RIO GRANDE do SUL
O
paraibano Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892-1968) possui muitos
traços em comum com o sul-rio-grandense Ruben Martin Berta (1907–1966). Um carregou
o Brasil nas asas da imaginação e da informação. O outro carregou o Brasil fisico nas asas da
sua companhia de aviação. As empresas de ambos sucumbiram na ausência destes
líderes e sem a sua ação pessoal e determinante.
Chateaubriand
recebe Nelson Rockefeller- Fonte da
imagem: Morais, 1994, p. 637
Fig.
01 –Assis Chateaubriand, mostrou uma
poderosa a vontade de viver, de agir e de produzir e incomum numa pessoa
nestas limitadas circunstâncias nos oito anos em que foi portador de severas
necessidades especiais. Do outro demonstrou que uma civilização que necessita
se educar, adequar e oferecer o acesso universal ao deslocamento de uma pessoa
nestas circunstâncias. O lucro é visível, tanto para o portador destas necessidades como para a sociedade e a sua
cultura. Nesta cultura a sociedade
produz, conserva e faz circular aquilo que a torna mais viva, atenta e cada vez mais presente em outros desafios
existenciais. A Pinacoteca Ruben Berta constitui dos índices deste esforço
tanto do seu mentor como da sociedade. Esta
sociedade redobrou a atenção para o seu legado da Arte.Procurou e achou as condições de
receber, permanecer e continuar a distribuir Arte mesmo na ausência de quem se dedicou à ela com o máximo afinco e no limite de suas forças.
Estes pontos de semelhança convergiram
para campo das artes plásticas no qual deu-se a permanência do melhor da
memória da ambos. O presidente dos Diários Associados espalhou obras de arte,
por onde andava, enquanto vivo e pode. O
gaúcho dava o suporte logístico para continuação desta aventura.
Chateaubriand recebe “Baby” Pignatari no MASP - Fonte da imagem: Morais, 1994, p. 491
Fig. 02 – O MASP teve destacada participação no processo de formação dos Museus Regionais, que Assis Chateaubriand pretendia estabelecer com o objetivo de dotar as várias regiões do país com um núcleo consistente de arte brasileira,. Max Lowenstein, funcionário do museu, foi nomeado presidente não estatutário do MASP por Chateaubriand, por conta de seus relevantes serviços prestados para a implementação dos museus de Olinda (Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco), Campina Grande (Museu de Artes Assis Chateaubriand), Araxá (Museu Histórico de Araxá "Dona Beja"), Porto Alegre (Pinacoteca Ruben Berta) e Feira de Santana (Museu Regional de Arte). O sr. Max Lowenstein foi nomeado por Assis Chateaubriand presidente não estatutário por relevantes serviços prestados à formação dos Museus Regionais que Chateaubriand iniciou para dotar as várias regiões do país com um núcleo de arte brasileira,
Fig. 02 – O MASP teve destacada participação no processo de formação dos Museus Regionais, que Assis Chateaubriand pretendia estabelecer com o objetivo de dotar as várias regiões do país com um núcleo consistente de arte brasileira,. Max Lowenstein, funcionário do museu, foi nomeado presidente não estatutário do MASP por Chateaubriand, por conta de seus relevantes serviços prestados para a implementação dos museus de Olinda (Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco), Campina Grande (Museu de Artes Assis Chateaubriand), Araxá (Museu Histórico de Araxá "Dona Beja"), Porto Alegre (Pinacoteca Ruben Berta) e Feira de Santana (Museu Regional de Arte). O sr. Max Lowenstein foi nomeado por Assis Chateaubriand presidente não estatutário por relevantes serviços prestados à formação dos Museus Regionais que Chateaubriand iniciou para dotar as várias regiões do país com um núcleo de arte brasileira,
Assis Chateaubriand reuniu no Rio Grande do Sul um belo acervo e confiou a sua organização ao professor Ângelo Guido, crítico de arte do Diário de Noticias. Instalou esta seleção de obras de arte nos estúdios da TV Piratini. Vinha ao Rio Grande do Sul para acompanhar pessoalmente a sorte desta coleção mesmo depois de ser atingido no dia 27 de fevereiro de 1960 por severa trombose. É o que o escultor e professor Luiz Gonzaga narrou, em 02.12.2013, para este que escreve, que Assis Chateaubriand foi, em cadeira de rodas, ao Instituto de Artes da UFRGS para se entender com os seus mestres e estudantes sobre este acervo. Os convidou para uma reunião no prédio da TV PIRATINI para uma sessão na qual mostrou e celebrou, à sua maneira, esta conquista para a Arte no Rio Grande do Sul.
