sábado, 28 de setembro de 2019

269 - RS de PÉ pelo BRASIL



 HÉLIOS  SEELINGER- “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL

0.1    – Há necessidade de retroceder e conhecer os DOCUMENTOS da encomenda de uma OBRA de ARTE. 0.2 – A FÁBRICA DE MITOS  0.3 – O RIO GRANDE DO SUL NUNCA FORMOU OUTRA NAÇÃO fora do BRASIL  .04 – O REDUCIONISMO a UM TIPO IDEAL do QUAL a MAIORIA se SENTE EXCLUÍDA. 0.5 – O IDEAL REPUBLICANO em PERIGO na DÉCADA de 1920  0.6 -  AS OBRAS DE ARTE encomendadas e não instaladas no PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO GRANDE do SUL. 0.7 – O mito de HÉLIOS SEELINGER como PINTORES ACADÊMICOS. 0.8 – A TRANSFERÊNCIA e a DISTRIBUIÇÃO das OBRAS DE ARTE do PALÁCIO PRESENCIAL por FERNANDO CORONA e CHRISTINA BALBÃO  0.9 A INDÚSTRIA DO RESTAURO 0.10 – TRABALHO do ESTAGIÁRIO como PROFISSIONAIS do RESTAURO 0.11  – Hélios SEELINGER FORA de uma SOCIEDADE do ELOGIO RECIPROCO.  
Fig. 01 O quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” foi concebido e 1925 e executado em 1926 sob  a encomenda do governo do Estado do Rio Grande do Sul. O titulo deste quadro tornou-se um dos lema da Revolução de 1930[1] quando os rio-grandenses, da época, tentaram reinstaurar o ideário do REGIME REPUBLICANO. Este espírito já havia passado pela Constituição do Rio Grande do Sul de 14 de julho de 1891 e vinha desde a Revolução Farroupilha  Os personagens centrais do quadro de Hélios SEELINGER, no entanto é formado pelo   “POVO SUL-RIO-GRANDESE a PÉ” de 1926 e com trajes desta época, bandeira republicana brasileira e armas nas mãos, tendo na mente uma Revolução Farroupilha  imaginada e mitificada com a sua bandeira e alguns heroicos centauros universais..


Só sei que nada sei:  este conhecimento me confere uma enorme vantagem sobre os pensam que sabem alguma coisa”  Sócrates

0.1 – Há necessidade de retroceder e conhecer os documentos de quem encomenda uma obra de arte.

A HISTÓRIA é INIMIGA DA MEMÓRIA” conforme Pierre NORA. Uma MEMÓRIA pontual - vinda do cérebro humano - filtra tanto o presente como o passado. Quem recebe uma informação reduzindo-a ao seu repertório já contaminado pelo MITO.
Na HISTÓRIA das ARTES VISUAIS existe o recurso ao conhecimento dos documentos de QUEM encomendou ou adquiriu uma determinada OBRA. Documentos que desfazem aquilo que foi contaminado por MITOS gratuitos, senão perversos.



[1] REVOLUÇÃO de 1930 https://guerraearmas.wordpress.com/2014/07/19/o-rio-grande-do-sul-na-revolucao-de-1930/

NORA PierreENTRE MEMÓRIA e HISTÓRIA a problemática dos lugares”   Revista do Programa de Estudos Pós graduação em História e do Departamento de História da PUC-SP São Paulo, SP.1981 pp. 08 419

MÁSCARA Revista. Porto Alegre,  Ano 7, Nº 7, jun. 1925, s/p. – Salão de Outono de 1925

Fig. 02 - O esboço, ou projeto, do quadro O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” conforme foi concebido por Hélios SEELINGER em1925 sob a encomenda do governo do Estado do Rio Grande do Sul para “PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO GRANDE do SUL”. O artigo 8º da Constituição do Rio Grande do Sul de 14 de julho de 1891 previa  um monumento numa praça pública do estado a BENTO GONÇALVES e aos seus companheiros da Revolução Farroupilha[1].   Hélio SEELINGER teve várias passagens em Porto Alegre ao longo do ano de 1925. Participou da ornamentação do Baile de Carnaval e depois foi um dos estimuladores de SALÃO de OUTONO de 1925, A preparação da REVOLUÇÃO de 1930  estavam em todos os ambientes e sua deflagração, em 03 de outubro de 1930, foi uma consequência natural e já prevista na obra  “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL da qual tomou um dos motes de mobilização definitiva e vitoriosa.

