ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL na
DÉCADA de 1920.
01 – O CENTENÁRIO da DÉCADA de 1920 - 02
–O ANO de 1920 nas ARTES VISUAIS no RIO
GRANDE do SUL. 03 – O ANO de 1921 com AUGUSTO LUÍS de FREITAS como professor da ESCOLA de ARTES - 04 – O ANO de 1922 e as ARTES
VISUAIS no RIO GRANDE do SUL no CENTENÁRIO da INDEPENDÊNCIA do BRASIL. 05 – O ANO de 1923 da REVOLUÇÃO
FEDERALISTA onde não existiu ARTE mas contraditoriamente existiram, fora dela, MANIFESTAÇÕES que se aproximam deste ideal 06 –
O ANO de 1924 com agudo SENTIMENTO de AUTO CRÍTICA e o ÂNIMO do
GRUPO dos TREZE 07 – O ANO
de 1925 e o SALÃO de OUTONO na PREFEITURA MUNICIPAL de PORTO ALEGRE. 08 – O ANO de 1926 e as EXCOMUNHÕES RECÍPROCAS dos
PRÍNCIPES. 09 – As ARTES NOBRES e a GUERRA ESTÉTICA no RIO GRANDE do SUL no ANO de 1927. 10 – O ANO de 1928
com MOMENTOS de LUCIDEZ no MEIO
da GUERRA ESTÉTICA. 11 – O
ANO de 1929 e o SALÂO da ESCOLA de ARTES 12 – O ANO de 1930 e as
ARTES VISUAIS Rio Grande do Sul na REVOLUÇÂO de 1930 . 13 – CONCLUSÕES,
SÍNTESE e LOGÍSTICA para NOVAS PESQUISAS.
01 – O CENTENÁRIO da
DÉCADA de 1920
Compreende-se a ARTE
como um ENTE PRIMITIVO do DISCURSO e que EXPRESSA uma série em OBRAS FÍSICAS e
HUMANAS. No contexto da ARTE como EXPRESSÃO concorda-se com Aristóteles que a “ARTE está em QUEM PRODUZ”[1]
[1] “Toda a arte
está no que produz, e não no que é produzido”. Aristóteles, Ética à NICOMANO (1973: 243 114a 10
)
Fig. 01 A DÉCADA de 1920 foi marcada por novas
perspectivas de pesquisas estéticas regionais que a VELHA e DESGASTA REPÚBLICA BRASILEIRA
não queria e nem pode responder. O artista voltou-se para o POVO no qual buscava
vestígios da SOBERANIA do PODER ORIGINÁRIO[1]
da NAÇÃO e do ESTADO proclamado pela 1ª
Ato de Republica mas ainda não realizada. A década de 1920 colocou o artista na linha da
busca - não só de sua autonomia - como
na reconstrução da soberania nacional na ARTE. Buscar da soberania nacional necessária para dar forma e afirmar a
identidade sempre precária de um povo recém saído da escravidão e do
colonialismo
No tumulto das mudanças
da DÉCADA de 1920 buscam-se alguns índices nas ARTES. Na presente postagem
restringe-se esta busca se concentra no exame de uma serie de OBRAS das ARTES
VISUAIS que emergiram e se expressaram no TERRITÓRIO do RIO GRANDE do SUL ao
longo da DÉCADA de 1920. Estas OBRAS das
ARTES VISUAIS foram destacadas, recebidas e apreciadas por segmentos desta SOCIEDADE
local. Sugere-se o termo “OBRAS ESTUDADAS” para contornar a ação de “PESQUISADAS”
que ainda está no porvir
Por mais que as ARTES REINVINDIQUEM
a sua AUTONIOMIA, elas não podem dispensar a SEIVA CULTURAL, SOCIAL e LOCAL que
expressam.
Na década de 1920
percebe-se a gradativa e firme entrada, no Rio Grande do Sul, da ERA
INDUSTIRIAL. Ela se infiltra, expressa e se afirma por meio da fotografia, pelo
cinema autoral e local[2],
pela imprensa[3],
na moda[4],
no design[5]
e no pioneirismo no transporte aéreo, desde 1927[6].
Apesar de incipientes as
ARTES NOBRES[7]
serão a EXPRESSÃO GRATUITA daquilo que irá permanecer como “OBRA” Entende-se como ARTES NOBRES
aquelas não estão entregues à OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA e ao condicionamento do “TRABALHO” e da LABUTA pela VIDA e
SOBREVIDA.
No plano internacional a
BAUHAUS resgatou e reconduziu o ARTESANATO, e as ditas ARTES MENORES, para o
plano das ARTES NOBRES. A ESCOLA da BAUHAUS - criada no dia 01.04.1919 - atravessou a DÉCADA de 20 e só
vindo a sucumbir nas mãos do arbítrio em
1933.
Numa visão HISTÓRICA,
POLÍTICA e CRONOLÓGICA o Rio Grande do Sul havia experimentado, antes da década
de 20, trinta anos de vida republicanas da qual estava peneirando os resultados
em 1920. No aspecto URBANO e ESTÉTICO a
ARTE local havia experimentado três décadas republicanas de um HISTORICISMO[8]
e cujas fontes estavam secando devido à
redundância e pela ação contrária de novos agentes que estava ATUALIZANDO a sua
INTELIGÊNCIA.
A
década de 20 havia sido precedida de uma intensa atividade na qual os intelectuais
de Porto Alegre se misturavam com artistas visuais, como narra Fernando CORONA[9]
no seu Diário fl. 177
“nesse
período de 1919, muito colaborei na revista “Máscara” em convívio com Fábio de
Barros, De Souza Junior, João Santana e outros intelectuais do momento como
Ernani Fornari, Alhos Damasceno Ferreira[10],
e ainda mais tarde com Paulo de Gouvéia, Augusto Meyer, Theodomiro Tostes,
Sotéro Cosme e tantos outros. Ainda me dava tempo para estarna redação
ambulante de “O Maneca” de Octavio Teles de Freitas, Floréncio Igartua e o
humorista supremo que foi e ainda é Aparício Torelly, o Aporelli, de suas
magnifas traquinagens escritas”.
Estes artistas visuais e
intelectuais irão se projetar e afirmar-se ao longo da década de 20.
02
- O ANO de1920 nas ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL.
A abertura da década de 20
registrou o retorno gradativo ao Rio Grande do Sul do consagrado pintor Pedro
WEINGÄRTNER,
De outra parte o médico
pediatra Olinto de Oliveira irá se mudar definitivamente a sua ação para o Rio de Janeiro[11].
Isto significava o final
da sua ativa participação das Artes sul-rio-grandenses e das suas CRÔNICAS e
CRÍTICAS[12]
entre os anos de 1895 e 1920. No seu lugar começou a se impor a crítica de
Fábio de BARROS[13],
também médico, mas psiquiatra,
Estes três foram
assíduos colaboradores da ESCOLA de ARTES do Instituto se Belas Artes (IBA-RS)[14] do qual Olinto foi
fundador e Presidente entre 1908 e 1920.
No
dia 30 de abril de 1920 Victor Bastian assumiu interinamente a presidência do
IBA-RS[15]
WEINGÄRTNER
fazia parte das bancas[16]
e Fábio dava aulas de História da Arte sem vínculos institucionais com seu
ensino e aprendizagem.
[1] PODER ORIGINÁRIO
[2] O livro EDUARDO ABELIN https://www.traca.com.br/livro/507663/os-caminhos-que-levaram-eduardo-abelin-a-um-sonho-sem-fim
TROFEU
EDUARDO ALELIN https://www.pressphoto.com.br/40-festival-de-cinema-gramado-2012/Trofeu-Eduardo-Abelin/
FRANCESCO, José de. Reminiscências de um artista. Porto
Alegre; s/editora. 1961
[3] RAMOS, Paula A modernidade impressa: artistas
ilustradores da Livraria do Globo- Porto Alegre. UFRGS EDITORA, 2016, 656 p
, 1368 il. Color ISBN 978-85-386-0300-9
A COMUNIDADE do ANGLO: olhares diversos de um
cotidiano- Pelotas: Ed Bühring, 2016, 80 p. il color ISBN 978-86-99524-23-7
[4] - Vera s numeroas fábricas de
tecidos e confecções que sespalham como Rio Grande – FÀBRICA REINGANTZ
[5] ZAMBELLI, Irma Buffon.
A Arte nos primórdios de Caxias do Sul. Porto Alegre : EST/EDUCS, 1986, 146 p
WERTHEIMER, Mariana [Coordenação] - ESTUDO do PATRIMÔNIO de VITRAIS produzidos
em Porto Alegre no período de 1920-1980. Porto Alegre: DVD- Patrocínio
PETROBRAS [2009] -Indexação na Biblioteca da USP – julho
[6] ALBUQUERQUE Mário
de . Berta e os anos dourados da VARIG:
uma história de bastidores nunca revelados – Porto Alegre: ed. do Autor 2017
416 p, il 25 cm ISBN 978-85-5697-190-6
[7] Para a concepção de “ARTES
NOBRES” veja e leia CARTA de LE BRETON
ao CONDE da BARCA
REVISTA do PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL - nº 14
- 1959
[8] DOBERSTEIN, Arnoldo
Walter. Rio Grande do Sul (1920-1940):
estatuária, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre: PUC-Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas, 1999. 377f
[10] ATHOS DAMASCENO
FERREIRA http://profciriosimon.blogspot.com.br/2017/09/210-estudos-de-arte.html
[11] Na capital federal irá reaparecer, 1931, quando teve
papel como Diretor Geralda Saúde Infanto Materna do recém criado Ministério da
SAUDE PUBLICA e EDUCAÇÂO (MESP)
[12] Olinto de Oliveira assinava as sua criticas e crônicas
com o psseudônimo de Maurício BOEHM
O
PENSAMENTO de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA
nas ARTES do RIO GRANDE do SUL
[13] - Fábio
de BARROS assinava suas publicações com o pseudônimo Vitoriano SERRA
[15] - Livro de Atas nº 1 da
CC-IBA pp. 17v e. Olinto de Oliveira
aposenta-se da medicina e passa a residir
no Rio de Janeiro.