Aqueles que herdaram e administram este acervo das obras de arte Ruben Berta o definiram e o limitaram conceitual e fisicamente como uma “estrutura fechada”. Assim a sua origem e a vontade daqueles que lhe deram origem permanecem mais evidentes. Poucos acervos nacionais possuem esta característica de terem estrutura fechada para entrada de novas obras de arte, além daqueles de dedicados a um único artista já falecido. Há necessidade de se interrogar o que significa esteticamente o limite imposto da entrada de novas obras de arte no acervo do Ruben Berta.
Aqueles que herdaram e administram este acervo das obras de arte Ruben Berta o definiram e o limitaram conceitual e fisicamente como uma “estrutura fechada”. Assim a sua origem e a vontade daqueles que lhe deram origem permanecem mais evidentes. Poucos acervos nacionais possuem esta característica de terem estrutura fechada para entrada de novas obras de arte, além daqueles de dedicados a um único artista já falecido. Há necessidade de se interrogar o que significa esteticamente o limite imposto da entrada de novas obras de arte no acervo do Ruben Berta.
Fig.
03 – A Pinacoteca Ruben Berta pertence a um vasto projeto que continua vivo e atuante em diversas instituições brasileiras,
conforme o quadro acima. Assis Chateaubriand liderou e esteve
fisicamente presente apesar dos oito anos em que foi portador de severas necessidades
especiais. Demonstrou ao mundo a necessidade de uma civilização se educar,
adequar e oferecer o acesso universal ao deslocamento de uma pessoa nestas
circunstâncias. O lucro é visível na
Arte que conserva, renova e reproduz no
seu mínimo físico o máximo de uma civilização viva. Civilização que atravessa o
Tempo tonando contemporâneos e materializando os pensamentos dos homens das
cavernas com a cultura mais complexa e sofisticada.
Clique sobre o quadro para ler
Este limite aponta para uma homenagem estética e para a preservação das circunstâncias de origem do pensamento de quem formou tal coleção. Esta coleção possui a sua origem no pensamento de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello e as circunstâncias vividas por esta personalidade. Nestas circunstâncias é necessário estar atento à política e ao pensamento do projeto civilizatório que este jornalista paraibano exerceu junto aos empresários nacionais para os quais ele promovia a circulação dos seus produtos. Nesta circulação consta a homenagem ao empresário da aviação Ruben Martin Berta. Assis Chateaubriand e Ruben Berta viveram e foram protagonistas dos mais fortes projetos políticos que cavaram o leito acidentado no qual puderam correr as Revoluções de 1930 e de 1964. Assim acervo Ruben Berta é mantido na íntegra para preservar o pensamento de sua origem e das circunstâncias de sua formação.
Fig. 04
– Pedro Américo de Figueiredo e Mello (1843-1903) não esteve no RS nem interpretou algum tema
gaúcho. Este artista, filosofo e com
decisiva ação política- a ponto ser constituinte de 1891 - tomou ao pé da letra os ensinamentos do seu
mestre e orientador Araújo Porto-Alegre. Mais do que isto a sua esposa era filha de Manuel Aráujo. O artista, filósofo e político paraibano Pedro Américo
está representado por duas obras no acervo das obras de arte Ruben Berta. O primeiro
doutor brasileiro em Filosofia absorveu as mais adiantadas concepções políticas
na Universidade Livre de Bélgica na qual defendeu a sua tese. Com a proclamação
da Republica no Brasil foi constituinte republicano pelo seu estado natal
desenvolvendo intensas teses sobre a institucionalização das artes no Brasil.
Realizou esta tarefa apesar de seu profundo vínculo com o regime imperial. Esta autonomia Pedro Américo é característica dos seus concidadãos
paraibanos e que se desenvolveu em grau expressivo em Chateaubriand, doador do
acervo Ruben Berta. De outra parte Assis Chateaubriand e o
mestre de Areia-PB traziam o mesma
determinação e traço comum ao povo
paraibano que ostenta a bandeira do NEGO.
