sábado, 28 de abril de 2012

ARTE - brasilidade e germanidade - 006



OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL
“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
José SIMON professor rural de uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo.

É temerário colocar, num espaço tão restrito, os múltiplos e variados OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL”  dispersos neste imenso território e ao longo de um meio milênio de colonização européia. Pratica-se esta temeridade para criar mais uma narrativa em relação a este vasto panorama das obras das artes visuais produzidas a partir do OLHAR da GERMANIDADE ” . Narrativa que trata este olhar disperso num Zeitgeist de uma linha do tempo brasileiro. Narrativa que tenta expressar o Weltgeist do território nacional que projeta as suas identidades próprias. Narrativa que busca oferecer um nível cultural de uma determinada população – Volksgeist - em contraste complementar civilizado com as demais etnias e culturas do Brasil.
Este panorama narrativo inicia com a constatação de que Pintura e Arte em geral no Brasil Colonial (Zeitgeist) tinham severas limitações. As mais contundentes eram as interdições e proibições vindas dos rigorosos controles legalistas e da uma ortodoxia religiosa única e soberana. A pintura à óleo era interditada e controlada como artigo de luxo. 

Fig. 01 –  Na obra de Frans Jonszonn POST (1612-1680) – “Cachoeira de Paulo Afonso” transparece” o “OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” num projeto  do mentor era Maurício de Nassau. As potencialidades da paisagem e da Natureza e sem a presença humana, transposta para a Pintura e na técnica da pintura a óleo, reforçam este olhar qualificado do que o olhar lusitano.

A exceção eram pinturas sacras. Contudo elas eram destinadas apenas à alguma igreja especifica e com motivos estritamente religiosos e bíblicos. As pinturas de retratos eram destinadas eventualmente para as supremas autoridades como o rei, os vice-reis e os bispos e interditadas para os súditos. Junte-se a isto a pobreza geral da população, a instrução voltada apenas para a inculcação legalista via pelourinho ou pelos rituais  cerimoniais litúrgicos em latim.

Fig. 02 –  Na capa da obra “HISTORIA NATURALIS BRASILIAE” também é possível surpreender o projeto  do seu mentor  Maurício de Nassau. A obra impressa, com os temas das potencialidades humanas, da fauna, da flora  e com a presença humana, responde e é coerente com o  “OLHAR da GERMANIDADE”. Com a proibição da pesquisa natural, das universidades clássicas européias, da imprensa e sem o “nihil opstad” eclesiástico, seria impensável no Brasil colonial.

Diante destas circunstâncias é possível entender o  infortúnio e a falta de continuação da pintura holandesa no Brasil. O que é certo é que esta mentalidade não se reproduziu e nem  se sublimou em outras atividades culturais e artísticas. Simplesmente foi extirpada do território da Colônia Portuguesa.
 Fracassos e desafios constituem, no entanto, a matéria prima dos artistas de todos os tempos e lugares. No campo das forças religiosas coloniais brasileiras despontam exemplares de arte sacra.

Fig. 03 –  Detalhe da obra - Cristo do  FREI RICARDO do PILAR (1635-1700) - Mosteiro São Bento RJ o  Nascido em Colônia teve formação germânica. Esta formação trouxe as técnicas pictóricas desta cultura e desta época como  tinta à óleoOLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”. A pintura mede 288 x 186 cm foi cercada pela torêutica barroca. O contraste entre e o seu entorno realça a ambas as estéticas.

