OLHARES da GERMANIDADE
ao LONGO do
1º SÉCULO da sua
GRANDE IMIGRAÇÂO ao BRASIL.
“Canto
o hino da pátria que permite ganhar o pão para os meus filhos”
José SIMON professor rural de
uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo.
Fig. 01 – Detalhe do monumento ao “Centenário da Imigração alemã no Rio Grande
do Sul 1824-1924” de São Leopoldo - Medalhão com o retrato do Dr. João
Daniel HILLEBRAND (1800-1880)
As seis postagens
anteriores foram necessárias, não só para perceber o imenso universo
civilizatório desenvolvido pela germanidade, mas para não limitar ao aqui e ao
agora o universo que queremos expor aqui. Não se questiona o abandono e o
patrulhamento, de toda ordem, que esta etnia sofreu no solo brasileiro.
Patrulhamentos, descriminações e
incompreensões que mais prejudicaram toda a nação brasileira, do que ajudaram
para algo criativo e original. Todos sabem que as desconfianças, as vigilâncias
descabidas e as indiferenças são universais em todos os Estados em relação
aquelas que não se enquadram num centralismo e numa identidade única imaginada.
Fig. 02 – Mapa das viagens 1821 de Augustin François
Cesar Provençal de Saint Hilaire (1779-1853) pela “Província do Rio Grande do Sul e Cisplatina”
– O “Weltgeist” inaugural da época romântica necessitava conferir o
exótico, o novo e o diferente daquele que o mundo clássico do Iluminismo já
conhecia.. Este mundo clássico tendia aos modelos únicos da Idade da Razão, o
conhecido do mundo greco-romano e do paradigma único. Certamente a nova era
industrial tinha esta necessidade deste paradigma único, tanto na entrada dos insumos,
na sua transformação e na circulação unívoca e linear comercial. No entanto a
obsolescência rápida, deste processo da
linha de montagem, exigia o exótico, o
novo e o diferente.
Todos os paradigmas são
íntegros e são integrais. No contraditório de paradigmas redutores, fixos e
únicos também existem aqueles nos quais a integridade e a integralidade se
desenvolveu na amplidão, na mudança e múltiplos possíveis numa civilização mais
humana e coerente. As artes sempre floresceram nestes paradigmas abundantemente
regados pelos comércios simbólicos entre múltiplas etnias. No presente existem
estes estados que buscam e sustentam este comércio simbólico e material entre
múltiplas etnias.
in TOBINO -2007- p
19
Fig. 03 – O Porto de Rio Grande estava aberto desde
1808, inclusive para a navegação a vapor como Arsène Isabelle previra em 1834. Contudo para o alemão Rudolf Herrmann Wendroth
a primeira capital da Província do Rio Grande do Sul apresentava muito do
exótico, do novo e do inesperado das riquezas que fluíam da charqueadas
próximas e que neste ponto ganhavam o mundo.
Estes estados incluem múltiplas
etnias, no interior de suas fronteiras, sem exercerem patrulhamentos,
descriminações e incompreensões. O patrimônio simbólico e material da
germanidade - incluído adequadamente na brasilidade - constitui mais uma ajuda
para esta abertura. Por maiores que sejam as barreiras e árduos sacrifícios para
superar patrulhamentos, descriminações e incompreensões os resultados são
infinitamente maiores do que as eventuais perdas e trabalhos.
Fig. 04 – O registro
gráfico do alemão Rudolf Herrmann Wendroth da Porto Alegre da metade do século
XIX, do Guaíba e das suas margens, tornou-se clássico e incontornável para quem
estuda a maior cidade fundada por açorianos. A vista da Santa Casa em direção à
praça do Portão, deixa transparecer ainda uma parte do muro que cercava a
capital, a Rua da Igreja e as chácaras fora da âmbito urbano. Mesmo fazendo do
Desenho e da aquarela um tempo próprio,
no meio dos seus compromissos militares, Wendroth põe-se como artista
atento para acumular, arquivar e a refletir. Como nórdico objetivo ele se dispõe a se fazer reflexivo para guardar e elaborar
mentalmente o que o seu olhar germânico percebe na Natureza. De outra parte
usufrui um nome próprio e autônomo das convenções religiosas, oficiais e de uma
estética canônica linear e unívoca. Evidente não foi pioneiro ou original nisto.
