quarta-feira, 6 de junho de 2018

233 – ESTUDOS de ARTE

Fig. 01 –  A REVISTA de ANTROPOFAGIA foi o último esforço coletivo do grupo que organizou, realizou e divulgou a SEMANA de ARTE MODERNA de fevereiro de 1922.   O cabeçalho, acima, é da “PRIMEIRA DENTIÇÂO da REVISTA” que circulou em 10 números de  maio de 1928 até fevereiro de 1929. Esta experiência foi seguida por uma “SEGUNDA DENTIÇÂO” apoiada pelo Diário de São Paulo.

ANTROPOFAGIA e a EXPRESSÂO do TODO. 

SUMÁRIO
01 -  A REVISTA de ANTROPOFAGIA:  MAIO de 1928 -  02  REVISTAS BRASILEIRAS CRIADAS e CIRCULANDO  da DÉCADA de 1920    - 03 O BRASIL entre as DUAS GUERRAS MUNDIAIS - 04  NACIONALISMO MUNDIAL da DÉCADA de 1920     – 05  O BRASIL se DEBATENDO no CONTEXTO DA VELHA REPÙBLICA     - 06  As CONEXÔES CULTURAIS  BRASILEIRAS na DÉCADA  de 1928    -07 As EXPRESSÕES ARTÍSTICAS  BRASILEIRAS no CONTEXTO da DÉCADA de 1920 - 08 A POESIA de EXPORTAÇÂO NACIONAL BRASILEIRA na DÉCADA de 1920 - 09 – O QUE PERMANECE é o PENSAMENTO - 10  A EDUCAÇÂO e a CULTURA no PROJETO NACIONAL da DÉCADA de 1920     11  -- O QUE de FATO MUDOU ao LONGO da DÉCADA de 1920     - 12 -  TESE, ANTÍTESE e SINTESE na EDUCAÇÂO e na CULTURA BRASILEIRA  da DÉCADA de 1920  -  FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS

01 -  A REVISTA de ANTROPOFAGIA:  MAIO de 1928.

A REVISTA da ANTOPOFAGIA cumpre, em 2018, os seus 90 anos da “PRIMEIRA DENTIÇÃO”.
O GRUPO - do qual esta REVISTA buscava visibilidade - era formado pela intelectualidade a mais identificada com a EXPRESSÃO COERENTE com o TODO BRASILEIRIRO. Simultaneamente era movido pelas forças mais atuantes de um mundo cada vez mais conectado. Neste CONJUNTO MUNDIAL buscavam aquilo que poderia ser marca da identidade brasileira.
Na verdade a ANTOPOFAGIA era praticada, onde se situa o atual território do Brasil, por apenas algumas tribos Estas só sacrificavam guerreiros inteiramente mergulhados neste ritual primitivo.
O próprio cristianismo sancionava este ritual com a frase “se não comerdes a minha carne e beberem o meu sangue...”. De outro lado a Europa toda conhecia  as venturas e desventuras de Hans STADEN – ocorridas nos primórdios da descoberta europeia do atual território do Brasil.
Apesar de todos estes eventos somados e aparentemente coerentes não se trabalha no presente texto com comparações, influências reciprocas e hierarquias. Supõe-se que todas as comparações são odiosas, nas influências sempre existe o perigo da hegemonia de um deles e as hierarquias necessitam de um paradigma único para ordenar e qualificar.
Prefere-se as coordenadas X Y Z da relatividade das forças em jogo. O X da DIACRONIA na sua passagem universal e normal do TEMPO. O Y da SINCRONIA do que acontece simultaneamente. O Z da TERRITORIALIDADE distingue os lugares e das sociedades que apesar da DIACRONIA e SINCRONIA vivem, produzem e se reproduzem na sua autonomia do ESPAÇO GEOGRÁFICO distinto com todas as variáveis de clima, de ecologia e hábitos humanos locais.
Fig. 02 –  Tarsila do AMARAL produziu a OBRA de ARTE de que conferiu um visual  ao MANIFESTO e à REVISTA de ANTROPOFAGIA e que ela denominou ABAPORU[1] .    O desenho  desta obra conata no meio do texto do MANIFESTO ANTROPOFÀGICO de 1928. Esta obra pertence  ao Museu de Arte de Buenos Aires.
Assim o ABA PORU  tonou-se item de exportação da poesia brasileira. Esta obra de Tarsila do AMAERLA  cumpre o papel da integração entre as diversas culturas nacionais quando ingressam na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL e a ARTE cumprem o papel de troca simbólicas