[16]
Relatórios de Libindo FERRÁS – Arquivo
Geral do IA-UFRGS
Pedro WEINGÄRTNER “O Vendedor de Bananas” - 1920 - óleo 31 x
49 cm i(in TARASANTCHI, 2009, p.131 )
Fig. 02 - Em 1920
Pedro WEINGÄRTNER estava atingindo o apogeu de sua autonomia como artista;
Assim as tintas, os pinceis e os motivos lhe obedeciam, sem esforço maior. Com
esta competência entregava as suas cores e pinceis aos motivos da criatura
humana movendo-se na paisagem brasileira. Assim o artista está entregue a
pesquisa estética particular enquanto se público lhe é fiel com a segurança da
carreira de um artista provado nos mais
exigentes ambientes culturais. Nestas condições pode retorna para a sua terra
de origem
No âmbito nacional foi criada a
Universidade do Brasil - pelo Decreto nº 1.434 de 07.09.1920 de Epitácio Pessoa -
com o objetivo de conferir o titulo de DOUTOR
HONORIS CAUSA ao Rei Leopoldo da Bélgica em visita ao Rio de Janeiro. No entanto era
uma universidade local e temporã[1].
A efetiva universidade, para todo o
território nacional, só se concretizou com a REVOLUÇÃO de 1930 que criou do
Ministério de Educação e Saúde Pública (MESP) em 14 de novembro de 1930 e pelo DECRETO Nº 19.851 de 11 de ABRIL de 1931.[2]
dispunha que o ensino superior no Brasil obedeça de preferência ao sistema
universitário.
03 – O ANO de 1921 com AUGUSTO LUÍS de FREITAS como
professor da ESCOLA de ARTES.
Uma série de artistas do
Rio de Janeiro veio a Porto Alegre em
tempos da I GUERRA MUNDIAL. O pintor Augusto
Luís de FREITAS, veio para a Escola de Artes em 1917, a convite de Libindo
FERRÁS. Quando a Guerra terminou a maioria destes artistas retornou à Capital
Federal e os contatos com a Europa. FREITAS permaneceu enquanto o jovem João
FAHRION seguiu para a Europa com uma das raras bolsas de estudos concedidas
pelo Governo Estadual.
[1] CUNHA, Luiz Antônio,
Universidade temporã : o ensino superior da Colônia à Era Vargas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira. 1980, 295p.
[2] - SOUZA NEVES, Carlos. Ensino
Superior no Brasil: legislação e jurisprudência federais. Rio de Janeiro :
MEC-INEP. 1951 vol 4 pp.
165-192
Fig. 03 - Um
esboço da pintura do COMBATE DA AZENHA de Augusto Luís de FREITAS doada ao seu
discípulo e colega Francisco BELLANCA . È visível a sua maestria e
sensibilidade pictórica. ,A o contrario da PINTURA de CAVALETE o MURALISMO exige formas que dialoguem com a o AMBIENTE
ARQUITETÔNICO
. Augusto Luís de FREITAS (1863-1962) nasceu em
Rio Grande de onde foi para Portugal onde fazendo iniciou a sua formação na
Arte. De retorno ao Brasil matriculou-se na ENBA onde recebeu prêmio de viagem
à Europa. Durante a I Guerra aceitou convite de Libindo Ferrás para lecionar na
Escola de Artes. Após a Guerra recebeu do Governo estadual a encomenda de uma
série de painéis Palácio do Governo em construção que foi realizar em Roma. Em
1925 expôs estas obras na Galeria Jamardo e as entregou ao governo que as cedeu
em 1935 para o Instituto de Educação Flores da Cunha
PAINEL cedido ao
INSTITUTO DE EDUCAÇÂO FLORES da CUNHA _ Oleo sobre tela 350 x 500 cm
Fig. 04 - Em 1921- 1922 Augusto Luís de FREITAS * estava
no meio de sua carreira e distante da fama de Pedro WEINGÄRTNER, A sua segurança estética estava
no caminho da “PINTURA a CAVALETE” na
qual podia manejar, tintas, pinceis e temas livres na qual tinha uma admirável
autonomia a semelhança de WEINGÄRNER. Em ambos os pintores o MURALISMO
estava distante de suas pesquisas, Diante disto seus paneis não foram
instalados no Palácio do Governo conforme a encomenda, De lá o arquiteto
Fernando Corona lhes conferiu um lugar nobre n Instituto de Educação Flores da
Cunha.
O estrito ambiente da Escola de Artes do IBA-RS c contava, em 1921, com 20 alunos
matriculados nos diversos níveis da ESCOLA de ARTES. No seu currículo, além das anteriores, passaram a
constava em 1921 ‘Estudos de Plein-Air’,
Desenho e Noções de Pintura. Estas disciplinas eram distribuídas no Preparatório em dois anos, o
Médio em dois anos e raros matriculavam-se no CURSO SUPERIOR. Enquanto isto a
matricula no Conservatório era de 188 alunos.
No dia 04 de
outubro de 1921 Antônio Marinho Loureiro Chaves foi eleito presidente do INSTITUTO[1]
funções que ocupará até 04 de outubro
1925. Em 06 de outubro de 1921 Libindo Ferrás foi reconduzido a Direção da
Escola de Arte.
Foto do diário de Francis
Pelichek do Arquivo Geral do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 05 - Uma
fotografia da SALA ATELIEIR da ESCOLA de ARTES com Augusto Luís de Feitas e
Libindo Ferrás (de pé) e Francis PELICHEK sentado n fia do meio A foto é entre
os anos de 1923 e 1924. Em 1925, Augusto Luís se desentendera definitivamente
com Libindo . Uma das razões, além do estético, era o
pequeno grupo de estudantes pagantes e que estavam no turno inverso nalgum
curso profissionalizante e com futuro econômico mais seguro e promissor
Os docentes tinham a remuneração por aula dada e não recebiam nas férias
escolares. Isto era insuficiente para um artista, como Augusto Luís de FREITAS
razão pela qual ele procurou e recebeu contrato com o Governo para a criação de
paneis no novo Palácio[1] ainda
inacabado.
04 –
O ANO de 1922 e as ARTES VISUAIS no RIO
GRANDE do SUL no CENTENÁRIO da INDEPENDÊNCIA do BRASIL.
Ainda que poucos
tivessem uma noção exata do que significava “UM SÉCULO de SOBERANIA BRASILEIRA”, muitos o entenderam este
tema à sua maneira e com os seus meios.
A retórica e as desencontradas manifestações
oficiais contrastavam com a tomada do Teatro Municipal de São Paulo por um
grupo de jovens artistas dispostos a mostrar entre aplausos e vaias o que
passava pelas suas vontades, inteligência e sensibilidades Neste ano os
quarteis estavam as voltas com descontentamento e a rebelião dos sargentos e
tenentes cuja expressão mais visível e
dramática foi protagonizado por 18 rebeldes do Forte Copacabana entre os quais
estava o civil sul-rio-grandense Otávio Corrêa
[1] CORONA,
Fernando (1895-1979) Palácios do governo do Rio
Grande do Sul.
Porto Alegre : CORAG, 11973, 44 p. il col. -
Fig. 06 O ano de 1922 teve uma motivação central que eram as
celebrações do CENTENÁRIO da conquista e manutenção da SOBERANIA BRASILEIRA. A
SEMANA de ARTE MODERNA de SÃO PAULO tinha como pano de fundo evidenciar esta
SOBERANIA BRASILEIRA no MUNDO ESTÉTICO.. No Rio Grande do Sul uma das raras permanências das comemorações e eventos
do CENTENÁRIO da INDEPENDÊNCIA está localizado na cidade de Santa Cruz do Sul.
O agitado ano de 1922
teve, além da SEMANA de ARTE de SÃO PAULO[1],
a Revolta do Forte de Copacabana, entre os dias 05e 06 de julho 1922 e a primeira transmissão oficial de rádio no
Brasil[2]
no dia 07 de setembro no âmbito da EXPOSIÇÃO MUNDIAL para comemorar o
CENTENÁRIO da INDEPENDÊNCIA do BRASIL.
[1] Aracy Amaral - Artes Plásticas na Semana de 1922
[2] - Primeira transmissão
de Rádio no Brasil em 07.09.1922 https://www.aerj.rio/post/2017/09/08/primeira-transmissão-oficial-de-rádio-no-brasil-completa-95-anos
Fig. 07 O sul-rio-grandense OTÁVIO CORRÊA foi o
único civil a aderir ao grupo que ficou conhecido como os “DEZOITO do FORTE”. Nesta
foto Otávio aparece, no centro e no meio do grupo, momentos antes de ser
abatido pelas forças leais ao governo conservador da VELHA REPÚBLICA.
No Rio Grande do Sul Borges de Medeiros foi reeleito,
no ano de 1922, para o quinto mandato Presidencial.
Enquanto isto o artista tcheco Francis
PELICHEK festejava, no seu diário, a sua ENTRADA TRIUNFANTE. IMAGINADA e
SOLITÁRIA na capital do Estado.
Fig. 08 – Francis PELICHEK depois de tentado a sorte
no Rio de Janeiro e no Paraná deslocou-se ao Rio Grande do Sul. O bem humorado
boêmio não perdeu a ocasião para registrar no seu DIÀRIO[1]
inédito e ali exibir noticias relativas à sua pessoa. Em alemão, recortava
uma noticia da criação de uma companhia cinematográfico no Rio Grande do Sul,
Como ator de filmes tchecos certamente sentia-se em casa, No outro registra o
seu sucesso na aprovação no concurso
para professor da Escola de Artes do IBA-RS
A crônica, a seguir, de Ângelo Guido pode ser
uma lida como metáfora para o restante da década de 1920 da qual ano de 1922 é
uma das janelas abertas para a rua desconhecida. Janela aberta iluminada numa
casa de uma rua deserta e escura diante para um viandante solitário. Janela aberta
e a mesmo tempo escondendo muito do interior misterioso
[1] PELICHEK, Francis ou Frantisek (1896-1937) Diário 1 – de 1920 - 1921 Diário 2 1921-1934 + Avulsos.
Manuscrito ilustrado com desenhos originais contendo fotos e gravuras avulsas do autor. Porto Alegre: Arquivo do
Instituto de Artes da UFRGS
“Fig. 09 Uma das
conexões entre a SEMANA de ARTE MODERNA de SÂO PAULO e ARTE sul-rio-grandense
são as colaborações de Ângelo GUIDO ((1893- 1969) na REVISTA KLAXON do ano de
1922. Em 1928 será vez de Raul BOPP ser o secretário da Revista da
ANTOPOFAGIA[1]
editada e mantida pelos membros continuadores da Semana. A REVOLUÇÂO de 1930 e
a CONSTITUCIONAALISTA de 1932 ocultaram esta colaborações ente paulista e
sul-rio-grandenses em campo políticos opostos nos quais certamente o pacifico
Ângelo GUIDO não se sentia muito a vontade.
[ clique sobre o gráfico para poder ler]
No Rio Grande do Sul o ano político de 1922 serviu para acirrar os
ânimos entre MARAGATOS e CHIMANGOS que irão explodir em conflitos abertos e sangrentos
ao longo de praticamente todo o ano seguinte.
