ICONOGRAFIA
de OBRAS das ARTES VISUAIS INDÍGENAS.
CONTINUAÇÂO e COMPLEMENTO de 01 Artes
visuais indígenas sul-rio-grandenses
11.01 - A obra das artes visuais indígenas na atual território do Rio
Grande do Sul.
11.1.1 – A obra de arte indígena sul-rio-grandense. 11.1.2 - O estágio neolítico e a arte. 11.1.3 - Uma obra indígena como metáfora dos demais
valores. 11.1.4 - O meio cultural
ágrafo. 11.1.5 – Leituras iconológicas e iconográficas da obra indígena 11.1.6 A diacronia e sincronia da arte indígena
sul-rio-grandense. 11.1.7 – As influências das obras indígenas 11.1.8 –
Renascimentos das obras e concepções indígenas
11.1.9 – O lugar institucional da obra indígena sul-rio-grandense. 11.1.10 Obras da arte indígena sul-rio-grandense no
presente
Fig. 01 – Os objetos de pedra (líticos) preservam o melhor o pensamento, as técnicas e os sentimentos
dos povos ágrafos que transitaram ou habitaram o atual território do Rio Grande
do Sul do que as outras manifestações de arte.
Colhidos pelos imigrantes europeus, preservados como
curiosidades por largos períodos - sem
registro de coleta e sem abrigo
institucional - dificilmente são reversíveis aqueles humanos que as produziram.
11.1.1 A obra de arte indígena sul-rio-grandense.
Quem se aproxima
de culturas e nações estranhas e de outros tempos e pretende estudar as
manifestar destes povos, é assaltado por grandes dúvidas. Uma delas é em
relação ao conceito de ARTE de que ele é portador e daquele que produziu a obra objeto pesquisa ou curiosidade.
Na dúvida
pode-se admitir de que obra de arte indígena, do atual território
sul-rio-grandense, enquadra-se perfeitamente no aforismo do “o máximo de conteúdo - no mínimo de forma”.
De fato nestas obras não existe excesso nas suas formas e nem há falta do
essencial. Não se trata de obra funcionalista nem de minimalismo. Não é
funcionalista, pois ela não deixa de incorporar elementos puramente visuais ou materiais
complexos, nem é uma obra minimalista, pois não é esse seu projeto. Nem ao
menos é possível enquadrar estas obras como obras de arte, pois este é um
conceito que nós lhes atribuímos nos dias atuais e de forma aleatória.
A maioria das
manifestações indígenas - possíveis de entender como arte - eram efêmeras.
Efêmeras como a vida traduzida em gestos, nas falas, nos sons, na plumária, na
tatuagem e no aproveitamento de fibras naturais.
Almofariz de pedra
indígena em forma de pássaro (ZOOMORFA) na foto de Adriane Boeira cuja família localizou, esta
peça, num “cânion” em Canela -RS próximo a cascata do Caracol
Fig. 02 – Num universo próximo da Natureza os objetos de pedra dos índios - que transitaram ou habitaram o atual
território do Rio Grande do Sul - preservaram o pensamento, as técnicas e os
sentimentos que as aproxima de manifestações
dignas da arte universal . De um
lado a sua função de moedores de grãos e do outro as formas destes objetos
materiais são coerentes com as observações empíricas dos animais e abstrações materializadas na pedra local.
11.1.2 O estágio
neolítico e a arte.
As obras de
artes visuais indígenas resultam de uma cultura que estava em vias de ingressar
no neolítico quando foi desqualificada pela cultura europeia. Uma grande parte
da arte indígena superou o estágio paleolítico no qual predominam obras mais
descritivas e a materialidade do objeto representado. No estágio neolítico
predomina a busca do arquétipo formal em direção da abstração figurativa. As
formas despojadas da materialidade representativa vão se impondo cada vez mais
e abrem espaço para construções geométricas. Todos os períodos clássicos das
artes visuais passaram por este estágio arquétipo formal característico do
neolítico. Neste estágio predomina o arquétipo da forma pura e mínima, gênese
das formas das esculturas dos períodos ulteriores[1].
[1] - O mais estudado destes estágios é o Cicládico grego e cuja
evolução lógica passou por todos os estágios até chegar à forma amadurecida e
decadente do Helenismo.
Fig. 03 – Os objetos líticos necessitam falar por si mesmos. Assim esta ponta de flecha lítica lascada (
paleolítico) ostenta um impressionante capacidade de observação empírica dos
seus artífices. Estes talharam esta ponta em forma helicoidal. Esta forma,
acompanhada pela haste leve de bambu e a plumagem também em forma
helicoidal, as faziam as mais
penetrantes na rotação que adquiriam
sobre o seu próprio eixo longitudinal
no arremesso, com o arco.
