER” .
[1] Conforme Trindade, esta Escola Complementar enviou a Montevidéu no ano de 1914, professores e entre as alunas-mestras, Olga Acauan e Branca Diva com a missão de observar métodos de ensino seguidos nos estabelecimentos de instrução pública do Uruguai, referencial na área da educação. Branca Diva permaneceu em Montevidéu por três anos, aperfeiçoando seus estudos nas Escolas Normal e de Aplicação e por lá diplomando- se, integrando-se à turma de educadoras ao ser aprovada em teorias e práticas, requisitos exigidos pelo decreto nº 2220 de 14 de novembro de 1914. Ao retornar ao Brasil escreveu livro didático em parceria com Olga Acauan, adaptado da obra didática uruguaia de José Henriques Figueira “¿Quieres Leer?”. A obra escrita por elas foi embasada em uma técnica de alfabetização, cujo teor pedagógico foi digno de estudos comparativos entre “¿Quieres Leer?” e o livro de João de Deus “Cartilha Maternal”, publicada em 1876 em Portugal. In http://www.rotaacoriana.com.br/blog.php?blog=632&i=21&c=0
5
– A obra arquitetônica do Instituto de Educação Flores da Cunha continua sendo
uma lição permanente e por si mesma. Ali se materializam e aliam a nobreza da
arte, da técnica e espaço físico construído à serviço da educação e formação
escolar. Isto é evidente até os dias atuais e continua a educar tanto o transeunte
apressado com que frequenta e vive este espaço como instrumento pedagógico.
Fig. 09 – A rápida corrosão do projeto inicial, as suas distorções econômicas, ideológicas e pedagógicas.... evidenciam a falta de um projeto nacional e estadual unívoco e linear, Por mais que uma geração propunha, realiza e evidencia um projeto institucional e civilizatório para todos ele sempre necessita dar pesados descontos para o seu LUGAR, seu TEMPO e sua SOCIEDADE carente destes contrato coletivo..
Os
estragos começaram dois anos após a solene inauguração do dia 20 de setembro de
1935. No dia 26 de outubro de 1937 o governador Flores da Cunha renunciou
devido a as ameaças e a afetiva decretação da ditadura do Estado Novo. Este
revidou retirando o nome Flores da Cunha
tanto do Instituto como da Avenida Flores da Cunha uma das principais
artérias da capital que voltou a ser Avenida Independência como continua sendo
até o presente. O nome do Instituo
voltou depois.
Reunião do corpo docente municipal de Sarandi–RS no final da década de 1940
Fig. 10 – Os planejamentos e as atividades didáticas e pedagógicas de todos os municípios sul-rio-grandenses tiveram ama interação muito tênue e quase imperceptível com o Instituto de Educação Flores da Cunha.. Assim cada município fazia, na época das férias escolares dos professores as suas reuniões de planejamento a ser executado nas salas de aula municipais ao longo do ano. Nem o corpo docente estadual ou particular interagia com estes encontros municipais
O
descuido na formação do magistério sul-rio-grandense nunca respeitou a
hierarquia de uma ESCOLA PADRÃO e referencial.
Bastava o formalismo de uma legislação central e metafísica. Não
importava como, quando e quem aplicava esta legislação central e metafísica no
mundo prático da sala de aula com grande elasticidade. Se é que chegava até
estas quatro paredes desconfortáveis e para maioria um castigo corporal e
mental comandando por alguém desmotivado. De outra parte esta formação do
magistério era tocada de ouvido sem ler a pauta de um período de IMPLEMENTAÇÃO
para garantir uma eficaz e coerente IMPLANTAÇÃO de uma rede altamente
qualificada de INSTITUTOS de EDUCAÇÃO motivados e com recursos adequados para
esta função.
Fig. 11 – Os dois murais de Luís Augusto de Freias não foram instalados no Palácio do Governo (Piratini), lugar para o qual foram encomendados. Corona os instalou na escadaria do Instituto Flores da Cunha. Antônio Parreiras pintara antes de Freitas, e Hélios Seelinger depois dele haviam sido contratados para estas pinturas sem que suas obras fossem instalados no lugar previsto. O esboço acima - do mural para o Palácio Piratini - é um presente de Freitas aos seu estudante Francisco Bellanca.