Os engenheiros militares do período colonial conheciam desenho.  Contudo no âmbito oficial não podiam pensar e sentir além daquilo que lhes eram impostas pelo regime colonial além das suas normas de caserna. Vinham para desenhar e construir fortes que pontilharam toda a costa brasileira e ao redor dos quais se assentavam casebres. Fora deste âmbito religioso, oficial e militar não havia o menor interesse em qualquer especulação estética que eles pudessem cultivar.

n TOBINO 2005 p.032
Fig. 04 –  Na obra atribuída ao Padre Antônio SEPP  (1655-1733)  é possível surpreender“ OLHAR da GERMANIDADE em território que formaria depois o BRASIL ”   As MISSÕES JESUÍTICAS do RS eram uma das expressões da PRPAGANDA da FÈ e aqui destinada aos ameríndios. Contudo nesta obra é possível distinguir a sensibilidade estética dos toreutas do  Tirol e que, na época contemporânea, ainda persiste na comunidade de  Treze Tílias em Santa Catarina

A vida breve de Dona Leopoldina (Dona Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena (1797-1826) e da presença (1817-1826) na corte brasileira deu oportunidade não só para desenvolver projetos de imigração. Estes projetos de imigração formam  culminâncias de uma série de missões européias. Além da presença da Missão Artística Francesa, de 1816, houve missões científicas das mais variadas culturas (Weltgeist) que palmilharam este imenso e inexplorado território brasileiro. Estas missões levam desenhistas e artistas que trabalhavam em condições muito piores daquelas mostradas pela figura 05.

Fig. 05 –  A imagem de Jean Baptiste  DEBRET, trabalhando no Rio de Janeiro, permite adivinhar as condições de um artista na busca de seu nome e autonomia no final período colonial brasileiro. Nestas condições podia, no máximo,  tomar notas escritas e apontamento visuais. Debret levou est material no seu retorno para Paris em 1831. Na Cidade Luz fez imprimir e divulgou as imagens litografadas com os temas colhidos no Brasil. Contudo, apesar de todas esta precariedades,  os  poderosos projetos civilizatórios da Missão Artística e sintonizaram com os projetos de soberania nacional forneceram um espaço político e cultural embrionário para que  o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” pudesse encontrar uma realização mais consequente e no própria território nacional. No entanto eram embrionários, com pouca densidade. Assim, até o final do Império Brasileiro, e mesmo no início da Republica, um Pedro Américo, Vitor Meireles ou Luis Augusto de Freitas eram obrigados a procurar Florença, Roma ou Paris para realizar obras de maior envergadura estética e física.

A presença de Johan MORITZ RUGENDAS 1802-1858 em território brasileiro é de fato o resultado de um projeto de visitas a todo continente do Novo Mundo e as recentes soberanias nacionais. 

Fig. 06 –  Thomas ENDER (1793-1875) -   “Arredores do Rio de Janeiro”1817 óleo sobre tela 104 x 188 cm - detalhe - Museu de Viena.  Este pintor austríaco chegou ao Rio de Janeiro no dia 14.07.1817 na comitiva de Dona Leopoldina. Com apenas 24 anos de idade produziu mais de 800 obras. Quase três obras por dia de permanência no Brasil.. Retornou em 01 07.1818 levando, para Viena, esta coleção que foi redescoberta na década de 1950. . O estrangeiro com um “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”.

O que necessita afirmar é que os projetos destes artistas e cientistas europeus, no território nacional, não tiveram a recepção, nem imediata e mesmo ao longo de suas existências. Os resultados materiais destas missões foram redescobertas e valorizadas ao longo de século XX com a instalação da Universidade para todo o território brasileiro a partir de 1931.

in  TOBINO 2007 p. 048b o 
Fig. 07 –  Johan MORITZ RUGENDAS 1802-1858 -   “VENDA no RECIFE”  - Sobre a presença deste artista a acusação de “espião” das potências européias até os dias atuais. O “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”  foi visto com muita desconfiança em todos os tempos. Certamente não ficava bem para as elites locais que o seu povo fosse visto nestas cenas de um comércio primário e na maioria das vezes baseado sobre o escambo e longe de qualquer monetarização. Isto com mendigos, porcos e cachorros disputando espaço.

