domingo, 5 de maio de 2013

SIMON: MEMÓRIAS nas AMÉRICAS - 05.


A FAMILIA SIMON entre

a NATUREZA e o MITO.

Nesta postagem ressalta-se o maior legado de Mathias Simon (*05.05.1788 +16.05.1866) na data do seu natalício que completa 225 anos.

 Carl Justus Harmen Fedeler  (Alemanha 1799 - 1858)  VELEIRO TRI MASTRO OLBERS de 1839 pintura óleo sobre tela  ( propriedade particular da família C. Wuppersahl, Bremen )   http://en.wikipedia.org/wiki/File:Olbers.jpg


http://www.artnet.com/artists/carl%20justus%20harmen-fedeler/past-auction-results


Fig.01 – Mathias Simon e da sua família foram marcados, até o final das suas vidas, pelo batismo dos 100 dias nas águas do Atlântico a bordo do veleiro tri mastro Olbers.  A passagem do Velho Mundo para o Novo Mundo marcou o seu ingresso para a liberdade, as oportunidades e para uma nova história.

 Uma família constrói a sua identidade, a mantém e a perpetua intencionalmente no âmbito de uma mitologia necessária e coerente com a Natureza e assim a ultrapassa. Com o preço desta ultrapassagem constitui uma parcela básica de uma civilização. Esta civilização nasce, alimenta-se e se reproduz entre a Natureza e o mito. Uma família possui dimensões ambientais, sociais e as técnicas necessárias para compreender no interior da sua Natureza. O mito é a luz orientadora e motivador da busca da sua origem, da sua consolidação e da sua perpetuação no âmbito do pensamento.


Fig.02 – Em terra firme após o batismo dos 100 dias nas águas do Atlântico. A exuberante e mutável Natureza mostrou não só a sua luz brilhante e tépida, mas cobrou a sua implacável quota em mudanças em consequência de estações opostas ao Velho Mundo, de vegetação semitropical e das imensas distâncias para o modelo europeu. As suas técnicas agrícolas do minifúndio, eram opostas ao latifúndio pastoril.  A mudança exigia também a passagem de sua língua,  da cultura e dos hábitos anglo-saxões para os hábitos e costumes do mundo latino. Tudo isto eram alguns dos desafios externos quando colocaram os pés na terra firme em São Leopoldo na antiga e falida Fazenda Real do Linho Cânhamo.

A memória da mudança de Mathias Simon passou a ser cultivada pelos seus descendentes como uma conquista imaterial.  Ao deixar a Europa, em 1828, ele estava ciente de que na América encontraria outra Natureza nas suas dimensões ambientais, sociais e tecnológicas. Esta mudança marcou a sua família e foi crucial para os seus descentes que projetaram nas suas mentes esta epopeia no universo de uma mitologia civilizatória.


Fonte HUNSCHE, Carlos Henrique “Como viviam os Simon em 1831Jornal dos SIMON, Porto Alegre: AFSA  Nº 06 dezembro de 1980 p.07

Fig.03 – Os vizinhos de Mathias e da sua família formaram uma núcleo rural e um lugar de pertencimento que lhes deu alento de construir algo coletivo e com estímulos e ajuda mútua. A migração avulsa ao Brasil está repleta de projetos frustrados e de arrependimentos que eram muitas vezes fatais para a alma, para o corpo e para a família.

O pensamento voltado para a sua família e seus descendentes foi a força propulsora central desta epopeia de Mathias como Margarida WÜRTZ (*02.01.1795-+08.05.1881).  A Natureza desta mudança foi tão forte que eles procuraram manter o cultivo deste projeto. Cultivaram este núcleo como a maior herança que trouxeram e cultivam no Novo Mundo. Sacrificaram tudo chegou apesar de chegarem conhecer pessoalmente este desdobramento assombroso. Porém no seu tempo e lugar não estavam sozinhos Com eles vieram amigos que tinham os mesmos ideais, projetos e sentimentos que os moviam para o Novo Mundo. Uma vez instalados na nova terra mantinham, alimentavam e reproduziam os mesmos ideais, projetos e sentimentos. Devido à sua escolha deixaram no Velho Mundo os seus irmãos e  irmãs dos quais pouco sabemos além do nomes. Estes não sentiram este impacto da mudança. A sua história familiar parecia natural para eles e não gerou um pensamento separado. A sua história se diluiu sem gerar mito hoje conhecido pelo seu ramo americano.

