A FAMILIA SIMON
entre
a NATUREZA e o MITO.
Nesta postagem ressalta-se
o maior legado de Mathias Simon (*05.05.1788 +16.05.1866) na data do seu
natalício que completa 225 anos.
Carl
Justus Harmen Fedeler
(Alemanha 1799 - 1858) VELEIRO
TRI MASTRO OLBERS de 1839 pintura óleo
sobre tela ( propriedade particular da
família C. Wuppersahl, Bremen ) http://en.wikipedia.org/wiki/File:Olbers.jpg
http://www.artnet.com/artists/carl%20justus%20harmen-fedeler/past-auction-results
Fig.01 – Mathias
Simon e da sua família foram marcados, até o final das suas vidas, pelo batismo dos 100
dias nas águas do Atlântico a bordo do veleiro tri mastro Olbers. A passagem do
Velho Mundo para o Novo Mundo marcou o seu ingresso para a liberdade, as
oportunidades e para uma nova história.
Uma família constrói a sua identidade, a
mantém e a perpetua intencionalmente no âmbito de uma mitologia necessária e
coerente com a Natureza e assim a ultrapassa. Com o preço desta ultrapassagem constitui
uma parcela básica de uma civilização. Esta civilização nasce, alimenta-se e se
reproduz entre a Natureza e o mito. Uma família possui dimensões ambientais,
sociais e as técnicas necessárias para compreender no interior da sua Natureza. O mito é a luz orientadora e motivador da busca da sua origem, da sua
consolidação e da sua perpetuação no âmbito do pensamento.
Fig.02 – Em terra firme após o batismo dos 100 dias
nas águas do Atlântico. A exuberante e mutável Natureza mostrou não só a
sua luz brilhante e tépida, mas cobrou a sua implacável quota em mudanças em
consequência de estações opostas ao Velho Mundo, de vegetação semitropical e das
imensas distâncias para o modelo europeu. As suas técnicas agrícolas do
minifúndio, eram opostas ao latifúndio pastoril. A mudança exigia também a passagem de sua língua, da cultura e dos hábitos anglo-saxões para os
hábitos e costumes do mundo latino. Tudo isto eram alguns dos desafios externos
quando colocaram os pés na terra firme em São Leopoldo na antiga e falida
Fazenda Real do Linho Cânhamo.
A memória da mudança de
Mathias Simon passou a ser cultivada pelos seus descendentes como uma conquista
imaterial. Ao deixar a Europa, em 1828,
ele estava ciente de que na América encontraria outra Natureza nas suas
dimensões ambientais, sociais e tecnológicas. Esta mudança marcou a sua família
e foi crucial para os seus descentes que projetaram nas suas mentes esta epopeia
no universo de uma mitologia civilizatória.
Fonte
HUNSCHE, Carlos Henrique “Como viviam os
Simon em 1831” Jornal dos SIMON,
Porto Alegre: AFSA Nº 06 dezembro de 1980 p.07
Fig.03 – Os vizinhos de Mathias e da sua família
formaram uma núcleo rural e um lugar de pertencimento que lhes deu alento de
construir algo coletivo e com estímulos e ajuda mútua. A migração avulsa ao
Brasil está repleta de projetos frustrados e de arrependimentos que eram muitas
vezes fatais para a alma, para o corpo e para a família.
O pensamento voltado
para a sua família e seus descendentes foi a força propulsora central desta
epopeia de Mathias como Margarida WÜRTZ (*02.01.1795-+08.05.1881). A Natureza desta mudança foi tão forte que
eles procuraram manter o cultivo deste projeto. Cultivaram este núcleo como a
maior herança que trouxeram e cultivam no Novo Mundo. Sacrificaram tudo chegou
apesar de chegarem conhecer pessoalmente este desdobramento assombroso. Porém
no seu tempo e lugar não estavam sozinhos Com eles vieram amigos que tinham os
mesmos ideais, projetos e sentimentos que os moviam para o Novo Mundo. Uma vez
instalados na nova terra mantinham, alimentavam e reproduziam os mesmos ideais,
projetos e sentimentos. Devido à sua escolha deixaram no Velho Mundo os seus irmãos
e irmãs dos quais pouco sabemos além do nomes.
Estes não sentiram este impacto da mudança. A sua história familiar parecia natural
para eles e não gerou um pensamento separado. A sua história se diluiu sem
gerar mito hoje conhecido pelo seu ramo americano.