11.1.3 Uma obra
indígena como metáfora dos demais valores.
Ao contemplar o
objeto indígena sul-rio-grandense é possível perceber que ele constitui uma metáfora dos demais valores culturais
do período, mesmo discordando de que
ele seja uma obra de arte. Na criação
do indígena sul-rio-grandense cada obra expressa o máximo com o mínimo de sua
forma. Um arco e uma flecha indígena inscrevem-se nesta linhagem mesmo sendo
objetos utilitários. A oca, a rede e
remo de piroga possuem as formas puras da sua funcionalidade e sem preocupação
de acumular ou de perpetuar essas obras.
Estes objetos utilitários reduzem-se ao mínimo da forma com o máximo de
eficiência possível no interior os materiais de que dispunham. Nesta criação o
indígena brasileiro não praticava a acumulação e muito menos o trabalho em
série.
Fig.04 – Os objetos de pedra polida revelam os estágios mais adiantados das
culturais (neolítico) que transitaram ou habitaram o atual território do Rio
Grande do Sul. Porém colhidos como curiosidades
e preservados sem registro desta coleta estes objetivos devem falar por si
mesmos. Assim depois passarem do estagio de sua naturalização como “coisas
dos índios” correm o risco de sua mitificação como “objetos de origem de uma civilização”. Nenhum destes extremos se
sustenta por si mesmos.
11.1.4 - O meio
cultural ágrafo.
O que
denominamos hoje como “obras de artes visuais indígenas
sul-rio-grandenses” foi elaborado com os
materiais que a Natureza fornecia
diretamente. O indígena brasileiro não conhecia o uso de qualquer tipo de
metal. A floresta fornecia as plumas dos pássaros para arte plumária, as fibras
para os tecidos e cestos. Variados grupos ceramistas realizavam o
aproveitamento de argilas, sem que esta técnica fosse disseminada
universalmente. O meio natural e os condicionamentos geográficos determinavam
as técnicas e os instrumentos usados nesta produção do indígena
sul-rio-grandense. Mas contraditoriamente a inteligência e a vontade
resplandece nesta pureza e uso dos materiais da natureza. A inteligência e a
vontade são manifestadas diretas, puras e diversificadas. Esta diversificação
foge a qualquer vontade unificadora ou semiótica, a ponto de alguns lhes
negaram a categoria de obras de arte, na tradição dos primeiros europeus a
entrar em contato com eles.
As obras
plásticas indígenas sul-rio-grandenses eram portáteis e proporcionais às dimensões do corpo humano. A
maioria dos grupos era nômade em menor ou maior grau, sem animais de carga,
determinando uma produção não cumulativa. Diante disto buscavam o essencial em
cada peça produzida. Os elementos formais, proporções nas relações das partes
entre si, determinam uma leitura
estilística onde se ressalta a unidade na diversidade. O arquétipo puro não
se destina à copia em séries de objetos. Cada peça é única e original.
A estrutura do
clã era determinante na sociedade do indígena sul-rio-grandense. Este clã
mantinha a tradição oral pela coerência das suas línguas próprias e distintas
entre as diversas etnias. Assim as obras de arte eram construídas num meio
cultural ágrafo. O mundo imaterial
ágrafo era algo muito próximo à natureza e se corporificava em máscaras
cerimoniais que cobriam todo o corpo, representando entes da natureza,
benéficos ou maléficos. Elas deveriam ser destruídas imediatamente após o seu
primeiro uso, pois nas suas concepções, os espíritos vinham residir e ter um
corpo nestas máscaras. O indígena sul-rio-grandense queria distância desses
entes, razão pela qual queimava estas
máscaras.
Fig. 05 – Os povos nômades que transitaram pelo atual território do Rio Grande do
Sul eram das mais variadas etnias e adiantamentos culturais. As etnias mais
próximas de um estágio de sedentarização ocuparam e defenderam as partes mais
férteis destas terras. Uma destas etnias foram os charruas que ocuparam as planícies do atual Uruguai,
Argentina e uma parte do Rio Grande do Sul.
11.1.5 - Leituras
iconológicas e iconográficas da obra indígena
As obras de arte
visuais indígenas sul-rio-grandenses não possuem uma leitura única. As
tatuagens ou as pinturas corporais são exemplos destas multiplicidades de
leituras. Uma delas era a destinada a proteção solar recobrindo a sua pele com
uma espécie de barbotina colorida com urucum vermelho (pele vermelha). Outra leitura iconológica identificava os
signos do grupo ou etnia a qual pertencia um determinado indivíduo. Outra era
identificação anímica com os animais para se sentir como tais. Outra indicava os estágios coletivos da
tribo, como aqueles da paz e da guerra. Os rituais e as festas eram indicados
por diversas pinturas corporais e tatuagens.