Poucos artistas conseguiram viver de seu trabalho apesar de muito festejados ao longo do Império brasileiro. No entanto este festejo dos nomes e das raras obras autônomas de encomendas específicas, foi oportunidade do artista para passar do anonimato e da servidão do colonial para alguém com nome e assinatura individual. Se não houve grandes repercussões econômicas e profissionais, serviu para estabelecer os primórdios de um estatuto e de contratos que ainda no século XXI  não estão muito evidentes, tanto para o artista como para os seus observadores.

Fig. 08 –  Esta cena da Rua do Ouvidor do  Rio de Janeiro, captada numa aquarela de  Eduard HILDEBRANDT (1818—1869)  é índice do  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” Com certeza esta cena de rua não recomendava  nem a arquitetura civil, muito menos o urbanismo além da higiene de uma capital de um reino que abrangera a Europa, África, Ásia e grande parte do Novo Mundo.

 Em 1855, um sul-rio-grandense - e discípulo da Missão Artística Francesa - estava no comando maior da Imperial Academiai de Belas Artes (AIBA) do Rio de Janeiro. Num dos encontros públicos com os seus pares da casa Manuel Araújo Porto-alegre perguntava-lhes  numa série de trinta questionamentos ou teses:
2.° - Donde procede o mau gosto, e mesmo a indiferença que temos tido até hoje para com a arquitetura, quais as razões porque os exemplares de Mr. Grandjean não frutificaram, e o que convém fazer em favor desta arte para ter um maior e seguro desenvolvimento? [...]
4.° - Convirá mais auxiliar a litografia já plantada entre nós e com uma vida independente ou pedir ao Governo Imperial uma escola de Gravura a talho doce? A litografia no seu estado atual só peca pelo desenho e a gravura está ainda na infância, mormente a gravura histórica?[...]
30.° - A descoberta da fotografia foi útil ou perniciosa à pintura? E se ela chegar a imprimir as cores da natureza com a fidelidade com que imprime as formas monocromaticamente, o que será da pintura, e mormente dos retratistas e paisagistas?
Certamente o futuro Barão de Santo Ângelo não tinha a resposta a nenhum destes questionamentos. Contudo, muito antes de Max Weber ele percebia que “única coisa que uma universidade pode ensinar é o cultivo continuado do hábito da integridade intelectual”. Esta integridade também valia para o campo estético. Certamente pagou muito caro por esta audácia de 1855.

Fig. 09 –  Na obra  HILDEBRANDT Eduard 1818--1869  "Biblioteca" 1856 o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” um índice das preocupações cientificas e a busca de sua ajuda para entender o mundo empírico

O legalismo, na medida em que avançava, abria espaço para pessoas ocupar CARGOS e sem a menor noção da FUNÇÔES CIVILIZATÓRIAS INSTITUCIONAIS. Perdia sentido e espaço o cultivo continuado do hábito da integridade intelectual”. O próprio Manuel Araújo foi vítima deste legalismo quando foi atropelado por uma nomeação política para um cargo na AIBA de alguém apadrinhado. Dignamente renunciou ao seu cargo.

Fig. 10 –  Eduard HILDEBRANDT 1818--1869  - “Convento de Lisboa” - O contraste entre a magnificência do palácio religioso e o caos e pobreza urbana dos seus arredores é idêntico com que este  “ OLHAR da GERMANIDADE” encontrou também no Brasil e entre conventos, igrejas e as ruelas mal traçadas e os tugúrios nos quais se abrigavam os súditos e os escravos.

Os críticos de arte possuem certa unanimidade que renovação deste ambiente veio do lado de fora da instituição e por um olhar germânico sobre a realidade visual tropical do Brasil. O pintor Johann Georg Grimm (1846-1887) viveu na mesma época de Van Gogh (1853-1890). Porém em clima cultural, econômico e institucional completamente distinto do pintor holandês. No Brasil não só tirou a Pintura dos escuros e úmidos ateliers urbanos, mas viveu com intensidade e coerência cada pincelada. Esta sua corajosa atitude, de um quase profeta “nabis” tropical,  abriu os olhares e a compreensão de jovens que buscavam o exercício do hábito da integridade estética no universo da Arte e da Pintura em particular.

