segunda-feira, 6 de abril de 2020

284 –ISTO é ARTE -

O papel do INSTITUTO de BELAS ARTES no período de 1930 até 1964


. LABORATÓRIO DE HISTÓRIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

Previsto para o 3º Encontro – 01/04/2020 e adiado devido ao CORONAVÍRUS.
            1ª Palestra (14:30 – 15:30): O papel da Escola de Belas Artes no período 1930-1964.  Prof. Cirio Simon
Fig. 01  LOGO do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL em 1958  Este logo foi usado nos eventos do cinquentenário do IBA-RS que ocorreu no dia 22 de abril de 1958


00– Diferenças e semelhanças entre a ESCOLA de ARTES e   CURSO de ARTES PLÁSTICAS do IBA- RS-

  01– Natureza do Instituto de Artes.
 01.1.–  Estrutura complexa para tempo indeterminado . - 01.2– Propostas e respostas conforme o ligar, tempo e sociedade .  01.3 –  MUDANÇAS entre o ANTIGO e o NOVO IBA-RS.
 01.4 –  As contribuições para arte e a cultura do Rio Grande do Sul  e Brasil dentro do seu projeto

02 –  Distinções
 02.1 –   Concepções da VELHA REPUBLICA e APÓS a REVOLUÇÃO de  02.2 –    1930  ESCOLA de DESENHO diferente de CURSO de ARTES PLÁSTICAS . 02.3 –  CURSOS ISOLADOS e CURSOS numa UNIVERSIDADE

03 –  Convergências e continuidades.
  03.1  –  HOUVE CONTINUIDADE entre ESCOLA do INSTITUTO  e o CURSO SUPERIOR UNIVERSITÁRIO    03.2 – . O FOCO COMPETÊNCIA e LIMITES continuaram sendo  RIO GRANDE do SUL  03.3  – Ambos cumpriram o papel de formar no RIO GRANDE do SUL AGENTES QUALIFICADOS para a suas SOCIEDADE, LUGAR e TEMPO 

CONCLUSÕES
Fig. 02  O Instituto de BELAS ARTES do Rio Grande o Sul  sempre foi,  e continua sendo, a MANTENEDORA dos diversos cursos. Atualmente (2020) este INSTITUTO de ARTES está Integrado na UFRGS e mantem TRÊS DEPARTAMENTOS (Música. Ares Visuais e Arte Dramática). Nunca houve solução de continuidade no aspecto legal entre Escola de Artes e Curso de Artes Plásticas apesar deste último obedecer aos paradigmas da Universidade Brasileira no s termos do Decreto nº 19.851 de 11,04, 1931
[clique sobre o gráfico para poder ler]


00–   Diferenças e semelhanças entre a ESCOLA de ARTES e  o CURSO de ARTES PLÁSTICAS do IBA- RS.

“O ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE” na concepção de Ado MALAGOLI. Na medida em que o estudante se submete aos seus mestres ele se encontra na sua heteronomia e ainda não atingiu a autonomia para deliberar e decidir em relação à sua própria obra. Este olhar rigoroso para o interior de uma ESCOLA de ARTES faz parte do cultivo do 'HÁBITO da INTEGRIDADE INTELECTUAL' na concepção que MAX WEBER[1] a única e principal coisa que uma universidade pode propiciar ai seu estudante. Ninguém duvida como esta integridade INTELECTUAL e ESTÉTICA pode se corrompida, especialmente em ARTES. Basta instalar e propagar o senso comum e aquilo que já foi digerido (KITSCH) para esterilizar qualquer ARTE.
Outro mestre recomendava: ”NÃO TENHA PROFESSORES, TENHA UM PROFESSOR”. Nesta concepção o estudante toma um rumo determinado ou uma LINHA DE PESQUISA provisória enquanto verifica e mede as suas próprias condições para fazer germinar a sua ORIGINALIDADE, afirmar o seu caminho e a sua AUTONOMIA. Quanto mais cedo encontrar e se dedicar a esta LINHA, mais caminho fará e mais resultados terá. Experimenta consegue ou não o que ele de fato pretende no vasto e imprevisível campo das forças da arte. Sem rumo neste mundo multifacetado, qualquer onda, mais forte, faz naufragar todos seus projetos quando está carente deste orientador experimentado. Sem ele, o estudante de artes, corre o perigo de exaurir as suas potencialidades. Sem este orientador experimentado, o estudante de artes,  está sem bússola e sem um leme forte está entregue à “tentação do múltiplo” neste CAMPO de FORÇAS MÚLTIPLAS e CONTRADITÓRIAS   da ARTE.



[1] WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

Fig. 03  - A ESCOLA de ARTES do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL teve diversos LOGOS  O logo desta imagem  consta no cabeçalho de uma premiação escolar do estudante Francisco BELLANCA. O desenho e as letras, supõe-se que sejam de Libindo Ferrás que desempenhou o papel de diretor, professor único da Escola e provedor do prédio do IBA-RS


 A ESCOLA de ARTES do IBA-RS possui semelhanças e diferenças com o CURSO de ARTES PLÁSTICAS que a sucedeu.