02 – A FÁBRICA DE MITOS 

O colonialismo e a escravidão  praticados no Rio Grande do Sul só foram possíveis por meio de um rígido e estreito fechamento intelectual, da vontade e de sentimentos. Neste vazio o dominador inculcava SENTIMENTOS para gerar uma VONTADE SERVIL e a IMPOSSIBILITAR a INTELIGÊNCIA encher, receber e assimilar outros paradigmas. Nunca houve tanta FESTA como no período colonial. Esta alienação continua soberana por meio de EVENTOS MIDIÁTICOS, de FUTEBOL e por uma INDÚSTRIA NACIONAL e ESTADUAL de AUDIOVISUAL ESVAZIADA de qualquer contestação ou contraditório.
AS FESTAS CÍVICAS tiveram de ser INVENTADAS, HERÓIS FABRICADOS e INTELECTUAIS e ARTISTAS contratados,  subsidiados e cooptados para manter em pleno funcionamento esta USINA de BENS SIMBÓLICOS.
No final do REGIME IMPERIAL BRASILEIRO houve uma intensa produção artística para manter ativa e produtiva esta USINA de BENS SIMBÓLICOS PATRIÓTICOS. Com a queda do IMPÉRIO a primeira REPÚBLICA não desativou esta usina. Apenas os NOVOS GÊNIOS eram diferentes porém profundamente embutidos de sua função. Assim os republicanos ANTÔNIO PARREIRAS e HÉLIOS SEELINGER sucederam os imperiais PEDRO AMÉRICO e VITOR MEIRELES entre tantos outros concorrentes.



Este monumento foi erguido na cidade de RIO GRANDE, enquanto Porto Alegre recebeu o Monumento ao próprio Júlio de Cstilhos
Fig. 03 A representação prosaica da TOMADA DA PONTE da AZENHA do pintor rio-grandino Luiz Augusto FREITAS (1863-1962) condiz mais com a realidade objetiva do que com o mito que PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE (PRR) queria dar ao fato, Certamente esta posição conceitual deste pintor, contribuiu, em 1918,  para que nunca fosse colocado no PALÁCIO PRESIDENCIAL do qual destoava. Esta discrepância abriu  espaço, em 1925. para a encomenda da obra de Helios SEELINGER, O arquiteto Fernando CORONA ao projetar  o prédio do Instituto de Educação Flores da Cunha lhe concedeu um  amplo espaço na escadaria monumental de acesso ao segundo piso   


03 O RIO GRANDE DO SUL NUNCA FORMOU OUTRA NAÇÃO fora do BRASIL  .

UM patriotismo tardio e equivocado insiste de que o RIO GRANDE do SUL formou um NAÇÃO SOBERANA e SEPARADA do BRASIL.
Nada mais mitificado do que de fato se passou. Bento GONÇALVES desde os primórdios deixou evidente que o RIO GRANDE do SUL apenas procurava FORMAR UM ESTADO DENTRO do BRASIL. Ao longo dos dez anos da REVOLUÇÃO FARROUPILHA teve de bater em duelo com quem sustentava esta tese da SOBERANIA, perdeu a ajuda de Garibaldi e quando foi assinada a paz recebeu a visita do jovem DOM PEDRO II a que ele recebeu com todas as honras como foi retribuído pela mesma cortesia.
Outro índice é de que não se encontro registro oficial da busca, fora das fronteiras brasileiras, de reconhecimento da “NAÇÃO SUL-RIO-GRANDENSE”.
Evidente que havia fortes correntes esparsas e subterrâneas para a formação e o reconhecimento desta PÁTRIA  separada.
A recompensa por tanta lealdade ao BRASIL veio com a PROCLAMAÇÃO da REPÚBLICA que, no sei primeiro decreto, elevava as PROVÍNCIAS IMPERIAIS a ESTADOS SOBERANOS com direito á CONSTITUIÇÃO, à PRESIDÊNCIA  e construção de PALÁCIO PRESIDENCIAIS.
As encomendas a de obras de arte feitas a ANTÔNIO PARREIRAS, a LUIS AUGUSTO de FREITAS, a Lucílio de ALBUQUERQUE e a HÉLIOS SEELINGER são decorrências desta política de SOBERANIA do ESTADO SUL-RIO-GRANDENSE.
       Certamente houve exageros, mal entendidos e corrupção que um antigo presidente do Estado do RIO GRANDE do SUL tentou corrigir por meio da queima das bandeiras estaduais, a proibição dos hinos e redução os “presidentes” a “interventores do Estado Nacional”. Como a todo ação corresponde uma reação contrária, os movimentos tradicionalistas tomara conta da cena, logo após o ESTADO NOVO para fazer um desagravo e transformar o TABU em TOTEM. 