Mas perfila-se numa tradição na qual a “Abstraktion” contrasta com o “Einfuelung”
que dominou a arte colonial brasileira e ibérica e para a qual a paisagem tinha
pouco sentido ou importância em si mesma.
Apenas cabe a ressalva de que são construções
humanas e resultantes de projetos e de um amplo trabalho mental e físico.
Fig. 05– Esta litografia da paisagem de HAMBURGO-VELHO
foi elaborada por Oscar CONSTATT , no
ano de 1855 no qual Manuel Araújo Porto-alegre perguntava na AIBA: “- Convirá mais auxiliar a litografia já
plantada entre nós e com uma vida independente ou pedir ao Governo Imperial uma
escola de Gravura a talho doce? - A litografia no seu estado atual só peca pelo
desenho e a gravura está ainda na infância, mormente a gravura histórica?”
Certamente esta imagem ainda está a serviço da ilustração gráfica e concorrente
com a fotografia emergente. No entanto é uma preciosa imagem única de uma época
para esta comunidade, índice de uma mentalidade, e de uma técnica
A partir desta sétima
postagem restringimos o olhar – antes disperso na cultura européia e brasileira
– agora voltado para um Zeitgeist materializado
por uma linha do tempo diretamente associada à grande imigração iniciada em 1824.
Correio do Povo de 31.03.2012
Fig. 06 – AGRICULTORES na FLORESTA numa cena comum e
necessária para a sua sobrevivência. Premidos pelas necessidades básicas, tanto
no Velho como no Novo Mundo, restava-lhes a implantação de um modelo agrícola
que já devastara a Europa. Ao contrário das florestas homogêneas dos seus
países de origem no Rio Grande do Sul encontraram
florestas tropicais e que não interessavam para a pecuária extensiva
desenvolvida, há séculos, nos pampas. Ao longo do século XX este modelo foi
levado para a própria floresta Amazônica
Narrativa que tenta
expressar o Weltgeist trazido por
estes integrantes destas levas de imigrantes germânicos.
Busca-se se evidenciar o
Volksgeist
desta população e as projeções culturais internas das suas identidades que produziu.
Identidade desenvolvida nas circunstâncias sul-rio-grandenses e que projetou, recebendo
retornos das demais etnias e culturas com os quais interagiu complementarmente
nacional e internacionalmente.
Tarasantchi p.88
Fig. 07 – O tema
tratado por Pedro WEINGÄRTNER (1853-1929), no quadro “Paisagem Derrubada”, do ano de 1898 (óleo 58 x98 cm APLUB )
transpõe para o mundo da arte a majestosa floresta tropical abatida e
incinerada. Se “uma imagem está sempre no
lugar de algo que não existe mais”, certamente esta cena “Paisagem Derrubada”
era algo remoto para o olhar europeu do seu próprio passado e irreproduzível na
prática de sua agricultura.
O pintor Pedro
Weingärtner (1853-1929) pode ser visto como um paradigma completo destas triplas dimensões.
Atuante no Rio Grande do Sul, no Brasil e na Europa interagiu como cada uma
destas identidades, gerando um Weltgeist
novo, único e coerente com estas três identidades. Politicamente transitou
entre os regimes imperiais e republicanos brasileiros demonstrando um Zeitgeist no qual manteve intacta,
autônoma e altaneira a sua Arte. Fiel e coerente com as suas origens populares
e culturais, interagiu construtivamente num Volksgeist
coerente tanto com as elites sociais e populares do seu tempo.
Tarasantchi p.119
Fig. 08 – Pedro WEINGÄRTNER registra na sua obra “Vida Nova” de 1893 (óleo
120x160 cm – Prefeitura de Nova Veneza
SC) que a “Derrubada” da floresta virgem era parte de um projeto e que condizia
com o projeto brasileiro de ocupar o espaço físico do seu território nacional.