As diferenças são formais, jurídicas, sociais e de tempo.
A administração da ESCOLA de ARTES era realizada por um diretor designado e de confiança do Presidente da Comissão Central do Instituto de Belas Artes do RS (IBA-RS). 
Diário de Notícias Porto Alegre dia 06.01.1939

Fig. 04 -  A CONGREGAÇÃO do IBA-RS reunida no dia 06 de janeiro de 1938 para assumir oficialmente os destinos do IBA-RS, desanexado da Universidade de Porto Alegre e sem a COMISSÃO CENTRAL que entregara neste dia os destinos e patrimônio da instituição Tasso CORRÊA, ao centro da foto assumiu a direção tanto do INSTITUTO ali incorporando a direção dos Cursos de Música e Artes Plásticas. Estes cursos constituíram as suas respectivas COMISSÕES TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS (CTA) previstas pelo Decreto Lei 19.851 de 11. 04.1931

O Curso de ARTES PLÁSTICAS era administrado pelo diretor do IBA-RS auxiliado pelo Conselho Técnico Administrativo (CTA) sob a alta supervisão da Congregação de Professores do IBA-RS. A Comissão Central era formada por pessoas leigas em Arte, A Congregação era formada exclusivamente de artistas professores.
Quanto ao TEMPO do estudante da ESCOLA de ARTES era aquele que ele NÃO dedicava à sua formação em OUTROS CURSOS que lhe poderiam garantir um emprego ou uma profissão considerada séria e segura e consagrada pela sociedade
O CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS exigia tempo integral. Este, além da formação artística, poderia garantir-lhe um emprego em carreira burocrática superior, como do magistério, além da opção pela profissão de artista.
 No entanto, para o magistério, havia  exigência da frequência de uma LICENCIATURA especializada em ARTES.

Fig. 05 -  O LOGO do IBA-RS, em 1915, evidencia a mantenedora e os seus  dois cursos de ARTES e de MÚSICA Logo aberto que ensejou a concepção de uma semente de uma UNIVERSIDADE de ARTES. O fato é que as ARTES possuem a potencialidade de um grande capo de saberes que confluem ou derivam da criatividade, da sensibilidade e inteligência humana


  01– NATUREZA do INSTITUTO de ARTES.

O INSTITUTO de ARTES sempre esteve voltado especificamente para as ARTES NOBRES[1], em alto nível. Neste alto nível sempre buscou trazer para o Estado do Rio Grande do Sul a formação completa de agentes competentes para manter este objetivo por tempo indeterminado
Esta formação, em alto nível, continua num crescendo por meio de sucessivas exigências. Esta qualificação iniciou com os rudimentos institucionais passou para CURSOS QUALIFICADOS de GRADUAÇÃO[2] e, mais recentemente, se expressa em três programas de Pós-Graduação Stricto-sensu.
De outra parte o IBA-RS sempre evitou e contornou cursos xifópagos. Assim manteve a autonomia do CAMPOS das ARTES, com a sua direção confiada integralmente a agentes do campo das ARTES e não de LETRAS, de COMUNICAÇÃO ou de FILOSOFIA. Esta autonomia custou-lhe caro e ensejou trabalhos e riscos pouco comuns para outras unidades universitárias, especialmente em cursos xifópagos. Custou-lhe seis exclusões de uma universidade local. Retornou para a universidade que havia ajudado a fundar, não pela mão desta universidade, mas diretamente conseguido com o aval do governo central e com um orçamento aprovado pelo Congresso Nacional.



[2] Os cursos superiores de Música a Artes plásticas foram reconhecidos. no âmbito nacional pele Decr. Federal nº 7.197  20. 05. 1941 “reconhece os cursos de Música e Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul”   (D.O. de 07.10.1941)

CENA Auditório Tasso Corrêa nos 95 anos do IA em 22 de abril de 2003

Fig. 06 -  Apesar da constante busca de tidas as manifestações artísticas buscar a sua identidade e autonomia esta busca constitui um estímulo reciproco para nenhuma delas ficar para traz.   O Instituto, como mantenedorra, não possui alunos. Quem os tem e is atendem são os atuais departamentos com os seus respectivos programas de pós-graduação

 01.1.–  Estrutura complexa para tempo indeterminado.

A prerrogativas dos artistas - como dirigentes do IBA-RS - foi arduamente defendida, no dia 24.10.1934. por Tasso CORREA[1] no Theatro São Pedro, quando afirmou entre outra considerações:
o instituto, sendo uma organização destinada à difusão  do ensino artístico no Rio Grande do Sul, é orientado por cavalheiros de alta distinção, mas que infelizmente, na sua grande maioria, nada entende de Arte. Para demonstrar o absurdo da nossa organização administrativa lembraria o seguinte: uma Faculdade de Medicina, dirigida por uma comissão de músicos, pintores e escultores.. Esta situação deveria ser idêntica à do Instituto de Belas Artes,,”
Esta defesa valeu, para Tasso CORRÊA, a expulsão do IBA-RS no mesmo dia do seu discurso público no Theatro São Pedro. Esta expulsão foi revertida com a atuação, imediata e firme, do Centro Acadêmico do IBA-RS. Em 1936 ele foi designado pela UPA como diretor geral o IBA-RS. Após a exclusão do IBA-RS da UPA, no dia 05.01.1939, a Comissão Central entregou o patrimônio e os destinos do IGA-RS à Congregação cujo presidente era Tasso CORREA. Este realizou uma administração interrupta ao longo 22 anos.
Além da afirmação do ideal da autonomia do campo especifico das forças da Arte, havia a necessidade das condições da administração do mundo real e das circunstâncias matérias para que esta autonomia possa se manifestar na prática do dia a dia.



[1] Discurso de Tasso CORRÊA no Theatro São PEDRO – Diário de Notícias- Porto Alegre, Diários Associados, dia 26.10. 1934 p. 04

MISS BRASIL 1957 no gabinete de Tasso Corrêa

Sentados [da esquerda para a direita]: Amelita, (filha de Luís Maristany Trias), Alice Brueggmann, Alice Soares, Tasso Corrêa, Miss Maria José Cardoso, jornalista Lygia Nunes (esposa de Maximiliano Fayet)  De pé [na mesmo ordem]: Aldo Locatelli, João Fahrion Luis Carlos Rothmann, Ernani Dias Corrêa, Evânio, Carlos  Mancuso, Luis Fernando Corona, Nelson Boeira Feadrich, Ado Malagoli,  e   Maximiliano Fayet
Fig. 07 -  Maria José CARDOSO, estudante do CURSO SUPERIOR da ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS, foi a vencedora do concurso MISS BRASIL 1957 .  Este fato gerou um aumento significativo de atenção sobreo CURSO e o INSTITUTO, atraindo um número expressivo de candidatos.

