A FONTE
de TALAVERA na MEMÓRIA de FERNANDO CORONA.
Fig.
01 – A FONTE de TALAVERA de PORTO ALEGRE
é conhecida e vista por todos os porto-alegrenses. Porém
poucos conhecem a memória do seu proponente e das pessoas que se mobilizaram
para trazê-la para se constituir uma peça da SALA de VISITAS do Rio Grande do
Sul e numa espécie de identidade subliminar porto-alegrense.
A
FONTE de TALAVERA, erguida pela COLÔNIA ESPANHOLA de PORTO ALEGRE, tinha por
objetivo de MARCAR e REFORÇAR o evento do CENTENÁRIO da REVOLUÇÃO FARROUPILHA
(1835-1935) e perpetuar a GRATIDÃO desta nação pela generosa acolhida. Com o
passar do tempo a FONTE de TALAVERA tornou-se uma referência[1]
e uma espécie de cartão de visita de Porto Alegre, passando a integrar a identidade
subliminar da capital do Rio Grande do Sul[2].
[1] Ovo de avestruz com a pintura manual da FONTE de
TALAVERA http://mercadonegroantiguidades.com.br/di-173-ovo-de-avestruz-pintado-a-mao-com-fonte-talavera-de-la-reina-de-porto-alegre/
[2] Para ressaltar a força subliminar deste símbolo
tornou-se A
FONTE de INTRIGAS e de DISCORDIAS quando de um dano e um restauro que muitos
julgaram uma traição ao original https://portoimagem.wordpress.com/2009/01/12/fonte-da-discordia/
Fig.
02 – Na Praça Montevidéu existia uma
fonte anterior aquela de TALAVERA. Era
um dos marcos do CENTENÁRIO da IMIGRAÇÃO ALEMÃ que se comemorou em 1924. Em
1935 ela cedeu lugar para que a PREFEITURA de PORTO ALEGRE pudesse acolher o presente da
Colônia Espanhola e marcar o CENTENÀRIO
de REVOLUÇÂO FARROUPILHA..
A
FONTE de TALAVERA foi o resultado material de uma mobilização da colônia
espanhola de todo o Rio Grande do Sul. Mobilização constituída por uma COMISSÃO CENTRAL na capital do Estado,
contando com COMISSÕES REGIONAIS articuladas por meio de correspondência
postal.
A
FONTE de CERÂMICA de TALAVERA sucedeu a tradição das FONTES de FERRO importadas
da FRANÇA[1].
Por sua vez estas fontes industriais francesas[2]
haviam ocupado o lugar das FONTES NATURAIS anteriores aos serviços hidráulicos
de água tratada e distribuída por meio de encanamentos.
As FONTES NATURAIS perderam a função primitiva
de fornecer água potável para a população. Permaneceu o simbolismo das
primeiras providências do IMPÉRIO ROMANO de abrir caminhos transitáveis e criar
e manter os serviços de abastecer as cidades de agua potável, para toda a
população.
[1] ALVES de Almeida, José Francisco (1964-. Fontes d’Art-noveau no Rio Grande do Sul. Porto Alegre :
Artfolio, 2009, 210 p. : Il
[2] FONTE DE
FERRO do RECANTO EUROPEUS do PARQUE FARROUPILHA https://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_Francesa_(Parque_da_Redenção)
Fig.
