O papel do
INSTITUTO de BELAS ARTES no período de 1930 até 1964
. LABORATÓRIO DE HISTÓRIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do
SUL
Previsto para o 3º
Encontro – 01/04/2020 e adiado devido ao CORONAVÍRUS.
1ª Palestra
(14:30 – 15:30): O papel da Escola de Belas Artes no período 1930-1964. Prof. Cirio Simon
Fig. 01 LOGO do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO
GRANDE do SUL em 1958 Este logo foi
usado nos eventos do cinquentenário do IBA-RS que ocorreu no dia 22 de abril de
1958
00– Diferenças e semelhanças entre a ESCOLA de ARTES e CURSO de ARTES PLÁSTICAS do IBA- RS-
01– Natureza do
Instituto de Artes.
01.1.– Estrutura complexa para tempo indeterminado . - 01.2–
Propostas e respostas conforme o ligar, tempo e sociedade .
01.3 – MUDANÇAS entre o ANTIGO
e o NOVO IBA-RS.
01.4 – As contribuições para arte e a cultura do Rio
Grande do Sul e Brasil dentro do seu
projeto
02 – Distinções
02.1 – Concepções da VELHA
REPUBLICA e APÓS a REVOLUÇÃO de 02.2 – 1930
ESCOLA de DESENHO diferente de CURSO de ARTES PLÁSTICAS . 02.3 – CURSOS ISOLADOS e CURSOS numa UNIVERSIDADE
03 –
Convergências e continuidades.
03.1 – HOUVE
CONTINUIDADE entre ESCOLA do INSTITUTO e
o CURSO SUPERIOR UNIVERSITÁRIO 03.2 – . O FOCO COMPETÊNCIA e LIMITES
continuaram sendo RIO GRANDE do SUL 03.3 – Ambos cumpriram o papel de formar no RIO GRANDE do SUL AGENTES QUALIFICADOS para a suas SOCIEDADE, LUGAR e TEMPO
CONCLUSÕES
Fig. 02 O Instituto de BELAS ARTES do Rio Grande o
Sul sempre foi, e continua sendo, a MANTENEDORA dos diversos
cursos. Atualmente (2020) este INSTITUTO de ARTES está Integrado na UFRGS e
mantem TRÊS DEPARTAMENTOS (Música. Ares Visuais e Arte Dramática). Nunca
houve solução de continuidade no aspecto legal entre Escola de Artes e Curso de
Artes Plásticas apesar deste último obedecer aos paradigmas da Universidade
Brasileira no s termos do Decreto nº 19.851 de 11,04, 1931
[clique sobre o gráfico para poder ler]
00– Diferenças e semelhanças
entre a ESCOLA de ARTES e o CURSO de
ARTES PLÁSTICAS do IBA- RS.
“O ESTUDANTE NÃO FAZ ARTE” na concepção de Ado MALAGOLI. Na medida em
que o estudante se submete aos seus mestres ele se encontra na sua heteronomia
e ainda não atingiu a autonomia para deliberar e decidir em relação à sua
própria obra. Este olhar rigoroso para o interior de uma ESCOLA de ARTES faz
parte do cultivo do 'HÁBITO da INTEGRIDADE INTELECTUAL' na concepção que MAX WEBER[1]
a única e principal coisa que uma universidade pode propiciar ai seu estudante.
Ninguém duvida como esta integridade INTELECTUAL e ESTÉTICA pode se corrompida,
especialmente em ARTES. Basta instalar e propagar o senso comum e aquilo que já
foi digerido (KITSCH) para esterilizar qualquer ARTE.
Outro mestre
recomendava: ”NÃO TENHA PROFESSORES,
TENHA UM PROFESSOR”. Nesta concepção o estudante toma um rumo
determinado ou uma LINHA DE PESQUISA provisória enquanto verifica e mede as
suas próprias condições para fazer germinar a sua ORIGINALIDADE, afirmar o seu
caminho e a sua AUTONOMIA. Quanto mais cedo encontrar e se dedicar a esta
LINHA, mais caminho fará e mais resultados terá. Experimenta consegue ou não o
que ele de fato pretende no vasto e imprevisível campo das forças da arte. Sem rumo
neste mundo multifacetado, qualquer onda, mais forte, faz naufragar todos seus projetos
quando está carente deste orientador experimentado. Sem ele, o estudante de
artes, corre o perigo de exaurir as suas potencialidades. Sem este orientador experimentado,
o estudante de artes, está sem bússola e
sem um leme forte está entregue à “tentação do múltiplo” neste CAMPO de FORÇAS
MÚLTIPLAS e CONTRADITÓRIAS da ARTE.