No presente - ao percorrer as obras do acervo Ruben Berta
- salta a nossa memória a moldura política das circunstâncias dos projetos
civilizatórios do cultivo das artes nas quais foram colecionadas. Projetos civilizatórios que recebem
sentido pleno e que mostra todo o seu potencial após a leitura e assimilação de textos como os deArgan (1992: 23), de Marques dos Santos (1997: 132) de Chaves de Melo (1974: 25) e de Bulhões (1992, pp.05 - 58). Sentido que baliza os
caminhos da busca da universalidade e da perenidade tanto de quem foi homenageado como dos agentes e do publico deste acervo de Arte.
A
coleção não se limitou a uma tipologia estética, apesar de ser constituída, e
concluída numa época de intensa busca de identidade brasileira, mas nem por
isto fechou-se nas fronteiras nacionais. Como resultado constam, no acervo das
obras da Pinacoteca Ruben Berta, numerosos fermentos que conferiram vida e forma às mais intensas e específicas estéticas no Brasil[1] e em
territórios culturais de além fronteiras.
[1] -, O crítico paulista Tadeu
CHIARELLI cita e estuda (2007- 325p.) nominalmente muitos artistas que constam
no acervo das obras de arte Ruben Berta ou então estuda a condições estéticas
brasileiras nas quais se moveram estes artistas na concepção de Mário de
Andrade
Chateaubriand entrega para Winston Churchill a
“Ordem do Jagunço” -Fonte da imagem: Morais, 1994, p. 493
Fig.
05 – O Os artistas ingleses que constam no acervo
das obras de arte Ruben Berta representam uma boa equipe do pós-guerra britânico
e a preparação da Pop-art. De outra parte ela representa a irrestrita admiração
de Chateaubriand pela cultura, política e capacidade de
iniciativa inglesa.
Se
de um lado se observam muitas obras não figurativas das artes visuais, não
faltam, neste acervo, aquelas que apontam a estética da “volta à ordem”
corrente na época da criação de muitas obras.
Se
nas obras de arte do acervo Ruben Berta, estão presentes os resultados de
inúmeros fermentos estéticos. Estes
fermentos também são coerentes, na sua multiplicidade e contradições, com as
circunstâncias políticas da época da origem desta coleção. Como a obra de arte
expressa e evidencia as inúmeras contradições políticas. As obras de arte do
acervo Ruben Berta também são índices estéticos das contradições vividas no
Brasil nos primórdios da adoção do regime republicano. Um olha atento também
percebe as oscilações estéticas vividas ao longo do século XX e os índices das
escolhas políticos das formas de governo no Brasil.
Ângelo GUIDO
Gnocchi, Cremona, Itália, 1893 - Pelotas, RS, 1969 . “Paisagem”. 1949..- óleo
sobre tela. 55,0 x 70,5 cm
Fig. 06
– O pintor e professor Ângelo
Guido reforçou, no Rio Grande do Sul, a obra
do seu conterrâneo Pietro Bardi.
Os dois foram mentores das escolhas estéticas de Assis Chateaubriand. Ambos reforçaram as
conexões conceituais da Arte com o público dos veículos de comunicação do paraibano
Chateaubriand. Ângelo Guido veio veio
Brasil ao três anos. Estudou na Escola de Artes e Ofícios de São Paulo tendo
interagido com os membros da Semana de Arte Moderna. Teve a resenha de uma das
obras de jornalista em Santos analisada na revista KLAXON. Foi consultor estético dos Concursos de Miss
Brasil promovidos pó este órgão impresso no Diário de Notícias de Porto Alegre
onde era o crítico de artes visuais. Além de pintor foi catedrático de História
da Arte do Instituto de Belas Artes do RS.
As concepções políticas não devem ser procuradas nos
temas explícitos das obras do acervo Ruben Berta. Os temas explícitos destas
obras podem parecer antípodas destes dois personagens. Contudo deve-se procurar
a coerência entre política e estética nas referências da fama que estes
artistas gozavam e estão expressos nas molduras de suas obras. Estes dois
personagens procuravam transpor o gosto pela fama, nos seus termos, expressos
na sua sede de mando e seu profundo sentimento nacionalista sem xenofobia das
outras culturas no que estas possuíam de melhor. Numerosos paraibanos e gaúchos
foram agentes de proa da política republicana brasileira. Campina Grande e
Porto Alegre foram destinos privilegiados de coleções com seu centro irradiador
nos primórdios das aquisições e constituição do
MASP[1]
e local das decisões do império do mentor e condutor
dos Diários Associados
Judith
FORTES ( -) “Retrato” – 1938 - óleo
sobre cartão 45,0 x 34,5 cm..