03 – Uma obra do escultor Alfred ADLOFF [1]
encimava a FONTE do CENTENÁRIO da IMIGRAÇÃO ALEMÂ. Esta obra impropriamente
denominada de a “FONTE da SAMARITANA” parece
arbitrária e de inspiração bíblica romantizada. A “MOÇA com CÂNTARO” era a
alegoria da fecundidade de uma nova geração de IMIGRANTES que escolheram se
estabelecer, em 1824, começaram a chamar o Estado do Rio Grande do Sul, de “SEU
LAR” [HEIMAT]
A
memória da origem da FONTE de TALAVERA está
registrada no
Diário de Fernando CORONA (1895 – 1979) que
ele denominou como . “CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de
janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e
aqui fiquei para sempre: nasci num lugar
e renasci em outro onde encontrei amo”
fl.s 338 até
347[2]
Estamos em
1935, ANO VINTE E QUATRO da
PERMANÊNCIA de FERNANDO CORONA em PORTO ALEGRE -
-
. No ano de 1931 - 19 da minha
chegada aqui - terminou com a volta ao Ministério
de Estado de Dom Daniel Fernández–Shaw. Ao despedir-se de mim colocou sua casa
em Madrid à minha disposição e, estando ele lá, seria mais fácil eu poder
trabalhar com seu irmão o arquiteto da cidade Universitária.
Eu não podia pedir mais. Parece que tudo me favorecia e mais a
fundo me empenhei para juntar 50.000,00 pesetas que calculei para passar um ano
em Madrid sem trabalhar. Pensei em vender ao meu sócio José Ghiringhelli a
parte que me tocava na oficina de escultura e reforçar minhas economias.
Sempre que a gente sonha com viagem anda à cata de formas de
transporte. Claro que seria navio. Por essa época passavam pelo porto de Rio
Grande. os transatlânticos da Hamburgem – Leine ou nome parecido. Consultei catálogos,
camarotes e preços até Lisboa ou Porto. Sei lá. Chegava a sonhar com as ruas de
Santander, a aldeia de Barcenilla, com Torrelaruja, lugares da minha infância.
Dezenove anos sem ver minha santa mãe e minha tia Virginia. Meu irmão Luís e
minhas irmãs Esperanza, Emilia e Marina. Jesus estivera aqui em 1922 ou 23.
voltara com papá. Ao pai nunca mais vi, pois falecera em 1° de novembro de 1938
em Barcelona, ainda e durante a revolução franquista.
+
[1] Alves. 2004, p. 139
[2] CORONA, Fernando (1895-1979).
“CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de
1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci
em outro onde encontrei amo” Tomo I 604 folhas
de arquivo: 210 mm X 149 mm. Propriedade da FAMÍLIA dos DESCENDENTES
de FERNANDO CORONA ( 1 )
Fig.
04 – A FONTE de TALAVERA perdeu a sua
função de abastecer a gente e os animais de PORTO ALEGRE com água potável. Permaneceu
como elemento simbólico da identidade diurna e noturna da capital do Estado do
Rio Grande do Sul
Ainda em
princípios do ano a Colônia Espanhola residente em Porto Alegre, por iniciativa
minha e de Isidro Vila, ele mostrando-me um catálogo de cerâmica espanhola,
achamos por bem ser possível prestar uma homenagem ao Estado do Rio Grande do
Sul nas comemorações do centenário da Revolução Farroupilha.
Falamos com diversos amigos que achavam a ideia magnifica. A colônia
espanhola antecipou-se. Embora fosse ela pouco numerosa e com poucos recursos,
queriamos que fosse a primeira a lançar a ideia das homenagens a serem
prestadas.
MUSEU de CERÂMICA de TALAVERA de la REINA
Fig.
05 – A tradição da cidade espanhola de
Talavera une as heranças islâmicas com a técnica cerâmica dos FLANDRES. Do mundo islâmico herdou o “PADRÂO
INFINITO” das molduras e a repetição das formas geométricas. Dos técnicos
flamengos herdou a utilidade e detalhada descrição pictórica e visual
figurativa.
Por esse tempo, Isidro Vila representava produtos cerâmica de Talavera
de la Reina, cidade castelhana de antigas tradições. De um dialogo otimista com
Isidro Vila chegamos a uma conclusão que nos parecia original e emotivo:
oferecer ao povo rio-grandense uma fonte que seria executada pelo afamado
ceramista Talavera – no Juan Ruiz de Luna.