Fig. 03 - A ESCOLA de ARTES do INSTITUTO de BELAS
ARTES do RIO GRANDE do SUL teve diversos LOGOS
O logo desta imagem consta no
cabeçalho de uma premiação escolar do estudante Francisco BELLANCA. O desenho e
as letras, supõe-se que sejam de Libindo Ferrás que desempenhou o papel de
diretor, professor único da Escola e provedor do prédio do IBA-RS
A
ESCOLA de ARTES do IBA-RS possui
semelhanças e diferenças com o CURSO de ARTES PLÁSTICAS que a sucedeu.
As diferenças são
formais, jurídicas, sociais e de tempo.
A administração da
ESCOLA de ARTES era realizada por um diretor designado e de confiança do
Presidente da Comissão Central do Instituto de Belas Artes do RS (IBA-RS).
Diário de Notícias Porto Alegre dia
06.01.1939
Fig. 04 - A CONGREGAÇÃO do IBA-RS reunida no dia 06 de janeiro de 1938 para assumir
oficialmente os destinos do IBA-RS, desanexado da Universidade de Porto Alegre
e sem a COMISSÃO CENTRAL que entregara neste dia os destinos e patrimônio da
instituição Tasso CORRÊA, ao centro da foto assumiu a direção tanto do INSTITUTO
ali incorporando a direção dos Cursos de Música e Artes Plásticas. Estes cursos
constituíram as suas respectivas COMISSÕES TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS (CTA)
previstas pelo Decreto Lei 19.851 de 11. 04.1931
O Curso de ARTES
PLÁSTICAS era administrado pelo diretor do IBA-RS auxiliado pelo Conselho
Técnico Administrativo (CTA) sob a alta supervisão da Congregação de
Professores do IBA-RS. A Comissão Central era formada por pessoas leigas em
Arte, A Congregação era formada exclusivamente de artistas professores.
Quanto ao TEMPO do
estudante da ESCOLA de ARTES era aquele que ele NÃO dedicava à sua formação em
OUTROS CURSOS que lhe poderiam garantir um emprego ou uma profissão considerada
séria e segura e consagrada pela sociedade
O CURSO SUPERIOR de
ARTES PLÁSTICAS exigia tempo integral. Este, além da formação artística,
poderia garantir-lhe um emprego em carreira burocrática superior, como do
magistério, além da opção pela profissão de artista.
No entanto, para o magistério, havia exigência da frequência de uma LICENCIATURA especializada em ARTES.
Fig. 05 - O LOGO
do IBA-RS, em 1915, evidencia a mantenedora e os seus dois cursos de ARTES e de MÚSICA Logo
aberto que ensejou a concepção de uma semente de uma UNIVERSIDADE de ARTES. O
fato é que as ARTES possuem a potencialidade de um grande capo de saberes que
confluem ou derivam da criatividade, da sensibilidade e inteligência humana
01– NATUREZA do
INSTITUTO de ARTES.
O INSTITUTO de ARTES
sempre esteve voltado especificamente para as ARTES NOBRES[1],
em alto nível. Neste alto nível sempre buscou trazer para o Estado do Rio
Grande do Sul a formação completa de agentes competentes para manter este
objetivo por tempo indeterminado
Esta formação, em alto
nível, continua num crescendo por meio de sucessivas exigências. Esta
qualificação iniciou com os rudimentos institucionais passou para CURSOS QUALIFICADOS
de GRADUAÇÃO[2]
e, mais recentemente, se expressa em três programas de Pós-Graduação
Stricto-sensu.
De outra parte o IBA-RS
sempre evitou e contornou cursos xifópagos. Assim manteve a autonomia do CAMPOS
das ARTES, com a sua direção confiada integralmente a agentes do campo das
ARTES e não de LETRAS, de COMUNICAÇÃO ou de FILOSOFIA. Esta autonomia
custou-lhe caro e ensejou trabalhos e riscos pouco comuns para outras unidades
universitárias, especialmente em cursos xifópagos. Custou-lhe seis exclusões de
uma universidade local. Retornou para a universidade que havia ajudado a
fundar, não pela mão desta universidade, mas diretamente conseguido com o aval
do governo central e com um orçamento aprovado pelo Congresso Nacional.
[1] CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
[2] Os cursos superiores de Música a Artes plásticas foram
reconhecidos. no âmbito nacional pele Decr. Federal nº 7.197 20.