WEINGARTNER Pedro (1853-1929) TEMPORA MUTANTUR 1898 óleo sobre tela 110.3 x 144 cm MARGS

Fig.04 – Após o batismo dos 100 dias nas águas do Atlântico o sonho do passado, no Velho Mundo, misturava-se com a dura realidade presente no Novo Mundo. Livres dos ciclos implacáveis da Natureza nórdica, dos longos invernos e do limitado número de espécies vegetais,  encontraram, em contrapartida, a variedade da flora e da fauna, a rápida sucessão de extremos e o frágil solo exaurido rapidamente nas condições tropicais sem descanso. Livres dos conflitos europeus, o decênio da Revolução Farroupilha com ameaças internas e depois externas com a Guerra da Tríplice Aliança não deram descanso, de paz e de segurança para a sua prole.


Para Mathias, Margarida e a sua família não faltaram desafios, trabalhos e sacrifícios para cultivarem o mito de sua origem especialmente ao enfrentarem uma Natureza desconhecia, agressiva e entrópica. Porém, desafios vencidos, os trabalhos em dia e os sacrifícios feitos, cimentaram a sua história a sua memória e as alinhavaram gerações afora. Não deixaram fortuna material e nem ao menos documentos materiais. Documentos e fortuna física que no máximo só poderiam gerar mal entendidos e divisões no âmbito de sua família. O pensamento imaterial permaneceu na medida em que a pesada e difícil travessia e instalação na nova terra foram transformadas em feliz êxito. Pensamento imaterial fácil de distribuir para todos os seus descendentes e afins e, assim, ser transportada para novos lugares e tempo afora.

Contra esta facilidade de MITIFICAR o PASSADO cabe o aviso do perigo de transformá-lo em temeridade. A mesma facilidade leva este temerário a avançar em direção a um FUTURO de OURO e  dos IMPERURBAVEIS MIL ANOS LINEARES de FELICIDADE. Porém este FUTURO MÍTICO teima em não acontecer. Cabe a lição de Mathias e de Margarida que sonharam um futuro melhor e livre, porém agiram na Natureza sem pessimismo e sem otimismo.

Fig.05 – O sólido fundamento e os umbrais de pedra das portas da casa traduzem um projeto civilizatório transplantado ao Novo Mundo pelos  dos descendentes após os riscos e o  batismo dos 100 dias nas águas do Atlântico do Norte e do Sul.


Apesar de sua origem humilde Mathias e a sua família não carregavam a memória as cicatrizes da escravidão e nem vinham praticá-la ou serem sujeitos a ela. Ao contrário, vinham ao Brasil num projeto para gerar uma civilização livre desta chaga de heteronímia pessoal, social e econômica da escravidão. Livres desta herança e deste projeto escravocrata a dimensão maior da herança de Mathias e de Margarida contrastava, socialmente, com a família senhorial brasileira onde o escravo não tinha direito à sua própria família de origem. A herança de Mathias e de Margarida representava os primórdios da monetarização e da riqueza individual contra o acumulo, o escambo e o latifúndio. Tecnicamente a monocultura exportadora senhorial era substituída pelo trabalho com as mãos dos proprietários da terra e regulada pelo mercado interno abastecido pelos produtos da terra.


Fig.06 – O padrão infinitamente repetido - numa das paredes do quarto da casa de Capela Rosário - rima com a passagem monótona dos dias, com as obrigações sistemáticas e as rezas encadeadas de alguém que enfrentava o quotidiano longe da agitação urbana e entregue aos seus sonhos e pensamentos.


Evidente que a civilização continuou a se modificar nas suas dimensões ambientais, sociais como as tecnológicas. A urbanização, as mudanças sociais e os aparatos tecnológicos estão a impor outras formas de pensar e agir. Todos estes vetores apontam para outras realidades e formas de sentir e de interagir. Porém a essência do legado maior de Mathias e de Margarida não sofreu alteração nos quase dois séculos no Brasil. A essência do seu legado moral, social e do trabalho permaneceu inalterado nas novas circunstâncias. Um dos índices maiores desta herança imaterial é que não existem registros ou memória de alguns dos seus descendentes ter algum desvio grave de conduta moral, social ou laboral.