Quanto que nos custaria? A tarefa não era nada fácil, mas, valia a
pena o seu significado. Os preliminares contatos que tivemos nos animaram muito
e eu redigi uma carta circular convidando algumas personalidades para uma
reunião preparatória e de consulta. Da primeira reunião nasceu a Comissão
Central assim constituída: Presidentes
Honorários: Dr. Juan Andriansen, Cônsul da Espanha; Francisco Raya Diaz,
Presidente da Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos; Francisco Raya Diaz foi o
presidente que comigo construiu o Edificio Sede. Honorarios eram também do
presidentes das sociedades coirmãs do interior; Comissão Executiva: Presidente:
Francisco Garcia: Secretario Geral: Fernando Corona; Secretarios; Isidro
Vila, Manoel Salana e Antonio Moral;
Tesoureiros: José Fenoy Bonilla e Antonio Wilches; membros consultores; Alvaro
Raya Ibañez chanceler do consulado; Padres Modesto Bestué e Felipe de Atucha,
claretianos; Frei Aurélio, carmelita; Dr. Mário Alcaraz; Domingos Yze Reyes;
Leon Guerrero; Francisco Raya Ruiz; Andrés Ibañez; Manuel Brañas; Felipe
Peralba: e Ramón López. Delegados nas minas de Butiá: Francisco Segura e nas
Minas de Arroio dos Ratos Domingo Garcia. Foram indicados delegados em Rio
Grande, Pelotas, Bagé, Livramento e Uruguaiana.
Fig.
06 – A “FONTE da TALAVERA” soma-se ao sítio do KM
ZERO das estradas do RIO GRANDE do SUL e indica LATITUDE, LONGITUDE e a COTA
sobre NIVEL do MAR da CAPITAL Teoricamente é a origem e a confluência de
todas as estradas do Estado.
A fonte foi encomendada a Juan
Ruiz de Luna.
Com
um trabalho eficiente conseguimos com o Embaixador D. Vicente Salles, o transporte
gratuito até o Brasil. O Presidente da República Dr. Getúlio Vargas,
concedeu-nos isenção de direitos aduaneiros. O Governador do Estado General Flores
da Cunha, facilitou-nos o transporte para o interior. O Prefeito Major Alberto
Bins cedeu-nos a “sala de visitas”[1]
da Capital no eixo do marco zero para a colocação da fonte, contribuindo ainda
com a concretagem do embasamento e com a rede de água e esgoto
[1]Neste ponto o Diário
de Fernando Corona antecipa o conceito de PORTO ALEGRE” como sala de
Vistoas do rio Grande do Sul desenvolvido por Margarete BAKOS , https://www.escavador.com/sobre/739480/margaret-marchiori-bakos
No livro Porto Alegre e
os seus Eternos Intendentes
Fig.
07 – A pirâmide do MARCO ZERO indica
LATITUDE de - 30´01’39”” enquanto LONGITUDE indica - 51º13º40º. Ao fundo
da FONTE TALAVERA aparece o PRÉDIO GUASPARI projeto de
FERNANDO CORONA e inaugurado em 1937. Foi a
obra subsequente ao prédio do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA[1]
projetado e construído entre os anos de
1934 e 1935, Neste curto intervalo o
arquiteto deu demonstração de sua flexibilidade para evoluir do Neoclássico
para as tendências que seu amigo Oscar Niemeyer estava desenvolvendo no prédio
do MEC.
A fonte chegou e junto vinha o organograma onde constava cada peça
numerada. Fui designado para dirigir a colocação e eu mesmo marquei o
dodecaedro na base de concreto. Diariamente cuidei desse trabalho penoso e
paciente até a colocação do último azulejo.
No dia 24 de outubro de 1935, às 10,30 horas, a Fonte de Talavera
em estilo renascimento espanhol, era solenemente inaugurada. Fui honrado pelos
meus companheiros para fazer o discurso oficial em nome da colônia espanhola.
Falou a seguir Consul da Espanha em seu nome e no do Embaixador Salles.
Encerrada a cerimônia falou agradecendo a dádiva o Prefeito Major Alberto Bins.