Os
resultados, desta falta de uma politica efetiva, se manifestaram pela VERTIGINOSA
DESQUALIFICAÇÃO do SALÁRIO do MAGISTÉRIO. Esta desqualificação veio em cascata
e submergindo os salários docentes de alto para baixo. Igualou salários docentes municipais, estaduais e
particulares. O caro, pesado e longo processo de formação docente já era prejuízo certo. A falta de
apoio e de prestigio ao profissional da SALA de AULA transformou esta arte da
sala de aula num faz de conta. Ou então num raro e solitário sacerdócio no qual
se enclausuravam excelentes profissionais e alguns nem tanto. A permanência das
mentalidades coloniais e escravagistas projeta-se tanto nos “DONOS do PODER”
como naqueles condicionados por ele. A separação oficial CULTURA da EDUCAÇÃO
realizada de cima para baixo, da forma atabalhoada e sem grandes justificativas
decaiu para a separação da EDUCAÇãO da FORMAÇÃO humana. Este quadro agravou-se
com a LINHA de MONTAGEM INDUSTRIAL que privilegia o SABER pontual e
especializado e descarta o SER e a SUA FORMAÇÃO. Prestigiou-se a planejamento
central, separações das linhas de montagem e o controle unívoco da
ERA INDUSTRIAL aplicados tanto à EDUCAÇÂO como para a CULTURA. Evidente tudo
sob o lápis da produtividade, do patrimonialismo e da ideologia de plantão no
leme do GOVERNO ESTADUAL.
CORREIO do POVO ano 122 - Nº 189 . p. 12 Dia 07.04.2017 - Instituto de Educação
Fig. 12 – A preservação da obra de arte é algo diferente de um restauro. Especialmente quando se conhece o pensamento do autor de uma obra de arte. O pensamento e a narrativa desenvolvida por Fernando Corona não podem ser ignorado, atropelado e desqualificado por uma INDÚSTRIA do RESTAURO. Este pensamento solitário do autor soma-se Ás vozes, os pensamentos e as competências de todas as áreas e competências que este arquiteto conseguiu reunir e aglutinar ao se redor de sua concepção. Um dos principio básicos é sempre a reversibilidade ao original, a evidência da intervenção na obra original e que pode ser removida fácil e a qualquer momento.
[ clique sobre a imagem do texto para poder ler]
Os menores estragos estão no corpo
arquitetônico do Instituto de Educação. Os maiores estragos da EDUCAÇÃO confluem
para o espaço pedagógico. Ali reboam fortes os ensinamentos de Heidegger no
seu “ENTE no SER” ou de Aristóteles “a
ARTE ESTÁ em QUEM a PRODUZ, e NÃO no QUE PRODUZ”. Uma sociedade robotizada só
pode gerar, se conduzir e se reproduzir por meio de robôs pré-programados e
escravos, como quer dizer a etimologia tcheca deste termo.
ALGUMAS
NARRATIVAS ESCRITAS
BOLETIM Ministério da Educação e Saúde
Pública. Rio
de Janeiro: MESP ano 1. Nºs 1 e 2 , jan-jun, 1931
CORONA, Fernando (1895-1979) CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro
de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci
em outro onde encontrei amor .Tomo I 604
fpp Folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm.
Original de propriedade dos descendentes da família Fernando Corona
-------CAMINHADA de FERNANDO CORONA. Tomo II
1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer em
outronTomo II 220 fpp Folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm.
---------Palácios do governo do Rio Grande
do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores.
Porto
Alegre : [s.n.], 1973. [41] p. : il. Biblioteca UFRGS ARQ
FIGUEIRA, José Henrique Queres
ler? (Tradução e adaptação por GAYER, Olga Acuan e SOUZA, Branca
Diva Pereira de). Porto Alegre: Ed.
Martins fac-símile da 30ª ed],
2007, p.124[1]
PINTO, Alfredo
Clemente (1951-1938)[2]- SELETA
PROSA e VERSO. Porto Alegre RS: Livraria Selbach,
1883-1946 – 316 p. 16cm X 22cm - Capa Dura Gravuras em p&b e 1
gravura em cores, fora do texto[3]
SCHNEIDER, Regina
Portela – A Instrução Pública no Rio
Grande do Sul (1770-1889) Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS/ EST Edições
1993, 496 p
ESPAÇO NUMÉRICO
DIGITAL
INSTITUTO FLORES da CUNHA - Na WIKIPEDIA
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_de_Educa%C3%A7%C3%A3o_General_Flores_da_Cunha
INSTITUTO FLORES da CUNHA HISTÓRICO e do seu PATRONO
https://www.if.ufrgs.br/tex/edu02220/sem012/po2/texto272.html
INSTITUTO FLORES da CUNHA no FACE
https://www.facebook.com/Instituto-de-Educa%C3%A7%C3%A3o-Gen-Flores-da-Cunha-288300614528301/
Obras de arte restauradas
http://www.rs.gov.br/conteudo/136490/obras-de-arte-do-seculo-passado-sao-restauradas-com-apoio-do-estad
http://defender.org.br/tag/instituto-de-educacao-general-flores-da-cunha?print=print-page
INSTITUTO FLORES da CUNA - PROJETO REFORMA do PRÈDIO 2017