Nas ARTES, Francis PELICHEK
foi nomeado, em 16 de abril de 1922, professor da Escola para lecionar, Noções
de Pintura e Figura para o Curso Superior e Desenho de Gesso para o Médio. Receberia,
neste mês, 122$500 e em maio deveria perceber 245$000[2]. Francisco BELLANCA receberia 350$000 para lecionar,
Desenho de Gesso para o Curso Preliminar. Como docente e diretor Libindo FERRÁS
receberia 577$500 (quinhentos e setenta e sete mil reis e quinhentos reis).
O presidente do INSTITUTO de BELAS ARTE, Antônio Marinho Loureiro Chaves previa 1:050$000
(UM CONTO e CINQUENTA MIL REIS) para a ESCOLA de ARTES, para o mês de abril de
1922.
A Pinacoteca do
ILBA-RS contava, em 1922, um acervo de 22
obras de arte originais [3].
[1] REVISTA de ANTROPOFAGIA ano I, nº 1, maio de 1928 in ESTUDOS de ARTE nº
233 –
[2] - Papeis de Marinho
Chaves. No relatório de 1920, comentando
o constrangimento, diante de Pedro
Weingärtner, colocava como
insuficiente a quantia de 450$000 como salário docente . Durante todo ano de
1922 Libindo recebe 5:670$000 mais 1:800$000 pela direçãoFrancisco Bellanca
recebe 3:780$00 anuais (Corte Real, 1980
p. 179) qual nenhum artista iria
lecionar na Escola
[3] - Relatório de
1922 de Libindo Ferrás a Marinho Chaves Presidente do IBA-RS.
No tecido urbano da
capital do Rio Grande do Sul não consta nenhum vestígio material de alguma OBRA
FÍSICA para lembrar a passagem da efeméride de
“UM SÉCULO de SOBERANIA
BRASILEIRA”. Ela
deve ser procurada na cidade de Santa Cruz do Sul.
05 – O ANO de
1923 da REVOLUÇÃO FEDERALISTA na qual NÂO existiu ARTE mas,
contraditoriamente, existiram, fora dela, MANIFESTAÇÕES que se aproximam deste ideal
Os tempos de GUERRAS, de
REVOLUÇÕES e de CONFLITOS estimulam o artista a buscar a CONSTRUÇÃO, a
CRIATIVIDAADE e a PAZ. Por meio de sua ARTE busca transcender os obstáculos
negativos e afirmar o lado positivo de suas potencialidades, por meio de uma
intensa e concentrada criatividade. Pratica uma ARTE doméstica e sem condições
e de circular na sociedade convulsionada pelo ÓDIO, pelas DESTRUIÇÕES e pelas
MORTES violentas. É o que é possível verificar no Rio Grande do Sul ao longo do
ano civil de 1923
As guerrilhas e os
ataques de surpresa espalhavam o ÓDIO, as DESTRUIÇÕES e as MORTES, ao longo de
300 dias do ano 1923. Praticavam as degolas das vítimas como aquelas de BOI
PRETO em Palmeiras das Missões.
Quando a paz retornou ao
Rio Grande do Sul, com o PACTO de PEDRAS ALTAS, se houve mudanças políticas,
foi em ritmo de conta gotas. Custou a concessão de mais cinco anos de mandato
para Borges de Medeiros, compensada pela alteração constitucional de Júlio de
Castilhos.
“a assinatura do Pacto de Pedras Altas, em 14 de dezembro
de 1923, ocorreram mudanças no quadro político do Rio Grande do Sul, que
possibilitaram alterações na Constituição de inspiração positivista de 14 de
julho 1891, escrita por Júlio Prates de Castilhos (1860-1903). Esta constituição
previa reeleições. Com as alterações feitas na constituição, após cinco
mandatos de Augusto Borges de Medeiros, encerrou-se sua hegemonia política no
estado, ocorrendo a indicação de Getúlio Vargas (1882-1954), como candidato
único, que, em janeiro de 1928, foi empossado Presidente do Estado. O
vice-presidente eleito, nas eleições de 1927, foi João Neves da Fontoura
(1887-1963)”.
REVOLUÇÂO de 1923
Fig. 11 - A ativa
e vibrante REVISTA KODAK não perdeu a ocasião de alfinetar o continuísmo de
BORGES de MEDEIROS e os seus FIEIS PROSÈTOS na capa do número da passagem do ano de 1922 r 1923
Esta imagem soma-se ao crescente
descontentamento pelo continuísmo da Republica Velha e que irá explodir na
Revolução de 1930
Os artistas visuais silenciaram estes fatos
trágicos e bárbaros que se sucederam Rio Grande afora e protagonizados por CHIMANGOS
e MARAGATOS. Os artistas visuais aproveitavam a sua liberdade e a sua
autonomia. Estes artistas traduziram no seu PROJETO CIVILIZATÓRIO - antagônico
e paralelo à selvageria solta em todo Rio Grande do Sul - por meio de uma serie
de OBRAS FÍSICAS e HUMANAS, no contraditório à barbárie. Estas articulações do PROJETO
CIVILIZATÓRIO, no campo artístico de Porto Alegre, foram descritas por Fernando
Corona, no seu diário de 1923 (folhas 210 em diante) onde nomeia os seus agentes como:
“o pintor meu amigo Franz
Pelichek, fez o retrato a sanguina do meu filho Eduardo. Foi muito feliz
Pelichek ao desenhar retrato de uma criança inquieta para posar. Pelichek era
um companheiro de todas as horas. Tcheco-eslovaco de Praga, em seguida que
chegou, foi contratado como professor de desenho na Escola de Artes, curso
geminado ao Conservatório de Música. Era corcunda e apenas alcançava 1,40m de
altura. Tinha, entretanto, muito talento. Todos gostavam dele e ficou em pouco
tempo adaptou-se ao nosso ambiente artístico e literário. Seguidamente eu ia ao
seu ateliê e folheava um grosso diário que vinha escrevendo desde a saída de
Praga[1].
Era escrito em tcheco que eu nada
entendia. Havia entretanto numerosas páginas ilustradas com episódios
acontecidos na viagem por Nápoles, Rio, Curitiba e Porto Alegre. Como ele era
ótimo caricaturista, o humor estava incluso e seu diário. Gostava muito de nossas
reuniões no Café Colombo, ou no Bar Antonelo, pois também havia a hora do
chope.
Cada vez mais me integrava em grupos de poetas e escritores. Não
guardo datas nem números. Sei que os encontros às tardinhas eram na Casa
Jamardo, fabricantes de moveis finos. Bernardo e Arturo Jamardo eram os
fidalgos anfitriões. Enquanto Arturo, nos fundos da loja desenhava em tamanho
natural as peças que deveriam compor o mobiliário, Bernardo tratava com a freguesia
selecionada que o procurava. Pelichek aquarelava perspectiva de conjuntos e eu
cheguei a desenhar interiores também aquarelados ou a têmpera. O pintor Ângelo
Guido vindo do norte lá fez uma exposição com sucesso. A sala da frente era o
local de reuniões quase sempre ocupado com exposição de pintura. À noite,
nossas reuniões era no Binter-Bar do Hotel Metrópole na esquina do Largo que
ainda não era dos Medeiros e a rua Ladeira ou General Câmara. -
O ano de 1923 tinha alguns pontos fixos no qual o
campo artístico podia expressar o seu PROJETO CIVILIZATÓRIO. Em Porto Alegre um
destes pontos era a redação da REVISTA MÁSCARA cujo ambiente foi descrito, por
Fernando Corona, no seu diário ( folhas 213 em diante) onde narra que:
“era o apogeu da revista
“Máscara” que Waldemar Ferreira era o editor. Explorava tudo quanto era poeta e
artista pedindo poemas ou desenhos que jamais pagava. A alma intelectual da
revista era Augusto de Souza Junior e João Sant’ana colaborador de excepcional
cultura. Eu colaborei também nas capas da revista e nunca fui pago por elas.
Para mim não importava pois o fazía para ocupar meu tempo e aprender artes gráficas.
Sempre gostei de fazer pesquisas em tudo que era arte, embora eu mesmo
reconhecesse que nunca fui grande coisa. O melhor desenhista do nosso meio era
Juca Rasgado Fº que assinava Stelius. -
Outro bom desenhista era Francisco Bellanca, aluno que fora de Libindo
Ferás, Eugenio Latour e Augusto Luis de Freitas. Eu fiquei muito amigo do
engenheiro Teofilo Borges de Barros e fui seu desenhista em todos os projetos
que realizava. Teófilo de Barros era um engenheiro que havia nascido arquiteto, apaixonado pelo modelo
clássico de Vignola, e todos os seus projetos partiam deste principio. Como eu conhecia
bem e decorado as cinco ordens, bastava ele me dar um esboço para desenvolver o
projeto. Pagava-me por hora e muito bem.
Os negócios que eu fazia com
decorações prosperavam. Enquanto Ghiringhelli tratava dos pequenos construtores
que cobriam os gastos da oficina, eu desenvolvia minha atividade nos escritórios
das empresas construtoras”.
A paz retornou ao Rio
Grande do Sul no dia 14 de dezembro de 1923.
06 –
O ANO de 1924 com agudo SENTIMENTO de AUTOCRÍTICA e o ÂNIMO do GRUPO dos TREZE.
Ao longo do ano de 1924
os artistas e intelectuais do Rio Grande do Sul começaram a rearticular-se com
o mundo externo. Mundo externo que trouxe a Porto Alegre o comando artístico e
o ânimo do pintor carioca Hélios SEELINGER. Haviam passado a BORRASCA da REVOLUÇÃO FEDERALISTA
de 1923, seguro de que era o quinto e último mandato de Borges de Medeiros
Fig. 13 Um
esboço de Hélios SEELINGER (1878-1965) da obra destinada a
ilustrar um contrato como Palácio do
Governo do Rio Grande do Sul[1].
Esta
obra definitiva foi executada e entregue
no Palácio. Na década de 1950 este grande painel foi entregue ao museu da
cidade da cidade de Piratini e dali partiu pata o processor de restauro
Uma das
primeiras atividades de SEELINGER desenvolveu no Rio Grande do Sul foi a
criação e a animação de grupos dos artistas dispersos. Para tanto o GRUPO dos
TREZE, depois o BAILE de CARNAVAL da “FILOSOFIA” e enfim o SALÃO de OUTONO.