02  REVISTAS BRASILEIRAS CRIADAS e CIRCULANDO  na DÉCADA de 1920    

A ERA INDUSTRIAL fornecia a infraestrutura gráfica enquanto as empresas e indústrias a motivação da proliferação de jornais, revistas e livros em tiragens para o âmbito brasileiro
 A REVISTA da ANTROPAFAFIA era gerenciada pelo SUL-_RIO-GRANDENSE RAUL BOPP e integrada pelas expressões aglutinadas ao redor das repercussões da SEMANA de ARTE MODERNA de 1922 e daqueles que buscavam a continuidade deste projeto.
Fig. 03 –  CAPA do 1º número  da REVISTA de ANTROPOFAGIA na sua “SEGUNDA DENTIÇÂO” reproduziu o MANIFESTO ANTRIPOFÁGICO. A ILUSTRAÇÃO é do livro de HANS STATEN. Estas apropriações procuravam reforçar  argumentos para expor uma faceta da CULTURA RECEPTIVA e ASSIMILADORA da MENTALIDADE BRASILEIRA do indígena e da POPULAÇÂO BRASILEIRA em GERAL. Esta “SEGUNDA DENTIÇÂO” foi impressa no Diário de São Paulo e circulou, em 15 números, de 15 de março até 01 de agosto de 1929. A CRISE do CAFÈ e a QUEBRA da BOLSA de Nova YORK inviabilizaram a sua continuidade posterior.

03 - O BRASIL entre as DUAS GUERRAS MUNDIAIS

O projeto da identidade brasileira era coerente com outros projetos  nacionais provenientes de latitudes diferentes.  Projetos que também estavam acumulando argumentos para construir os seus projetos nacionais. Nos Estados Unidos estes argumentos  foram expressos por Mary FOLLET que escreveu, conforme CARVALHO, (1979, p.60) que:
só teremos democracia verdadeira quando os jovens não mais forem doutrinados, mas formados no caráter da democracia. Portanto o meu dever como cidadão não se esgotou naquilo que trago para o Estado. Meu teste como cidadão é quão plenamente o todo é expresso em mim ou através de mim.
Evidente que as forças entrópicas do COLONIALISMO e da ESCRAVIDÂO latente permitiram que apenas um grupo minúsculo recebesse esta mensagem e entre as que a receberam um número mínimo entendesse este pensamento. Porém o que permanece é o pensamento. Este pensamento se reproduz enquanto circular e fecundar outros pensamentos. A ESCRAVIDÂO e o COLONIALISMO são barreiras para esta circulação e reprodução no TEMPO, no ESPAÇO e na SOCIEDADE.
Fig. 04 –  As “DUAS DENTIÇÔES” da REVISTA de ANTROPOFAGIA foi o último esforço coletivo do grupo que organizou, realizou e divulgou a SEMANA de ARTE MODERNA de fevereiro de 1922..   Os acontecimentos políticos, econômicos e culturais, dos anos de 1929 e 1930, evidenciaram as verdades que este grupo vinha apontando. Verdades que ao mesmo tempo solaparam um suporte institucional, identidade e coerência interna do MOVIMENTO. Para tanto basta seguir a trajetória individual de cada membro do grupo e os projetos aos quais se filiaram.
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04  NACIONALISMO MUNDIAL na DÉCADA de 1920

As consequências da PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL fizeram se sentir de ambos os lados. A Alemanha mergulhou num terrível caos econômico e social. Nos países vencedores a euforia resultante trouxe a onipotência e a temeridade econômica e política. Esta temeridade resvalou para o abismo da QUEBRA da BOLSA em NOVA YORK em outubro de 1929. Na Alemanha o surgimento de um Salvador da Pátria (Führer) levou ao mais radical NAZISMO NACIONALISTA e GENÓFOBAGO. Ambos os lados usaram a máquina do ESTADO NACIONAL para remédio coerente com a mais pura lógica da ERA INDUSTRIAL Ambos correram para fabricar armas e equipamentos bélicos com jamais a humanidade havia visto. Nunca a humanidade fabricou armas que não usasse. Esta ocasião veio no final da década de 1939 com a Segunda Guerra Mundial.
Fig. 05   A aparente lógica da distribuição dos eventos num plano é perigosa pois há  pouco realce á TERRITORIALIDADE (Z)  que distingue os lugares e as sociedades  que ali se desenvolvem.  A LINHA DIACRONIA (X) diz da passagem universal e normal TEMPO. A SINCRONIA (Y) diz  da simultaneamente do que acontece em culturas sem contato ou influências recíprocas[1].
[Clique sobre o gráfico para ler]