Por mais áspera e cruel que podia ser a derrubada e queima, ele abria espaço
para uma leva humana qestabelecer
núcleos rurais e urbanos e os primórdios de uma nova civilização-
Na medida em que este
paradigma do Weltgeist, do Volksgeist e
do Zeitgeist, é pessoal de Pedro
Weingärtner também é irreproduzível. A sua obra pode ser vista como demonstração de
que por maiores as barreiras e árduos sacrifícios para superar patrulhamentos,
descriminações e incompreensões os resultados são infinitamente maiores do que
as eventuais perdas e trabalhos. No âmbito de seu povo e no seu tempo Weingärtner
foi coerente na sua cultura particular e coletiva. Como tal ele é único,
original e irreproduzível.
Fig. 09 – No ano
do centenário da Imigração Alemã ao Rio Grande do Sul o artista bávaro Fernando
SCHLATTER criou uma série de murais
externos que cobrem a Casa dos Bávaros
na Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (SOGIPA). Nestes murais criou imagens
dos hábitos e costumes germânicos cultivados ao longo deste século e que unem e
são comuns e distinguem as duas culturas.
Isto não significa que esta
cultura particular, os índices materiais deixados pelo seu povo e do seu tempo não
possam ser revisitados, contemplados de perto e de longe. De outra parte - nestas
visitas posteriores e externas - as atuais percepções oferecem contrastes
suficientes para construir outra narrativa e distinta daqueles que viveram este
tempo e conviveram com este artista.
Tarasantchi p.80
Fig. 10 – Pedro WEINGÄRTNER trata no quadro “Fios
emaranhados” do ano de 1892 (óleo 75.5x100 cm – RJ) das relações
humanas, culturais e comerciais que se desenvolviam no âmbito de uma “venda colonial” germânica. Ali reinava
a pura tradição oral no qual o “caixeiro viajante” atualizava as informações
relativas à diversas comunidades da mesma cultura dispersas no vasto território
do interior. A nova geração, deitada de bruços, se iniciava na tradição visual
e escrita trazida pelos mostruários, almanaques e outros impressos industriais.
Para a construção desta
narrativa, nova e distinta, uma das primeiras tarefas é retirar os entulhos do
tempo, dos mitos e provocados por interesses caducos que se depositaram sobre a
memória do artista e da sua obra. Nesta tarefa preliminar ajudam os olhares
lançados sobre as circunstâncias que acompanharam a origem, o desenvolvimento e
a contemplação minuciosa das fortunas de crítica, de público e até de mercado
de arte do artista.
Tarasantchi p.80
Fig. 11 – Num detalhe do quadro de Pedro WEINGÄRTNER 1853-1929 “Fios emaranhados”
de 1892 (óleo 75.5x100 cm.) representa os interesses da nova geração que se
iniciava na tradição visual e escrita trazida pelo caixeiro viajante na forma
de mostruários, almanaques e outros impressos industriais. Esta figura
certamente possui algo de auto-biográfico do próprio artista que trabalhou, na
sua adolescência, em loja comercial de Porto Alegre. Atividade que lhe não era
estranha e que deveria ter freqüentado na infância.
No caso particular de
Weingärtner estes olhares podem recuar até às preocupações estéticas de Dr.
João Daniel HILLEBRAND (1800-1880) e
registradas por Arsène Isabelle. Não temos notícias de interações estéticas
entre o jovem Pedro, nascido em 1853 e o
veterano Dr Daniel, falecido em 1880. Contudo poderia se especular nesta direção.
- in TUBINO 2007
p.181bb
Fig. 12 – Alvo de uma Sociedade de Atiradores e de um
acervo de São Leopoldo. Se o tiro ao alvo era uma atividade lúdica e uma
demonstração de habilidade também era uma preparação para eventuais usos de
armas na defesa individual ou na formação militar. O índice material da
destreza do atirador eram alvos que recebiam decorações estéticas, como desta
imagem.
Sobre o registro escrito
desta memória pairam as pesadas nuvens das duas guerras mundiais e mesmo
aquelas que cresceram no século XIX contra documentos escritos no idioma
alemão. Escritos que a cultura nacionalista brasileira colocou em suspeita
generalizada e indiscriminada. Nuvens que obscureceram e apagaram a fala e a
escrita alemã, deletando a memória oral e ao mesmo tempo a memória documental
escrita.