No entanto
SEELINGER não só trazia conselhos, organizações de eventos e atualização das
inteligências. Hélios trazia, para Porto Alegre, a sua própria PESQUISA ESTÉTICA
materializada num esboço de uma gigantesca pintura que ele denominou “Pelo Rio Grande Pelo Brasil” publicada
na Revista Máscara.
O
objetivo maior das ações sociais, desta artista carioca, era oportunizar o conhecimento
mútuo entre os artistas. As ações sociais de Hélios foram registradas por Fernando Corona no seu diário (folhas 221 em
diante).
“Certa noite estávamos reunidos naquele Bar de costume[2]
quando o Hélios sugeriu a fundação de uma sociedade inspiradora das artes, quem sabe lá até a organização de
um Salão que fosse amplo, sem seleção de valores, com o intuito de saber
quantos somos. Resolvemos criar o grupo denominado “Os treze”, simplesmente
porque éramos 13 os amigos mais chegado e mais dispostos a trabalhar no
assunto. Nessa noite estávamos Argentino Brasil Rossani, pintor e cônsul
argentino; Lorenzo Picó, pintor espanhol; Francis Pelichek professor de desenho
da Escola de Artes checoslovaco; Tasso Corrêa, professor de piano; José Rasgado
F°, ilustrador; Hélios Seelinger, pintor famoso no Brasil; João Santana,
escritor, latinista e filósofo; Fernando Corona, espanhol, escultor e estudioso
da arquitetura; Bernardo Jamardo, espanhol, escultor em madeira e mobiliário;
faltaram essa noite Fábio de Barros, Afonso Silva e José Delgado pintor
espanhol. Resolvemos criar o
“Salão de Outono” para 1925. Maio seria o mês escolhido”.
[1] HELIOS SEELINGER- “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL”
[2] Continuava a tertúlia a reunir-se no Binter-Bar do Hotel Metropole na esquina do
Largo que ainda não era dos Medeiros e a rua Ladeira ou General Câmara.
Fig. 14 Na
foto de 1824 alguns dos integrantes do GRUPO dos TREZE que idealizou o BAILE da
FILOSOFIA de 1925 e se manteve unido e dinâmico para promover o SALÃO de OUTONO
deste ano em Porto Alegre. Após este evento o GRUPO dos TREZE tentou se
institucionalizar numa sociedade civil, Seguia os passos do CLUBE JOCOTÒ dos
quais alguns eram integrantes, No entanto nem o SALÂO de OUTONO chegou à sua 2ª
edição como as duas agremiações não sobreviveram aos acontecimentos posteriores.
O esboço de pintura, denominado “Pelo Rio Grande Pelo Brasil”, prosperou
para uma imensa obra pintada que foi entregue ao Palácio do GOVERNO. O seu
titulo foi dos lemas de REVOLUÇÃO de 1930 quando o Rui Grande do Sul foi um dos
paladinos e protagonista da derrubada de VELHA REPUBLICA e da implantação de um
paradigma político mais coerente com o TEMPO, a SOCIEDADE e a GEOGRAFIA do
BRASIL.
07
– O ANO de 1925 e o SALÃO de OUTONO na PREFEITURA MUNICIPAL de PORTO ALEGRE
O evento do SALÃO de OUTONO na PREFEITURA
MUNICIPAL de PORTO ALEGRE inaugurado, em maio de 1925, pelo GRUPO dos TREZE no Carnaval de Porto
Alegre foi precedido em fevereiro pelo “BAILE da FILOSOFIA”. Este “GRUPO dos TREZE” se consolidara no ano de
1924 com o objetivo contornar e superar os isolamentos estéticos provocados
pela REVOLUÇÂO FEDERALISTA de 1923.
Fig. 15 As ARTES VISUAIS sempre tiveram e continuam
a ter um papel relevante no Carnaval Brasileiro. Blocos, clubes e os
foliões recorrem aos artistas visuais para materializarem e darem corpo às suas
“FANTASIAS – TEMAS e CARROS ALEGÓRICOS” Um tema pouco estudado pois são criações e manifestações efêmeras
O que surpreendeu o “GRUPO dos TREZE” foi o
expressivo número de adesões de artistas visuais. Adesões ao evento apesar do
pequeno ambiente cultural de Porto Alegre e cujas motivações que Fernando Corona
anotou “falávamos muito da falta de
conhecimentos mútuos entre os artistas”.
Fig. 16 A surpresa do SALÃO de OUTONO de 1925 ocorreu com número de participantes e que
os seus organizadores não esperavam segundo Ferrando CORONA um dos seus
participantes e organizadores . Como o objetivo era de sondagem das
potencialidades do campo artístico em formação não houve prêmios, destaques e
nem continuidade deste evento singular para Rio Grande do Sul. Também passou de
lado apreciações críticas, aquisições das obras. Num sentido amplo pode-se
atribuir-lhe o papel das ARTES NOBRES na concepção de Joaquin LEBRETON. Neste
evento também não se conhece o papel do PODER PUBLICO além do empréstimo da
SALA NOBRE do PAÇO MUNICIPAL, recém decorado por Ferdinand SCHLATTER[1]
Porto Alegre se
inspirava no SALÃO de OUTONO de Paris certamente sugerido por Hélios SEELINGER
que havia participado deste evento na França. Mas o de Porto Alegre, não teve
sucessores como os tradicionais SALÕES de OUTONO de Paris.
MÁSCARA. Porto
Alegre, Ano 7, Nº 7, jun. 1925 – Salão
de Outono
Fig. 17 Uma
página da REVISTA MÁSCARA com alguns personagens mais evidentes no SALÂO de OUTONO
de 1925 e caracterizados com seus apelidos em tcheco por Francis Pelichek, O texto da Revista Máscara faz referência à
LIBERDADE e da SINCERA afirmação das EMOÇÔES dos artistas que expunham ao publico suas obras
[ clique sobre a imagem para poder ler]
Neste ano de 1925, o
paulista Ângelo GUIDO somou-se definitivamente ao campo artístico do Rio Grande
do Sul além do carioca Hélios SEELINGER. Na sessão da Comissão Central do dia
14 de outubro de 1925 aprovou a compra de quadro de Ângelo Guido por 1:000$000 com
parecer favorável de Libindo Ferras. No dia 18, deste mesmo mês e ano, ele
realizou uma palestra no CLUBE JOCOTÓ.
No sentido contrário, Augusto
Luís de FREITAS que havia renunciado o cargo na Escola de Artes no mês de
fevereiro de 1923 teve esta renúncia
ratificada na sessão da Comissão Central do dia 14 de outubro de 1925.
Neste mesmo dia TASSO CORRÊA
assumiu a direção do Conservatório de Musica do IBA-RS.
Estes movimentos no tabuleiro estético evidenciam uma série de
excomunhões reciprocas de PRINCIPES do campo das ARTES
08
– O ANO de 1926 e as EXCOMUNHÕES RECÍPROCAS dos PRÍNCIPES.
No estreito espaço
cultural, político e econômico do Rio Grande do Sul, em 1926, são cada vez mais
agudos os sintomas de que algo vai mal à PRIMEIRA REPÚBLICA BRASILEIRA e com a
INÉRCIA do QUINTO MANDATO de BORGES de MEDEIROS.
A REVISTA MADRUGADA surgiu e desapareceu no
ano de 1926. Ao longo deste ano teve 5 edições e em cujas páginas, não raro, se
encontram excomunhões reciprocas entre aqueles que se acham e agiam como
PRINCIPES retardatários do REGIME IMPERIAL decaído e obsoleto.
Revista MADRUGADA. capa Porto Alegre, Nº 1 , 1926
Fig.18 A REVISTA MADRUGADA foi produzida, em PORTO
ALEGRE ao longo do ano de 1926 e teve apenas esta anos de duração no qual
editou 5 números, Impressa as OFICINAS do INSTITUTO PAROBÉ[1]
certamente serviu para a formação tanto de profissionais técnicos como a
colaboração dos artistas visuais da capital do Estado. Entre estes última estava
Giuseppe GAUDENZI que também colaborava nas revistas como a KODAK.N Se a
MADUGADA não teve continuidade pode-se argumentar que ela serviu para a Revista
da GLOBO lançada no dia 05 de janeiro de 1929
Numerosas manifestações de insatisfação contra os
personagens da Primeira República precederam e preparam, também em Porto
Alegre, o clima para Revolução de 1930. Estas manifestações poderiam ser aplicadas aos dirigentes da
época do Instituto Livre do Belas Artes do Rio Grande do Sul[2].
Na revista Madrugada[3]
um grupo de jovens intelectuais editorialistas[4] foi
comandado por Theodomiro Tostes, Augusto Meyer, João Sant’Anna[5]
e Azevedo Cavalcante. Estes jovens não
podiam ser mais enfáticos na necessidade de mudar o regime da Velha República.
Esta nova geração de intelectuais foi porta-voz
dessa insatisfação como aquela expressa, em 1926, pelos articulistas da revista
Madrugada[6].
Nesta revista eles escreveram e publicaram
“a mudança do regime monárquico foi apenas, entre nós, uma substituição
de acento grave por agudo, na personagem governativa, o que vale dizer uma pura
questão gramatical”. Os articulistas constatavam “passamos do governo dos reis ao império dos reis, entidades
perfeitamente concretas, bem soantes, amadas e poderosas”.
Personagens sustentadas, não pela sua competência
política, cultural ou ideológica, mas pelas puras forças do regime
patrimonialista do estamento de dominadores do estado imperial transfigurado
apenas semanticamente em república.
“Sucedendo à aristocracia complicada dos brasões
com coroa, os aristocratas do dinheiro formam um núcleo de cabeças ocas e
barrigas fartas enchendo as ruas das mesmíssimas carruagens doiradas e vistosas
nas quais os condes de antanho descansavam a indiscutível nobreza dos seus
assentos’”.
A economia patrimonialista imperial encontrou
apenas outras formas de escravidão no uso do ‘pátrio poder’ corrompido, permitindo a esses personagens, travestidos
de republicanos, viver sem precisar trabalhar e para produzir algo honesto.
“Os Paes da pátria’ como esses Paes que notando na filha um Dom que a faz
preciosa, exploram-na em seu próprio benefício, dormem regaladamente, na metade
do ano, para na outra metade fruírem os mil-réis que a coitada ganhou a custa
do seu trabalho”.
Estas EXPRESSÕES, mesmo escritas, publicadas e
circulando na REVISTA MADRUGADA, eram TESES
a espera da ANTÍTESE e uma possível SÍNTESE. Certamente a ANTÍTESE veio
com o FINAL da REVISTA, na qual vários artistas visuais haviam colaborado.