Poucas nações escaparam a esta febre guerreira de impor as “SUAS”  ideias pela força da armas.
As artes responderam a esta febre guerreira nacionalista no seu modo de impor “SUA” estética, o “SEU” pensamento e “SUAS” políticas. O NAZISMO NACIONALISTA e GENÓFOBAGO tentou erradicar da cultura germânica toda rica sementeira de inovações estéticas da sua própria criação  que desqualificou e condenou como “DEGENERADAS”. Requentou uma estética unívoca e linear que alimentou com PROPAGANDA  massiva e radical sustentada pelos meios industriais da cultura de massa. No lado contrário, as artes se contaminaram por um nacionalismo que ostentava a LIBERDADE, a DEMOCRACIA e num POPULISMO oportunista e concorrencial a qualquer preço.


Fig. 06 –  O autêntico indígena brasileiro estava muito distante de qualquer ritual ANTROPOFÁGICO RONDON e depois LEVI STRAUSS demonstraram em contato direto com estas culturas nas quais não encontraram o mínimo traço de ANTROPOFAGIA muito menos de CANIBALISMO.  Permaneceu a fama e precauções infundadas para aproximações entre o dito civilizado. Este se  aproveitou da CULTURA RECEPTIVA e ASSIMILADORA do indígena como também é da MENTALIDADE BRASILEIRA em geral.

05  O BRASIL se DEBATENDO no CONTEXTO DA VELHA REPÚBLICA     -

Esta dialética se instalou nas artes que o ESTADO NACIONAL BRASILEIRO num mistura eclética muito distante de um autêntica pesquisa  proveniente de sua SOCIEDADE, TEMPO e LUGAR. Mario de ANDRADE sentiu este caldo e resumiu [in Andrade 1955, fl. 13] como “acomodatício e máscara de todas as covardias[1] Esta frase foi escrita em 1938,  na época do Estado Novo[2], que oscilava entre os dois tipos de nacionalismos que estavam chegando aos extremos antes de mergulhar no banho de sangue de 1939.
Por seu lado os legionários da SEMANA de ARTE MODERNA haviam tido as últimas sintonias e trabalhos coletivos com a REVISTA ANTRIPOFÁGICA em 1928- 1929. A partir deste ponto alguns mergulharam num patriotismo do INTEGRAGRALISMO liderado por Plínio Salgado.  Outros tiveram profunda decepção com ESTADO NACIONAL que emergiu com a Revolução de 1930. Assim a derrota dos CONSTITUCIONALISTAS fez convergir para estruturar a UNVERSIDADE de SÂO PAULO (USP) a quem destinaram os bens arrecadados da população em 1932.  


[1] ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro   
        de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f.

[2]    O ESTADO NOVO e a ARTE em PORTO ALEGRE.   http://profciriosimon.blogspot.com.br/2014/09/093-isto-e-arte.html


Fig. 07 –  A mente indígena estava povoada de mitos e era facilmente maleável com qualquer conceito que alguém estranho expressasse ao seu respeito Isto abria um enorme espaço simbólico para que o colonizador explorasse e divulgasse o que desejasse a respeito destas culturas primitivas brasileiras. Assim a CERIMÔNIA do BATIZADO de MACUNAIMA de TARSILA do AMARAL era uma evidente projeção da cultura europeia sobre esta cultura indígena brasileira que desconhece a prática e o sentido desta cerimônia cristã. 