Fig. 11 –  Johann Georg GRIMM (1846-1887) foi professor na AIBA entre 1882 e 1884. Porém a  sua corajosa atitude, de um  “nabi” tropical procurou coerência entre a Vida, a Arte e a Pintura.  Preferiu  os olhares e a compreensão dos jovens artistas e nesta perspectiva exercer  o hábito da integridade estética,  .  Assim na condição de estrangeiro pode exercer  o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” escolhendo e pagando caro e administrando estas perdas por meio de obras que fugiam da heteronímia estética do lugar e do seu tempo de final de Império Brasileiro
  
Johann Georg Grimm, ao percorrer, não só o litoral e longe dos centros do poder urbanos, abriu o caminho estético não só para os seus discípulos diretos, como Antônio Parreiras (1860-1937), mas também uma genealogia estética como Aberto Veiga Guignard (1896-1962) e depois para Roberto Burle Marx (1909-1994)

in TOBINO -2007- p 099ao 
Fig. 12 –  Na obra de Johann  Georg GRIMM 1846-1887- "Vista de Sabará" - MG  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” precedeu  Alberto Veiga Guignard no estudo da luz, das cores e das montanhas das Alterosas salpicadas de pequenas cidades do ciclo de ouro

A sua curta vida, os obstáculos econômicos e culturais de toda ordem limitou a sua produção, onde a obra de arte é primordial. O pintor Pedro Weingärtner (1853-1929) tentou seguir os passos e lições entre 1882-1884 de Grimm na AIBA, ao encalço de suas obras e estética. Mas também, e novamente, os cargos dos seus colegas, agora republicanos, falaram mais alto do que as funções, os hábitos de integridade intelectual e a renovação continuada da estética. O pintor sul-rio-grandense seguiu o exemplo  de Johann Georg Grimm, sem fazer disto uma ideologia ou um cavalo de batalha. Também deixou o seu cargo e suas funções a favor daqueles que julgavam-se os novos donos institucionais e que eliminaram o cargo e as funções de Vitor Meireles e o abandonando, na velhice, na mais profunda miséria.


Fig. 13- Johann Georg GRIMM  (1846-1887) - Cascatinha em Teresópolis 1885 - óleo 62 x 47 cm obra o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” realizada Retoma o olhara de Frans Post sobre a paisagem brasileira. Ao mesmo tempo mostravam a diversidade e o vigor da flora brasileira, que Burle Marx irá mostrar a todas as culturas.
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As correntes estéticas das vanguardas européias atraíram e cegaram muitos jovens candidatos à artista. Perderam a coerência com a realidade social, política e cultural brasileira, no seu deslumbramento com uma cultura conceitual e estético alheia. Não percebiam, neste seu deslumbramento, a não ser a propaganda, o marketing e as fortunas econômicas repentinas. Prolongavam, assim também nas artes,  a heteronímia colonial dos seus antepassados. O jovem Helios SEELINGER (1878-1965) conheceu pessoalmente os rituais deste deslumbramento das vanguardas europeu. De retorno ao Brasil dedicou-se a fortalecer, por dentro e por fora, a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como instituição.  Foi uma das vozes constantes para transformar a ENBA em Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) projeto que começo tomar corpo e forma em 1937. De outra parte era uma voz constante na defesa do cultivo do hábito da integridade intelectual

 
Foto - MNBA 
Fig. 14 – - Helios SEELINGER 1878-1965 - foto – MNBA. Este “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” realiza a obra pictórica original e ao mesmo irá se tornar uma das forças empenhadas na criação do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). As suas visitas, projetos e obras de pintura para o Rio Grande do Sula foram um ponto de encontro de artistas de Porto Alegre. Destaca-se na proposta e criação do Salão de Outono de 1925 na Intendência local. 

