OLHARES da GERMANIDADE
no BRASIL
“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
José SIMON professor rural de uma comunidade
germânica ao longo do Estado Novo.
É temerário colocar, num
espaço tão restrito, os múltiplos e variados “OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL” dispersos neste imenso território e ao longo
de um meio milênio de colonização européia. Pratica-se esta temeridade para
criar mais uma narrativa em relação a este vasto panorama das obras das artes
visuais produzidas a partir do “OLHAR
da GERMANIDADE ” . Narrativa que trata este olhar
disperso num Zeitgeist de uma linha do tempo brasileiro. Narrativa que tenta
expressar o Weltgeist do território nacional que projeta as suas identidades
próprias. Narrativa que busca oferecer um nível cultural de uma determinada
população – Volksgeist - em contraste complementar civilizado com as demais etnias
e culturas do Brasil.
Este panorama narrativo inicia
com a constatação de que Pintura e Arte em geral no Brasil Colonial (Zeitgeist)
tinham severas limitações. As mais contundentes eram as interdições e proibições
vindas dos rigorosos controles legalistas e da uma ortodoxia religiosa única e
soberana. A pintura à óleo era interditada e controlada como artigo de luxo.
Fig. 01 – Na obra de Frans Jonszonn POST (1612-1680) –
“Cachoeira de Paulo Afonso” transparece” o “OLHAR da GERMANIDADE no
BRASIL” num projeto do
mentor era Maurício de Nassau. As potencialidades da paisagem e da Natureza e
sem a presença humana, transposta para a Pintura e na técnica da pintura a óleo,
reforçam este olhar qualificado do que o olhar lusitano.
A exceção eram pinturas
sacras. Contudo elas eram destinadas apenas à alguma igreja especifica e com
motivos estritamente religiosos e bíblicos. As pinturas de retratos eram
destinadas eventualmente para as supremas autoridades como o rei, os vice-reis
e os bispos e interditadas para os súditos. Junte-se a isto a pobreza geral da
população, a instrução voltada apenas para a inculcação legalista via
pelourinho ou pelos rituais cerimoniais
litúrgicos em latim.
Fig. 02 – Na capa da obra “HISTORIA
NATURALIS BRASILIAE” também é possível surpreender o projeto do seu mentor Maurício de Nassau. A obra impressa, com os
temas das potencialidades humanas, da fauna, da flora e com a presença humana, responde e é
coerente com o “OLHAR
da GERMANIDADE”. Com a proibição da pesquisa natural, das universidades clássicas
européias, da imprensa e sem o “nihil
opstad” eclesiástico, seria impensável no Brasil colonial.
Diante destas
circunstâncias é possível entender o
infortúnio e a falta de continuação da pintura holandesa no Brasil. O
que é certo é que esta mentalidade não se reproduziu e nem se sublimou em outras atividades culturais e
artísticas. Simplesmente foi extirpada do território da Colônia Portuguesa.
Fracassos e desafios constituem, no entanto, a
matéria prima dos artistas de todos os tempos e lugares. No campo das forças
religiosas coloniais brasileiras despontam exemplares de arte sacra.
Fig. 03 – Detalhe da obra - Cristo
do FREI RICARDO do PILAR (1635-1700) -
Mosteiro São Bento RJ o Nascido
em
Colônia
teve formação germânica. Esta formação trouxe as técnicas pictóricas desta
cultura e desta época como tinta à óleo“ OLHAR
da GERMANIDADE no BRASIL ”. A pintura mede 288 x
186 cm foi cercada pela torêutica barroca. O contraste entre e o seu entorno
realça a ambas as estéticas.
Os engenheiros militares
do período colonial conheciam desenho. Contudo
no âmbito oficial não podiam pensar e sentir além daquilo que lhes eram
impostas pelo regime colonial além das suas normas de caserna. Vinham para
desenhar e construir fortes que pontilharam toda a costa brasileira e ao redor
dos quais se assentavam casebres. Fora deste âmbito religioso, oficial e
militar não havia o menor interesse em qualquer especulação estética que eles
pudessem cultivar.
n TOBINO 2005
p.032
Fig.