06  As CONEXÕES CULTURAIS  BRASILEIRAS na DÉCADA  de 1920    -

Na década de 1920 chegou ao auge a dialética entre os ESTADOS REGIONAIS SOBERANOS e a NECESSIDADE de UM ESTADO NACIONAL UNITÁRIO. Esta contradição se expressava nos planos políticos, econômicos e culturais  brasileiros Com o DECRETO nº 1, da PROCLAMÇAO da REPUBLICA, em 15 de novembro de 1889[1],  os ESTADOS REGIONAIS foram proclamados SOBERANOS, com COSTITUIÇÃO PRÓPRIA, PRESIDENTE, BANDEIRA, HINO  e uma CORTE com PALÁCIO PRESIDENCIAL
Assim qualquer tentativa de alguma CONEXÃO BRASILEIRA de CULTURAL deveria tomar em conta as competências e limites dos ESTADOS REGIONAIS da PRIMEIRA REPÙBLICA. A Revolução de 1930 foi impotente para transitar com facilidades entre estas potências culturais, econômicas e políticas. Só ato arbitrário do ESTADO NOVO da QUEIMA das BANDEIRAS, da ABOLIÇÃO das CONSTITUIÇÔES e dos HINOS dos ESTADOS NACIONAIS, em 19 de novembro de 1937, mostrou o CAMINHO do PARTIDO ÙNICO da PÀTRIA. Porém como a toda AÇÂO CORRESONDE outra AÇÂO CONTRARIA e com a MESMA INTENSIDADE reapareceu, após 1945, com toda força com o cultivo dos REGIONALISMOS LOCAIS.
   Porém estes REGIONALISMOS LOCAIS perderam rapidamente força diante da avalanche de PRODUTOS CULTURAIS de NAÇÕES que se queriam hegemônicas. Para tanto mobilizaram, estudaram e divulgaram a arte praticada no interior dos seus territórios  Neste projeto de hegemonia investiram séculos de pesquisa, de dinheiro e esforços dos seus agentes e instituições. Tornavam-se assim aptas para competir e impor os resultados de uma arte amadurecida no embate entre TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE. SÍNTESE competente e capaz de circular nas mais variadas mídias que se multiplicaram, sem parar, após a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.
Para uma cultura, ingênua e primitiva, torna-se problemática a sua atualização sem cair no laço da DOMESTICAÇÃO, do COLONIALISMO e da SERVIDÃO diante destas poderosas SÍNTESES dos países hegemônicos[2]
Fig. 08 –  A marcha resoluta para a morte dos DEZOITO do FORTE de COPACABANA, na manhã dia 06 de junho de 1922, foi um evento que expos uma série de contradições da sociedade brasileira e mostrou, na prática,  como o SISTEMA é capaz de DEVORAR FISICAMENTE  as MAIS NOBRES INTENÇÕES O civil Octávio CORRÊA era de um família de fazendeiros com propriedades no Rio Grande do Sul e que anualmente passava três meses em PARIS  Lá Otávio envolveu-se com refugiados russos com os quais acabou num atentado e num duelo[1].

Estas DESCONEXÕES CULTURAIS BRASILEIRAS são visíveis  ainda nas UNIVERSIDADES FEDERAIS que se moldam e se orientam pelo cultivo dos REGIONALISMOS LOCAIS. De outra parte os ESTADO REGIONAL que mais investiram no estudo, na sistematização e na circulação dos seus eventos maiores realizaram uma espécie de COLONIALISMO INTERNO,
Aqui cabe o papel das REVISTAS de CIRCULAÇÂO NACIONAL e que formaram CONEXÕES CULTURAIS BRASILEIRAS a ultrapassando os REGIONALISMOS pontuais.
Fig. 09 –  A poetisa Cecília MEIRELES definia as oscilações da cultura brasileiras “entre os polos da EUFORIA do CARNAVAL e da DEPRESSÂO da PAIXÂO”[1]. Assim a “REVISTA O CRUZEIRO” foi lançada em 10 de novembro de 1928 ainda em plena EUFORIA da década que se seguiu nos países vencedores da PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL. Esta mesma EUFORIA pode ser sentida n a REVISTA da ANTROPOFAGIA, publicada a partir de maio de 1928 até agosto de 1929