Carta de BENTO GONÇALVES ao REGENTE FEIJÓ  do dia 20 de SETEMBRO de 1835
http://almanaquenilomoraes.blogspot.com/2014/03/carta-de-bento-goncalves-ao-regente.html
MÁSCARA Revista. Porto Alegre,  Ano 7, Nº 7, jun. 1925, s/p. – Salão de Outono de 1925

Fig. 04 Hélios SEELINGER foi um dos agentes mais ativos para a promoção do SALÃO de OUTONO de 1925 realizada no PAÇO MUNICIPAL de PORTO ALEGER. Na foto da Inauguração o artista aparece no cento da foto ( segurando o chapéu preto) ao lado de Francis Pelichek. Enquanto isto o Desembargador André da Rocha lê o seu discurso No lado esquerdo de que olha a foto está Fernando Corona assiste a cena de torno branco e de braços cruzados È  neste ambiente que Helios concebe o esboço do quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” que foi publicado na Revista MÁSCARA junto à grande reportagem e descrição deste evento

04 – O REDUCIONISMO a UM TIPO IDEAL do QUAL a MAIORIA se SENTE EXCLUÍDA.
Nas décadas de 1920 e 1930 surgiu um patriotismo que procurava um tipo único, legível e apropria ao MARKETING e PROPAGANDA de um nacionalismo fácil e palatável para as MASSAS POPULARES. O Nazismo recorreu ao INDIVÍDUO ARIANO IDEAL e UNIVERSALMENTE LEGÍVEL. Mas que nunca existiu em ESTADO PURO muito menos tinha os atributos que esta ideologia queria ver neste ESTEREÓTIPO,
O ESTADO NOVO BRASILEIRO agiu politicamente na supressão dos tradicionais partidos e desejou implantar o PARTIDO ÚNICO da PÁTRIA[1]. O Rio Grande do Sul foi buscar o seu TIPO IDEAL num pequeno segmento da população de controvérsia inicia pelo



[1]  VER O ARTIGO de LOUREIRO a SILVA de PÁGINA INTEIRA dos DIÁRIO de NOTICIAS de PORTO ALEGRE dos primeiros dias do ESTADO NOVO. Não há noticias de que a ideia tenha ganhado corpo e implantado

Fig. 05 O cartão postal que Francis Pelichek concebeu para a REVOLUÇÂO de  1930[1]   deve ao quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL”  a figura do soldado do primeiro plano portando a decidido a sua arma O pintor tcheco Francis PELICHEK  conviveu com Hélios SEELINGER e os dois interagiram em vários momentos no campo das artes visuais,


0.5 – O IDEAL REPUBLICANO em PERIGO na DÉCADA de 1920.