 01.2– Propostas e respostas conforme o lugar, tempo e sociedade.

O ambicioso projeto do INSTITUTO de BELAS ARTES para todo o RIO GRANDE do SUL foi expresso e amparado pelas 64 COMISSÕES REGIONAIS com sede nos municípios mais populosos do estado. Estes municípios tiveram de tomar a iniciativa de criar e manter Conservatórios de Música e Escolas de Arte apesar deste projeto 64 COMISSÕES REGIONAIS e de alguma movimentação local.
No contraditório foram os docentes e os formandos do IBA-RS que tomaram esta iniciativa nos municípios.
Isto fazia sentido devido à larga diversidade estética e cultural vivida em cada célula municipal do Rio Grande do Sul. A dependência das células municipais com tradições, histórias e políticas distintas um dos outros e especial da capital de Estado, iria contra a AUTONOMIA necessária para as ARTES. O pior estrago possível, para a ARTE e a CULTURA do Rio Grande do Sul, é o centralismo, a hegemonia e o TIPO ÚNICO ao modelo da estética nazista. Assim, ao percorrer o Rio Grande do Sul, no século XXI, é possível encontrar os mais variados e ricos experimentos estéticos nas ARTES VISUAS NOBRES e SUPERIORES graças ao que muitas células municipais conseguiram colocar no mundo prático
No amplo paradigma, da Universidade Brasileira, bastava uma atenção e implementação de normas gerais e flexíveis prognosticadas pelo Decreto Federal nº 19.851, de 11.04.1931[1], para a validade dos seus diplomas em todo território nacional. Foi a caso da UNIVERSIDADE de Porto ALEGRE, seguidas por Pelotas, Santa Maria e de tantas outras universidades com sede em municípios, mas com vasta abrangência regional e validade nacional.

 01.3 –  MUDANÇAS entre o ANTIGO e o NOVO IBA-RS.

De forma geral pode-se afirmar que na REPÚBLICA VELHA os Estados eram SOBERANOS, com CONSTITUIÇÃO e o executivo ocupando as funções e cargo PRESIDENCIAL. As organizações estavam mais voltadas para o comércio, entretenimento e o lazer, distantes da política da ideologia e sem o voto feminino.
Este paradigma foi questionado após 1930. O ESTADO NACIONAL concentrou em suas mãos um paradigma único e central de UNIVERSIDADE. Este mesmo ESTADO NACIONAL expressou a sua NATUREZA UNITÁRIA e CENTRAL na política conhecida como ESTADO NOVO (1937-1945) .Este queimou as bandeiras estaduais, aboliu as sus constituições e nomeou interventores.
Estes dois paradigmas estão bem visíveis no IBA-RS. Ao longo da REPÚBLICA VELHA o seu regime era presidencial e centralista. Os docentes, os programas, avaliações encontrava-se no arbítrio das direções centrais e distantes e estranhas às organizações estudantis e docentes. A Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) era vista como uma das opções possíveis.
Após o Decreto nº 1981 de 11 de abril de 1931 o paradigma UNIVERSITÁRIO é visto como um horizonte e que vai sendo concretizado passo a passo, A Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) vai na direção da Universidade do Rio de Janeiro até se transformar na Escola de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro (EBA-URJ). O seu currículo tornar-se modelar e dominante. As organizações estudantis ganha corpo e começar a convergir para a União Nacional do Estudantes (UNE). Após isto as atualizações da inteligência artística vão se acelerando, enquanto a pesquisa estética está cada vez mais dominada pela heteronomia de culturas hegemônicas centralistas. São raros aqueles a que se dão conta desta distinção e muito menos aqueles que conseguem escapar destes rebanhos de consumidores passivos destas informações disseminadas pela industrial cultural tardia e dependente.



[1] Decreto nº 19851 de 11.04.1931 cria a Universidade Brasileira
Altar cívico no IBA-RS no dia 30.08.1943 na ocasião da inauguração do Novo prédio

Fig. 08 -  O IBA-RS nasceu em consequência do REGIME REPUBLICANO e com a mente voltada par o ESTADO BRASILEIRO, O IBA-RS arregimentou 2.000 LEGIONÀRIOS em plena II GUERRA MUNDIAL engajados em CONSTRUIR o seu novo   PRÉDIO.  Um número significativo destes LEGIONÁRIOS era do Centro do Brasil que também enviaram obras de arte para leilões beneficentes. Este movimento viu coroado este esforço com a inauguração do novo PRÉDIO.