04 – Na obra atribuída ao Padre Antônio
SEPP (1655-1733) é possível surpreender“ OLHAR da GERMANIDADE em
território que formaria depois o BRASIL ” As
MISSÕES JESUÍTICAS do RS eram uma das expressões da PRPAGANDA da FÈ e aqui
destinada aos ameríndios. Contudo nesta obra é possível distinguir a
sensibilidade estética dos toreutas do Tirol e que, na época contemporânea, ainda persiste
na comunidade de Treze Tílias em Santa
Catarina
A vida breve de Dona
Leopoldina (Dona Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena
(1797-1826) e da presença (1817-1826) na corte brasileira deu oportunidade não
só para desenvolver projetos de imigração. Estes projetos de imigração formam culminâncias de uma série de missões
européias. Além da presença da Missão Artística Francesa, de 1816, houve
missões científicas das mais variadas culturas (Weltgeist) que palmilharam este
imenso e inexplorado território brasileiro. Estas missões levam desenhistas e
artistas que trabalhavam em condições muito piores daquelas mostradas pela
figura 05.
Fig. 05 – A imagem de Jean Baptiste DEBRET, trabalhando no Rio de Janeiro, permite
adivinhar as condições de um artista na busca de seu nome e autonomia no final
período colonial brasileiro. Nestas condições podia, no máximo, tomar notas escritas e apontamento visuais. Debret
levou est material no seu retorno para Paris em 1831. Na Cidade Luz fez
imprimir e divulgou as imagens litografadas com os temas colhidos no Brasil. Contudo,
apesar de todas esta precariedades, os poderosos projetos civilizatórios da Missão
Artística e sintonizaram com os projetos de soberania nacional forneceram um
espaço político e cultural embrionário para que
o “ OLHAR da GERMANIDADE no
BRASIL ” pudesse encontrar uma realização mais consequente e no própria
território nacional. No entanto eram embrionários, com pouca densidade. Assim,
até o final do Império Brasileiro, e mesmo no início da Republica, um Pedro
Américo, Vitor Meireles ou Luis Augusto de Freitas eram obrigados a procurar
Florença, Roma ou Paris para realizar obras de maior envergadura estética e
física.
A presença de Johan
MORITZ RUGENDAS 1802-1858 em território brasileiro é de fato o resultado de um
projeto de visitas a todo continente do Novo Mundo e as recentes soberanias
nacionais.
Fig. 06 – Thomas ENDER (1793-1875) - “Arredores
do Rio de Janeiro”1817 óleo sobre tela 104 x 188 cm - detalhe - Museu de
Viena. Este pintor austríaco chegou ao
Rio de Janeiro no dia 14.07.1817 na comitiva de Dona Leopoldina. Com apenas 24
anos de idade produziu mais de 800 obras. Quase três obras por dia de
permanência no Brasil.. Retornou em 01 07.1818 levando, para Viena, esta coleção
que foi redescoberta na década de 1950. . O estrangeiro com
um “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”.
O que necessita afirmar é que
os projetos destes artistas e cientistas europeus, no território nacional, não
tiveram a recepção, nem imediata e mesmo ao longo de suas existências. Os resultados
materiais destas missões foram redescobertas e valorizadas ao longo de século
XX com a instalação da Universidade para todo o território brasileiro a partir
de 1931.
in TOBINO 2007 p. 048b o
Fig. 07 – Johan MORITZ RUGENDAS 1802-1858 - “VENDA no RECIFE” - Sobre a presença deste
artista a acusação de “espião” das potências européias até os dias atuais. O “ OLHAR
da GERMANIDADE no BRASIL ” foi visto com muita desconfiança em todos os
tempos. Certamente não ficava bem para as elites locais que o seu povo fosse
visto nestas cenas de um comércio primário e na maioria das vezes baseado sobre
o escambo e longe de qualquer monetarização. Isto com mendigos, porcos e
cachorros disputando espaço.