O IDEAL REPUBLICANO em PERIGO na DÉCADA de 1920. Este perigo foi identificado pelos jovens de Porto Alegre e a causa colocada em público. Eles escreveram da revista Madrugada[2]: a mudança do regime monárquico foi apenas, entre nós, uma substituição de acento grave por agudo, na personagem governativa, o que vale dizer uma pura questão gramatical. Os articulistas constatavam passamos do governo dos reis ao império dos reis, entidades perfeitamente concretas, bem soantes, amadas e poderosas”.  Personagens sustentadas, não pela sua competência política, cultural ou ideológica, mas pelas puras forças do regime patrimonialista do estamento de dominadores do estado imperial transfigurado apenas semanticamente em república. “Sucedendo à aristocracia complicada dos brasões com Coroa, os aristocratas do dinheiro formam um núcleo de cabeças ocas e barrigas fartas enchendo as ruas das mesmíssimas carruagens douradas e vistosas nas quais os condes de antanho descansavam a indiscutível nobreza dos seus assentos’”. A economia patrimonialista imperial encontrou apenas outras formas de escravidão no uso do ‘pátrio poder’ corrompido, permitindo a esses personagens, travestidos de republicanos, viver sem precisar trabalhar e para produzir algo honesto.Os Paes da pátria’ como esses Paes que notando na filha um Dom que a faz preciosa, exploram-na em seu próprio benefício, dormem regaladamente, na metade do ano, para na outra metade fruírem os mil-réis que a coitada ganhou a custa do seu trabalho”.
Esse grupo de jovens intelectuais editorialistas[3] da Madrugada[4] foi comandado por Theodomiro Tostes, Augusto Meyer, João Sant’Anna[5] e Azevedo Cavalcante e não podiam ser mais enfáticos na necessidade de mudar  o regime da Velha República.
O quadro de Hélios SEELINGER deu cores, tintas e formas a este grito para reforçar e visualizar a arregimentação para reverter coletivamente esta CORRUPÇÃO do IDEAL REPUBLICANO  tolerado e praticado inclusive pelo PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE (PRR).



[2]  Revista Madrugada Porto Alegre, ano 1, nº 5. Dia 04 de Dezembro 1926 (sem paginação).
[3]  -     Direção da Revista Madrugada, ano .1 nº3 1926.     CD-ROM -.
[4]  - COSME, Sotero. Capa n.º 1 da Rev.Madrugada e  COSME, Sotero . Capa da Revista Madrugada nº 3 1926     ..
[5] - João Sant’Anna era secretário da Sociedade Riograndense de Bellas Artes que promoveu em Porto Alegre, o Salão de Outono, de maio a junho de 1925, e que pretendia institucionalizar o evento e lhe dar continuidade. Ficou num único evento. A Sociedade tinha por presidente honorário Borges de Medeiros e Otávio Rocha. O presidente efetivo era Francisco BentoJunior.Vice-Presidente Fabio de Barros e o tesoureiro era Bernardo Jamardo. A abertura foi presidida por Manuel André da Rocha, membro do CC-ILBA-RS.    Revista Máscara, Porto Alegre, ano 7, nº 7, jun.1925.                                       
Fig. 06 A tentativa de reavivar o REGIME REPUBLICANO em plena contestação no final da REPUBLICA VELHA  e com o PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE  EMPOLEIRADO NO PODER e um PRESIDENTE do ESTADO com a temeridade ser vitalício necessitava de argumentos fortes, unidos para romper com este círculo de ferro, Esta ruptura se produziu com a REVOLUÇÃO de 1930. O retorno aos ideais farroupilhas era potencialmente um destes recursos e que ganhou formas ideais neste cartão postal de Francis Pelichek e que visivelmente se inspira na parte superior do quadro de Hélios SEELINGER


0.6 -  AS OBRAS DE ARTE encomendadas e não instaladas no PALÁCIO PRESIDENCIAL do RIO GRANDE do SUL.

O atual PALÁCIO PIRATINI era de fato e de direito um PALÁCIO PRESIDENCIAL Esta condição decorre  do DECRETO Nº 1 da REPUBLICA BRASILEIRA[1] que CONFERIU SOBERANIA aos ESTADOS antes denominados de PROVÍNCIAS.
Par atingir este estatuto houve sucessivas encomendas de obras de ARTES VISUAIS para o PALÁCIO PRESIDENCIAL do ESTADO do Rio Grande do Sul, Esta encomendas foram dirigidas a artistas nacionais e sul-rio-grandenses e são construídas por MURAIS e PINTURAS.
Com esta finalidade esteve aqui Antônio PARREIRAS entre os anos de 1908 e 1908. A seguir esteve aqui Décio VILARES que além de conceber o Monumento a Júlio de Castilhos[2] deixou pinturas para o Palácio. Houve uma encomenda à Lucilo de Albuquerque que foi destinado em 1935 ao Instituto de Educação Flores da CUNHA fazendo tríptico com duas obras Luiz Augusto de FREITAS. Este logo após a I GUERRA MUNDIAL esteve aqui que levou a encomenda de três murais que ele foi pintar em Roma. Entre 1625 e 1926 esteve aqui é SEELINGER que apresentou um esboço e depois executou o mural “O RIO GRANDE de PÉ PELO BRASIL”.
Por variados e desconhecidos motivos nenhuma destas obras permaneceu exposta no palácio. Esta incumbência coube ao muralista Aldo LOCATELLI que produziu extensa obra que continua com a sua função neste ambiente governamental.