A SÍNTESE teve de espera três anos e se
materializar com o lançamento da REVISTA do GLOBO, em 05 de janeiro de 1929.
Nelas somaram-se POLÍTICOS, INTELECTUAIS e os mesmos artistas da REVISTA
MADRUGADA tendo, a REVISTA do GLOBO. o estímulo e apoio do presidente do Rio
Grande do Sul. O publico leitor e assinante da REVISTA do GLOBO era agora
nacional. A sua circulação nacional preludiava a busca de apoio, em outros
estados, para a REVOLUÇÃO do dia 03 de outubro de 1930.
[1] Veja Instituto PAROBÉ em ESCOLAS de ARTES e OFÍCIOS em PORTO ALEGRE
(panorâmica). 0-227 – ESTUDOS de ARTE
[2] No 3º aniversário da REVOLUÇÃO de 1930 um jovem
professor rebelado do ILBA-RS irá explicitar e aplicar estas manifestações para
os dirigentes da COMISSÃO CENTRAL quando Tasso CORRÊA em alta e forte voz dirá no palco do Theatro
São Pedro “ O Instituto de Belas Artes do Rio Grande do
Sul é uma instituição dirigida por médicos, advogados, engenheiros, comerciantes, etc.
Daí se verifica que o Instituto, sendo uma organização destinada á difusão do
ensino artístico no Rio Grande do Sul, é
orientado por cavalheiros de alta distinção, mas que infelizmente, na sua
grande maioria, nada entende de Arte. Pra demonstrar o absurdo da nossa
organização administrativa lembraria o seguinte: uma Faculdade de Medicina,
dirigida por uma comissão de músicos, pintores e escultores. DIÁRIO DE NOTÍCIAS – Porto Alegre : Diários Associados, dia 26.10.1933 p.4 ..
O PENSAMENTO de TASSO CORRÊA A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a
ARTE Isto é Arte nº 165 –
[3] - COSME, Sotero. Capa n.º 1 da Rev.Madrugada e COSME, Sotero . Capa da Revista Madrugada nº 3 1926 CD-ROM - Disco 6 - IMAGENS..
[5] - João Sant’Anna era
secretário da Sociedade Riograndense de Bellas Artes que promoveu em Porto
Alegre, o Salão de Outono, de maio a junho de 1925, e que pretendia
institucionalizar o evento e lhe dar continuidade. Ficou num único evento. A
Sociedade tinha por presidente honorário Borges de Medeiros e Otávio Rocha. O
presidente efetivo era Francisco BentoJunior.Vice-Presidente Fabio de Barros e o
tesoureiro era Bernardo Jamardo. A abertura foi presidida por Manuel André da
Rocha, membro do CC-ILBA-RS. Revista Máscara, Porto Alegre, ano 7, nº 7, jun.1925.
[6] Revista Madrugada
Porto Alegre, ano 1, nº 5. Dia 04
de Dezembro 1926 (sem paginação).
MADRUGADA. Porto Alegre; Revista (1926), Nº 5
04. 12. 1926
Fig. 19
João FAHRION (1898-1970) teve a sua formação básica no INSTITUTO de
AETES E OFICIO PAROBÉ sob a supervisão de José GAUDENZI( 1875-1966 ) Ao
ingressar como ilustrador de Editora Globo esteve na equipe comandada por
Ernest ZEUNER (1895-1967) Além do seu atelier particular lecionou na equipe
dos artistas do CIURSO de ARTES PLASTICAS montada sob a direção de Tasso CORREA
No dia 22 de março de 1926 foi aprovada
a nova disciplina de PINTURA na ESCOLA de ARTES. Libindo ficava obrigado a apresentar, até uma
semana após esta data, o programa da disciplina de PINTURA[1].
A Comissão Central do IBA-RS destinou 2:000$000 (dois contos de reis) anuais para
esta disciplina de PINTURA. Nesta
etapa não há registro da matriculas e aulas efetivas desta disciplina. A PINTURA só ganhará uma feição
efetiva e programática com a vinda de Ado MALAGOLI, em 1952,
Para lecionar
História de Arte na ESCOLA de ARTES a mesma
COMISSÃO ofereceu 30$000 por aula dada para Fábio de Barros. Não há
registro destes pagamentos, de matriculas e aulas efetivas desta disciplina. A
HISTÓRIA da ARTE ganhara institucionalização curricular, em 1937, com a contratação de Ângelo Guido a partir da
Universidade de Porto Alegre do qual o IBA-RS foi um dos fundadores
A COMISSÃO CENTRAL
aprovou, no mesmo dia no dia 22 de março de 1926, a importância de 16:000$000 (dezesseis contos de reis) para a compra
de dois pianos para o Conservatório. Esta soma é uma amostra da força econômica
das matriculas e das mensalidades dos numerosos estudantes da Música pagavam,
em contraste com o minúsculo grupo de estudantes de Artes Visuais. Este quadro
irá se inverter com o IBA-RS na autonomia, a partir de 06 de janeiro de 1939,
por meio de uma série de cursos de Artes Plásticas.
09 – As ARTES NOBRES e a GUERRA ESTÉTICA no RIO GRANDE do SUL no
ANO de 1927.
Ao longo do ano de 1927 travou-se
uma GUERRA ESTÉTICA na qual se empenharam cada vez mais os artistas
comprometidos e sustentados pela ERA INDUSTRIAL. A ARQUITETURA começou a se
concentrar na sua função a se despedir das tendências ecléticas e historicistas
da fachada.
Um dos exemplos é o
AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA. Projetado por Armando Boni e iniciado em 1926 e
entregue em 19 de novembro de 1927[2].
Utilizando o concreto. tanto para a estrutura da concha acústica como para os
seus bancos e mobiliários, ele evidencia a produção em série como o uso do
produto das fábricas de cimento.
[1] - Livro de Atas nº 1 pp.33v -35v
[2] 19.11.1927
inauguração do auditório AEAUJO VIANNA na PRAÇA da MATRZ
Fig. 20 O primeiro AUDITÓRIO ARAUJO VIANNA, entregue a
publico no 19 de novembro de 1927, situava-se entre o Palácio do Governo e Theatro São Pedro . Projeto de 1926 e realização de Aramado
BONI (1886-1946) [1]
em concreto aparente[2], deu o seu lugar ao atual prédio da Assembleia Legislativa. Os bancos de
concreto - fornecido pela firma de Armando Boni - estão espalhados por praças e
logradouros públicos de Porto Alegre
Este mesmo AUDITÓRIO foi
cenário, durante a sua construção, da HOMENAGEM ao CENTENÁRIO da morte de
BEETHOVEN. A materialização desta homenagem coube a um escultor e arquiteto e
empresário de 33 anos de idade. Fernando Corona modelou a MÁSCARA coroada de
louros, a sua firma forneceu o monólito em granito[3].
Enquanto o jovem músico, de 26 anos, financiou os gastos da obra através de uma empresa que fornecia instrumentos
musicais.
Em 1936, na icasião do centenário do nascimento de
Carlos Gomes (1836-1896) este AUDITÓRIO serviu de moldura para um busto deste
músico brasileiro[4]
Este busto também foi obra de Fernando CORONA que no ano seguinte, será nomeado
e prestará concurso de cátedra no IBA-RS, como primeiro professor de MODELAGEM
e de ESCULTURA do Rio Grande do Sul
[2] CONCHA ACÚSTICA
do AUDITPTIO Araújo VANNA https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Auditório_Araújo_Vianna
[3] A MASCAR PERDIDA de BETHOVEN de FERNANDO CORONA
[4] BUSTO de CARLOS GOMES ALVES de Almeida, José Francisco (1964). A Escultura
pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto
Alegre : Artfólio, 2004 p. 119
Fig. 21 A
Máscara de BEETHOVEN foi inaugurada no dia 26 de março de 1927 em frente ao
Auditório Araújo Viana ainda em construção. O motivo era o centenário da morte
do Músico. A máscara de BEETHOVEN é obra de Fernando
Corona e financiada por Tasso CORRÊA[1] que era o músico
orientador convidado permanente da CASA
BEETHOVEN de Porto Alegre especializada na comercialização de instrumentos
musicais
No plano ideal o novo Estatuto do Instituto de Belas Artes aprovou,
em 12 de dezembro de 1927, e fixou legalmente as
áreas de Pintura, Escultura, Arquitetura e Artes de Aplicação Industrial para a
Escola.
Na prática tiveram de esperar a Universidade de Porto
Alegre da qual o IBA-RS era um dos seus fundadores em 1934, Porém o seu efetivo
funcionamento só iniciou em 1936 coma a nomeação de Tasso Corrêa como seu
diretor.
A nomeação de Fernando
CORONA - como primeiro professor de MODELAGEM e de ESCULTURA do Rio Grande do
Sul concurso de cátedra no IBA-RS – gerou, em 1937, sérias reações no âmbito do
Instituto e da Universidade de Porto Alegre. CORONA não escondia de ninguém que
a sua formação institucional e formal se limitava à frequência da 4ª série
primária. Foi a habilidade jurídica do advogado Tasso CORRÊA que conseguiu algo
que depois será impossível.
O currículo e as
realizações de CORONA como escultor, ilustrador e arquiteto e empresário pesaram
nesta decisão temerária, mas de incontestáveis resultados positivos. Pode-se
afirmar que Fernando CORONA fez, na década de 1920, a sua APRENDIZAGEM na
ESCOLA das mais altas expressões da inteligência e da Arte sul-rio-grandense.
Como contribuição pessoal e retribuição ele CRIOU OPORTUNIDADES de AFIRMAR a
sua ARTE no meio local Como professor repassou isto aos seus estudantes sob a
racionalização de sua frase preferida nesta etapa de que: ”DEIXEI de SER ESCULTOR, PARA FORMAR ESCULTORES”
No entanto já haviam
passado. na oficina do pai, e da sua própria, Vitório LIVI[2],
Ernesto DELVEAUX[3]
Aladino BASSI e Vitorino ZANI (1900-1960)[4]
autor do projeto e escultura da igreja São Geraldo de Porto Alegre a igreja de
São Peregrino de Caxias do Sul.
.
10
– O ANO de 1928 com MOMENTOS de LUCIDEZ no MEIO da GUERRA ESTÉTICA.
O ano politico do Rio
Grande do Sul de 1928 iniciou com a posse de Getúlio Vargas no dia 25 de janeiro
como presente do Estado. Além de interromper o longo ciclo de mandatos
de Borges de Medeiros, o novo presidente se sentia a vontade entre intelectuais
e artistas considerando-se como um deles.