01.4 –  As contribuições do IBA-DS para arte e a cultura do Rio Grande do Sul e Brasil dentro do seu projeto
Ainda não se realizou a pesquisa das contribuições, diretas e indiretas, tanto a ESCOLA de ARTES como do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS para propiciarem a ELEVAÇÃO da CULTURA do RIO GRANDE do SUL
Considerando o IBA-RS como uma mantenedora pode-se argumentar que por meio da criação do CONSERVATÓRIO de MÚSICA (1908) e da ESCOLA se ARTES (1910) distante do paradigma de ACADEMIA dos NOTÁVEIS do 'Ancien Regime'. De fato o IBA-RS NÃO foi apenas uma ACADEMIA com um número limitado de cadeiras destinadas aos NOTÁVEIS e SEM escola formal alguma. O IBA-RS poderia derivar para uma INSTITUIÇÃO ao modelo da ACADEMIA BRASILEIRA de LETRAS, para o Rio Grande do Sul.
O IBA-RS está longe disto e ao manter CURSOS SUPERIORES de DESENHO e de ARTES PLÁSTICAS. Como agente qualificado e aberto para o seu LUGAR, seu TEMPO e sua SOCIEDADE criou e manteve o CURSO TÉCNICO de ARQUITETURA e de ARTES PLÁSTICAS. Organizou e fez funcionar o CURSO SUPERIOR especifico e completo de ARQUITETURA. O CURSO de ARQUITETURA da Escola de Engenharia era uma ESPECIALIZAÇÃO dos seus engenheiros, oferecida com currículo reduzido e nenhum professor artista.  Após isto ofereceu o CURSO SUPERIOR especifico de URBANISMO o primeiro no gênero no Brasil. Ambos foram aprovados pelo Decreto Federal Nº 19.991, de 26. 11. 1945, que “autoriza o funcionamento do Curso de Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Belas Artes do RS[1]
Na ausência de outros agentes o IBA-RS organizou e fez funcionar os SALÕES de BELAS ARTES. Esta incumbência foi aprovada pelo Decreto Estadual Nº 561, do dia 23.06.1942, que “institui o Salão Estadual de Belas Artes”.



[1] - Decreto Federal  no  19.991 de  26.11.1945  publicado no Diário Oficial  no dia  28 . 12 . 1945

Professores e estudantes do IBA-RS no 8º andar diante do mural da Aldo Locatelli- em 1961

Sentados [ a esquerda para a direita do observador] João Fahrion, Aldo Locatelli, Fernando Corona, Ângelo Guido, Luís Fernando Corona, Cristina Balbão. De pé Luís Carlos Pinto Maciel [de gravata]..Aldo Malagoli [braços cruzados] e Adolfo Stiffel [no centro ao  fundo].
Foto do acervo de Christina Hellfensteler Balbão (1917-2007) fornecido por ela ao autor desta tese.
Fig. 09 -  A camaradagem entre estudantes e professores do CURSO de ARTES VISUAIS do IBA-RS era cultivados no bar do 8º andar e num salão de festas e eventos com uma série de obras de Arte devidas à iniciativa dos professores, O significativo aumento estudantil, do CURSO de ARTES PLASTICAS, equilibrou a demanda dos estudantes do CURSO de MUSICA. No final da década de 1950 o vestibular específico de ARTES PLÁSTICAS oferecia uma vaga para 10 candidatos inscritos.
No plano das instituições externas, foi do IBA-RS  que partiram vários professores e formandos para organizar em diversos centros mais populosos do estado e fora dele os CURSOS SUPERIORES de ARTES PLÁSTICAS e para iniciar as ESCOLINHAS de ARTE para iniciantes. Foi também do IBA-RS que partiram os agentes que lançaram as sementes do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e, após, o Museu de Arte Contemporânea.
Perdeu-se a cinta de Galerias de Arte que foram iniciados e conduzidas por agentes formados no CURSO SUPERIOR especifico de ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS.
Não é possível visualizar o número de monumentos, murais, de publicações e intervenções públicas que se devem aos seus formandos
Em direção plano nacional brasileiro basta acompanhar a migração de talentos ao centro país nos rastros do revolucionários e políticos da Revolução de 1930. O próprio fundador do IBA-RS – Olinto de Oliveira - já havia se mudado, em 1920, para a capital federal. Olinto foi chamado logo ao novo Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP) e onde permaneceu até 1945. Libindo Ferrás e Giuseppe Gaudenzi mudaram-se par o Rio de Janeiro e ali continuaram a suas respectivas pesquisas estéticas, Em 1941 Iberê Camargo e Maria Cousirat de Camargo, fixaram residência e atelier na capital federal após concluírem os seus respectivos cursos no IBA-RS.
A prof.a. D.ra Sandra REY, diretora do IA. no ambiente da Pinacoteca do Barão de Santo Ângelo

Fig. 10 -  A PINACOTECA  já estava prevista antes da fundação[1] do IBA-RS. Existia um verba especifica para a aquisição de obras de arte que eram selecionadas por Libindo FERRÀS é submetido à presidência do Instituto. Na construção do 2º bloco de prédio, em 1952, esta pinacoteca ganhou  espaço nobre no 1º  andar  e gradativamente foi se constituindo uma reserva técnica, No conjunto destas iniciativas é possível afirmar que esta é a primeira pinacoteca pública no Rio Grande do Sul, Ela recebeu o nome do Barão de Santo Agnelo – Araújo Porto-alegre -  destacado[2] no dia da fundação do IBA-RS


Esta abertura do IBA-RS, para seu TEMPO, SOCIEDADE e LUGAR, implica em MUDANÇAS CONSTANTES. Estas MUDANÇAS necessitam serem competentes para fazer nascer, frutificar e se reproduzir manifestações vivas de ARTE coerentes com o seu LUGAR, com a sua SOCIEDADE e os seus NOVOS TEMPOS.

02 –  DISTINÇÕES.

No confronto entre o sonho com a realidade do dia seguinte, é mais do que evidente a distinção entre o ideal da AUTONOMIA da ARTE com o mundo real e concreto.



[1] A      F E D E R A Ç Ã O”   publicava no 4 de abril de 1908   “IDÉA   LOUVAVEL:  INSTITUTO LIVRE DE BELLAS ARTES” “Nele haverá um grande salão para concertos, uma sala espaçosa para pequenos concertos-ensaios, um salão para exposições de quadros, uma sala-galeria dos trabalhos que forem premiados,”.