Poucos artistas
conseguiram viver de seu trabalho apesar de muito festejados ao longo do
Império brasileiro. No entanto este festejo dos nomes e das raras obras
autônomas de encomendas específicas, foi oportunidade do artista para passar do
anonimato e da servidão do colonial para alguém com nome e assinatura
individual. Se não houve grandes repercussões econômicas e profissionais,
serviu para estabelecer os primórdios de um estatuto e de contratos que ainda
no século XXI não estão muito evidentes,
tanto para o artista como para os seus observadores.
Fig. 08 – Esta cena da Rua do Ouvidor do Rio de Janeiro, captada numa aquarela de Eduard HILDEBRANDT (1818—1869) é índice do “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” Com
certeza esta cena de rua não recomendava
nem a arquitetura civil, muito menos o urbanismo além da higiene de uma
capital de um reino que abrangera a Europa, África, Ásia e grande parte do Novo
Mundo.
Em 1855, um sul-rio-grandense - e discípulo da
Missão Artística Francesa - estava no comando maior da Imperial Academiai de
Belas Artes (AIBA) do Rio
de Janeiro. Num dos encontros públicos com os seus pares da casa Manuel Araújo
Porto-alegre perguntava-lhes numa série
de trinta questionamentos ou teses:
2.° - Donde procede o mau
gosto, e mesmo a indiferença que temos tido até hoje para com a arquitetura,
quais as razões porque os exemplares de Mr. Grandjean não frutificaram, e o que convém fazer
em favor desta arte para ter um maior e seguro desenvolvimento? [...]
4.° - Convirá mais auxiliar
a litografia já plantada entre nós e com uma vida independente ou pedir ao
Governo Imperial uma escola de Gravura a talho doce? A litografia no seu estado
atual só peca pelo desenho e a gravura está ainda na infância, mormente a
gravura histórica?[...]
30.° - A descoberta da fotografia foi útil ou perniciosa à
pintura? E se ela chegar a imprimir as cores da natureza com a fidelidade com
que imprime as formas monocromaticamente, o que será da pintura, e mormente dos
retratistas e paisagistas?
Certamente o futuro Barão de Santo Ângelo não tinha a resposta a
nenhum destes questionamentos. Contudo, muito antes de Max Weber ele percebia
que “única coisa que uma universidade
pode ensinar é o cultivo continuado do hábito da integridade intelectual”.
Esta integridade também valia para o campo estético. Certamente pagou muito caro por
esta audácia de 1855.
Fig. 09 – Na obra HILDEBRANDT Eduard
1818--1869 "Biblioteca" 1856 o “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” um
índice das preocupações cientificas e a busca de sua ajuda para entender o
mundo empírico
O legalismo, na medida
em que avançava, abria espaço para pessoas ocupar CARGOS e sem a menor noção da
FUNÇÔES CIVILIZATÓRIAS INSTITUCIONAIS. Perdia sentido e espaço “o cultivo continuado do
hábito da integridade intelectual”. O próprio Manuel Araújo foi vítima deste legalismo
quando foi atropelado por uma nomeação política para um cargo na AIBA de alguém
apadrinhado. Dignamente renunciou ao seu cargo.
Fig. 10 – Eduard HILDEBRANDT 1818--1869 - “Convento de Lisboa” - O contraste
entre a magnificência do palácio religioso e o caos e pobreza urbana dos seus
arredores é idêntico com que este
“ OLHAR da GERMANIDADE” encontrou também no
Brasil e entre conventos, igrejas e as ruelas mal traçadas e os tugúrios nos
quais se abrigavam os súditos e os escravos.
Os críticos de arte
possuem certa unanimidade que renovação deste ambiente veio do lado de fora da
instituição e por um olhar germânico sobre a realidade visual tropical do Brasil.
O pintor Johann Georg Grimm (1846-1887) viveu na mesma época de Van Gogh
(1853-1890). Porém em clima cultural, econômico e institucional completamente
distinto do pintor holandês. No Brasil não só tirou a Pintura dos escuros e
úmidos ateliers urbanos, mas viveu com intensidade e coerência cada pincelada.