No plano nacional o
sul-rio-grandense Raul BOPP[5] era o secretário da Revista ANTROPOFÁGICA [6]
lançada pelos integrantes remanescentes da SEMANA de ARTE MODERNA de SÃO PAULO
[2] Vitírio LIVI naOFIVICINA
FRIEDRICHS https://pt.wikipedia.org/wiki/João_Vicente_Friedrichs
[3] Ernesto DELVAUX
em Passo Fundo https://www.facebook.com/FotosAntigasDePassoFundo/photos/a.521022004583004/1315332001818663/?type=1&theater
[5] Uma TOURADA FRUSTRADA pelo TOURO Isto é Arte nº 0-279.
ISTO é ARTE
[6] REVISTA de ANTROPOFAGIA ano I, nº
1, maio de 1928 in postagem nº
233 – ESTUDOS de ARTE
Foto do dia 26.09.1928, a
visita protocolar a Getúlio Vargas da COMISSÃO CENTRAL do INSTITUTO de BELAS
ARTES do Rio Grande do Sul .
Fig. 22 A COMISSÃO CENTRAL era a mantenedora do
INSTITUTO DE BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Muitos dos seus membros ocupavam
postos chaves na alta administração do Estado. O exercício dos cargos na Comissão Central não
era remunerado. As verbas do Instituto provinham dos matriculas dos alunos e
eventuais subsídios do Estado e do Município. De um lado o Estado não
intervinha na administração e pagamentos aos professores e técnicos administrativos.
Aa manutenção do IBA-RS pela sociedade civil eventualmente reforçado por verbas
ou doações, como do terreno que o IBA-RS recebeu na Rua Riachuelo. Assim uma visita ao mandatário supremo do
Estado significava manter aberto para estas doações e ajudas orçamentárias
eventuais
Nas Artes Visuais do Rio Grande do Sul os
ânimos haviam serenado. Porém cada artista estava no seu recanto
A Escola de Artes do
IBAR-RS tinha 17 alunos matriculados na Escola, sendo 4
deles eram novos. O corpo docente se reduzia a 2 professores sendo Libindo
Ferrás docente e diretor. Francis Pelichek era o outro professor o que
inviabilizava a formação de uma congregação na Escola para a qual o novo Estatuto, aprovado em 16 de dezembro de 1927 exigia no mínimo 3
docentes. No Conservatório estavam matriculas 340 alunos matriculados sendo que
90 deles eram novos.
A ERA INDUSTRIAL chegou para a conquista dos ares
de Rio Grande do Sul a partir de 1927. Fernando Corona narra uma das suas
experiências no dia 04 de agosto de
1928, com este nove meio de transporte ao registrar no seu Diário (f.ls 256 -7)
onde anotou:
“falava-se
de viagens de avião pela Lagoa dos Patos, até então feitas de vapor, ou pela
companhia costeira, ou pelo Lhoid Brasileiro ou também por pequenos navios sem
conforto como eram a Geny Naval e outros. Por estrada de rodagem era uma
aventura, viagem ruim e perigosa de ficar atolado por muitas horas.
Um grupo de alemães fundara em Porto Alegre a
“S.A. Empresa de viação aérea rio-grandense” e já haviam iniciado as viagens
experimentais em hidroaviões alemães. Em fins do mês de julho fruí a Pelotas de
navio. No hotel se comentava que a viagem de hidro era feita em 40 minutos. Resolvi
experimentar a volta em hidroaviões. Fui à agência, e comprei passagem para o
dia 4 de Agosto de 1928. No hotel, Bermudez, agente da Sul América Seguros queria
que dissesse um seguro de vida. Ora, eu sempre fui fatalista e nunca joguei
para futuro. Tampouco me interessava o dia anterior.
O hidroavião saia ao largo do rio São Gonçalo
de cujo cais deveríamos ir até o avião. Custava até o cais de Porto Alegre 175
mil reis com mais 4.000 de imposto federal. A VARIG, sigla da empresa tinha
apenas dois aparelhos, este era “Hidroavião F.13 Bajé” e a entrada a ele era por
cima. Uma tampa redonda abria-se e a gente descia por uma escada. Ao eu entrar
notei que meu amigo Sady Maissonave também tivera aquela coragem. A passagem
(que guardo) em o número 2278. um inglês que vinha de Rio Grande nos ofereceu
uísque e pouco faltou para nos embebedar. A viagem foi ótima e quarenta minutos
após, saíamos do buraco para entrar numa lancha que nos deixou na escadaria
central do caís do Porto da nossa cidade”
Não e possível perceber
este fato de uma forma isolado. A criação, e a efetiva atuação, de uma
companhia de transporte área, mesmo que tardia em relação a outros países,
expressa uma base industrial sul-rio-grandense que sobreviveu ao terremoto
econômico da Quebra da Bolsa de Nova York em 24 de outubro de 1929,
De outra parte a VARIG
transportou na suas asas, posteriormente, intensa produção gráfica e artística
sul-rio-grandense reforçado pelo seu continuado marketing e propaganda,
inseridos em diversas mídias de grande alcance nacional e internacional. Não é
por acaso um dos líderes desta empresa recebeu a homenagem de ser nome da
Pinacoteca Ruben Berta.
11
– O ANO de 1929 e o SALÃO da ESCOLA de ARTES
O ano do ano 1929 o
mundo ocidental e a cultura capitalista viram
despencar a sua confiança nos seus fundamentos materiais e conceituais
A queda desta confiança,
além de ser um ponto de alerta, foi um ponto de inflexão na esperança de um
progresso material continuado. No plano da política brasileira foram dados
alguns passos pelo Rio Grande do Sul para sua efetiva integração nacional[1].
Estes passos foram importantes para superar a derrota de Getúlio, nas urnas, e
a Revolução de 1930.
As ARTES VISUAIS tiveram
intensa produção em PORTO ALEGRE ao longo do ano de 1929, precedendo a QUEBRA
da Bolsa de Nova York. No entanto esta produção vinha de artistas qu estavam
novamente silenciosos e isolados com produção pessoal. Esta produção ainda está
dispersa e sem estudo.
O SALÃO da ESCOLA de
ARTES do IBA oferece uma janela limitada para esta produção das ARTES VISUAIS
do ano de 1929. Um dos limites é o número dos seus participantes que é
numericamente muito inferior aqueles do
SALÃO de OUTONO de 1925. Da mesma forma também não existe nenhum destaque de
algum artista de fora do Rio Grande do Sul. Isto certamente diz do fato de que
os artistas estava novamente isolados e com obras pessoais e que ainda não receberam a devida atenção dos
pesquisadores. Nem, ao menos, o
esfuziante Hélios SEELINGER enviou qualquer obra ou se pronunciou. Os dois
professores da ESCOLA de ARTES incluíram, cada um, uma dúzia de obras enquanto
Ângelo Guido compareceu com uma dezena de pinturas.
[1] Em julho de 1929 os políticos do
Rio Grande do Sul unem-se ao redor da candidatura de Vargas. Em setembro Minas, Paraíba e Rio Grande lançam o manifesto da Aliança Liberal
redigido por Lindolfo Collor, No entanto a eleição presidencial do Brasil do
dia 01 de março de 1930 pôs tudo isto a perder com a derrota de Getúlio VARGS,
o que levou para Revolução iniciada em 03 de outubro de 1930
Fig. 23 O SALÃO promovido pela ESCOLA de ARTES do IBA ao final
do ano em 1929 era subsidiado pelo
IBA-RS, pelo município e pelo Governo do Estado . Com a curadoria de Libindo
FERRÁS que elaborou u catálogo das obras expostas. A Revista do Globo deu um
generoso espaço para as considerações de Ângelo Guido enquanto Fábio de Barros apresentou a obra pictórica
de Guido[1]
No entanto a QUBRA da BOLSA de Nova
York no dia 24 de outubro de 1929 afastou a atenção e os potencias investidores
nestas obras. Em compensação grande parte das
obras mais significavas desta Salão foram parar nos museus, em
pinacotecas e colecionadores atentos
[ clique sobre o gráfico para poder ler]
Libindo FERRÁS como
curador, artista e diretor da Escola de Artes conseguiu apoio do IBA-RS, da
Prefeitura e do Estado. A sua obra recebeu esta apreciação de Ângelo Guido[2]
“para Libindo Ferrás a natureza, com suas
minúcias é tudo, e a reprodução exata da
natureza é a obra de arte. Para João Fahrion a natureza é apenas um base
para elevar-se à criação estética. Um ponto de partida de onde tira os
elementos de cor e forma, para tornar compreensível uma verdade estética que
está mais nele do que na natureza. Não copia a natureza, mas aceita os
elementos que ela lhe oferece para realizar complexos plásticos que querem ser
expressões e não reproduções daquelas coisa que os olha veem. Oscar Boeira vê a
paisagem com os olhos de poeta”
Neste texto Ângelo Guido - para apreciar
as obras distinguir destas três
personalidades - toma como referencial comum o tema da NATUREZA e da PAISAGEM.
Este PONTO COMUM permite ao crítico
constatar as profundas diferenças destas personalidades entre si, pois a sua
ARTE está em cada um deles. Um SALÃO de ARTE permite esta comparação sobre uma
base comum e perceber as distinções, sem realizar juízos pessoais, subjetivos e
metafísicos.
Num sentido amplo um
SALÃO de ARTE constitui um contrato - entre artistas, curadores, juízes, cronistas,
críticos e público - que possui por base um projeto consensual como regra do
jogo que não pode ser ignorado por ninguém. Numa sociedade capitalista, valor
econômico, patrimonialista e o mercado de arte não podem ser ignorados. Assim
Ângelo Guido se refere às poucas aquisições das obras deste Salão
[1] BARROS, Fábio Pintor da Vida. Porto
Alegre REVISTA da GLOBO -Ano I - nº 23
14.12.1929, pp 06-07
[2] Ângelo GUIDO. O
Salão da Escola de Artes – Porto Alegre: REVISTA do GLOBO -Ano I - nº
23 14.12.1929 pp.04-06
Libindo Ferrás “Ponte do
Riacho” 1929 – Aquarela 54 x 44,5 cm
Pinacoteca Aldo Locatelli Porto Alegre
Fig. 24 Libindo Ferrás exercia as funções de
Diretor da Escola de Arte e pelo regimento do IBA-RS era obrigado a promover um
SALÃO ANUAL na linha das outras instituições de gênero.. Na realidade estas
exposições eram mostras dos trabalhos dos estudantes praticadas ao longo do ano escolar, O SALÃO
de 1929 abria esta oportunidade para os de fora. A obra de Libindo figurou na
capa da da Revista do GLOBO nº 23 do dia 14 de
dezembro de 1929. Ao longo desta
exposição, Pedro Weingärtner veio a falecer no dia 26 de dezembro de 1929. Ângelo GUIDO registrou a obra deste artista em três paginas
da Revista do Globo[1]
Ângelo Guido[2]
qualifica as doze obras que Francis Pelichek expunha como “artista que evolui” quando
afirma:
“Francis Pelichek, outro pintor que se destaca
no “Salão” com uma interessante coleção de aquarelas e alguns quadros de figura
bem curiosos. é diverso totalmente dos três pintores que citei. Não tem o senso
decorativo e o espírito moderno de Fahrion, nem as sutilizas de Boeira, como
não numa técnica ou numa maneira acadêmica, à semelhança de Libindo Ferrás,
que, de muito, não se renova e de a muito os seus trabalhos não denunciam a
inquietação de quem procura na arte alguma coisa além daquilo que já realiza.