Nas obras
plásticas a coerência de organização estilística
visual era determinada pelo clã ou tribo que buscava a sua identidade
cultural nessas obras, diante de outros clãs e tribos. Esta identidade cultural
determinava as séries culturais
identificáveis pela tradição técnica, estilística e temática de um clã ou
tribo. Os mitos de origem davam suporte à esta identidade, perdidos nas brumas
da memória de um clã ou tribo, identificado com algum antepassado. O discurso
oral e as obras, que este antepassado havia iniciado, mantinham viva a tradição técnica das artes visuais
indígenas sul-rio-grandenses. Esta referência mítica oral fazia circular, num
clã ou numa tribo, e renovar a reprodução da tradição técnica.
Localização
predominante da cultura do indígena brasileiro.
Fig. 06 – As diversas infraestruturas técnicas e materiais - que ocuparam o atual
território do Rio Grande do Sul - possuem
por base o coletador nômade. Com a gradativa ocupação e adensamento
populacional estes grupos evoluíram para a caça e pesca desta atingiram os
primórdios rudimentares de uma agricultura sazonal. O gráfico segue na leitura do mais antigo
(mais profundo) dos sambaquis do litoral. O habito do chimarrão, da reunião do clã
e as decisões por tribos está profundamente enraizado nesta primitiva
infraestrutura de coleta, caça e colheitas em roças coletivas.
[clique sobre o gráfico para ler a tabela]
11.1.6 A
diacronia e sincronia da arte indígena sul-rio-grandense.
No Rio Grande do
Sul a infraestrutura da caça sistemática e seletiva mostra que a maioria das
tribos havia ultrapassado a fase da dependência absoluta da coleta Os grupos
mais dependentes da coleta foram deslocados, ao redor do século nono da era
cristã, pelos guaranis e outras etnias com hábitos sedentários, para as regiões
mais inóspitas. Nos vales mais férteis estes grupos guaranis estavam
ingressando numa agricultura rudimentar e incipiente praticando a
"coivara" ou queima rotativa de locais determinados da floresta, para
os seus plantios de milho, de aipim e de vagens. As obras de artes visuais
indígenas sul-rio-grandenses situavam nesta
diacronia[1]
marcadas por sucessivas séries sobreposições de infraestruturas dispares e que
não se comunicavam entre si.
As obras de
artes visuais indígenas sul-rio-grandenses eram criadas para o consumo imediato
e diário e sem diferenciar o artista. Na comparação sincronia entre os indígenas sul-rio-grandenses com os indígenas
andinos e centro-americanos, anterior ao tempo da invasão europeia da América,
consta-se que as obras das artes visuais destes últimos são tecnicamente mais
refinadas. Estas eram destinadas à permanência e ao acúmulo, produzidas por
castas elevadas de artistas que trabalhavam as suas obras num grau de
criatividade conceitual mais evoluído, Enquanto aquelas criadas no contexto da infraestrutura
vigente dos indígenas sul-rio-grandenses as obras destinam-se ao consumo
imediato e sem acumular e sem especialistas.
[1] - No gráfico do presente
texto a diacronia é coloca numa coluna vertical a linha de tempo
(normalmente representado pela linha horizontal). Segue-se assim o modelo de
estudo dos sambaquis dos indígenas sul-rio-grandenses. Nestes sambaquis o corte
vertical (diacronia) percorre uma série de
camadas sobrepostas no tempo. O que se encontra
numa mesma camada horizontal aconteceu no mesmo tempo (sincronia) em que
se formou esta camada.
Fig. 07 – A cultura do Rio Grande do Sul não conheceu, em larga escala, a “retomada”
da Arte Marajoara e do historicismo indígena, como aconteceu em outras regiões
brasileiras. No entanto os fundamentos da catedral metropolitana ostentam -
nos seus ângulos externos - cabeças estilizadas da etnia indígena esculpidas no
granito rosa das pedreiras de Porto Alegre.