Esta sua corajosa atitude, de um quase profeta “nabis” tropical, abriu os olhares e a compreensão de jovens que
buscavam o exercício do hábito da integridade estética no universo da Arte e da
Pintura em particular.
Fig.
11 – Johann Georg GRIMM (1846-1887) foi
professor na AIBA entre 1882 e 1884. Porém a sua corajosa atitude, de um “nabi” tropical procurou coerência entre a
Vida, a Arte e a Pintura. Preferiu os olhares
e a compreensão dos jovens artistas e nesta perspectiva exercer o hábito da integridade estética, . Assim
na condição de estrangeiro pode exercer o “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” escolhendo
e pagando caro e administrando estas perdas por meio de obras que fugiam da
heteronímia estética do lugar e do seu tempo de final de Império Brasileiro
Johann Georg Grimm, ao
percorrer, não só o litoral e longe dos centros do poder urbanos, abriu o
caminho estético não só para os seus discípulos diretos, como Antônio Parreiras
(1860-1937), mas também uma genealogia estética como Aberto Veiga Guignard
(1896-1962) e depois para Roberto Burle Marx (1909-1994)
in TOBINO -2007- p
099ao
Fig.
12 – Na obra de Johann Georg GRIMM 1846-1887- "Vista de Sabará" - MG “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” precedeu
Alberto Veiga
Guignard no estudo da luz, das cores e das montanhas das Alterosas salpicadas
de pequenas cidades do ciclo de ouro
A sua curta vida, os
obstáculos econômicos e culturais de toda ordem limitou a sua produção, onde a
obra de arte é primordial. O pintor Pedro Weingärtner (1853-1929) tentou seguir
os passos e lições entre 1882-1884 de Grimm na AIBA, ao encalço de suas obras e
estética. Mas também, e novamente, os cargos dos seus colegas, agora
republicanos, falaram mais alto do que as funções, os hábitos de integridade
intelectual e a renovação continuada da estética. O pintor sul-rio-grandense
seguiu o exemplo de Johann Georg Grimm,
sem fazer disto uma ideologia ou um cavalo de batalha. Também deixou o seu
cargo e suas funções a favor daqueles que julgavam-se os novos donos
institucionais e que eliminaram o cargo e as funções de Vitor Meireles e o
abandonando, na velhice, na mais profunda miséria.
Fig. 13- Johann Georg GRIMM (1846-1887) - Cascatinha em Teresópolis 1885 - óleo 62 x 47 cm obra o “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” realizada
Retoma o olhara de Frans Post sobre a paisagem brasileira. Ao mesmo tempo
mostravam a diversidade e o vigor da flora brasileira, que Burle Marx irá
mostrar a todas as culturas.
.
.
As correntes
estéticas das vanguardas européias atraíram e cegaram muitos jovens candidatos
à artista. Perderam a coerência com a realidade social, política e cultural
brasileira, no seu deslumbramento com uma cultura conceitual e estético alheia.
Não percebiam, neste seu deslumbramento, a não ser a propaganda, o marketing e
as fortunas econômicas repentinas. Prolongavam, assim também nas artes, a heteronímia colonial dos seus antepassados.
O jovem Helios SEELINGER (1878-1965) conheceu pessoalmente os rituais deste deslumbramento
das vanguardas europeu. De retorno ao Brasil dedicou-se a fortalecer, por
dentro e por fora, a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como instituição. Foi uma das vozes constantes para transformar
a ENBA em Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) projeto que começo tomar corpo e
forma em 1937. De outra parte era uma voz constante na defesa do cultivo do
hábito da integridade intelectual
Foto - MNBA
Fig. 14 – - Helios SEELINGER 1878-1965 - foto – MNBA. Este “ OLHAR
da GERMANIDADE no BRASIL ” realiza a obra
pictórica original e ao mesmo irá se tornar uma das forças empenhadas na
criação do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). As suas visitas, projetos e
obras de pintura para o Rio Grande do Sula foram um ponto de encontro de
artistas de Porto Alegre. Destaca-se na proposta e criação do Salão de Outono
de 1925 na Intendência local.