Fig.07 O Professor  Pedro Emanuel SIMON (1888-1966) no meio de sua turma no dia 11 de junho de  1918 em Nova Palma no coração do Rio Grande do Sul. Deve-se a ele o imenso trabalho logístico de reunir dados confiáveis e dentro da metodologia do Acervo Benno Mentz da UFRGS das informações relativas aos descendentes de 2ª e 3ª geração de Mathias e de Margarida Simon
Acervo Benno MENTZ UFRGS


Nem o mito e nem a Natureza fornecem as respostas para compreender e agir nestas novas circunstâncias. A Natureza age pela  natural dispersão em novos ambientes que exigem outras tantas mudanças. A compreensão da família pelo mito tropeça ao perder a sua força e coerência interna, pois o mito é localizado e se dilui na primeira mudança de cultura.

Fig.08 – A escola é essencial para dar corpo ao pensamento e para garantir a construção mental do legado dos antepassados torna o mundo mais humano e civilizado. A escolinha rural foi um degrau importante na passagem da era agrícola e rural para o meio industrial e urbano. A violência da Natureza cobrava pesados sacrifícios, trabalhos e uma vigilância contra perigos de toda espécie. A música e a arte eram o contraponto civilizado pra ultrapassar este obstáculos e manter a comunidade unida, vigilante e saudável.
  
O desafio de cada descendente e afins de Mathias e Margarida, é manter o seu patrimônio mais importante. Patrimônio imaterial que consiste em atravessar o mar das redes virtuais, continuar a vigorosa e sadia interação social e embarcar nas circunstâncias do trabalho e do ambiente do século XXI. Tudo isto é possível. Este patrimônio é leve, feliz e civilizado. Este patrimônio guarda as mentalidades e as práticas de uma família a quem a nação brasileira deve tanto. Família que não  exige o menor privilégio ou retribuição.

Fig.09– Não há caminhos, a não ser vestígios de passagem humana no meio a Natureza implacável e que ela apaga imediatamente. Na exuberante Natureza subtropical estes vestígios da passagem humana necessitam serem refeitos diariamente sem sossego, férias ou aposentadoria.


Os que desejam ter uma ideia deste legado de Mathias e Margarida Simon basta fazer uma visita virtual ao município de São José do Hortêncio. Com certeza ninguém encontrará vestígios diretos de Mathias e Margarida. É o que menos importa quando em 2016 irão se completar 150 anos do desaparecimento físico de Mathias. Os dois entregaram aos seus descentes o seu legado mais precioso que foi a sua família e a proveram de valores a serem transmitidos por tempo indeterminado e por intermédio das novas gerações. Valores que necessitam tomar forma em novas dimensões ambientais, sociais como as tecnológicas Ambos se confundiam com a sua comunidade. Não quiseram mitificar os seus nomes como também não queriam que todos os seus sacrifícios, renúncias e trabalhos voltassem para a Natureza implacável.  

Fig.10 – A ferrugem do tempo consume o mundo material e que para se conservar necessita de conhecimento, de vigilância e de trabalho diário. A recompensa está na nova geração que sabe  repassar, não só os genes naturais, mas toda a cultura, é capaz de criar, manter e reproduzir a singela e universal mensagem imaterial de Mathias, de Margarida e dos seus descendentes.

Os esforços e os trabalhos dos descendentes de Mathias e de Margarida e Afins são na direção de pertencer, de fato e de direito, ao projeto da civilização brasileira e mundial. Estes esforços e trabalhos são essenciais para compreender a Natureza da família e como o mito, o pensamento e a construção mental agem para garantir ao legado dos antepassados torna o mundo mais humano e civilizado.
Família Simon funda associação Correio do Povo. Porto Alegre: Companhia Caldas Junior 18 de outubro de 1977

Fig.11 –  A ASSOCIAÇÃO da FAMÍLIA SIMON e AFINS (AFSA) foi um passo social, cultural e material na direção acertada do pensamento de Mathias e Margarida que se renova e multiplica na memória e nos pensamentos dos seus descendentes e afins. Esta mesma AFSA se modela e se legitima nas demais associações do regime republicano brasileiro, somando-se ao PODER ORIGINÁRIO de uma civilização em rede.


CASA SIMON


CAPELA ROSÁRIO São José do Hortêncio




São José do Hortêncio


Entrevista com prefeito de São José do Hortêncio


FOTOS São José do Hortêncio

http://www.ferias.tur.br/fotos/8141/2/sao-jose-do-hortencio-rs.html



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