[2] CENTENÁRIO do MONUMENTO  a  JULIO de CASTILHOS http://profciriosimon.blogspot.com/2013/01/057-o-que-e-arte.html

Fig. 07-  O gesto heroico do civil sul-rio-grande, Otávio CORREA de se juntar aos militares rebelados do FORTE de COPACABANA, no ano de 1922,  produziu um forte abalo da opinião publica., Assim na memória recente da população estava na mente de Hélios SEELINGER na hora da concepção  quadro “O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” De outra parte o gesto de Otávio CORREA era coerente com o temperamento temerário do artista Hélios SEELINGER, capaz de gestos desta natureza para enfrentar a SOCIEDADE dos ELOGIOS RECÍPROCOS e ser massacrado sem dó nem piedade


0.7 – O mito de HÉLIOS SEELINGER como “PINTOR ACADÊMICO.

O alfinete de “PINTORES ACADÊMICOS”  cravado sobre os nomes de Antônio PARREIRAS e Hélios SEELINGER, significa nunca ter se aprofundado numa das SUAS OBRAS ou lido um BIOGRAFIAS SÉRIA e DOCUMENTADA. Nada mais ANTI-ACADÊMICO do que as atitudes soberanas e rupturas estéticas com as convenções que se percebe numa leitura atenta de sua autobiografia de Antônio Parreiras[1] ou uma visita ao seu atelier em Niterói[2].



[1] PARREIRAS, Antônio. História de um pintor: contada por ele mesmo. Niterói: Diário   Oficial, 1943. 255 p

[2] MUSEU PARREIRAS NITERÓI RIO de JANEIRO http://www.museuantonioparreiras.rj.gov.br

Fig. 08  Na foto o medico Mário TOTTA (1874-1947) , o pintor Francis PELICHEK( 1896-1937) , Sotero COSME (11905-1978) e Hélios SEELINGER  confabulam. Certamente o autor do gigantesco quadro ¨”O RIO GRANDE do SUL de PÉ pelo BRASIL” em muito da coragem e da audácia dos dois artistas visuais e do médico que comandou o BAILE de CARNAVAL de 1925 e foi ajuda valiosa para agremiar os artistas no Salão de OUTONO de 1925


De outro lado Hélios SEELINGER [1] permaneceu na instituição da ESCOLA NACIONAL de BELAS ARTES. No entanto agia como uma autonomia admirável e pouco reverente com TABUS ESTÉTICOS, PATRULHAMENTOS IDEOLÓGICOS dos seus colegas e aqueles promovidos e sustentados por SOCIEDADES DE ELOGIOS RECÍPROCOS. Nesta sua autonomia  agiu e foi um pedra  no ÂMAGO desta INSTITUIÇÃO motivando-a  que conseguiu preservar o prédio no qual criou-se, em 1937, o MUSEU NACIONAL de BELAS ARTES localizado na Avenida Rio Branco em frente ao Teatro Municipal do Rio de JANEIRO
Evidente que nenhum dos dois pode ser incluído nos cada vez mais estreitos paradigmas que alguns querem impor como ARTE nos dias atuais e tão fáceis como CAÇAR ANIMAIS DOMESTICADOS num ZOOLÓGICO[2] com as armas mais sofisticadas e letais.