[2] Juvenal Otaviano MÜLLER, vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul,  escreveu nos TÓPICOS do DIA 22 de abril de 1908 no Correio do Povo em relação ao IBA-RS  “obra meritória de sistematizar e enriquecer o patrimônio estético do Rio Grande, juntamos os nossos aplausos humildes às palmas que por todos os recantos da terra ilustre de Araújo Porto-alegre
Disciplina Fundamentos da Cor- foto Myra Gonçalves

Fig. 11 -  O DIREITO PERMANENTE à PESQUISA ESTÉTICA encontrou no IBA-RS tanto na sua ESCOLA de ARTES como no CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS estímulos e desafios que se projetaram muito além dos ateliês e dos bancos escolares.  Ainda que o ESTUDANTE NÂO FAÇA ARTE ele, ao menos, teve tempo e lugar apropriado para sentir, experimentar e ter os meios técnicos e conceituais para empreender uma CARREIRA SOLO de ARTISTA na qual era competente para realizar escolhas e experimentos nos quais estivesse emp lena LIBERDADE e AUTONOMIA  

Já na fundação do IBA-RS, no dia 22 de abril de 1908, Juvenal Otaviano MÜLLER, vice presidente do Estado do Rio Grande do Sul, fez publicar, nos TÓPICOS do DIA. no Correio do Povo sob o pseudônimo     de                                                                Topsius[1]:
   “Resultado logico do evoluir da civilização rio-grandense, o Instituto pairava latente na ordem natural das coisas, só a espera que o fiat criador trovejasse do alto, para que ele surgisse de baixo, aparelhado para os seus lúcidos destinos”.
Este “pairar latente na ordem natural das coisas”, na concepção de Carlo ARGAN[2], é o PROJETO, o que torna histórico o ser humano. Le  CORBUSIER argumenta (n Boesiger, 1970, p.168)[3] que nada é transmissível a não ser o pensamento . No IBA-RS é possível rastrear este PENSAMENTO em diversos pontos da diacronia cuja leitura desvela a TELEOLOGIA IMANENTE no TEMPO institucional.
A experimentação, a tentativa, o erro e a sua correção geram um continuo histórico que deixa pelo caminho índices, documentos, testemunhos e realizações materiais



[1] TOPSIUS  - Juvenal Octaviano Miller (*Rio Grande, 13 de outubro de 1866  + Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1909) foi um político, militar e escritor brasileiro. Fez seus estudos na Escola Militar de Porto Alegre e na Escola Superior de Guerra. Na revolta da Esquadra defendeu a Barra, depois marchou com a divisão Sul para o campo de luta, contra os Federalistas. Fundou a Escola de Engenharia de Porto Alegre. Em sua vida literária redigiu a “Denúncia”., órgão republicano da Escola Militar. Colaborou com a Revista Acadêmica da mesma escola. Escreveu para o Correio do Povo sob o pseudônimo de Dr. Topsius. Publicou em 1898, uma novela de propósitos positivamente intitulada “Professor” que teve grande aceitação na época.

[2] ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992).   História da arte como história da cidade.   São Paulo:  Martins Fontes. 1992.
[3] BOESIGER, Willy .  Le Corbusier Les Derniers  œuvres  Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, , v.8,  208 p
                .
Localização da UNIVERSIDADE da ARTES em 1947

Fig. 12 -  A complexa e extensa gama de saberes, práticas e o acumulado de obras de arte no IBA-RS foram a semente de um PROJETO de UNIVERSIDADE DE ARTES. Est semento ganhou a forma de um projeto de Firmando CORONA no qual administração, os ateliês e as salas de aula estivessem num bloco central. Entre a igreja luterana e este bloco central  previa-se um TEATRI ccim 2.700 cadeiras, Na parte superiorr uma PINACITECA e um MUSEU de ARTES

 02.1 –   Concepções da VELHA REPÚBLICA e  aquelas posteriores à REVOLUÇÃO de1930.

Os cursos superiores, da VELHA REPÚBLICA podiam buscar, onde bem entendessem, os seus paradigmas institucionais, seus currículos, suas matérias e seus professores. Os fundadores do IBA-RS escreveram na ‘A Federação’ (04.04.1908)[1] que
para a Europa, Rio da Prata e todo o Brasil, onde existem estabelecimentos desta ordem foram pedidos prospectos, programas, regulamentos, etc., bem como pedidos de preços de materiais absolutamente necessários ao funcionamento do Instituto, afim de se fazerem os cálculos todos, sem pessimismo ou optimismo.
Após a criação da UNIVERSIDADE BRASILEIRA foi estabelecido um padrão comum e uniforme, O CONSELHO FEDERAL de EDUCAÇÃO controlava todas as instituições superiores do território nacional a quem eram submetidos os estatutos, currículos e condições matérias do funcionamento.
O IBA-RS, após a sua expulsão da Universidade de Porto Alegre, recorreu e se submeteu às competências e aos limites do Estado nacional brasileiro. Agiu, também, sem otimismo e pessimismo mesmo nesta mudança institucional. Uma das primeiras providências foi remeter ao CONSELHO FEDERAL o pedido da aprovação dos seus CURSOS de MÚSICA e ARTES PLÁSTICAS. Nesta aprovação teve êxito através do Decreto Federal nº 7.197, de 20.05.1941, que “reconhece os cursos de Música e Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul”   (Diário Oficial de 07.10.1941)




[1] “ IDÉA   LOUVAVEL INSTITUTO LIVRE DE BELLAS ARTES”. Porto Alegre:  A      F E D E R A Ç Ã O” em 4 de Abril de 1908

Fig. 13 -  Um diploma da UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE concedido, no dia 12 de maio de 1938, a uma estudante (1916- 1921) e formanda no CURSO SUPERIOR da ESCOLA de ARTES do IBA-RS. Esta competência passou a ser do MEC, a partir de 1931, que passava autorização de examinar e conceder estes diplomas aos entes universitários que validavam os estudos e os resultados escolares realizados nas escolas superiores isoladas, na medida que os  seus cursos superiores fossem reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação


A concessão da aprovação dos cursos superiores da Velha República era da competência dos estabelecimentos de ensino e não conferiam diploma. Na Universidade-  pós Decreto Federal nº 19.851 de 11 de abril de 1931, somando com outros decretos[1] - esta  concessão, do diploma, era delegada pelo Governo Federal para um ente universitário com rígido controle central a quem ela delegava esta competência.