Ao se aproximar o
colapso da Primeira Republica e a Revolução de 1930 tomar as armas para
derrubar a antiga oligarquia de Velha República, as Artes alentaram o sopro da renovação e o
hábito da integridade intelectual.
Neste clima não faltou
na pessoa de Helios Seelinger. Na sua
obra “O Rio Grande de Pé pelo Brasil”
de 1925 ele antecipa o próprio lema de Revolução de 1930.
Fig. 15 – Helios SEELINGER (1878-1965) “Rio
Grande de Pé pelo Brasil” 1925 - Museu de Piratini RS. Esta obra realizada para o Palácio do Governo (Piratini) e depois
destinada ao Museu da cidade de Piratini-RS.- O título desta pintura será o lema da Revolução de 1930. O “OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” concretiza-se
na escolha e representação visual dos
tipos humanos desta composição.
O escultor e arquiteto
prático Fernando Corona era um dos
interlocutores de Helios Seelinger tanto no Rio de Janeiro como em Porto
Alegre.
Fig. 16 - Helios SEELINGER em visita ao Porto
Alegre em 1925 com Mário TOTTA (1874-1947) Francis PELICHEK (1896-1937) - Sotero
COSME (1905-1978) - Helios (da esquerda para direita da foto)
Em visitas dominicais ao
artista este espanhol soube captar alguns dos traços da vida e da mentalidade
de Helios. No seu Diário inédito (Vol. I ano de 1934), Corona registrou
(pp.334-336).
“Minha vida na
Capital Federal limitava-se a frequentar a Associação Brasileira de Belas Artes
e anda sempre com o querido amigo Hélios Seelinger. Aos domingos iria até
Grajaú, rua da Mata a almoçar com êle. Helios gostava de comer bem e convidar
os amigos para isso. Os mais íntimos lá estivemos reunidos o dia que o Helios
nos disse que íamos comer pato à francesa
Acervo da Pinacoteca Barão de
Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 17 Helios
SEELINGER (1878-1965) "Costas do Brasil" 1947 - óleo 70 x 67
cm. Nesta obra saltam as memórias de um Hans Staden e que conduzem o “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” nesta
pinceladas para um universo primordial da brasilidade. .
O
pintor Paula Fonseca era nosso amigo e visinho de cerca do Helios. Para
emocionar o almoço o Helio fez um discurso com muito espírito. – “Senhores
convidados: Não sabeis que o pato gostoso que acabais de comer não foi comprado
em mercado nenhum. Também não é hospede do meu quintal que só tem galinhas e um
galo danado que não as dá descanso. Meus amigos Paula Fonseca, Argentino Brasil
Rossani, Pedro Bruno, Bertazón, Joaquin da Rocha Ferreira, Henrique Cavalheiro
e Fernando Corona: O peso que tenho na minha consciência não pode ficar me
roendo. Desejo confessar que o pato que todos nós acabamos de saborear
pertencia a criação do nosso amigo Paula Fonseca, e ontem a noite ele veio ter
às minhas ruais a um pequeno chamado meu, - Não o roubei não, não penseis que
sou daqueles que buscam os galináceas nas áreas dos visinhos. Este pato era
inteligente e veio a mim com meu pequeno acervo””.
A Arte na medida em que
é competente e coerente na captação dos traços da vida e da mentalidade artista
Fig. 18 – O artista Henrich August TECHMEIER (1895-1971) ainda não foi objeto de grandes estudos, nem na sua origem e muito menos no Brasil
e do um período que esteve no Rio Grande do Sul . No entanto a sua oportunidade de exercer o seu “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” aconteceu em Brasília, a nova capital a partir de 1960.
Alí realizou a sua obra mais conhecida qu é o retrato do Marechal Cândido
Rondon e que estabeleceu o padrão iconográfico desse militar, indigenista e
positivista.brasileiro.