Pelichek é um artista que evolui. Isto é, que procura melhorar continuamente a
sua expressão estética. Quem teve oportunidade de ver a exposição de paisagens
de Torres, que a cerca de um ano realizou a Cas Jamardo, e as comparar as de
agora expõe, verificará, que esta artista tornou mais liquido e mais luminoso o
seu colorido. "Em Frente à Casa do
Colono”, por exemplo, embora de pequenas dimensões, ´dos excelentes trabalhos
que figuram no “Salão”. Veja-se, sob este aspecto, as aquelas “Adega”, “No
Quintal” e “Fazendo Graspa”. Mesmo o seu quadro mais importante da coleção que
expõe, “Chimarrão”, vale mais pela energia, com que conseguiu a forma, do
que pelo colorido”.
[1] GUIDO (GNOCCHI),
Ângelo (1893- 1969). «Pedro Weingärtner, pintor
romântico» Porto Alegre: Revista do
Globo:, ano 2, no 1 (025o
fascículo) jun. 1930 s/p.
[2] Ângelo GUIDO. O
Salão da Escola de Artes – Porto Alegre: REVISTA do GLOBO -Ano I - nº
23 14.12.1929 pp.04-06
Francis Pelichek “Velho
Chimarreando” 1929 óleo sobre tela 66 x
54 cm Pinacoteca Aldo Locatelli Porto Alegre
Fig. 25 Um dos
ÍCONES doa SALÃO de 1929 é a obra de Francis Pelichek Uma reprodução colorida desta obra figurou na
capa da Revista do GLOBO nº 25 do dia 11 de janeiro de
1930 com o apontamento de que o original pertencia à Prefeitura Municipal de Porto Alegre onde continua constar do Acervo da PINACOTECA ALDO LOCATELLI. Certamente não
escapa ao olhar a figura do GAÚCHO VELHO no lugar da consagrada figura jovem e
viril que a MITOLOGIA FABRICADA continua a emprestar a om, esta criatura humana idealizada. Uma hipótese é que
o artista tenha se inspirado nos traços fisionômicos de Luís Augusto de Freitas
Ângelo Guido silenciou, no
seu registro do “SALÃO” as suas próprias dez obras que ele expunha. Fábio de
Barros[1]
tomou a si esta tarefa quando afirmou que
“existe nos quadro de Ângelo
Guido, uma extraordinária harmonia de colorido: é o jogo dos valores é estudado
rigorosamente, Compreende-se que para chegar a esse resultado devia de começar
o pintor, por desviar-se dos caminhos trilhados, e procurar por sua própria
conta novas vias para alcançar a sua meta. Felizmente, uma intuição, um como instinto divinatório guia-lhe o braço
na descoberta dos efeitos. Ele os alcança e realiza sempre pelos processos mais
simples como nas coisas que se produzem espontaneamente”
Sublinha-se que Fabio de Barros também buscou
e manteve, na sua narrativa, o artista como a fonte que produz a arte na sua obra
material
João Fahrion “Gilda Marinho ” 1929 da Coleção de Gasparotto
Fig. 26 João
FAHRION foi o retratista por excelência,
Na sua produção predomina a figura feminina como no retrato de Gilda Marinho . Esta obra constava no Salão de 1929 da
Escola de Artes da qual ele seria,, oito anos depois, um dos docentes,
Silencioso e observador captava em gestos rápidos e seguros a essência do
retrato habilidade de síntese plástica
que confere aos seus retrato uma
imensa superioridade ao simples retrato fotográfico
Diante das obras de
Oscar Boeira, o critico Ângelo Guido[1]
tornou-se confidencial. Assim envereda para as suas concepções estéticas
pessoais ao confidenciar para o seu leitor
“Ha tempos quando eu
tinha, como Oscar Boeira, uma concepção romântica da pintura, escrevi o
seguinte: ‘nós os pintores, vemos nuances e harmonias cromáticas que escapam ao
comum dos mortais e sentimos que na cor á tanto mistério com num olhar
enternecido de mulher. Para nós a cor tem música e alma e, uma árvore, um pouco
de água, uma nuvem, são seres vivos que se comunicam conosco através da
linguagem lírica da luz. Não nos limitamos a copiar servilmente a natureza –
traduzimos o que nos revela de espiritualidade e, reproduzindo-a, a
enriquecemos com o clarão de idealidade’. Essa concepção romântica da pintura,
que lembra a de Corot, o pintor que via ‘bondade derramada sobre a copa das
árvores, sobre a erva dos prados e nos espelhos dos lagos’ dizia que o artista ouve o espírito da
natureza falar ao seu espírito, é que orienta, creio, a pintura de Oscar
Boeira”
Esta identificação
estética entre Ângelo Guido e Oscar Beira certamente é confidencial e revela ao
repertório do pintor que também é critico. Na distância do tempo e da
sociedade, infiltraram-se distinções entre a obra de Corot e o Romantismo
histórico. O uso de alfinetes conceituais para demarcar, expor e arquivar
expressões estéticas é um recurso da narrativa, da critica e da pedagogia para
apontar, distinguir que envereda para as suas concepções estéticas pessoais e
transitórias. Estes repertórios pessoais e de época necessitam serem pesquisados,
expostos e criticados pela História. Com estes dados, na mente, buscar formas, coerentes
com os dias atuais e da sociedade local, para serem reescritas como o objetivo
de circularem nos novos meios de comunicação, que por sua vez, são passageiros
e tornam-se também obsoletos.
A morte de Pedro
WEINGÄRTNER, no dia 26 de dezembro de 1929, colocou este vazio diante da sua
memória, da sua obra, da crítica em vida e da História das Artes Visuais do Rio
Grande do Sul. O mesmo pode ser dito das Artes Visuais do Estado colocadas
diante do vazio do final da década 1920.
[1] Ângelo GUIDO. O
Salão da Escola de Artes – Porto Alegre: REVISTA do GLOBO -Ano I - nº
23 14.12.1929 pp.04-06
Oscar Boeira “Periferia
com Morro Santana” 1918 óleo sobre tela
44,2 x 95 cm Acervo MARGS
Fig. 27 Oscar
Boeira é um dos artista sul-rio-grandenses cuja obra pictórica pode ser incluída na categoria de ARTE NOBRE
na medida em que pintava com prazer e com esmero pictórico cuja qualidade
técnica dificilmente foi atingida por
outro pintor da época. Raramente expunha e não comercializava as suas
obras.
O caos econômico
provocado pela Quebra da Bolsa de Nova York foi causa de muita perplexidade e
consequências. No entanto esta Quebra teve causas anteriores e não percebidas
em tempo para deter a catástrofe.
As ARTES VISUAIS do Rio
Grande do Sul estavam distantes de terem um projeto ou uma consciência
coletiva. Os pequenos grupos de elogios recíprocos estavam atomizando o
ambiente cultural. Estes pequenos grupos de elogios recíprocos não tiveram
energia e coerência para realizar um SEGUNDO SALÃO de OUTONO também não houve
um SEGUNDO SALÃO da ESCOLA de ARTES. Só
foi possível um SALÃO de ARTES uma
década depois quando o IBA-RS colocou-se na autonomia. Este não foi um SALÃO da
ESCOLA de ARTES, pois esta ESCOLA transformou-se um CURSO de ARTES PLÁSTICAS sob
a DIREÇÃO centralizada pelo INSTITUTO e sob a direção geral de TASSO CORRÊA e
os se sucessores. Estes SALÕES do INSTITUTO de BELAS ARTES duraram até 30 de
novembro de 1962, data da sua incorporação, em pela UFRGS. Esta tomou a si esta
iniciativa em raras ocasiões.
12
– O ANO de 1930 e as ARTES VISUAIS Rio Grande do Sul na REVOLUÇÃO de 1930. .
No percurso dos
documentos disponíveis, do ano de 1930, percebe-se a crescente crispação dos
ânimos com o governo central. Esta crispação tornou-se insustentável com assassinato de João Pessoa no dia 26 de julho de
1930.
Esta crispação e agitação nacional permitiram,
e, até empurraram, o Rio Grande do Sul para um breve interregno e aproximação das
suas forças politicas, sociais, econômicas e culturais em eternos conflitos internos.
Do lado de fora destes
conflitos políticos, a vitória de Yolanda PEREIRA, como Miss Universo, ajudou, no
plano social e cultural, a desanuviar velhos rancores e a perceber que o MUNDO
MUDARA e novos valores estavam surgindo para contestar uma REPÚBLICA manejada
por acomodações
Se as ARTES VISUAIS não
estiveram na proa deste movimento, eles estavam presentes na descoberta e na valorização
de uma moça de Pelotas escolhida por um júri no qual os professores e artistas
visuais tinham lugar de destaque. Fernando
CORONA registrou os nomes daquele que constituíram este concurso coordenado pelos
Diários Associados. Corona escreveu no seu Diário 1930 (folha 300) que
“neste ano de 1930, outro Concurso de Beleza foi
organizado pelo Diário de Noticias. Desta vez o calor e o entusiasmo
conquistados pelo êxito da Bila Ortiz o ano passado, nos animou mais a escolher
a mais bela mulher do Rio Grande do Sul. A Comissão Julgadora estava assim
formada: Moisés Velinho, escritor; Mansueto Bernardi, poeta e diretor da Revista
do Globo; Andrade Queiroz, escritor; Dr. Costa e Silva, escritor; Oscar Boeira,
pintor; Ângelo Guido, pintor; Leonardo Truda, jornalista, diretor Diário de
Noticias e eu Fernando Corona, escultor. “
A própria candidata vencedora tinha formação
artística
“Dentre as candidatas destacava-se uma excepcional.