05. 1941 “reconhece os cursos de Música e Artes Plásticas do Instituto de
Belas Artes do Rio Grande do Sul” (D.O.
de 07.10.1941)
CENA Auditório Tasso Corrêa nos 95 anos do IA
em 22 de abril de 2003
Fig. 06 - Apesar
da constante busca de tidas as manifestações artísticas buscar a sua identidade
e autonomia esta busca constitui um estímulo reciproco para nenhuma delas ficar
para traz. O Instituto, como mantenedorra,
não possui alunos. Quem os tem e is atendem são os atuais departamentos com os
seus respectivos programas de pós-graduação
01.1.– Estrutura complexa para tempo indeterminado.
A prerrogativas dos
artistas - como dirigentes do IBA-RS - foi arduamente defendida, no dia
24.10.1934. por Tasso CORREA[1]
no Theatro São Pedro, quando afirmou entre outra considerações:
“o instituto, sendo uma
organização destinada à difusão do
ensino artístico no Rio Grande do Sul, é orientado por cavalheiros de alta distinção,
mas que infelizmente, na sua grande maioria, nada entende de Arte. Para
demonstrar o absurdo da nossa organização administrativa lembraria o seguinte:
uma Faculdade de Medicina, dirigida por uma comissão de músicos, pintores e
escultores.. Esta situação deveria ser idêntica à do Instituto de Belas Artes,,”
Esta defesa valeu, para
Tasso CORRÊA, a expulsão do IBA-RS no mesmo dia do seu discurso público no
Theatro São Pedro. Esta expulsão foi revertida com a atuação, imediata e firme,
do Centro Acadêmico do IBA-RS. Em 1936 ele foi designado pela UPA como diretor
geral o IBA-RS. Após a exclusão do IBA-RS da UPA, no dia 05.01.1939, a Comissão
Central entregou o patrimônio e os destinos do IGA-RS à Congregação cujo
presidente era Tasso CORREA. Este realizou uma administração interrupta ao
longo 22 anos.
Além da afirmação do
ideal da autonomia do campo especifico das forças da Arte, havia a necessidade
das condições da administração do mundo real e das circunstâncias matérias para
que esta autonomia possa se manifestar na prática do dia a dia.
[1] Discurso
de Tasso CORRÊA no Theatro São PEDRO – Diário de Notícias- Porto Alegre,
Diários Associados, dia 26.10. 1934 p. 04
MISS BRASIL 1957 no gabinete de Tasso Corrêa
Sentados [da esquerda para a direita]: Amelita, (filha de Luís Maristany Trias),
Alice Brueggmann, Alice Soares, Tasso Corrêa, Miss Maria José Cardoso, jornalista Lygia Nunes (esposa de
Maximiliano Fayet) De pé [na mesmo ordem]: Aldo Locatelli, João Fahrion Luis Carlos
Rothmann, Ernani Dias Corrêa, Evânio, Carlos
Mancuso, Luis Fernando Corona, Nelson Boeira Feadrich, Ado
Malagoli, e Maximiliano Fayet
Fig. 07 - Maria
José CARDOSO, estudante do CURSO SUPERIOR da ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS, foi a
vencedora do concurso MISS BRASIL 1957 . Este fato gerou um aumento significativo
de atenção sobreo CURSO e o INSTITUTO, atraindo um número expressivo de
candidatos.
01.2– Propostas
e respostas conforme o lugar, tempo e sociedade.
O ambicioso projeto do
INSTITUTO de BELAS ARTES para todo o RIO GRANDE do SUL foi expresso e amparado pelas
64 COMISSÕES REGIONAIS com sede nos municípios mais populosos do estado. Estes
municípios tiveram de tomar a iniciativa de criar e manter Conservatórios de
Música e Escolas de Arte apesar deste projeto 64 COMISSÕES REGIONAIS e de
alguma movimentação local.
No contraditório foram
os docentes e os formandos do IBA-RS que tomaram esta iniciativa nos
municípios.
Isto fazia sentido
devido à larga diversidade estética e cultural vivida em cada célula municipal
do Rio Grande do Sul. A dependência das células municipais com tradições,
histórias e políticas distintas um dos outros e especial da capital de Estado,
iria contra a AUTONOMIA necessária para as ARTES. O pior estrago possível, para
a ARTE e a CULTURA do Rio Grande do Sul, é o centralismo, a hegemonia e o TIPO
ÚNICO ao modelo da estética nazista. Assim, ao percorrer o Rio Grande do Sul,
no século XXI, é possível encontrar os mais variados e ricos experimentos
estéticos nas ARTES VISUAS NOBRES e SUPERIORES graças ao que muitas células
municipais conseguiram colocar no mundo prático
No amplo paradigma, da Universidade
Brasileira, bastava uma atenção e implementação de normas gerais e flexíveis
prognosticadas pelo Decreto Federal nº 19.851, de 11.04.1931[1],
para a validade dos seus diplomas em todo território nacional. Foi a caso da
UNIVERSIDADE de Porto ALEGRE, seguidas por Pelotas, Santa Maria e de tantas
outras universidades com sede em municípios, mas com vasta abrangência regional
e validade nacional.