Fig. 13 – Como um dos integrantes dos 1.80 soldados
alemães Rudolf Herrmann WENDROTH criou esta imagem de uma “coluna de soldados” numa
aquarela do ano de 1851.
Estas nuvens ameaçaram e
ocultaram o precioso acervo de época criado pelo soldado alemão Rudolf Hermann WENDROTH. Por um uma
diligente e inteligente conjugação ganharam a fortuna de sua circulação um
século após a sua elaboração. Mas do seu autor não se sabe muito mais que foi
um dos 1800 soldados mercenários alemães que atuaram no Sul do Brasil, ao longo
do regime imperial. Não se sabe do seu nascimento, formação e nem o ano do seu
desaparecimento. Numa ação conjugada governamental do Estado do Rio Grande do
Sul e iniciativa particular os desenhos aquarelados de Wendroth foram editados por
uma empresa privada em 1982. Ou seja, 130
anos após a sua criação.
in Tarasantchi p.122
Fig. 14- O pintor
Pedro WEINGÄRTNER no quadro “Os Revolucionários” do ano de-1893 (48.5
x 74 cm RJ) registra uma experiência pessoal vivida no interior de Santa
Catarina ao longo da “Revolução de 1893”. Vários autores sustentam que as artes
não se desenvolveram devido a este constante clima de tensão, escaramuças e
guerras declaradas entre as mais variadas facções e ideologias. Esta tese foi
rebatida por Athos Damasceno (1971, p.449). No plano mundial um
Francisco Goya ou um Pablo Picasso,
entre tantos artistas, desmentem, com as
suas obras, que as tensões bélicas paralisam e inibem o artistas a dizer a sua
verdade.
Esta edição repetiu o
que aconteceu com obra de Thomas Ender
cuja obra de sua meteórica passagem pelo Brasil foi redescoberta em Viena em
1950. Na Música as óperas de Araújo Vianna foram redescobertas por Ion Bressan
na Rússia e re-editadas em 2005.
Fig. 15 – O Mestre João - Johann GRUNEWALD (1832-1910)
além de suas obras físicas trouxe um novo saber técnico e estético. As suas
lições caíram em boa terra e em especial na comunidade germânica que mantinha
uma ativa produção visual, escultórica e arquitetônica. O seu genro Jacob Aloys
Friderichs mantinha contatos constantes com a sua terra de origem. Aqui não se
limitou a estas atividades estéticas. Também as socializava na SOGIPA da qual
foi presente durante duas décadas.
Do Mestre João - ou Johann - GRÜNEWALDD (1832-1910) também
não se sabe muito mais do que as poucas e preciosas linhas que Fernando Corona
escreveu em relação aquele que deu forma às primeiras formas arquitetônicas do
Neo-gótico no Sul Brasil e trazidas, por ele, das obras da catedral de Colônia.
Fig. 16 – A igreja matriz de São Leopoldo,
de 1865, é a primeira obra
do Mestre João - Johann GRUNEWALD (1832-1910) e a primeira do Rio Grande do Sul
na qual ensaia a tipologia neo-gótica do qual era mestre pela catedral de
Colônia. Obra colocada no ponto do desembarque do primeiro grupo de Imigrantes
do Rio Grande do Sul e ao lado de uma das mais ativas instituições de formação
da intelectualidade sul-rio-grandense, dirigida pelos jesuítas e origem da Unisinos..
Ele era o sogro de Jacob
Aloys Friderichs (1868 -1950). A tipologia neo-gótica propagou-se por todos os
recantos do Rio Grande do Sul. Porém, em 1919, foi preterida na construção da
catedral de Porto Alegre, a favor de algo próximo ao historicismo
neo-renascentista.
in TOBINO -2007- p
119b
Fig. 17 – O artista e soldado Rudolf Herrmann WENDROTH registra,
na obra “Praça da Matriz de Porto Alegre”,
de 1852, além das manobras militares, os dois prédios que representam a
indissolúvel junção, ao longo de quatro séculos, das forças religiosas e administrativas
da Colônia do Brasil. O olhar do soldado
nórdico guarda e elaborar mental e registra graficamente o que o seu olhar
germânico percebe na cena empírica. Este seu procedimento perfila-se numa
tradição na qual a “Abstraktion”
contrasta com o “Einfuelung” que dominou a arte colonial brasileira e ibérica.