Fig. 07 – Muitos
artistas, deste acervo, não tiveram grande fortuna na constituição de
colecionadores, observadores e muito menos em estudos mais nutridos. Só para
destacar o nome poderia ser evidenciado o nome de Judith Fortes formada em 1919
no centenário Instituto de Belas Artes do RS na turma de Francisco Bellanca.
Ela tentou carreira solo quando isto era impensável para uma mulher, ainda sem direito ao voto. As três obras que
constam no acervo Ruben Berta talvez seja um dos conjuntos mais representativos
das suas obras numa única coleção. Politicamente presente Judith Fortes foi uma das fundadoras da
Associação Francisco Lisboa. Para a sua sobrevivência mantinha na frente do prédio do
Instituto de Artes um curso de preparação para o vestibular.
O acervo Ruben Berta resultou de um projeto inconcluso
do embaixador Assis Chateaubriand e proprietário, em Porto Alegre, do jornal
Diário de Noticias, Rádio Farroupilha e a TV PIRATINI. Nos quadros do Diário de
Noticias ele teve o professor Ângelo Guido. Os textos deste crítico de arte
devem ter reforçado a convicção do seu chefe para a criação de um
Museu de Arte em Porto Alegre, como uma extensão nacional do MASP somando-se às
iniciativas do italiano prof. Pietro Maria Bardi. A
Pinacoteca Ruben Berta
veio para as dependências dos Diários e Emissoras Associados, em Porto Alegre
como parte do projeto de Assis Chateaubriand de criar museus regionais, de alto
valor artístico, em vários pontos do País. O acervo do Museu Rubem Berta
foi entregue à cidade de Porto Alegre no dia 06 de março de 1967. Porém, apenas cinco foram implantados, sendo um deles a
atual Pinacoteca Ruben Berta. Esta Pinacoteca é formada por obras de
reconhecidos artistas nacionais e estrangeiros. Este acervo permaneceu
junto aos estúdios da TV Piratini e Rádio Farroupilha - no alto do Morro
Santa Teresa - até 1971 quando o prefeito Thompson Flores e recebeu das
mãos do senador João Calmon, sendo doada à Prefeitura
de Porto Alegre, em 1971, pela direção dos Diários Associados.
A
Lei Municipal nº 3.558, de 10 de novembro de 1971, assinada pelo prefeito Telmo
Thompson Flores, criou a comissão da Prefeitura de Porto Alegre, para este
acervo. Esta comissão emitido o seu relatório, em dezembro de 1986. Cumpriu e atendeu o que consta na Portaria nº 051, de
30 de julho de 1986 do processo nº 51/86. Este relatório estava acompanhado pela
lista de obras do Museu Rubem Berta que é sua
composição original sendo fechado e permanece inalterada.
PORTINARI,
Cândido Torquato
Brodósqui, SP, 1903 – Rio de Janeiro, RJ, 1962 “Retrato de Rodolfo Jozetti” 1928..- óleo sobre tela 200,0 x 90,5 cm..
Fig.
08 – As obras de Portinari não são muito
numerosas em Porto Alegre. Pietro Mari Barde e Ângelo Guido incluiram uma das suas obras na Pinacoteca que Assis Chateaubriand estava destinando ao Rio Grande do Sul
Fortes
mudanças políticas e econômicas vieram atingir o acervo das obras de arte Ruben
Berta com a retirada dos Diários Associados – o jornal Diário de Notícias, da
TV PIRATINI - do Rio Grande do Sul e com o regime de exceção, implantado no dia
31.03.1964. A política dos regimes de exceção sempre estimularam e “toleraram” a estetização superficial e a
liberalização da criação individual e solitária. Assim o poder discricionário se
mascara na aparente liberalização e a “tolerância”
cultural e artística. O preço que o artista deve pagar - em
compensação desta “tolerância” da
estetização e da liberalização da criação individual e solitária - é de não
contestar e deixar incólumes os instrumentos de poder discricionário. As tratativas, em 1971, para a entrada
massiva da carga das obras de arte do acervo Ruben Berta na posse e na economia
da Prefeitura apontavam para esta política de estimulo e “tolerância”, tendo como preço a heteronomia dos artistas vivos e da
sua produção ainda “não consagrada” pelo mercado e sistema de artes
Carlos
Frederico BASTOS, Salvador, BA, (1925-2004)
.“Arraial da Glória” 1966. óleo
sobre tela. 57,5 x 90,5 cm
Fig.