Ao se aproximar o colapso da Primeira Republica e a Revolução de 1930 tomar as armas para derrubar a antiga oligarquia de Velha República,  as Artes alentaram o sopro da renovação e o hábito da integridade intelectual.
Neste clima não faltou na pessoa de  Helios Seelinger. Na sua obra “O Rio Grande de Pé pelo Brasil” de 1925 ele antecipa o próprio lema de Revolução de 1930.

Fig. 15 –  Helios SEELINGER (1878-1965) “Rio Grande de Pé pelo Brasil” 1925 - Museu de Piratini RS. Esta obra realizada para o Palácio do Governo (Piratini) e depois destinada ao Museu da cidade de Piratini-RS.- O título desta pintura será o lema da Revolução de 1930.  O  “OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” concretiza-se na escolha e representação visual  dos tipos humanos desta composição.

O escultor e arquiteto prático Fernando Corona era um dos  interlocutores de Helios Seelinger tanto no Rio de Janeiro como em Porto Alegre. 

Fig. 16  - Helios SEELINGER em visita ao Porto Alegre em 1925 com Mário TOTTA (1874-1947) Francis PELICHEK (1896-1937) - Sotero COSME (1905-1978) - Helios (da esquerda para direita da foto)

Em visitas dominicais ao artista este espanhol soube captar alguns dos traços da vida e da mentalidade de Helios. No seu Diário inédito (Vol. I ano de 1934), Corona registrou (pp.334-336).

“Minha vida na Capital Federal limitava-se a frequentar a Associação Brasileira de Belas Artes e anda sempre com o querido amigo Hélios Seelinger. Aos domingos iria até Grajaú, rua da Mata a almoçar com êle. Helios gostava de comer bem e convidar os amigos para isso. Os mais íntimos lá estivemos reunidos o dia que o Helios nos disse que íamos comer pato à francesa
Acervo da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 17 Helios SEELINGER (1878-1965) "Costas do Brasil" 1947 - óleo 70 x 67 cm. Nesta obra saltam as memórias de um Hans Staden e que conduzem o  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ” nesta pinceladas para um  universo primordial da brasilidade.  .

O pintor Paula Fonseca era nosso amigo e visinho de cerca do Helios. Para emocionar o almoço o Helio fez um discurso com muito espírito. – “Senhores convidados: Não sabeis que o pato gostoso que acabais de comer não foi comprado em mercado nenhum. Também não é hospede do meu quintal que só tem galinhas e um galo danado que não as dá descanso. Meus amigos Paula Fonseca, Argentino Brasil Rossani, Pedro Bruno, Bertazón, Joaquin da Rocha Ferreira, Henrique Cavalheiro e Fernando Corona: O peso que tenho na minha consciência não pode ficar me roendo. Desejo confessar que o pato que todos nós acabamos de saborear pertencia a criação do nosso amigo Paula Fonseca, e ontem a noite ele veio ter às minhas ruais a um pequeno chamado meu, - Não o roubei não, não penseis que sou daqueles que buscam os galináceas nas áreas dos visinhos. Este pato era inteligente e veio a mim com meu pequeno acervo””.
A Arte na medida em que é competente e coerente na captação dos traços da vida e da mentalidade artista

Fig. 18 –  O artista Henrich August TECHMEIER (1895-1971) ainda não foi objeto de grandes estudos, nem na sua origem e muito menos no Brasil e do  um período que esteve no Rio Grande do Sul . No entanto a sua oportunidade de exercer o seu  “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL ”  aconteceu em Brasília, a nova capital a partir de 1960. Alí realizou a sua obra mais conhecida qu é o retrato do Marechal Cândido Rondon e que estabeleceu o padrão iconográfico desse militar, indigenista e positivista.brasileiro.