07 As EXPRESSÕES ARTÍSTICAS  BRASILEIRAS no CONTEXTO da DÉCADA de 1920

O contexto das CONEXÕES CULTURAIS BRASILEIRAS a os ESTADOS REGIONAIS imaginaram, promoveram e fizeram circular aquilo que expressava a “SUA” CONCEPÇÂO do que seria a IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA.
As viagens brasileiras de MÁRIO DE ANDRADE eram secundadas e recebiam eco de SÂO PAULO, um ESTADO BRASLEIRO HEGEMÔNICO na ECONOMIA, na TÈCNICA e POLÍTICA. A POLÍTICA do   “CAFÉ com LEITE” levou. Em 1924,  caravanas de paulistas a descobrir o patrimônio das CIDADES HISTÓRICAS MINEIRAS para mostra-las a Blaise CENDRARS [2].
Estas viagens de descoberta do BRASIL PROFUNDO irá ganhar roupagem científica com repercussões internacionais ao modo da obra  “TRISTES TRÓPICOS” de LEVI STRAUS[3]. Isto na década de 1930  e com apoio da USP e cujas descobertas evidenciaram a profunda depressão que atingiu os estados capitalistas, incluindo o Brasil.
Fig. 10 –  O fotograma do filme Macunaíma - 1969-  de Joaquim Pedro de Andrade ressalta o   BANQUETE na casa de Venceslau Pietro PIETRA  é a imagem da concorrência, devoração recíproca e do SERVIDÃO dos SÓCIOS do malvado gigante. SÓCIOS que a qualquer momento também podem ser devorados pela antropofagia reinante neste ambiente e com tal liderança amoral.  A feijoada – que aceita todos os ingredientes culinários- é a metáfora dos ecletismos, sincretismos e do pouco respeito por verdades que não consegue colocar no seu repertório.

08 - A POESIA de EXPORTAÇÂO NACIONAL BRASILEIRA na DÉCADA de 1920 –

A planejada EXPORTAÇÂO da POESIA NACIONAL BRASILEIRA tirava a sua metáfora da massiva exportação do CAFÉ BRASILEIRO e que fez a RIQUEZA com que ESTADO de SÂO PAULO iniciou a sua ERA INDUSTRIAL.
 No entanto as demais áreas e potencialidades econômicas brasileiras continuavam entregues às forças entrópicas do COLONIALISMO e da ESCRAVIDÂO latente.
O BRASIL continuou a ser condenado a ser fornecedor de matérias primas e ser o consumidor de produtos industriais de outros países se refletiam na sua EDUCAÇÂO, na sua CULTURA e na sua ARTE.
  Na ARTE a sonhada EXPORTAÇÂO de POESIA se limitava aquilo que era favorável para a INDÚSTRIA CULTURAL dos países  hegemônicos. Assim o CARNAVAL, o SAMBA e a CAIPIRINHA entraram no circuito da CULTURA MUNDIAL sem trazer retornos financeiros em condições de alavancar a EDUCAÇÂO e a SAÚDE da população que produzia estes eventos de sobremesa.
Evidente que isto não era privilégio só brasileiro. Outros países periféricos produziam charutos, destilados alcoólicos e essências exóticas e cujo retorno ficava nas mãos dos atravessadores..
RAMOS, Paula  A modernidade impressa: artistas ilustradores da Livraria do Globo- Porto Alegre. UFRGS EDITORA, 2016, 656 p , 1368 il. Color  ISBN 978-85-386-0300-9
Fig. 11 –  O tema da imagem da primeira capa nº1 ano I, da REVISTA do GLOBO , de 5 de janeiro de 1929, pode se reportada com a  aspiração de uma comunicação mundial cada vez mais rápida, eficiente e segura Revista de circulação nacional tinha um suporte empresarial de produção e de distribuição nacional na EDITORA e LIVRARIA GLOBO de Porto Alegre e nas filiais no Centro do Brasil