[1] HELIOS SEELINGER o ANTI-CONVENCIONAL http://www.dezenovevinte.net/artistas/artistas_hs.htm

[2]  CARRERAS, Gonzalo – CAÇAR no ZOOLOGIOCO -  El Mercurio – Santiago – Chile - ARTES E LETRAS –dia 22, 09,2019 – p. 19

Fig. 09 Dois tópicos do acervo e o destino das obras de arte estocadas no PALACIO do GOVERNO resenhados e escrito no relatório do  arquiteto, professor e cronista Fernando CORONA ( 1895-1979)  Entre estes estava quadro de Hélios SEELINGER, que ele intitulou   “POVO em ARMAS”
[ clique sobre o texto para poder ler]


0.8 – A TRANSFERÊNCIA e a DISTRIBUIÇÃO das OBRAS DE ARTE do PALÁCIO PRESIDENCIAL por FERNANDO CORONA e CHRISTINA BALBÃO.
O minucioso trabalho descritivo do PALÁCIO PIRATINI[1], empreendido pelo arquiteto, cronista e professor Fernando CORONA, permite rastrear as OBRAS de ARTES VISUAIS ali existentes na época em servia de PALÁCIO dos PRESIDENTES do ESTADO do RIO GRANDE do SUL Quando o este prédio PERDEU este FUNÇÃO as OBRAS de ARTE SEGUIRAM para DIVERSOS MUSEUS.
Por este relatório, do ano de 1973, é possível perceber a verdadeira corrida dos artistas para este lugar de consagração para terem uma obra exposta neste lugar de prestígio.
O próprio Corona, como o seu pai, haviam trabalhado neste prédio. Ao mesmo tempo tinha participado e interagido com os principais personagens que haviam ocupado a presidência, governo ou interventores que por ali passaram. Ele era amigo pessoal de Hélios SEELINGER e que visitava no Rio de Janeiro[2] onde se celebravam memoráveis almoços na casa atelier do artista ao lado do não menos original Luís Edmundo[3].

0.09 - A INDÚSTRIA  do RESTAURO

Restaurar uma obra de ARTE ORIGINAL para colocá-la num ambiente reconhecidamente hostil e impróprio é condená-la a ser mais uma peça para alimentar a  INDÚSTRIA  do RESTAURO. Assim perdem-se investimentos, esforços e, por fim, o próprio original torna-se um Lázaro pictórico.
  Pra evitar isto existem duas alternativas. Uma a de condicionar o ambiente definitivo com todas as condições ambientais que uma obra quase centenária exige.
Outra é de fazer uma cópia 1:1, guardar a original nem ambiente adequado enquanto a cópia enfrenta as condições adversas.
 Uma terceira solução seria uma opia fotográfica de altíssima resolução para o ambiente não climatizado  do Museu de Piratini. Enquanto o original teria todas as condições numa ambiente da cidade ou m museu em condições ter uma reserva técnica com controle de luz, de umidade, atmosfera e partículas de pó.
A prevenção ainda é o melhor e  mais barato remédio também para as OBRAS DE ARTE.  Quanto melhor a CONSERVAÇÃO MENOS RESTAUROS ou DOENÇAS de uma OBRA de ARTE. Isto exige um PROJETO CLARO, um CONTRATO exequível com reais condição TÉCNICAS, PROFISSIONAIS e AMBIENTAIS

0.10  – TRABALHO do ESTAGIÁRIO como PROFISSIONAL do RESTAURO.

Certamente nenhum museu de arte ou laboratório sérios permitiria que um estudante intervenha numa obra de arte significativa.
Um estagiário está impedido profissionalmente de exercer o restauro,  pois ele tira e  ocupa as funções e o lugar de profissionais qualificados e que vivem desta profissão.
 Mesmo que estagiário aprenda a profissão de restaurador o mercado desta profissão é estrito e já minado por “DONAS CECÍLIAS”[4] com as mais desastradas consequências.
 Na prática trata-se de TRABALHO ESCRAVO, sem remuneração adequada e sem perspectiva de trabalho sério e seguro quando o estágio se conclui.
A sua recompensa será um diploma que inflaciona o mercado incapaz de absorver  um profissional.
Evidente que os laboratórios acadêmicos de restauro não podem submeter obras de arte legítimas e insubstituíveis como cobaias. Qualquer deslize pode ser fatal para obra de arte insubstituível e o estagiário não poderá ser responsabilizado, pois não autonomia de vontade.
A saída para a aprendizagem do restauro está em todos os museus sérios que permitem que os estagiários exerçam  e desenvolvam a intimidade de uma obra de arte reconhecido por meio exigente disciplina de uma cópia qualificada.