09 – O regionalismo não é hermético e excludente nas escolhas do
acervos deixados por Assis Chateaubriand. As escolhas estéticas de Assis Chateaubriand
e dos seus mentores Pietro Bardi e Ângelo Guido estabeleceram conexões de complementariedade.
Os veículos de comunicação do paraibano ofereciam assim estas riquezas regionais, nacionais e internacionais através
dos museus espalhados pelo território nacional. O núcleo da Pinacoteca Ruben
Berta possui, no seu núcleo, forte presença da Arte do Rio Grande do Sul. Porém
convive perfeita e harmoniosamente com os nordestinos, como Carlos Bastos.
No
contraditório, a estrutura fechada para entrada de novas obras de arte no
acervo Ruben Berta, possibilita-lhe inúmeras vantagens na busca da sua
autonomia. As competências fechadas permitem operar ao modelo da célula viva,
na concepção de Maturana. Maturana
&Varela mostram (1996: 41) na biologia o exemplo da autonomia da célula
viva que necessita da membrana para proteger a competência da vida. Só a partir
da célula viva é possível determinar o que é relevante. De um lado a película
externa da membrana protege a célula viva da sua dissolução no meio externo e na
entropia da indefinição daquilo que é prioritário. Do seu lado a célula viva
escolhe, neste mundo externo, o que lhe interessa como prioritário para
continuar a sua vida. A célula sadia devolve – numa perpetuo comércio - o que
interessa ao meio externo. O acervo das obras de arte Ruben Berta, com este
pensamento de autonomia (competências e limites) se institucionaliza e se fecha
na sua membrana protetora. Nesta dialética pode organizar a sua competência e
se reorganizar num constante intercâmbio com o meio cultural próximo e com
acervos de outras culturas.
Busto de RUBEN
BERTA obra de VASCO PRADO - foto Círio –
Ver Jose Francisco ALVES 2004 - p. 126
Fig.
10 – Ruben Martin Berta foi um empresário brasileiro e
ex-presidente da Varig. Foi
contratado por Otto Ernst Meyer, aos
dezenove anos tornou-se o primeiro funcionário da Varig, como auxiliar de
escritório e secretário de seus diretores fundadores. Em 1941,
tornou-se diretor-presidente, cargo em
que permaneceu até sua morte, em um período em que a empresa teve grande
expansão. A homenagem de Chateaubriand ao presidente da VARIG,
integrava-se ao seu projeto de projeto de manter aeroclubes e estimular a
aviação civil brasileira.
No futuro da política cultural de Porto Alegre
desenha-se uma intensa ação civilizatória por meio deste acervo. A obra de arte
confere uma potencialidade única e primordial para esta ação civilizatória
municipal a ser conduzida pela sua Secretaria de Cultura. Quanto ao PROJETO e
ARTE. Argan enfatiza (1992: 23) que o projeto “fundamenta
a ideia da ação histórica”. Projeto civilizatório para
Marques dos Santos (1997: 132) “compreende, a contrapartida da afirmação
política da institucionalização dos Estado autônomo, uma espécie de missão
civilizatória”. Enquanto Chaves de
Melo distingue cultura de civilização quando afirma (1974: 25)
que, civilização
supõe instituições. Bulhões argumenta (1992, pp. 5 e 58) que “na sociedade brasileira, onde tudo parece
estar por ser feito, a recorrência a projetos modernos enunciados como ideais,
já é uma tradição. A cada projeto socioeconômico e político corresponde um projeto estético a ele articulado num
processo de mútuo reforço”.