Com o regime republicano as artes visuais no Brasil saíram da sombra do trono e depois da Revolução de 1930 ganharam o reforço da Universidade. O Brasil foi um dos pioneiros em colocar a integridade estética no âmbito onde antes dominava apenas a integridade intelectual e as suas aplicações tecnológicas. A maioria das Academias superiores e Instituto de Artes, anteriores a 1931, migraram para a esta Universidade Brasileira destinada para todo o território nacional. As novas instituições superiores de Artes que se criavam já nasceram neste âmbito universitário


Acervo da Arquidiocese de Porto Alegre

Fig. 19 –  Na obra Dom Alfredo Vicente Scherer(1903-1996) de  Henrich August TECHMEIER (1895-1971) exerce um duplo “ OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” tanto no modelo como nas técnicas e recursos plásticos desta pintura.



Com o final da II Guerra Mundial e com a linha dos limites entre as potências da Guerra Fria passando sobre o território da Alemanha dividida a germanidade no Brasil ficou neutralizada e sem definições precisas. Com Queda do Muro de Berlim, a entrada da Alemanha no Bloco Europeu e com um papa alemão estas relações ganharam outro estatuto.  Com investimentos, com fábricas instaladas no território brasileiro e com o Euro como moeda forte, as antigas colônias germânicas no Brasil permaneceram distantes de qualquer contato ou interação direta via institucional e muito menos oficial.
Assim no imenso território e ao longo de um meio milênio de colonização européia, a presente postagem certamente consegue indicar apenas alguns nomes dispersos do OLHAR da GERMANIDADE no BRASIL” . Esta busca de amplidão encontrou outros os espaços culturais e artísticos externos à grande imigração que se fixou em São Leopoldo no século XIX.
Mas no seu conjunto é possível afirmar e comprovar que estes OLHARES da GERMANIDADE no BRASIL” . foram afirmações contra a pobreza geral da população (Volksgeist), uma alternativa a mais para fugir da inculcação legalista via pelourinho ou pelos rituais dos cerimoniais litúrgicos em latim.
As obras das artes visuais produzidas a partir do OLHAR da GERMANIDADE ”  pontilham toda a linha do tempo (Zeitgeist), mapeiam todo o território nacional (Weltgeist) e criam identidades em todos os níveis culturais da população (Volksgeist) do Brasil.

FONTES da PRESENTE POSTAGEM

PARA  os CONCEITOS de Zeitgeist, Weltgeist, e Volksgeist na Arte, veja

Frei RICARDO do PILAR -  (Colônia 1635 – Brasil 1700).

Antônio SEPP Von RECHEGG S.J.   1655-1733

TREZE TILIAS

CARTAS de DONA LEOPOLDINA

Thomas ENDER

RUGENDAS Johan Moritz 1802-1858

MANUEL ARAUJO PORTO-ALEGRE - 30 teses de

EDUARD HILDEBRANDT 1818-1869

JOHAN GEORG GRIMM 1846-1887
George Grimm foi talvez o pintor de maior sucesso entre os pintores alemães e a sua influência na pintura brasileira é considerável.  Era uma grande personalidade artística que tinha um grande círculo de alunos talentosos.  O artista bávaro iniciou o estudo rebelando-se contra as convenções e tradições antigas e transferiu as suas aulas da sala para o           ar livre.  Nas florestas e montanhas dos arredores do Rio ensinou seus alunos a contemplarem as nastureza para bem saberem representar  ( Karl Oberacker,  Revista Intercâmbio,  Apud  PEIXOTO; 1989,  p.180 - 181 ).

Benno Treidler (1857- Alemanha, 1931- Brasil)

Hélios SEELINGER

CORONA Fernando (1895-1979) CAMINHADA de FERNANDO  CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui  fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amo Tomo I  604 f. Folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm. – Original de posse da Família Coroa
-------CAMINHADA de FERNANDO CORONA. Tomo II 1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer em outro   Tomo II  220 folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm. Original de posse da Família Coroa

TOBINO, Nina A germanidade no Brasil  Porto Alegre: Sociedade Germânia, 2007, 208, il

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