WEINGARTNER Pedro (1853-1929)
TEMPORA MUTANTUR 1898 óleo sobre tela 110.3 x 144 cm MARGS
Fig.04 – Após o batismo dos 100 dias nas águas do
Atlântico o sonho do passado, no Velho
Mundo, misturava-se com a dura realidade presente no Novo Mundo. Livres dos
ciclos implacáveis da Natureza nórdica, dos longos invernos e do limitado
número de espécies vegetais, encontraram,
em contrapartida, a variedade da flora e da fauna, a rápida sucessão de
extremos e o frágil solo exaurido rapidamente nas condições tropicais sem
descanso. Livres dos conflitos europeus, o decênio da Revolução Farroupilha com
ameaças internas e depois externas com a Guerra da Tríplice Aliança não deram
descanso, de paz e de segurança para a sua prole.
Para Mathias, Margarida
e a sua família não faltaram desafios, trabalhos e sacrifícios para cultivarem
o mito de sua origem especialmente ao enfrentarem uma Natureza desconhecia,
agressiva e entrópica. Porém, desafios vencidos, os trabalhos em dia e os
sacrifícios feitos, cimentaram a sua história a sua memória e as alinhavaram
gerações afora. Não deixaram fortuna material e nem ao menos documentos
materiais. Documentos e fortuna física que no máximo só poderiam gerar mal
entendidos e divisões no âmbito de sua família. O pensamento imaterial
permaneceu na medida em que a pesada e difícil travessia e instalação na nova
terra foram transformadas em feliz êxito. Pensamento imaterial fácil de
distribuir para todos os seus descendentes e afins e, assim, ser transportada
para novos lugares e tempo afora.
Contra esta facilidade
de MITIFICAR o PASSADO cabe o aviso do perigo de transformá-lo em temeridade. A
mesma facilidade leva este temerário a avançar em direção a um FUTURO de OURO
e dos IMPERURBAVEIS MIL ANOS LINEARES de
FELICIDADE. Porém este FUTURO MÍTICO teima em não acontecer. Cabe a lição de
Mathias e de Margarida que sonharam um futuro melhor e livre, porém agiram na
Natureza sem pessimismo e sem otimismo.
Fig.05 – O sólido fundamento e os umbrais de pedra
das portas da casa traduzem um projeto civilizatório transplantado ao Novo
Mundo pelos dos descendentes após os
riscos e o batismo dos 100 dias nas
águas do Atlântico do Norte e do Sul.
Apesar de sua origem
humilde Mathias e a sua família não carregavam a memória as cicatrizes da escravidão
e nem vinham praticá-la ou serem sujeitos a ela. Ao contrário, vinham ao Brasil
num projeto para gerar uma civilização livre desta chaga de heteronímia
pessoal, social e econômica da escravidão. Livres desta herança e deste projeto
escravocrata a dimensão maior da herança de Mathias e de Margarida contrastava,
socialmente, com a família senhorial brasileira onde o escravo não tinha
direito à sua própria família de origem. A herança de Mathias e de Margarida
representava os primórdios da monetarização e da riqueza individual contra o
acumulo, o escambo e o latifúndio. Tecnicamente a monocultura exportadora senhorial
era substituída pelo trabalho com as mãos dos proprietários da terra e regulada
pelo mercado interno abastecido pelos produtos da terra.
Fig.06 – O padrão infinitamente repetido - numa das
paredes do quarto da casa de Capela Rosário - rima com a passagem monótona dos
dias, com as obrigações sistemáticas e as rezas encadeadas de alguém que
enfrentava o quotidiano longe da agitação urbana e entregue aos seus sonhos e
pensamentos.
Evidente que a
civilização continuou a se modificar nas suas dimensões ambientais, sociais
como as tecnológicas. A urbanização, as mudanças sociais e os aparatos
tecnológicos estão a impor outras formas de pensar e agir. Todos estes vetores
apontam para outras realidades e formas de sentir e de interagir. Porém a essência
do legado maior de Mathias e de Margarida não sofreu alteração nos quase dois
séculos no Brasil. A essência do seu legado moral, social e do trabalho
permaneceu inalterado nas novas circunstâncias. Um dos índices maiores desta
herança imaterial é que não existem registros ou memória de alguns dos seus
descendentes ter algum desvio grave de conduta moral, social ou laboral.
Fig.07 –
O Professor Pedro Emanuel SIMON (1888-1966) no
meio de sua turma no dia 11 de junho de 1918 em Nova Palma no coração do Rio Grande do
Sul. Deve-se a ele o imenso trabalho logístico de reunir dados confiáveis e
dentro da metodologia do Acervo Benno Mentz da UFRGS das informações relativas
aos descendentes de 2ª e 3ª geração de Mathias e de Margarida Simon
Acervo Benno MENTZ UFRGS
Nem o mito e nem a
Natureza fornecem as respostas para compreender e agir nestas novas
circunstâncias. A Natureza age pela
natural dispersão em novos ambientes que exigem outras tantas mudanças.