Este olhar, dominado pelo “Einfuelung” da arte colonial brasileira e ibérica, nunca
havia nos fornecido uma imagem destes dois prédios juntos e das cenas que se
desenvolveram no seu entorno, apesar de existirem há 80 anos.
Nas pesquisas
documentais mais consistentes da pintura sacra, como na residencial ou mesmo
aquela destinada aos impressos e produzida ente 1824 até 1924 apenas estamos
engatinhando. Na pintura sacra é possível consultar a tese de Altamir MOREIRA
“A Morte e o Além”
com os seus anexos, disponíveis no LUME da UFRGS.
Fig. 18 – Pedro WEINGÄRTNER “Missa
na Campanha” uma das primeiras
providências das comunidades germânicas era erguer uma capelinha, em geral
próxima da escola comunitária. Neste sentido seguiam o mesmo costume das
fazendas açorianas que possuíam uma
capelinha e nas ocorriam diversas cerimônias religiosas. Novamente foi
necessário um olhar germânico para registrar esta cena colorida, na qual os
seus personagens investiam o melhor que possuíam e que repetiam
sistematicamente nos dias festivos ao longo de vários séculos.
No entanto cabe aqui o
alerta de que este autor evita rebaixar o significado do Volksgeist ao repertório da cultura popular da idade mental
de 12 anos. Certamente a era industrial, agora na era digital,
foi obrigada a fazer concessões de qualidade e rebaixar as mídias para
níveis elementares.
In Correio do Povo
do dia 16.06.2010
Fig. 19 – Igreja Matriz (1865), Colégio Conceição e
Seminário de SÃO LEOPOLDO - RS. Este
conjunto arquitetônico está colocado no ponto do desembarque do primeiro grupo
da imigração massiva germânica ao Rio
Grande do Sul. Ao seu lado estende-se, por uma quadra urbana, uma das mais
ativas instituições de formação da intelectualidade sul-rio-grandense, o antigo
Colégio Conceição fundado em1869, dirigido
pelos jesuítas e a origem da Universidade Unisinos.
O fizeram forçados pela
concorrência e na busca de índices numéricos expressivos e como argumentos
monetaristas para atrair anunciantes de produtos de largo consumo. Se assim fazem circular valores populares que
não teriam outro veículo, na contramão este rebaixamento não pode significar
favelas, campos de concentração ou um gulag cultural fixo, cercado e impositivo
sem saídas para níveis mais elevados, livres e autônomos.
- In TOBINO - 2007
p.108d
Fig. 20 – Rótulo
da CERVEJA BRAHMA - Porto Alegre A
fabricação da cerveja foi uma das primeiras indústrias a surgir na Colônia da
São Leopoldo segundo Arsène Isabelle. Esta fabricação evoluía do artesanato
familiar para o trabalho na produção na linha industrial. Esta atividade
inscrevendo-se naquelas onde consta a tafona para a mandioca, o alambique para
a cachaça, o moinho para os cereais e o forno à lenha para a padaria. Mas no
conjunto concorriam para a monetarição nas trocas comerciais. Estas atividades
pré-industriais estimulavam a produção de imagens, e a sua reprodução impressa
para o marketing, numa saudável concorrência e estímulo recíproca para a
produção do melhor ou para a propaganda
de algo diferenciada.
Nada impede que este
Volksgeist circule para níveis mais elevados, críticos e universais. Esta
interação é bem perceptível na música erudita alemã que se alimenta, com grande
liberdade e autonomia, nas fontes da música mais intuitiva e que se reforçam
reciprocamente.