11.1.7 As influências das obras indígenas
Traços da obra
indígena ainda estão vigentes em grande parte do território sul-rio-grandense,
devido ao processo peculiar à dominação portuguesa. A cultura lusa teve de
admitir uma longa influência das
obras de arte indígenas, pois o dominador estava sem condições de uma invasão massiva
e migração de sua própria população. O indígena brasileiro, na carência de
erudição deixou de lado, não só o seu suporte físico das suas obras, mas também
o suporte imaterial que os vinculava aos seus mitos. O fascínio do índio pelos
objetos de metal e fabricadas pelo dominador, facilitava-lhe as suas tarefas de
sobrevivência. Contudo, estes objetos
utilitários, determinavam a dominação da parte daquele que as fabricava, a
ponto de o jesuíta missioneiro ter decorado a fórmula “uma alma indígena por um quilo de ferro” (Langer, 1197, p.48).
Esta ruptura com
a sua tradição e seu mundo imaterial e econômico fez com que - aquilo que se
admite como arte indígena sul-rio-grandense -
se congela no tempo e não se reproduziu em novos estágio culturais
autóctones. Assim na atualidade a vigência de alguma obra indígena tornou-se
mero objeto de estudos antropológicos e disfuncionais para cultura local.
Fig. 08 – O jovem indígena contempla peças escultóricas de madeira policromada e
criados por diversos grupos de nativos
que transitam ou habitam o atual território do Rio Grande do Sul. Oferecidos como souvenir e testemunho de
algo que se perdeu num passado remoto. Poucas crianças viram a onça no seu habitat, fora do zoológico
natural .
11.1.8– Renascimentos das obras e concepções indígenas
As manifestações
indígenas brasileiras tiveram o seu
renascimento e suas valorizações,
com Romantismo brasileiro. O Romantismo buscou e valorizou a cultura originária
da terra, após e contra a cultura clássica grega do Neo-Clássico. Na literatura
de José de Alencar e na música de Carlos Gomes existe a busca e a valorização
da cultura originária da terra, ainda que sem cunho científico ou proximidade
da realidade empírica. No Brasil a temática indigenista cumpriu o papel que arte gótica cumpriu para a identidade
romântica europeia. Muitas vezes gerava o mito que encobria a verdade de
origem.
Com a
descoberta, em 1875, da cerâmica marajoara do século treze da Era Cristã,
ocorreu uma busca de um “estilo
marajoara”, que teve a sua culminância na década de 1930, em especial no Art-Decô que continua presente nas peças
cerâmicas populares produzidas em Itacoatiara, no estado do Pará[1].
Vários
escultores do Rio Grande do Sul retomaram os arquétipos plásticos nas suas
pesquisas. Num período bem mais recente
as pesquisas plásticas de Constantin Brancusi (1876-1957)[2]
e, ainda mais recente, as tendências minimalistas encontram eco nas obras.
Falta um estudo estilístico das obras de um Fernando Corona ou de um Vasco
Prado ou mesmo Francisco Stockinger, sob o enfoque das obras indígenas
sul-rio-grandenses.
[1] - Observar o pavilhão do estado do Para na exposição
Farroupilha em Porto Alegre no mês de setembro 1935
Fig. 09 – A obra do escultor CLÁUDIO AFONSO MARTINS COSTA (1932-2005) foi buscar
a sua fonte de inspiração, não só no arquétipo plástico indígena do Rio Grande
do Sul, mas também no mundo da fala e
das linguagens indígenas que aprendeu com o convívio com os índios nas praças e
ruas de Porto Alegre. Este escultor erudito, além disto, não transigia com
os hábitos da gratuidade da vida, do contato com a natureza selvagem, ao
profundo enraizamento do pertencimento ao seu povo e à sua terra.
11.1.9 O lugar institucional da obra indígena sul-rio-grandense.
O governo do
estado do Rio Grande do Sul criou um lugar
para guardar e estudar as peças indígenas pré-históricas. O Museu Arqueológico
de Taquara resultou do trabalho de abnegados estudiosos desta obra indígena. As
fontes que financiam essas pesquisas e essas instituições, são, na maioria das
vezes, os salários desses estudiosos que atuam como professores em instituições
superiores nas disciplinas de História, Antropologia e outras.
Fig. 10 – O projeto do Museu Arqueológico busca guardar, estudar e classificar objetos do Índio que transitou
ou se domiciliou no atual estado do Rio
Grande do Sul. Esta instituição
pertence e está ao abrigo ao Estado e que construiu um prédio no cominho de
TAQUARA.
As obras das
artes visuais indígenas sul-rio-grandenses mereceram poucos estudos. Historiadores de arte, sociólogos e antropólogos
contornam a especificidade estética das obras indígenas sul-rio-grandenses que
possuem outros paradigmas de observação e de estudos estranhos a estes
historiadores e antropólogos. De um lado esta atitude científica é louvável ao
poupar estas obras das artes visuais indígenas sul-rio-grandenses de um
conceito que não é imanente à sua origem
cultural. Assim estas obras são preservadas da sua transformação em mito ou
produto cultural. Contudo o vácuo formado por esta abstenção da segura
investigação dos elementos estéticos das obras indígenas sul-rio-grandenses,
abre um largo espaço para a entropia cultural que deverá ser vencida pela
próxima geração de historiadores de arte, sociólogos e antropólogos.