[1] A CONSTRUÇÃO do ATUAL PRÉDIO do INSTITUTO de EDUCAÇÃO
FLORES da CUNHA na MEMÓRIA do seu ARQUITETO, FERNANDO CORONA https://profciriosimon.blogspot.com/2019/11/276-isto-e-arte.html
Fig.
08 – O projeto aquarelado da “FONTE de
TALAVERA” de autoria e assinada por Juan RUIZ de LUNA. Projetada
e erguida como peça da SALA de VISITAS do RIO GRANDE do SUL seguindo a
concepção do arquiteto, escultor e cronista Fernando Corona.
Ainda conservo o desenho original aquarelado do ceramista Juan Ruiz
de Luna, que um dia doarei ao Museu Municipal da cidade.
Permanece aquilo que é
realizado com dedicação, o trabalho e especialmente aquilo que possui a
condição de expressar o COLETIVO, o seu TEMPO e a TERRA.
Fig.
09 – A “FONTE de TALAVERA” está colocada
ao lado do marco do “KM ZERO” do RIO GRANDE do SUL numa altitude de 4,77 m em
relação ao mar, do qual dista 100 km. O
“cálice” da FONTE de TALAVERA rima plasticamente com a “copa” do pinheiro macho plantado pelo
movimento ecológico AGAPAN
A FONTE de TALAVERA possui a proporção do
lugar para o qual foi projetada. Responde aquilo que foi possível na sua época em
todo o Rio Grande do Sul. Esta mobilização constituída por uma COMISSÃO CENTRAL
na capital do Estado e contando com comissões regionais articuladas por meio de
correspondência postal.
Fig.
10 – O busto de Juan RUIZ de LUNA autor
e fornecedor da “FONTE de TALAVERA” celebra a memória deste ceramista espanhol
com obras espalhadas por todo o mundo. Ao
mesmo tempo criou e administrou uma empresa de produtos cerâmicos com
representantes em diversas partes do mundo. Em Porto Alegre esta representação
era realizadas por Isidro Vila
que conhecia e garantiu a logística da encomenda e do transporte desta obra.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ALVES de Almeida, José Francisco (1964-.) A Escultura pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto Alegre :
Artfólio, 2004 246 p
-----Fontes d’Art-noveau no Rio Grande do Sul. Porto Alegre
: Artfolio, 2009, 210 p. : Il
CORONA, Fernando (1895-1979). “CAMINHADA de FERNANDO CORONA:
Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí
de casa e aqui fiquei para sempre: nasci
num lugar e renasci em outro onde encontrei amo” Tomo I
604 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Propriedade da FAMÍLIA dos DESCENDENTES
de FERNANDO CORONA ( 1 )
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
FONTE de TALAVERA de la REINA
A FONTE QUEBRADA e RESTAURADA
+
A FONTE de INTRIGAS e de DISCORDIAS
Juan Ruiz de Luna.
Busto de Juan RUIZ de LUNA
FONTE de TALAVERA em PORTO ALEGRE
TALAVERA de la REINA municio da província de TOLEDO
Espanha
MUSEU de CERÂMICA de TALAVERA de la REINA
Ovo de avestruz com a pintura
manual da FONTE de TALAVERA http://mercadonegroantiguidades.com.br/di-173-ovo-de-avestruz-pintado-a-mao-com-fonte-talavera-de-la-reina-de-porto-alegre/
ESTÁTUA da “SAMARITANA” por Alfredo ADLOFF
http://lealevalerosa.blogspot.com/2017/03/asamaritana-em-fevereiro-de-1919_1.html
http://lealevalerosa.blogspot.com/2017/03/asamaritana-em-fevereiro-de-1919_1.html
FONTE DE FERRO do RECANTO
EUROPEUS do PARQUE FARROUPILHA https://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_Francesa_(Parque_da_Redenção)
A CONSTRUÇÃO do
ATUAL PRÉDIO do INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA na MEMÓRIA do seu ARQUITETO,
FERNANDO CORONA
BAKOS ,
Margarete
Porto Alegre e
os seus eternos intendentes
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