01.3 – MUDANÇAS entre o ANTIGO e o NOVO IBA-RS.
De forma geral pode-se
afirmar que na REPÚBLICA VELHA os Estados eram SOBERANOS, com CONSTITUIÇÃO e o
executivo ocupando as funções e cargo PRESIDENCIAL. As organizações estavam mais
voltadas para o comércio, entretenimento e o lazer, distantes da política da
ideologia e sem o voto feminino.
Este paradigma foi
questionado após 1930. O ESTADO NACIONAL concentrou em suas mãos um paradigma
único e central de UNIVERSIDADE. Este mesmo ESTADO NACIONAL expressou a sua
NATUREZA UNITÁRIA e CENTRAL na política conhecida como ESTADO NOVO (1937-1945)
.Este queimou as bandeiras estaduais, aboliu as sus constituições e nomeou
interventores.
Estes dois paradigmas
estão bem visíveis no IBA-RS. Ao longo da REPÚBLICA VELHA o seu regime era
presidencial e centralista. Os docentes, os programas, avaliações encontrava-se
no arbítrio das direções centrais e distantes e estranhas às organizações
estudantis e docentes. A Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) era vista como
uma das opções possíveis.
Após o Decreto nº 1981
de 11 de abril de 1931 o paradigma UNIVERSITÁRIO é visto como um horizonte e
que vai sendo concretizado passo a passo, A Escola Nacional de Belas Artes (ENBA)
vai na direção da Universidade do Rio de Janeiro até se transformar na Escola
de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro (EBA-URJ). O seu currículo
tornar-se modelar e dominante. As organizações estudantis ganha corpo e começar
a convergir para a União Nacional do Estudantes (UNE). Após isto as atualizações da inteligência artística
vão se acelerando, enquanto a pesquisa
estética está cada vez mais dominada pela heteronomia de culturas
hegemônicas centralistas. São raros aqueles a que se dão conta desta distinção
e muito menos aqueles que conseguem escapar destes rebanhos de consumidores
passivos destas informações disseminadas pela industrial cultural tardia e
dependente.
Altar cívico no IBA-RS
no dia 30.08.1943 na ocasião da inauguração do Novo prédio
Fig. 08 - O
IBA-RS nasceu em consequência do REGIME REPUBLICANO e com a mente voltada par o
ESTADO BRASILEIRO, O IBA-RS arregimentou 2.000 LEGIONÀRIOS em plena II
GUERRA MUNDIAL engajados em CONSTRUIR o seu novo PRÉDIO. Um número significativo destes LEGIONÁRIOS era
do Centro do Brasil que também enviaram obras de arte para leilões
beneficentes. Este movimento viu coroado este esforço com a inauguração do novo
PRÉDIO.
01.4 – As contribuições do IBA-DS para arte e a
cultura do Rio Grande do Sul e Brasil dentro do seu projeto
Ainda não se realizou a
pesquisa das contribuições, diretas e indiretas, tanto a ESCOLA de ARTES como do
CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS para propiciarem a ELEVAÇÃO da CULTURA do RIO
GRANDE do SUL
Considerando o IBA-RS
como uma mantenedora pode-se argumentar que por meio da criação do
CONSERVATÓRIO de MÚSICA (1908) e da ESCOLA se ARTES (1910) distante do
paradigma de ACADEMIA dos NOTÁVEIS do 'Ancien Regime'. De fato o IBA-RS NÃO foi
apenas uma ACADEMIA com um número limitado de cadeiras destinadas aos NOTÁVEIS
e SEM escola formal alguma. O IBA-RS poderia derivar para uma INSTITUIÇÃO ao modelo
da ACADEMIA BRASILEIRA de LETRAS, para o Rio Grande do Sul.
O IBA-RS está longe
disto e ao manter CURSOS SUPERIORES de DESENHO e de ARTES PLÁSTICAS. Como agente
qualificado e aberto para o seu LUGAR, seu TEMPO e sua SOCIEDADE criou e
manteve o CURSO TÉCNICO de ARQUITETURA e de ARTES PLÁSTICAS. Organizou e fez
funcionar o CURSO SUPERIOR especifico e completo de ARQUITETURA. O CURSO de
ARQUITETURA da Escola de Engenharia era uma ESPECIALIZAÇÃO dos seus engenheiros,
oferecida com currículo reduzido e nenhum professor artista. Após isto ofereceu o CURSO SUPERIOR especifico
de URBANISMO o primeiro no gênero no Brasil. Ambos foram aprovados pelo Decreto
Federal Nº 19.991, de 26. 11. 1945, que “autoriza
o funcionamento do Curso de Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Belas Artes
do RS”[1]
Na ausência de outros
agentes o IBA-RS organizou e fez funcionar os SALÕES de BELAS ARTES. Esta incumbência foi aprovada pelo Decreto
Estadual Nº 561, do dia 23.06.1942, que
“institui o Salão Estadual de Belas Artes”.