Isto não
significa que historiadores e antropólogos não estejam pesquisando e divulgando
estas descobertas. No entanto esta circulação é extremamente restrita, não
encontrando eco numa população amarrada pelas necessidades básicas e - até mesmo
- cada vez mais próxima da cultura do indígena sul-rio-grandense. Os
frágeis centros de pesquisa, a
bibliografia com tiragem ínfima e os meios eletrônicos com escassos recursos,
não permitem ainda a reversibilidade do
leitor para as obras destes pesquisadores.
TENENTE PORTELA - Desfile Indígena Semana da Pátria
– Correio do Povo 07.09.2011
Fig. 11 – O Rio Grande do Sul possui uma ativa população que se idêntica com
diversas etnias indígenas que ocuparam os seus territórios. As atividades coletivas, os eventos e as
cerimônias reforçam este sentimento de pertencimento. Estas populações estão,
porém, restritos aos toldos. Assim crescem numericamente, incorporam e adaptam
hábitos do conquistador de seus campos de caça e coleta. Nestas circunstâncias
os objetos próprios de sua cultura e da sua visualidade estão distantes da
coerência interna entre função e forma que possuíam antes da chegada de culturas
externas. Contraditoriamente este fato valoriza e atualiza as suas primitivas
criações visuais autênticas e autônomas.
11.1.10 Obras da
arte indígena sul-rio-grandense no presente
A visualidade indígena, que
ocupou durante séculos a célula geográfica do atual Rio Grande do Sul, apenas
está presente em objetos isolados. Os campos, os sambaquis das praias
oceânicas, as margens dos rios e densas florestas escondem objetos primorosos, zoolitos belíssimos
e as pedras de boleadeiras de arremesso (rompe-cabeça). Em todos além da
utilidade é possível ler o pensamento que gerou estas peças materiais. A
partir, desses índices mínimos, há potencialidade de se reconstruir toda uma
vida material desse povo e que possui profundos atrativos para a idade inicial
da educação humana. Criança e índio harmonizam em muitos pontos.
Fig. 12 – A mitificação e a projeção de sentimentos, vontades e saberes europeus
sobre o repertório indígena gerou equívocos,
frustrações e sofrimentos de ambos o lados. O ciclo da conquista da independência do
Brasil recorreu ao mundo imaterial e ao repertório indígena que mitificou para
lastrear a sua identidade nacional. Era
a versão tropical do romantismo europeu;
As nações e os estados do Velho Mundo recorreram e mitificaram a sua Idade
Média local.. A cultura sul-rio-grandense foi menos afetada por este movimento
romântico centrado na figura e mundo imaterial indígena. Os equívocos, as frustrações e os sofrimentos das Missões
jesuíticas estavam bem presentes e vivos nas consciências locais.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
As MANIFESTAÇÕES e EXPRESSÕES das ARTES VISUAIS INDÍGENAS
do RIO GRANDE do SUL
ORIGEM do HOMEM na AMÉRICA
BATALHA de SALSIPUEDES e o MASSACRE CHARRUA
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CHIARA
Vilma - Índios do Rio Grande do Sul in Enciclopédia
Rio-grandense. O RIO GRANDE do SUL ANTIGO Canoas-RS: La Salle.1º vol.
1956. Pp. 02-18 ,
KERN, Arno
Alvarez. Antecedentes indígenas. Porto
Alegre: UFRGS, 1994, 144p.
LANGER , Protásio Paulo. A Aldeia Nossa Senhora dos Anjos: a resistência do guarani
missioneiro no processo de dominação do sistema luso. Porto Alegre: EST, 1997, 128 p.
RAMIREZ, Hugo et alii. O índio no Rio Grande do Sul: perspectivas. Porto Alegre:
CORAG, 1975, 195 p.
Urna
indígena - Museu Municipal de PASSO FUNDO - RS
Fig. 13 – Os rituais que cercam a morte podem ser lidos como tentativas de
preservar a memória das ações, das falas e dos saberes de quem morreu. Os rituais, como do quarup, pretendem
projetar para o futuro estes saberes, falas e ações. A urna funerária
destinava-se para acolher e preservar os ossos do desaparecido e encerrava o
ciclo da rememoração próxima.
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