  02.2 –    ESCOLA de ARTES diferente de CURSO de ARTES PLÁSTICAS.

Uma das diferenças básicas era que na ESCOLA de ARTES o ingresso era permitido ao 14 anos de candidatos que soubessem ler, escrever e dominavam as quatro operações básicas da Matemática, além da necessária autorização dos pais, caso fossem menores de idade. No CURSO SUPERIOR de ARTES PLASTICAS era EXIGIDO o VESTIBULAR especifico



[1] Decretos Federais legislam sobre a Universidade Brasileira: Reforma Francisco Campos:
Decreto  nº 19.850: ‘Cria o Conselho Nacional   de Educação ( 8 artigos )
Decreto Nº 19.85111.  04. 1931: ‘Dispõe que o ensino no
  Brasil obedecerá de preferência ao sistema universitário’. (XIV títulos 116 artigos).
Decreto Nº 19.852: ‘Dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro”  (328 art.s + exposição  . de motivos)

  Aula de Geometria na Escola de Artes do IBA-RS

Fig. 14 -  A tenra idade dos estudantes do IBA-RS está evidente nesta foto de 1915, de uma turma da ESCOLA de ARTES. Podiam-se matricular maiores de 14 anos que comprovassem saber ler, escrever e dominar as quatro operações da Matemática es. A idade de ingresso aumentou com a exigência do atestado da conclusão do ginásio e conquistar vaga no acirrado vestibular para o CURSO SUPERIOR de ARTES PLÀSTICA, ARQUITETURA e URBANISMO

Outra diferença estava no currículo. A ESCOLA de ARTES oferecia do básico, elementar, médio até o curso superior. Enquanto isto  o CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS não oferecia o básico, o elementar e o médio. As suas disciplinas supunham conhecimentos e habilidades do estudante comprovadas no VESTIBULAR especifico.
A progressão também era diferente. A ESCOLA de ARTES oferecia periódicas BANCAS EXTERNAS nas quais o candidato podia pleitear e obter o ingresso e a progressão para o nível que o qual ele se achava apto.  Já no CURSO SUPERIOR a progressão era linear e contínua em séries anuais.
A ESCOLA de ARTES NÃO CONFERIA DIPLOMA. O objetivo final do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS era o DIPLOMA UNIVERSITÁRIO.
Na ESCOLA de ARTES não havia chamada de presenças. O estudante frequentava as aulas para se preparar para as BANCAS EXTERNAS, No CURSO SUPERIOR havia chamadas diárias por disciplinas e exames em bancas com professores designados do propor curso.
A ESCOLA de ARTES preparava no seu curso superior para o magistério. O CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS delegava para a FACULDADE de EDUCAÇÃO a formação, do professor de DESENHO.

úri de um Salão do IBA-RS

Fig. 15 -  O IBA-RS manteve a iniciativa de uma sequência de Salões de Arte tanto internacionais, nacionais como regionais enquanto era ainda uma Unidade Superior Isolada. Perdeu esta competência quando ele se tornou uma das unidades de uma Universidade Esta Universidade fez algumas tentativas nesta direção, mas que não vingaram e prosperaram

02.3 –  O CURSOS ISOLADOS diferentes dos CURSOS numa UNIVERSIDADE

O DECRETO Nº 19.851 de 11 de ABRIL de 1931[1] que criou a UNIVERSIDADE não BRASIL é claro na sua introdução a afirmar dispunha que  “o ensino superior no Brasil obedeça de preferência ao sistema universitário
Contudo este mesmo decreto facultava que o ensino superior ainda podia “ser ministrado em institutos isolados”, contanto que a administração técnica administrativa fosse semelhante daquela das universidades.
 Era o caso do IBA-RS que se manteve isolado, de 05 de janeiro de 1939[2], até o dia 30 de novembro de 1962 com Decreto Federal. nº 4.159[3] pelo qual o Instituto de Belas Artes foi integrado na Universidade Federal do Rio Grande do SUL.

03 –  CONVERGÊNCIAS e CONTINUIDADES.

Na prática, nem o povo, nem os docentes e nem os estudantes tomavam conhecimento das razões destas mudanças e diferenças institucionais. Acostumados a seguir as ordens do PODER CENTRAL, adaptam-se rapidamente a seguir a marcha do rebanho como aos rituais acadêmicos diferentes.
Assim passa-se gradativamente de um paradigma para o outro nos quais são percebidos rituais diferentes. É o formalismo da ERA INDUSTRIAL que que avança carregando os instrumentos da obsolescência programada. Com estes instrumentos ela necessita desqualificar tudo aquilo que a antecede. Esta tentativa é perceptível também no CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS que necessitou desqualificar a ESCOLA de ARTES.
Os objetivos, as técnicas estéticas e a teleologia imanente nos dois CURSOS se mantiveram constantes. O CURSO SUPERIOR de ARTES PLASTICAS acelerou, multiplicou as manifestações e a quantidade das disciplinas, dos docentes e população estudantil. Resta a dúvida se a quantidade influenciou a qualidade da ARTE e de suas manifestações externas e internas.