09 – O QUE PERMANECE é o PENSAMENTO

O PENSAMENTO que PERMANECE da REVISTA e do MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO evidentemente não pertence à maioria do PODER ORIGINÁRIO BRASILEIRO. Ele pertence a uma pequena elite que se sustenta com o que restou dos hábitos e das forças do COLONIAS e da SERVIDÂO VOLUNTARIA.  SERVIDÂO VOLUNTARIA que mitifica aquilo que um DIA DESEJA ATINGIR, ou seja, o PODER de MANDAR e DESMANDAR. Assim segue qualquer um CUJA IMAGEM, GESTOS e BIOGRAFIA se enquadrem no seu pequeno repertório cultural e político.
Raros foram os integrantes da SEMANA de ARTE MODERNA que permaneceram ao nível do pensamento expresso no MOVIMENTO e da REVISTA ANTROPOFÁGICA em 1928- 1929. Entre estes raros Mário de Andrade permaneceu no plano das ideias mesmo como agente ativo de mudanças. De outro lado  as escorregadas no INTEGRALISMO, num CONSTITUCIONALISMO conservador ou a entrega incondicional e acrítica a uma CARREIRA BUROCRÁTICA.
O PENSAMENTO de MÁRIO de ANDRADE permitiu se debruçar sobre uma realidade brasileira sem se confundir com ela. Isto lhe possibilitou manter as suas concepções com o o mundo amazônico, a realidade do Nordeste e as sua reflexões relativas à cultura que estava a espera de mentalidade assim nas cidades históricas de MINAS GERAIS.
As suas contribuições para elevar ao nível do PENSAMENTO o PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL ou se entregar à alegria infantil de jardim de infância do seu bairro[1].
No entanto este destaque,  a este nome, não significa que entre os seus colegas da REVISTA de ANTROPOFAGIA seja impossível achar aqueles que mantiveram a mesma distinção entre o LONGO PENSAR e o FAZER PRECIPITADO,  CONTRADITÓRIO e INCONSEQUENTE



Fig. 12 –  A cidade mineira da CATAGUASES se colou a altura dos acontecimentos ao lançar a REVISTA VERDE. Nesta cidade HUMBERTO MAURO experimentou o CINEMA como MEIO de EXPRESSÂO e CÂNDIDO PORTINARI pintou o DIPTICO de TIRADENTES que se encontra no MEMORIAL da AMÀRICA LATINA de SÂO PULO. Guilhermino CESAR trouxe a sua inteligência, atualidade  e criatividade ao RIO GRANDE do SUL mantendo contatos com a intelectualidade mundial e nacional Entre os  integrantes desta revista  estava o mulato e pobre ROSÁRIO FUSCO


10  A EDUCAÇÂO e a CULTURA no PROJETO NACIONAL da DÉCADA de 1920
A UNIVERSIDADE, para TODO o  TERRITÓRIO BRASILEIRO, decretada, no dia 11 de abril de 1931, pelo GOVERNO PROVISÓRIO da REVOLUÇÂO de 1930, foi preparada por uma plêiade de educadores.  Plêiade  constituída por intelectuais com ampla experiência, ao longo da DÉCADA de 1920, em CURSOS SUPERIORES avulsos espalhados por todo território brasileiro.
 Aglutinadas ao redor da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA de EDUCAÇÃO (ABE) criada no dia 15 de outubro de 1924[1]. A ABE reunia nomes de todas as áreas e promoveu CONGRESSOS[2] e FAZIA ENQUETES entre os principais expoentes da EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Entre estes estava Olympio OLINTO de OLIVEIRA (1866-1956)[3] médico pediatra e  fundador do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul.
  Após a REVOLUÇÂO de como nasceu forças1931 e a CRIAÇÂO da UNIVERSIDADE para todo o território do BRASIL o MANIFESTO dos PIONEIROS da EDUCAÇÂO NOVA[4] liderado pelo paulista FERNANDO AZEVEDO garantiu a reprodução e ampliação deste pensamento na EDUCAÇÂO FORMAL e INSTITUCIONAL BRASILEIRA.
Nas ARTES a DÉCADA de 1920 foi decisiva para as carreiras de Anita MALFATTI, de Tarsila do Amaral, de Victor BRECHERET, de VILLA LOBOS e foram protagonistas da SEMANA de ARTE MODERNA de 1922
Fig. 13 –  Outra versão da obra de Tarsila do AMARAL com temática e recursos estilísticos da sua versão do ABA PORU  da REVISTA e MANIFESTO de ANTROPOFAGIA.   O Desenho desta obra de TARSILA do AMARAL  foi divulgado no DIÁRIO de SÂO PAULO   - p.10  - 24.04.1929 -Obra definitiva reproduzida no mesmo no DIÁRIO de SÃO PAULO   - p.17  - 10.07.1929 - https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/7064/1/45000033273.pdf