0.11  – Hélios SEELINGER FORA de uma SOCIEDADE do ELOGIO RECIPROCO.

Conforme BOURDIEU[5] o intelectual e o artista produzem para os seus concorrentes Só este concorrentes são capazes de entender e avaliar o novo, o inédito e o autêntico da qual o autor é portador. O  campo das ARTES VISUAIS sofre frequentes invasões promovidas  por SOCIEDADE do ELOGIO RECÍPROCO que se caracterizam pela falta de mais elementar de HÁBITOS DE INTEGRIDADE INTELECTUAL, ESTÉTICO e MORAL. De fato esta não são CONCORRENTES pois nada produzem além de intrigas, eventos e marketing dos quais não desejam que permaneça a menor memória
Na busca da sua própria BUROCRATIZAÇÃO descartam, custe o que custar, qualquer documento sério e concorrente capaz do HÁBITO de INTEGRIDADE INTELECTUAL
Neste contexto entra o personagem de Hélio SEELINGER descrito com anti-convencional num texto recente[6] na qual o autor afirma que:
“na prática diverge de boa parte de seus contemporâneos. Em muitos momentos, ele preferia pintar em uma maneira própria , executando séries, nas quais variava alguns motivos bastante pessoais, como deixa entrever na seguinte declaração : ‘Para a América do Norte, fiz, por encomenda uma série de “FAUNO e PELICANO”, variando pouco sobre o mesmo motivo, segundo encomenda do comprador. Mais tarde no Brasil, comecei a pintar “CARAVELAS”[7] Coalhei os mares com esses velhos barcos portugueses. Os meus estaleiros não paravam. Não houve sala, de português inteligente e patriota, que não tivesses ao menos um destes navios. Pendurado na parede. Cansei de fazer caravelas e passei a pintar o lago, a lua e o cipreste. Este três fatores deram-me um motivo que explorei largamente segundo as variações de sentimento, da nos índole romântica. Enquanto foi possível despertar corações, pintei o cipreste
O que se depreende deste texto  é que HÉLIOS SEELINGER CULTIVAVA o HÁBITO de um PROJETO de AUTONOMIA, de LIBERDADE ESTÉTICA coerente com o seu modo de SER. Sem este projeto as suas intervenções jamais seriam reversíveis ou avaliáveis.
Assim se verifica que, no projeto (fig. 02) publicado na Revista Máscara, ele busca nas formas e cores livres o motivava para enfrentar o obra definitiva (fig.01) na qual era fiel a este esboço. A mesmo tempo era mestre na distribuição monumental das massas pictóricas coerentes com o tamanho (380 x 570 cm) do quadro
Se de um lado vale o receituário de QUE TUDO é ARTE e que TODOS SÃO ARTISTAS nas concepções de Marcel DUCHAMP e Joseph BEUYS. No contraditório estes conceitos imponderáveis escondem  e dissimulam o fato de que ARTE e ARTISTAS são apenas um POTENCIALIDADE HUMANA em desenvolvimento. POTENCIALIDADE que exige uma longa, penosa e insegura QUALIFICAÇÃO para atingir o plano de algo que  permaneça como definitivo de uma cultura e civilização. Os conceitos imponderáveis  de que “TODOS SÃO ARTISTAS” confundem OBRA com TRABALHO mecânico e intuitivo voltado pra as necessidades básicas . TRABALHO que pertence ao MUNDO OBSOLESCÊNCIA imediata e irremediável. Enquanto isto a OBRA que se quer ARTE pertence ao mundo ideal com perfeito equilíbrio entre MENTALIDADE e mundo FÍSICO a tal ponta que não é possível tirar ou acrescentar algo. Ai esta o ponto de equilíbrio de qualquer intervenção no sentido de dar SOBREVIDA ao ORIGINAL. Este ponto de equilíbrio ainda não está ao alcance de um estudante, de um estagiário ou da uma “DONA CECÍLIA”.
Assim Ado MALAGOLI,  fundador do MARGS e exímio restaurador e museólogo, tinha sobradas razões em afirmar que “ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE”. Estudante está na heteronomia do mestre do qual só se liberta quando CONHECER a SI MESMO, SUAS POTENCIALIDADES e o que nele é ORIGINAL e ÚNICO. Este CONHECIMENTO não é mera IMAGINAÇÃO. Esta verdade o filósofo SÊNECA já expressou na sua obra da TRANQUILIDADE do ÂNIMO, ao afirmar que
Penso que muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não passassem por outras com os olhos fechados
Com certeza a realidade e o mundo concreto e objetivo é muito mais espantoso do que a IMAGINAÇÃO HUMANA é capaz se produzir e corromper com os seus estreitos limites de TEMPO e de ESPAÇO.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p