Tarasantchi p.152
Fig. 21 – O
quadro “O Notário” de 1892 do pintor Pedro WEINGÄRTNER (óleo 19.8 x 28 cm - POA-RS)
mostram o sentido e a importância da
figura do profissional nos contratos sociais, políticos como também nas trocas
comerciais sob a base da monetarição. O concorrência e os estímulos recíprocos - para
a produção do melhor ou para a
propaganda de algo diferenciado – tinham, neste profissional nos
contratos, o contrapeso antes de ganharem
os tribunais do judiciário ou da simples barbárie das guerras e lutas abetas e
sangrentas com desfechos imprevisíveis. De outro parte com este profissional os
projetos ganhavam um corpo ao nível intelectual no qual as ações, as perdas e
lucros passavam pela mentalidade antes, durante e depois das ações coletivas.
Nesta contabilidade ambas saem ganhando. Sai
ganhando o imenso universo civilizatório desenvolvido pela germanidade, muito
além dos limites do aqui e do agora. Este mesmo universo empírico oferece uma
ampla e sólida base para ele mesmo atingir as esferas mais elevadas da
aceitação universal do seu saber. Este tarefa possui mais garantia de êxito e
economia de energias se ele dispõe de um mundo erudito que o desafia a se
abrir, a se renovar e a produzir o inédito.
FONTES
CORONA Fernando (1895-1979) Cem anos de formas plásticas e seus autores O Rio Grande Antigo Enciclopédia
Rio-Grandense (2ª Ed) . Porto Alegre Livraria Sulina, 1968, 2º vol, p. 141 -
161
PARA os CONCEITOS de Zeitgeist, Weltgeist, e Volksgeist
na Arte,
veja
VIANNA, Jose de Araujo 1872-1916
Carmela: ópera em dois atos. Pesquisa de Ion Bressan- Caxias do Sul : Pró
Música, 2005 160p.
PEDRO WEINGÄRTNER
TARASANTCHI, Ruth Sprung Minha descoberta de Pedro
Weingärtner, in Pedro Weingärtner 1853-1929 : um artista entre o Velho
e o Novo Mundo. - São Paulo :
Pinacoteca do Estado de São Paulo, , 2009, p.
28
No presente blog veja as 3 postagens relativas a:
1 – Pedro Weingärtner e a Pinacoteca do IBA-RS
2 - Pedro Weingärtner e o sentido da formação institucional de
um artista
3 - Pedro
Weingärtner na passagem entre o regime imperial e o regime republicano
brasileiro.
WENDROTH, Hermann Rudolf – Obras de Hermann Rudolf Wendroth
– 1852 . Porto Alegre : Riocel , 1982
-17 folhas
MONUMENTO 1924 à IMIGRAÇÃO
ALEMÃ
MULLER Telmo Lauro
Jacob
Aloys Friderichs (1868 -1950)
DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul
(1755-1900) Porto Alegre :
Globo, 1971. 540p.
MOREIRA Altamir
A Morte e o Além: iconografia da pintura mural religiosa da região central do Rio Grande do Sul (século
XX) Porto Alegre, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Artes Programa de Pós-Graduação em
Artes Visuais Doutorado Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Artes Visuais, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em Teoria, História e
Crítica da Arte, sob orientação do Professor Dr. José Augusto
Avancini. 2006
Disponivel
em : http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/7181
Schlatter (Ferdinand Schlatter)
Pintor que se dedicou em primeiro
momento à pintura de motivos decorativos para arquitetura, e à pintura de
paisagens. Em 1901, participa da Exposição Comercial e Industrial
realizada em Porto Alegre. Nesta mesma cidade, em
1903, expõe aquarelas na Mostra Grupal de Artes Plásticas
organizada pela Gazeta
do Comércio. Em algum momento, do período compreendido entre 1907 e 1918,
Schlatter trabalha nos murais da Igreja de Nossa Senhora da Purificação em Bom Princípio e,
mais tarde, em 1927 realiza as pinturas da Igreja de Nossa Senhora das Dores em Porto
Alegre.
Fontes:
DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul (1755 - 1900). Porto Alegre: Globo, 1971.
LUFT, Bruno Estevão. In: Momento. [Jornal da região de Bom Princípio] 24 de janeiro de 1980, p. 04.
TOBINO, Nina A
germanidade no Brasil Porto
Alegre: Sociedade Germânia, 2007, 208, il
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