A compreensão da família pelo mito tropeça ao perder a sua força e coerência
interna, pois o mito é localizado e se dilui na primeira mudança de cultura.
Fig.08 – A escola é essencial para dar corpo ao
pensamento e para garantir a construção mental do legado dos antepassados torna
o mundo mais humano e civilizado. A escolinha rural foi um degrau importante
na passagem da era agrícola e rural para o meio industrial e urbano. A
violência da Natureza cobrava pesados sacrifícios, trabalhos e uma vigilância
contra perigos de toda espécie. A música e a arte eram o contraponto civilizado
pra ultrapassar este obstáculos e manter a comunidade unida, vigilante e
saudável.
O desafio de cada
descendente e afins de Mathias e Margarida, é manter o seu patrimônio mais
importante. Patrimônio imaterial que consiste em atravessar o mar das redes
virtuais, continuar a vigorosa e sadia interação social e embarcar nas
circunstâncias do trabalho e do ambiente do século XXI. Tudo isto é possível.
Este patrimônio é leve, feliz e civilizado. Este patrimônio guarda as
mentalidades e as práticas de uma família a quem a nação brasileira deve tanto.
Família que não exige o menor privilégio
ou retribuição.
Fig.09– Não há caminhos, a não ser vestígios de
passagem humana no meio a Natureza implacável e que ela apaga imediatamente. Na
exuberante Natureza subtropical estes vestígios da passagem humana necessitam
serem refeitos diariamente sem sossego, férias ou aposentadoria.
Os que desejam ter uma
ideia deste legado de Mathias e Margarida Simon basta fazer uma visita virtual
ao município de São José do Hortêncio. Com certeza ninguém encontrará vestígios
diretos de Mathias e Margarida. É o que menos importa quando em 2016 irão se
completar 150 anos do desaparecimento físico de Mathias. Os dois entregaram aos
seus descentes o seu legado mais precioso que foi a sua família e a proveram de
valores a serem transmitidos por tempo indeterminado e por intermédio das novas
gerações. Valores que necessitam tomar forma em novas dimensões ambientais,
sociais como as tecnológicas Ambos se confundiam com a sua comunidade. Não
quiseram mitificar os seus nomes como também não queriam que todos os seus sacrifícios,
renúncias e trabalhos voltassem para a Natureza implacável.
Fig.10 – A ferrugem do tempo consume o mundo material
e que para se conservar necessita de conhecimento, de vigilância e de trabalho
diário. A recompensa está na nova geração que sabe repassar, não só os genes naturais, mas toda a
cultura, é capaz de criar, manter e reproduzir a singela e universal mensagem
imaterial de Mathias, de Margarida e dos seus descendentes.
Os esforços e os trabalhos
dos descendentes de Mathias e de Margarida e Afins são na direção de pertencer, de fato e de direito, ao
projeto da civilização brasileira e mundial. Estes esforços e trabalhos são
essenciais para compreender a Natureza da família e como o mito, o pensamento e
a construção mental agem para garantir ao legado dos antepassados torna o mundo
mais humano e civilizado.
Família Simon funda associação Correio do Povo. Porto Alegre:
Companhia Caldas Junior 18 de outubro de 1977
Fig.11 – A ASSOCIAÇÃO
da FAMÍLIA SIMON e AFINS (AFSA) foi um passo social, cultural e material na
direção acertada do pensamento de Mathias e Margarida que se renova e
multiplica na memória e nos pensamentos dos seus descendentes e afins. Esta
mesma AFSA se modela e se legitima
nas demais associações do regime republicano brasileiro, somando-se ao PODER
ORIGINÁRIO de uma civilização em rede.
CASA SIMON
CAPELA ROSÁRIO São José do Hortêncio
São José do Hortêncio
Entrevista
com prefeito de São José do Hortêncio
FOTOS São José do Hortêncio
http://www.ferias.tur.br/fotos/8141/2/sao-jose-do-hortencio-rs.html
VIERAM também no OBERS:
Família GOETEMS
Família ROCKENBACH
Família VOLTZ
Família WERLANG
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não
há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus
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Este
blog é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a sua
formação histórica. ...
e-mail ciriosimon@cpovo.net
1º blog :
2º blog
SUMÀRIO
3º blog
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens
do blog NÃO FOI no GRITO
4º
blog + site a partir de 24.01.2013
PODER
ORIGINÀRIO
Site
Vídeo:
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