[1] -  SOUZA NEVES, Carlos. Ensino Superior no Brasil: legislação e jurisprudência federais. Rio de Janeiro : MEC-INEP. 1951   vol 4   pp. 165-192
[2] 05. 01. 1939 Decreto Estadual nº 7.672, “desanexa da Universidade de Porto Alegre, o Instituto de Belas Artes e dá outras providências

[3] - Publicado no Diário Oficial de 04 . 12 . 1962 e assinado por João Goulart, Hermes Lima, Miguel Calmon  e Darcy Ribeiro

Foto do acervo a família ACHUTTI
Fig. 16 -  A realização do CONCURSO VESTIBULAR nos cursos superiores do Brasil foi uma exigência para selecionar candidatos do CURSOS SIUPERIORES de DIRETO. O VESTIBULAR era para regular a proliferação de rábulas e concorrentes desqualificados no exercício da profissão de advogado. Não era o caso das Artes na qual nunca existiu a figura da PROFISSÃO REGULAR de ARTISTA, No entanto esta exigência do vestibular veio no bojo da UNIVERSIDADE BRASILEIRA como exigência da concessão do diploma, Porém tornou-se uma necessidade quando o número de candidatos ultrapassou as possibilidades de atendê-los adequadamente, De outra parte um CURSO SUPERIOR em ARTES significa que candidato tenha habilidades, conhecimentos e práticas básicas e anteriormente adquiridas em CURSOS TÉCNICOS de ARTES e OFÍCIOS


  03.1  –  HOUVE CONTINUIDADE entre ESCOLA de ARTES do INSTITUTO  e o CURSO SUPERIOR UNIVERSITÁRIO
A ESCOLA de ARTES do IBA-RS era conhecida cimo a ESCOLA do DESENHO. Esta característica não só foi mantida no CURSO UNIVERSITÁRIO, mas ampliada e atualizada.
No CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS supunha-se que as questões técnicas do DESENHO tivessem sido superadas como na Música supunha-se a perfeita ‘leitura à primeira vista’ de uma pauta. 
Fig. 17 -  É visível nesta foto  - de uma turma do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS de 1861-  que apresentam uma idade bem superior àquela idade das turmas da ESCOLA de ARTES ( Fig. 14 –Esta turma resultou da seleção de um candidato por  dez concorrentes.


Por esta razão a existência do vestibular para selecionar os mais adiantados nesse domínio técnico. Os estudantes da ESCOLA de ARTES eram submetidos a progressivas bancas para que os convidados externos pudessem avaliar e classificar os progressos na aprendizagem e domínio das questões técnicas gráficas.
A disciplina escolar de PINTURA não se consolidou e reproduziu na ESCOLA de ARTES apesar de reiteradas tentavas neste sentido. Ela só encontrou o seu lugar institucional definitivo com o CURSO SUPERIOR UNIVERSITÁRIO de ARTES PLÁSTICAS. A disciplina de MODELAGEM e ESCULTURA encontraram o seu lugar no CURSO da ARTES PLÁSTICAS

    03.2 – . O FOCO da COMPETÊNCIA e dos LIMITES continuaram sendo o RIO GRANDE do SUL
O Instituto de Artes viu confirmar a sua competência e seu limite no âmbito estadual com a sua passagem para a UNIVERSIDADE do RIO GRANDE do SUL, no dia 30 de novembro de 1962. Nascido como Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul, em 22 de abril de 1908, já havia cumprido estas COMPETÊNCIAS e LIMITES estaduais no período de 54 anos no qual esteve na autonomia. Permanecia fiel ao seu LUGAR e na evolução natural da sua SOCIEDADE num ritmo de um TEMPO próprio e singular das suas realizações possíveis,
Novamente surge Juvenal Otaviano MÜLLER, vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul, que escreveu nos TÓPICIS do DIA 22 de abril de 1908 no Correio do Povo que:
“o Rio Grande do Sul vae ter o seu Instituto de Belas Artes  No dia em que se reúne a assembla geral dos conclamados para ajudar na obra meritória de sistematizar e enriquecer o patrimônio estético do Rio Grande, juntamos os nossos aplausos humildes às palmas que por todos os recantos da terra ilustre de Araújo Porto Alegre, reboam uníssonos, em torno do notável empreendimento”.
Esta mesma teleologia imante orientou o discurso de Tasso CORREA^, em 1934 quando afirmou que “o instituto é uma organização destinada à difusão do ensino artístico no Rio Grande do Sul”.
Com esta consciência coletiva, cada vez mais evidente e consolidada, as interações no plano nacional do IBA-RS ganhavam sentido e personalidade própria e sem estereótipos fáceis e agradáveis. 
Francis PELICHEK compensa sua ALTURA em relação à aluna

Fig. 18 -  Outra razão de um número restrito de vagas num CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS é o atendimento individualizado para cada estudante.  No vasto campo de forças estéticas é impossível estandardizar à maneira da linha de  montagem e das series industriais e tayloristas.  Apesar da LINHA de MONTAGEM tomar conta das mentalidades das universidades persistem irredutíveis as diferenças entre estudantes de artes.  Mesmo entre docentes da Arte as aspirações, as pesquisas e as obras são absolutamente diferentes entre si. Caso contrário NÂO SERIA ARTE na qual domina o único, o criativo e aquilo que permanece.