CARRERAS, Gonzalo – CAÇAR no ZOOLOGIOCO -  El Mercúrio – Santiago – Chile - ARTES E LETRAS –dia 22, 09,2019 – p. 19

CORONA, Fernando (1895-1979). Palácios do governo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : CORAG, 1.973, 44 p. il col.
--------CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui  fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amo  - Manuscrito de propriedade da Familia

Edmundo, Luís. O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis – 1763-1808 / Luís Edmundo. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p.164 – (Coleção Brasil 500 Anos)

LIKS, AfonsoOtavio Corrêa o civil dos 18 de Forte de Copacabana Porto Alegre; Quatro Projetos, 2016, 144 p. il

MÁSCARA Revista. Porto Alegre,  Ano 7, Nº 7, jun. 1925, s/p. – Salão de Outono de 1925
NORA PierreENTRE MEMÓRIA e HISTÓRIA a problemática dos lugares”   Revista do Programa de Estudos Pós graduação em História e do Departamento de História da PUC-SP São Paulo, SP.1981 pp. 08 -19
PARREIRAS, Antônio. História de um pintor: contada por ele mesmo. Niterói: Diário          Oficial, 1943. 255 p.

Revista Madrugada, ano .1 nº3 1926


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

CONTRADITÓRIO da MITIFICAÇÃO dos FATOS
Carta de BENTO GONÇALVES ao REGENTE FEIJÓ do dia 20 de SETEMBRO de 1835
http://almanaquenilomoraes.blogspot.com/2014/03/carta-de-bento-goncalves-ao-regente.html
CONSTITUIÇÃO de 14 de julho de 1891

CENTENÁRIO do MONUMENTO  a  JULIO de CASTILHOS http://profciriosimon.blogspot.com/2013/01/057-o-que-e-arte.html

OTÁVIO CORRÊA o  CIVIL dos 18 do FORTE
+

MUSEU PARREIRAS NITERÓI RIO de JANEIRO http://www.museuantonioparreiras.rj.gov.br

 ARTE no RIO GRANDE do SUL IMEDIATAMENTE ANTERIOR À REVOLUÇÃO de 1930
REVOLUÇÃO de 1930

HELIO SEELINGER e “O RIO GRANDE de PÉ pelo BRASIL
HELIOS SEELINGER o ANTICONVENCIONAL

Uma obra com o tema CARAVELA de HELIOS SEELINGER pertencente ao ACERVO da PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO do- IA-UFRGS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Helios_Seelinger
O PALÁCIO PIRATINI e as OBRAS DE ARTE


INSTITUTO de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA   – PORTO ALEGRE

O RESTAURAO de DONA CECÍLIA

FRUSTRAÇÕES nas ARTES do RIO GRANDE do SUL

PESQUISA de ARTE INSTITUCIONALIZADA no RIO GRANDE do SUL

SÊNECA Da tranquilidade do ânimo, p. 08



[1] CORONA, Fernando (1895-1979). Palácios do governo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : CORAG, 1.973, 44 p. il col.

[2] Diário de FERNANDO CORONA -CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui  fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amo  - Manuscrito de propriedade da Família

[3] Edmundo, Luís. O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis – 1763-1808 / Luís Edmundo. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p.164 – (Coleção Brasil 500 Anos)

[5] BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p

[6] HELIOS SEELINGER o ANTICONVENCIONAL  http://www.dezenovevinte.net/artistas/artistas_hs.htm
[7] Uma obra com o tema CARAVELA de HELIOS SEELINGER pertencente ao ACERVO da PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO do- IA-UFRGS http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/pintura/pintura/helios-seelinger-2/image_view_fullscreen

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