http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/01/geral/478293-instituto-de-educacao-ficara-18-meses-em-obras.html
http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/instituto-de-educacao-flores-da-cunha-sera-restaurado-em-porto-alegre-152429.html
REVISTA ESTUDOS 1922-1930
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-34592013000200005
A INFÂNCIA e OLGA ACAUAN no IE
http://criandoinfancias.blogspot.com.br/2009/09/exposicao-de-fotos-80-anos-educacao.html
EMILIO KEMP (1874-1955)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlio_Kemp
Professora BRANCA DIVA PEREIRA dos SANTOS (1884-1656)
http://www.rotaacoriana.com.br/blog.php?blog=631&i=21&c=0
http://www.rotaacoriana.com.br/blog.php?blog=632&i=21&c=0
OLGA REVERBEL (1917-2008) Laboratório de Teatro e Didática no Instituto de Educação
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa513967/olga-reverbel
Alfredo Clemente Pinto (1854-1938)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfredo_Clemente_Pinto
Escola Alfredo Clemente Pinto
http://wp.clicrbs.com.br/memoria/2014/08/28/os-75-anos-do-colegio-clemento-pinto/?topo=35,1,1,,,35
DESCASO,
em 2018, com o PRÈDIO do INSTITUTO de
EDUCAÇÂO de PORTO ALEGRE
https://www.facebook.com/falabomfim/videos/1647399018681045/UzpfSTEwNTE3MTk5MDgyMTE2Mjk6MTg3MDQ0Njc4OTY3MjI2Ng/?multi_permalinks=1870446789672266¬if_id=1523106944521929¬if_t=group_activityINSTITUTO de EDUCAÇÂO e COMUNIDADE
[1] O livro ¿Quieres leer? foi publicado, em 1892. pelo educador
uruguaio José Henríquez Figueira, Ele era Inspetor Escolar desde 1884, sendo
sua obra didática reconhecida como propulsora de um método da leitura
estruturado sobre bases científicas, verdadeira inovação pedagógica iniciada à
época. Como o poeta luso, o educador uruguaio teve que vencer ideias
relacionadas ao ensino da leitura que se contrapunham ao seu método no Uruguai.
Uma missão da Escola Complementar de Porto Alegre, formada por professores/as e
alunas mestras, foi a Montevidéu em 1913, com a incumbência de observar métodos
de ensino seguidos nos estabelecimentos de instrução pública da adiantada
República vizinha (Trindade, 2001). Olga Acauan e Branca Diva Pereira de Souza
estavam entre as alunas-mestras que compunham a missão que adaptariam a obra
didática uruguaia de Figueira, Esta foi aprovada pela Comissão de Exame das
Obras Pedagógicas em 1924 e indicada por essa Comissão para adoção na Instrução
Pública do nosso Estado em 1929, identificado-a como de orientação
"analítico-sintética".
VER:
TRINDADE, Iole Maria Faviero A PRODUÇÃO DE IDENTIDADES ALFABETIZANDAS
SUL-RIO-GRANDENSES NA INTERSECÇÃO DE INFLUÊNCIAS EUROPÉIAS E LATINO-AMERICANAS
– Disponível na Internet em
[2] Alfredo
Clemente Pinto, N. Porto Alegre/RS, 1854 e F. Correias/RJ, 1938, estudou na
Alemanha, para onde foi em 1863, e em Roma, lá diplomando-se em filosofia na
Universidade Gregoriana e deixando inconcluso o curso de Teologia. Foi
professor de línguas em diversos colégios de Porto Alegre e político, tendo
sido deputado à Constituinte Riograndense em 1891. Membro fundador do IHGRGS,
autor de vários livros didáticos e tradutor de obras de hidroterapia do
Monsenhor Kneipp e de Os Muckers, do padre Schupp. Celebrizou-se com a sua
Seleta em Prosa e Verso, que teve numerosas edições e deixou grata lembrança em
gerações de gaúchos e brasileiros de outros estados que nela tiveram o primeiro
contato com a literatura de língua portuguesa. (Fonte: Ari Martins, Escritores
do Rio Grande do Sul, UFRGS/IEL, 1978).
[3] SELETA PROSA e VERSO Coleção: Os Melhores Autores Brasileiros e Portugueses
Inclui notas ao pé das páginas.Obra de cunho didático com notas gramaticais e
históricas. Português (Brasil) - Didáticos antigos: Literatura. Autores
brasileiros e portugueses. Prosa e verso: Contos. Narrações. Parábolas. Lendas.
Anedotas. Liras. Canções. Odes. Sonetos. Sátiras. Poesias épicas.
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio
financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é
editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação
histórica deste idioma.
NORMAS
do CREATIVE COMMONS
ASSISTÊNCIA TÉCNICA e DIGITAL de CÌRIO JOSÉ SIMON
Referências para Círio SIMON
E-MAIL
SITE desde 2008
DISSERTAÇÃO: A Prática Democrática
TESE: Origens do Instituto de Artes da
UFRGS
FACE- BOOK
BLOG de ARTE
BLOG de FAMÌLIA
BLOG “ NÃO FOI no GRITO” - CORREIO BRAZILENSE 1808-1822
BLOG PODER ORIGINÁRIO 01
BLOG PODER ORIGINÁRIO 02 ARQUIVO
VÌDEO
CURRICULO LATTES
Nenhum comentário:
Postar um comentário