Era pelotense, filha do nosso amigo Lídio Pereira. Se a Bila Ortiz, perfeita de
corpo, pouco irradiava de simpatia por sua seriedade facial, Iolanda Pereira,
com grandes predicados de educação (inclusive tocava piano) era de uma
proporção mais-emocionante e com um rosto e um sorriso vendendo simpatia. Sem
muita discussão Iolanda Pereira foi eleita Mis Rio Grande do Sul. Podia ser que ela estivesse um pouco redonda
de mais, por isso eu pede ao amigo Lídio, seu pai, que no Rio, antes do
desfile, a Iolanda tomasse alguns banhos de mar para perder certa adiposidade.
No Rio ela conquistou logo ser Mis Brasil. Entrou na final concorrendo com outras
candidatas de todo o mundo. E para orgulho do Rio Grande do Sul e do Brasil
Iolanda Pereira foi a primeira moça a conquistar o titulo de Mis Universo”.
Em 1957 uma aluna das ARTES VISUAIS Maria José
Cardoso, iria atingir o patamar de MISS BRASIL
Anexo ao diário de Francis
Pelichek – Arquivo do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 28 A longa
e minuciosa preparação da REVOLUÇÃO de 1930 levou o tesouro do Estado do Rio
Grande do Sul a emitir o numerário circulante próprio na forma de BONUS A Quebra da Bolsa de Nova York no dia 24 de
outubro de 1929 foi um balde de água
fria sobre aspirações de um progresso infinito e sem limites. Tanto na Alemanha
como na Itália da época esta contingência econômica levou ao paroxismo o
nacionalismo e levou lideres oportunistas a prometer o que não puderam manter e
remunerar depois. Nestas culturas as OBRAS de ARTE pesaram como valores materiais
e econômicos
Coube a
Francis PELICHEK ser uma espécie de cronista visual da REVOLUÇÃO deflagrada, no
dia 03 de outubro de 1930, em Porto Alegre com a tomada efetiva do poder
central no dia 24 de outubro de 1930. Para tal PELICHEK desenhou e a Editora do
Globo imprimiu uma serie de cartões
coloridos além de publicar na capa de sua revista uma destas obras (Fig. 29)
Capa da Revista do GLOBO do dia 29 de
novembro de 1930
Fig. 29 Francis
PELICHEK produziu uma série de obras VISUAIS diretamente inspiradas na
REVOLUÇÂO de 03 ate 24 de outubro de 1930 . Após a Revolução Constitucionalista
recebeu a encomenda do concepção do Monumento à Aparício Borges[1] executado por Vitório LIVI
Ao longo do ano de 1930
houve a busca da consolidação institucional das conquistas intelectuais,
técnicas e estéticas da década de 1920.
Assim foi
lançado, no
dia 14 de julho de 1930, o programa da Federação Acadêmica de Porto Alegre.
Em consequência houve, no dia 27 de setembro de 1930, o lançamento do programa
para a criação da Universidade de Porto
Alegre.
O Estado doou pelo Decreto nº 3.396, do dia 10 de
julho de 1930, ao Instituto de Belas Artes, um terreno entre a rua Riachuelo nº
1.285 até a rua Jerônimo Coelho. Neste terreno foi aprovada a construção do
novo prédio para o Instituto, no dia
vinte de setembro de 1930.
No plano nacional
Getúlio Vargas investiu-se como ‘Chefe do Governo Provisório’, no dia 03 de
novembro de 1930. No dia 14, do mesmo
mês, foi criada pelo Decreto nº . 19.402 (14.11.1930) uma Secretaria de Estado
com a denominação de Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). A autonomia
da Universidade de Minas Gerais foi cassada pelo Decreto nº 19.547 de 30. 12.
1930. A regulamentação e a organização da ‘Secretaria do Estado do Ministério
de Educação do Ministério da Educação e Saúde Pública’ foi realizada pelo
Decreto nº 19.560 do dia 05 de janeiro DE 1931.
O MESP nomeou Lúcio
Costa, no dia 08 de dezembro de 1930, como Diretor da Escola Nacional de Belas Artes
(ENBA). Ele renunciou a este cargo em setembro de 1931. Neste meio tempo Lúcio Costa organizou o legendário Salão
Modernista. Nestas circunstâncias os estudantes da ENBA fundaram o Núcleo
Bernardelli.
13 –
CONCLUSÕES, SÍNTESE e LOGÍSTICA para NOVAS PESQUISAS
Ao concluir o percurso,
da serie de OBRAS das ARTES VISUAIS, que emergiram e se expressaram no
TERRITÓRIO do RIO GRANDE do SUL ao longo da DÉCADA de 1920, percebe-se uma
busca dominante para mergulhar nos temas nacionais a partir do regional. No entanto
é necessário não escutar e procurar afastar-se e manter-se distante daqueles
que submetem, prazerosa e voluntariamente, a paradigmas alienantes da realidade,
da sua sociedade local de seu tempo.
[1] Aparício Borges
morto no combate do Buri no dia 27.07.1932 https://www.brigadamilitar.rs.gov.br/patrono-do-1-bpm
No dia 13.06.1934 José Antônio FLORES da CUNHA agradece esta obra a Francis Pelichek (Arquivo do IA-UFRGS)
DIACRONIA e SINCRONIA das ARTES VISUAIS RS
na DÉCADA de 1920
Fig. 30 O
percurso DIACRÔNICO e SINCRÔNICO das ARTES VISUAIS PRATICADAS no RIO GRANDE do
SUL e DIVULGADAS ao longo da década de 1920, NÃO É DESTINADO para aqueles
que ainda estão presos e submetidos a
paradigmas alienantes da realidade local, da sociedade e tempo Apesar dos
indiscutíveis conquistas desta culturas mais antigas e ainda vigorosas e
produtivos elas apenas representam a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA. No entanto como a
“ARTE ESTÁ em QUEM PRODUZ” e necessário o percurso do IMPRECO para o IDEAL
ao realizar PESQUISAS ESTÉTICAS no CAMPO EMPÍRICO que expressam e
materializam o AQUI e o AGORA
[ clique sobre o gráfico para poder ler]
De um lado esta série de OBRAS das ARTES
VISUAIS está desconectada e não obedece mais aos ditames e modas da época dos
países hegemônicos. Isto se reflete na formação do artista no exterior. Esta
formação é substituída por cursos superiores locais e pela aquisição de obras
de arte, da produção local, substitui a vinda aquelas de outras culturas.
De outra parte não há megaeventos,
grandes discursos, manifestos ou exposições concentradoras. As galerias de arte
são efêmeras, não deixam documentação e muito menos possuem um projeto que vai
além de um patrimonialismo e de puro comércio.
A entrada barulhenta e
poluente da ERA INDUSTIRIAL com a marca da sua obsolescência programada pode ser
percebida no design incipiente, na fotografia analógica, nos primórdios de um
cinema local, na imprensa, na moda e nas indústrias de móveis, de objetos e nos
meios de comunicação e locomoção. As interações das ARTES NOBRES com estas
MANIFESTAÇÕES APLICADAS das ARTES ainda carecem de sólidos e comprovados
estudos que foram destacadas, recebidas e apreciadas por esta SOCIEDADE. A
década de 20 certamente não foi perdida para o artista visual, pois ele manteve
alto o seu nome como um príncipe. Assinava a sua obra com este nome e o público
o respeitava como tal
NA questão da logística
para novas pesquisas a tarefa do historiador torna-se cada vez mais aguda e
urgente. Esta urgência não só existe pelo dilúvio da invasão de narrativas de
outras culturas, mas pelo desaparecimento das memórias vivas da década de 1920,
além dos cada vez mais raros e dispersos
documentos que reforçam, ou contradizem, esta memória humana.
.
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Para a concepção
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CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
REVISTA do
PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL - nº 14 -
1959
Aracy
Amaral - Artes Plásticas na Semana de 1922
PODER
ORIGINÁRIO
SALÃO de 1925 e CRITICA de ARTE
1926 - O PALACINHO
PALACINHO da Av. Cristóvão Colombo- arquiteto
Armando BONI
1926 Obrra de PELICHEK
ÍNDICES do SALÃO de 1929
João Fahrion
“Gilda Marinho ” 1929 da Coleção de Gasparotto
DIREITO À PESQUISA ESTÈTICA
PAINEIS do
INSTITUTO DE EDUCAÇÂO FLORES da CUNHA
Rio Grande –
FÁBRICA REINGANTZ
O PENSAMENTO
de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA nas ARTES do RIO GRANDE do SUL
SUMÁRIO das
POSTAGENS do PENSAMENTO de TASSO CORRÊA Isto e Arte nº 171
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – Porto Alegre : Diários
Associados, dia 26.10.1933 p.4 ..
O PENSAMENTO de
TASSO CORRÊA A
UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a ARTE Isto é Arte nº 165 –
SUMÁRIO das
POSTAGENS do BLOG RELATIVAS a FERNANDO
CORONA
Uma TOURADA
FRUSTRADA pelo TOURO Isto é Arte nº 0-279. ISTO
é ARTE
ATHOS DAMASCENO
FERREIRA
HELIOS SEELINGER- “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL” 269 - RS de PÉ pelo BRASIL
07.09.1922
primeira transmissão de Rádio no Brasil
Revista MÁSCARA
HELIOS SEELINGER- “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL”
ANGELO GUIDO em PORTO ALEGRE a PARTIR de 1925 213 – ESTUDOS de
ARTE
PINACOTECA RUBEN
BERTA
Um LEGADO de um PARAIBANO ao RIO GRANDE do SUL 078 – ISTO é ARTE
KARL FERDINAND SCHLATTER
(1870-1949) 088 – ISTO é ARTE
Primeira
transmissão de Rádio no Brasil
REVISTA de ANTROPOFAGIA ano I, nº 1, maio de 1928 in ESTUDOS de ARTE nº
233 –
. 19.11.1927 inauguração do auditório ARAÚJO VIANNA na PRAÇA da MATRZ
Aramado BONI https://pt.wikipedia.org/wiki/Armando_Boni
CONCHA ACÚSTICA
do AUDITÓTRO Araújo VANNA https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Auditório_Araújo_Vianna
Escultor Vitório
LIVI na OFICINA FRIEDRICHS
Escultor e Arquiteto
Vitorino ZANI
Escultor Ernesto
DELVAUX em Passo Fundo https://www.facebook.com/FotosAntigasDePassoFundo/photos/a.521022004583004/1315332001818663/?type=1&theater
Clube JOCOTÓ
Aparício Borges morto no combate
do Buri no dia 27.07.1932
VITORINO ZANI
ESCOLAS de ARTES
e OFÍCIOS em PORTO ALEGRE (panorâmica). 0-227 – ESTUDOS de ARTE
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