03.3  – Ambos cumpriram o papel de formar no RIO GRANDE do SUL AGENTES QUALIFICADOS para a sua SOCIEDADE, seu LUGAR e sem TEMPO 
Tanto a ESCOLA de ARTES tanto como o CURSO SUPERIOR da ARTES PLÁSTICAS cumpriram o papel da  “difusão do ensino artístico no Rio Grande do Sul  Este projeto, inexistente no REGIME IMPERIAL, criou corpo físico nos primórdios do REGIME REPUBLICANO.
 Para fazer justiça a ambos é necessário estar atento para a repentina explosão universitária que se deu entre 1931 e 1964. Esta fragorosa explosão popular universitária brasileira, desqualificou e sepultou a memória e o repertório da ESCOLA de ARTES, pioneira no Rio Grande do Sul no período de 1910 e 1930.
Espera-se volta à calma e o refluxo de pesquisas, documentos e socializações para contabilizar aqueles que cumpriram o papel de formar no RIO GRADE do SUL AGENTES QUALIFICADOS para a sua SOCIEDADE, o seu LUGAR e o TEMPO que lhes foi dado.
Fig. 19 – As diferenças dos dois prédios do IBA-RS reflete e materializa as distinções ente a sua ESCOLA de ARTES e o seu CURSO SUPEROIR de ARTES PLÁSTICAS  O sobrado da antiga Loja Maçônica de Von KOZERITZ foi alugado e  adquirido pelo IBA-RS no ano da 1913 e acrescido um andar no qual funcionou o Atelier da Escola de Artes, O novo prédio foi erguido em 1941-1943 e recebeu um segundo bloco em 1952, Este novo espaço – construído especificamente para as ARTES -   permitiu a instalação e a expansão do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS  Com o objetivo de materializar estre projeto três professores assinam,  no dia 02. 10. 1941, no 5º cartório de Porto Alegre a hipoteca de suas proprias casas a favor da Caixa Econômica Federal para levantar fundos para a construção do prédio do Instituto de Belas Artes[1]



CONCLUSÕES

A Arte é formada por uma sequência ininterrupta de expressões originais e únicas, que necessitam pulsar por tempo indeterminado. Qualquer estereótipo é apenas mais um alfinete para fixar as carcaças daquilo que foi alguma vez VIDA e ARTE.
A ARTE VIVA que supõe expressões originais e únicas. Expressões que provocam aberturas no atual IA-UFRGS uma sequência continua e ininterrupta de MUDANÇAS competentes para fazer nascer, frutificar e se reproduzir manifestações vivas da ARTE.
No contraditório é sempre bom se perguntar, e ter certeza, das condições objetivas propícias para desencadear toda e qualquer RUPTURA EPISTÊMICA, ESTÉTICA e MATERIAL. Mesmo no interior de uma universidade sempre cabe a atenção e a interlocução com os demais saberes eruditos do meio cultural sul-rio-grandense
 A coerência da ARTE com o seu LUGAR, com a sua SOCIEDADE e os seus TEMPOS implica em MUDANÇAS CONSTANTES. MUDANÇAS que se buscou evidenciar, aqui, índices das MUDANÇAS entre a ESCOLA de ARTES (1910-1938) e o CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS (1939-1964) do IBA-RS.
É este pulsar entre a CONTINUIDADE INSTITUCIONAL se batendo em CONSTANTES MUDANÇAS se apresentam na diacronia do atual INSTITUTO de ARTES da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA-UFRGS)
 O texto e as imagens, acima, limitam-se, a alguns dados daquilo que aconteceu na ESCOLA de ARTES e no CURSO de ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS entre os anos de 1910-1964. Aquilo que aconteceu depois, desta data, já constitui competências dos três Departamentos do IA-UFRGS e em especial do DEPARTAMENTO de ARTES VISUAIS (DAV).



[1]  - Livro de Atas nº 2 do CTA p.6 f
Fernando CORONA (1895-1979) na sua sala de aula em 1965

Fig. 20-  Fernando CORONA, além de escrever as suas memórias, constituir álbuns e redigir publicações e periódicos e livros, contribui para criar as condições materiais e lugares para a guarda de documentos. Corona projetou os atuais prédios do IA-UFRGS e fiscalizou a construção dos prédios que abrigam o auditório, a biblioteca e pinacoteca do IA-UFTRS. Com dois outros colegas ele hipotecou as suas próprias residências com o objetivo de viabilizar economicamente a construção do IBA-RS. Ele foi um agente ativo da iniciativa da reincorporação do IBA-RS na URGS [ 1]. Deve-se a ele mais um elemento que deflagrou o processo da FEDERALIZAÇÃO de ambas as instituições.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992).   História da arte como história da cidade.   São Paulo:  Martins Fontes. 1992.

BOESIGER, Willy .  Le Corbusier Les Derniers  œuvres  Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, , v.8,  208 p

CORONA Fernando (1895-1979) COISAS MINHAS : 1962 1965 Brasília e outros alpistes  06.08. 1962    26.11.1965. 85 folhas sem linhas caderno simples:  210 mm X 149 mm. Acervo descendentes de Fernando Corona 
                        
MÜLLER Juvenal Octaviano (1866 - 1909) TOPSIUS  O Rio Grande do Sul vae ter o seu Instituto de Bellas Artes TOPICOS  DO  DIA, Porto Alegre:  Correio do Pono22 de abril de 1908

SOUZA NEVES, Carlos. Ensino Superior no Brasil: legislação e jurisprudência federais. Rio de Janeiro: MEC-INEP. 1951  4 vol.

WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA

Decreto nº 19851 de 11.04.1931 cria a Universidade Brasileira

Discurso de Tasso CORRÊA no Theatro São PEDRO

A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a ARTE no PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA - Isto é ARTE nº 165 -
Depoimento de Renato Borba em 22 de abril de 2020 

O Instituto Municipal de Belas Artes de Bagé - Imba Bagé. Veio a ser criado por fomento do maestro Guilherme Fontaínha, como decorrência desse movimento histórico e pelas pesquisas que realizei, a atuação do maestro alcançou inclusive, o município de Santana do Livramento. Segundo um depoimento que colhi de uma professora aposentada da UFSM que foi uma das sua alunas nesse município”.



[1], CORONA Fernando (1895-1979) COISAS MINHAS : 1962 1965 Brasília e outros alpistes  06.08. 1962    26.11.1965. 85 folhas sem linhas caderno simples:  210 mm X 149 mm. Acervo descendentes de Fernando Corona                           

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