11  -- O QUE de FATO MUDOU ao LONGO da DÉCADA de 1920    
Se a presente análise permanecer no plano empírico dos fatos que se sucederam ao longo da década de 1920 ela irá verificar que permanece a oscilação entre o CARNAVAL (euforia) e a PAIXÃO (frustração).
 Porém no plano das mentalidades estas oscilações trouxeram um acúmulo de ideias, pensamentos e projeto que ainda não foram assimilados.
A longa gestação da UNIVERSIDADE para TODO o BRASIL, no bojo da constatação das ineficazes SOBERANIAS dos ESTADOS REGIONAIS é um dos pontos.
No plano da criação de REVISTAS de circulação nacional - como o CRUZEIRO e a REVISTA do GLOBO – existem da busca da unidade brasileira e que certos setores estavam percebendo a realidade que estava acima da dialética entre CARNAVAL e PAIXÃO, entre CULPA e PERDÃO e entre ENTROPIA NEGATIVA e CONSTRUÇÂO POSITIVA.
 A Revista do GLOBO nasceu com a participação e o estimulo direto de Getúlio VARGAS enquanto os Diários Associados de Assis CHATEAUBRIANDT alavancaram O CRUZEIRO. Ambas as publicações chegaram até década de 1960. Os DIARIOS estimularam museu regionais  de artes visuais entre eles a Pinacoteca RUBEN BERTA de PORTO ALEGRE[1]
A Revista do GLOBO teve uma sobrevida na REVISTA MANCHETE para o qual se transferiram vário profissionais  de Porto Alegre. Destino semelhante tevê a empresa aérea VARIG que iniciou as suas atividades na década de 1920. Ela se manteve voando graças a farta propaganda das REVISTAS, dos JORNAIS e depois da TV[2].
O que parece um traço comum,  a estas revistas, empresas e conglomerados, é a ANTROPOFAFIA. Na sua lógica concorrencial foram se entredevorando e no final acabaram sendo devorados no grande banquete organizado e comandado pelo malvado gigante VENCESLAU PIETRO PIETRA.
Na antítese poucas instituições brasileiras podem sobreviver nesta AMBIENTE ANTROPFÁFICO sem um contrato coletivo, um projeto e uma identidade capaz de lhes garantir uma SOBREVIDA por  TEMPO INDETERMINADO. 


[1] PINACOTECA RUBEN BERTA Um LEGADO de um  PARAIBANO ao RIO GRANDE do SUL http://profciriosimon.blogspot.com.br/2013/12/078-isto-e-arte.html

[2] ALBUQUERQUE  Mário de Berta e os anos dourados da VARIG: uma história de bastidores nunca revelados – Porto Alegre: ed. do Autor 2017 416 p, il 25 cm ISBN 978-85-5697-190-6

Fig. 14 –  O BRASILEIRO balança perigosamente sobre  a feijoada que aceita todos os ingredientes culinários inclusive ele que “VEM PULANDO na FORMA de  COMIDA” do banquete na casa do gigante Venceslau Pietro PIETRA . Brasileiro que se  balançando precariamente sobre o  ecletismos, o sincretismos e do pouco respeito por verdades que ele não consegue colocar no seu repertório. Balanço que não poupa rico ou pobre, jovem ou velho, indígena ou estrangeiro

12 -  TESE, ANTÍTESE e SINTESE EDUCAÇÂO e a CULTURA BRASILEIRA  da DÉCDADA    - CONCLUSÕES – SEIS ANEXOS -  FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS

No plano da infraestrutura material pode-se afirmar que a década de 1920 foi mais um passo da passagem da ERA AGRÍCOLA para a ERA INDUSTRIAL no BRASI. Passagem da MONOCULTURA para a DIVERSIFICAÇÃO e do ARTESANATO para a SÈRIE de PRODUTOS INDUSTRIAIS
As revistas brasileiras refletem esta mudança como PRODUTOS das SÉRIES INDUSTRIAIS de produtos rigorosamente iguais entre si. PRODUTOS em SÈRIES IGUAIS - não só no conteúdo,  nos temas e nas pautas - mas também nos meios técnicos de produção gráficas, na sustentação econômica como na distribuição nacional uniforme.
Nesta distribuição uniforme as revistas brasileiras formaram redes, consórcios e empresas de abrangência nacional. Neste ambiente macro concorrencial há poucas oportunidades de circulação nacional periódica para publicações micros tiragens como da REVISTA de ANTROPOFAGIA ou para uma constelação de outras com potencial logístico ainda menor ou igual.
O que não se pode negar a este grupo é a sincera tentava de EXPRESSAR o TODO BRASILEIRO. Nesta tentativa recorreram à metáfora da ANTROPOFAGIA presente deste os rituais cristãos, passando pelas primeiras  narrativas divulgadas na Europa em relação aos habitantes da terra até os esforços dos artistas românticos com a temática indigenista com os temas dos primórdios brasileiros.
Neste contexto o PENSAMENTO - da frágil e efêmera  REVISTA da ANTOPOFAGIA nos 90 anos da sua  “PRIMEIRA DENTIÇÃO” - ainda possui competência para preparar a mesa do banquete simbólico e servir inteligência, sensibilidade vontade para outros cresçam. Cresçam por meio de contrato coletivo, por um projeto e numa identidade capaz de lhes garantir uma SOBREVIDA por  TEMPO INDETERMINADO para a nova geração brasileira.


FONTES BIBLIOGÁFICAS
ALBUQUERQUE  Mário de Berta e os anos dourados da VARIG: uma história de bastidores nunca revelados – Porto Alegre: ed. do Autor 2017 416 p, il 25 cm ISBN 978-85-5697-190-6

ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f.

CARVALHO, Maria Lúcia R.D.  Escola e Democracia. Subsídios para Um Modelo de Administração segundo as Ideias de M.P. Follet.  São Paulo: E.P.U. Campinas, 1979. 102p.
MEIRELLES, Cecília As artes plásticas no Brasil: Arte Popular – Rio de Janeiro: Ediouro,  1968, 119 p
MORAIS, Fernando (1940- ) Chatô : o rei do Brasil, a vida de Assis Chateaubriand. São Paulo ; Companhia das Letras, 1994, 732 p.
RAMOS, Paula  A modernidade impressa: artistas ilustradores da Livraria do Globo- Porto Alegre. UFRGS EDITORA, 2016, 656 p , 1368 il. Color  ISBN 978-85-386-0300-9

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
MOVIMENTO e REVISTA ANTROPOFÁFICA
ABA PORU
REVISTA VERDE de 09.1927 – 025.1929
REVISTA o CRUZEIRO dede 10.11.1928
REVOLTA dos 18 do FORTE COPACABANA 05-06.06.1922
OTÀVIO CORREA um CIVIL entre os 18 do FORTE – o livro- https://www.facebook.com/octaviocorreaOcivil/
07.09.1922 Primeira transmissão de rádio no Brasil
REVOLUÇÂO de 1923 entre Janeiro setembro
MANIFESTO ANTROPOFÁGICO
MANIFESTO PAU-BRASIL - 1924
SALÂO MODERNISTA de SETEMBRO de 1931
COLUNA PRESTES 1925-1927
TARSILA do AMARAL nos EE UU
+
+no MOMA
RAUL BOPP (1896-1984)
ABOBOPORU
MANIFESTO ANTROPOFÁGICO
Dialetica
OPÇÕES por IDENTIDADE
BATIZADO de MACUNAIMA
Filme MACUNAIMA  1969 – de Joaquim Pedro de ANDRADE
Se adaptar aos OUTROS para mudar
DIACRONIA e SINCRONIA nas ARTES VISUAIS
O ESTADO NOVO e a ARTE em PORTO ALEGRE.
Uma AULA de MÀRIO de ANDRADE
CONGRESSOS promovidos pela ABE
O PENSAMENTO de  OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA  nas ARTES do RIO GRANDE do SUL
PINACOTECA RUBEN BERTA Um LEGADO de um  PARAIBANO ao RIO GRANDE do SUL
Decreto nº 1 que Proclama a Republica no BRASIL
BLAISE CENDRARS  (1887-1961)  no BRASIL http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2207200606.htm
TRISTES TRÓPICOS
DE STIJL
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Um comentário:

  1. Adorei esta publicação, conteúdo extraordinário e um conhecimento de grande valia. Parabéns!

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