A
obra de arte - única e primordial – preserva também o pensamento de quem a
colecionou. O pensamento que emana do acervo das obras de arte Ruben Berta
constitui um forte elo no sistema da arte da capital, do estado e nação com os
seus múltiplos vínculos internacionais. Assim este elo extrapola a circulação
local, pois, desde a sua origem, o acervo das obras de arte Ruben Berta faz
parte do projeto civilizatório brasileiro, possibilitando retomar o sistema
nacional com os demais acervos de obras de arte criados pelo jornalista
embaixador. O pensamento que regeu a criação
destas instituições novamente poderá ser evidenciado na soma destas
instituições -não só sonhadas - mas efetivamente iniciadas por Assis
Chateaubriand. Instituições, que na sua soma, continuam em plena vida e ação
como desdobramento do seu projeto civilizatório nacional.
Fig.
11 – A celebração da transferência no dia 02 de
dezembro de 2013 para sua sede especialmente recuperada e preparada para tanto na rua Duque da Caxias, nº 973 . Imagens das obras do acervo
Ruben Berta deixam simbolicamente o Prédio Histórico da Prefeitura de Porto
Alegre. No seu peregrinar pousou nos Estúdios
da TV PIRATINI, migrou para a reserva do MARGS e deste para a sólida reserva técnica
e profissional no qual continuará enquanto se renovam as exposições de algumas
das obras originais no prédio que leva doravante
o seu nome e a função exclusiva.
Uma
coleção é a origem de um museu inicia
conforme Gervereau.
A coleção de obras de arte reunidas por iniciativa de Assis Chateaubriand
possui agora o abrigo de uma instituição consolidada. Consolidação que recebeu
o abrigo de sólida mansão. Esta mansão representa esta esperança humana
colocada na Arte num momento de generalizada crise de valores.
Esta
crise possui o dom de evidenciar as competências e os limites aos artistas
vivos. Limites de sua heteronomia e o preço ainda devem pagar de sua produção
ainda “não consagrada” pelo mercado e sistema de artes. Se os artistas do
passado recente produziram sua obra apesar da política da “tolerância”, este acervo, ora consagrado, mostra como transformam,
com o passar do Tempo, esta contradição em complementariedade.
Sempre
cabe o contraditório para as estreitas e cansativas mentalidades estéticas,
políticas e ideológicas. Estas poderiam exibir argumentos fixos e maniqueístas como
do embalsamento de um acervo e um segundo e um definitivo funeral para Assis
Chateaubriand e Ruben Berta. O exame isento da política municipal de Porto
Alegre mostram o contrário e outros argumentos. A renovação de exposições no prédio
histórico municipal como espaço nobre para as obras de artistas atuantes, a fidelidade do Atelier Livre em se renovar continuadamente desde 1960 e a sintonia com a Secretaria de Cultural
- das quais a Pinacoteca Ruben Berta é uma das suas expressões - contradizem qualquer estética fixa comandada po um único dono que se orienta pelos parãmtres do estreito marketing e propaganda.
Mas
o que convém sublinhar nestas expressões é a continuidade deste projeto
civilizatório compensador da violência. A politica que prevalece na Pinacoteca
Ruben Berta é “a legalidade, a
impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência”. O município de
Porto Alegre, como célula primeira do
Estado Brasileiro, cumpre assim o projeto que lhes descreve o caput do artigo
37 da Constituição Brasileira de 1988. Certamente
nenhum cidadão é maior do que seu município ou de qualquer uma das suas
instituições.
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ASSIS
CHATEAUBRIND
http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand
http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand
BERTA, Ruben
DIÁRIO
de NOTICIAS de PORTO ALEGRE 1925-1979
GERVEREAU, Laurent OS MUSEUS ESTÃO
em CRISE
GONZAGA, Luiz –
Museu
de Arte de São Paulo (MASP) http://masp.art.br/sobreomasp/historico.php
PINACOTECA RUBEN BERTA inauguração da sede
Projeto
civilizatório compensador ver as fontes
bibliográficas no site www.ciriosimon.pro.br no tópico
PRODUÇÃO DIDÁTICA onde consta no texto do arquivo HISTÓRIA da ARTE
INSTITUCINALIZADA no RIO GRANDE do SUL
[1] GERVEREAU,
Laurent OS MUSEUS ESTÃO em CRISE http://www.latribunedelart.com/les-musees-sont-en-crise
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