Com o regime republicano
as artes visuais no Brasil saíram da sombra do trono e depois da Revolução de
1930 ganharam o reforço da Universidade. O Brasil foi um dos pioneiros em
colocar a integridade estética no âmbito onde antes dominava apenas a
integridade intelectual e as suas aplicações tecnológicas. A maioria das
Academias superiores e Instituto de Artes, anteriores a 1931, migraram para a
esta Universidade Brasileira destinada para todo o território nacional. As
novas instituições superiores de Artes que se criavam já nasceram neste âmbito
universitário
Acervo da Arquidiocese de Porto
Alegre
Fig. 19 – Na obra Dom Alfredo Vicente Scherer(1903-1996)
de Henrich August TECHMEIER (1895-1971) exerce
um duplo “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” tanto
no modelo como nas técnicas e recursos plásticos desta pintura.
Com o final da II Guerra
Mundial e com a linha dos limites entre as potências da Guerra Fria passando
sobre o território da Alemanha dividida a germanidade no Brasil ficou
neutralizada e sem definições precisas. Com Queda do Muro de Berlim, a entrada
da Alemanha no Bloco Europeu e com um papa alemão estas relações ganharam outro
estatuto. Com investimentos, com
fábricas instaladas no território brasileiro e com o Euro como moeda forte, as
antigas colônias germânicas no Brasil permaneceram distantes de qualquer
contato ou interação direta via institucional e muito menos oficial.
Assim no imenso
território e ao longo de um meio milênio de colonização européia, a presente
postagem certamente consegue indicar apenas alguns nomes dispersos do “OLHAR da GERMANIDADE
no BRASIL” . Esta busca de amplidão encontrou
outros os espaços culturais e artísticos externos à grande imigração que se
fixou em São Leopoldo no século XIX.
Mas no seu conjunto é
possível afirmar e comprovar que estes “OLHARES
da GERMANIDADE no BRASIL” . foram afirmações contra a pobreza
geral da população (Volksgeist), uma alternativa a mais para fugir da
inculcação legalista via pelourinho ou pelos rituais dos cerimoniais litúrgicos
em latim.
As obras das artes
visuais produzidas a partir do “OLHAR
da GERMANIDADE ” pontilham toda a linha do tempo (Zeitgeist),
mapeiam todo o território nacional (Weltgeist) e criam identidades em todos os
níveis culturais da população (Volksgeist) do Brasil.
FONTES da PRESENTE
POSTAGEM
PARA
os CONCEITOS de Zeitgeist, Weltgeist, e Volksgeist
na Arte, veja
Frei
RICARDO do PILAR - (Colônia 1635 –
Brasil 1700).
Antônio
SEPP Von RECHEGG S.J. 1655-1733
TREZE TILIAS
CARTAS
de DONA LEOPOLDINA
Thomas ENDER
RUGENDAS Johan Moritz 1802-1858
MANUEL
ARAUJO PORTO-ALEGRE - 30 teses de
EDUARD HILDEBRANDT 1818-1869
JOHAN GEORG GRIMM 1846-1887
George Grimm foi talvez o pintor de maior
sucesso entre os pintores alemães e a sua influência na pintura brasileira é
considerável. Era uma grande personalidade artística que tinha um grande
círculo de alunos talentosos. O artista bávaro iniciou o estudo
rebelando-se contra as convenções e tradições antigas e transferiu as suas
aulas da sala para o ar
livre. Nas florestas e montanhas dos arredores do Rio ensinou seus alunos
a contemplarem as nastureza para bem saberem representar ( Karl
Oberacker, Revista Intercâmbio, Apud PEIXOTO; 1989, p.180
- 181 ).
http://www.dezenovevinte.net/artistas/mprocopio.htm
BLUMENAU e a HERANÇA GERMÂNICA
em SANTA CATARINA
Benno Treidler (1857- Alemanha, 1931- Brasil)
Hélios
SEELINGER
CORONA
Fernando
(1895-1979) CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro
de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci
em outro onde encontrei amo Tomo I
604 f. Folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. – Original de posse da
Família Coroa
-------CAMINHADA de FERNANDO CORONA. Tomo II 1945/49-1953. um homem como
qualquer: renascer em um lugar e renascer em outro Tomo II
220 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Original de posse da
Família Coroa
TOBINO, Nina A
germanidade no Brasil Porto
Alegre: Sociedade Germânia, 2007, 208, il
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