Professores e estudantes do IBA-RS no 8º
andar diante do mural da Aldo Locatelli- em 1961
Sentados [ a esquerda para a direita do observador] João Fahrion, Aldo Locatelli, Fernando Corona, Ângelo Guido, Luís
Fernando Corona, Cristina Balbão. De pé Luís Carlos Pinto Maciel [de
gravata]..Aldo Malagoli [braços
cruzados] e Adolfo Stiffel [no
centro ao fundo].
Foto do acervo de Christina Hellfensteler Balbão (1917-2007) fornecido
por ela ao autor desta tese.
Fig. 09 - A camaradagem
entre estudantes e professores do CURSO de ARTES VISUAIS do IBA-RS era
cultivados no bar do 8º andar e num salão de festas e eventos com uma série de
obras de Arte devidas à iniciativa dos professores, O significativo
aumento estudantil, do CURSO de ARTES PLASTICAS, equilibrou a demanda dos
estudantes do CURSO de MUSICA. No final da década de 1950 o vestibular
específico de ARTES PLÁSTICAS oferecia uma vaga para 10 candidatos inscritos.
No plano das
instituições externas, foi do IBA-RS que
partiram vários professores e formandos para organizar em diversos centros mais
populosos do estado e fora dele os CURSOS SUPERIORES de ARTES PLÁSTICAS e para iniciar
as ESCOLINHAS de ARTE para iniciantes. Foi também do IBA-RS que partiram os
agentes que lançaram as sementes do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e, após,
o Museu de Arte Contemporânea.
Perdeu-se a cinta de
Galerias de Arte que foram iniciados e conduzidas por agentes formados no CURSO
SUPERIOR especifico de ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS.
Não é possível
visualizar o número de monumentos, murais, de publicações e intervenções
públicas que se devem aos seus formandos
Em direção plano
nacional brasileiro basta acompanhar a migração de talentos ao centro país nos
rastros do revolucionários e políticos da Revolução de 1930. O próprio fundador
do IBA-RS – Olinto de Oliveira - já havia se mudado, em 1920, para a capital
federal. Olinto foi chamado logo ao novo Ministério da Educação e Saúde Pública
(MESP) e onde permaneceu até 1945. Libindo Ferrás e Giuseppe Gaudenzi
mudaram-se par o Rio de Janeiro e ali continuaram a suas respectivas pesquisas
estéticas, Em 1941 Iberê Camargo e Maria Cousirat de Camargo, fixaram
residência e atelier na capital federal após concluírem os seus respectivos
cursos no IBA-RS.
A prof.a. D.ra Sandra REY,
diretora do IA. no ambiente da Pinacoteca do Barão de Santo Ângelo
Fig. 10 - A PINACOTECA
já estava prevista antes da fundação[1]
do IBA-RS. Existia um verba especifica para a aquisição de obras de arte que
eram selecionadas por Libindo FERRÀS é submetido à presidência do Instituto. Na
construção do 2º bloco de prédio, em 1952, esta pinacoteca ganhou espaço nobre no 1º andar
e gradativamente foi se constituindo uma reserva técnica, No conjunto
destas iniciativas é possível afirmar que esta é a primeira pinacoteca pública
no Rio Grande do Sul, Ela recebeu o nome do Barão de Santo Agnelo – Araújo
Porto-alegre - destacado[2]
no dia da fundação do IBA-RS
Esta abertura do IBA-RS, para seu TEMPO, SOCIEDADE e LUGAR, implica em
MUDANÇAS CONSTANTES. Estas MUDANÇAS necessitam serem competentes para fazer
nascer, frutificar e se reproduzir manifestações vivas de ARTE coerentes com
o seu LUGAR, com
a sua SOCIEDADE e os seus NOVOS TEMPOS.
02 – DISTINÇÕES.
No confronto entre o
sonho com a realidade do dia seguinte, é mais do que evidente a distinção entre
o ideal da AUTONOMIA da ARTE com o mundo real e concreto.
[1] A F E D E R A Ç Ã O” publicava no 4 de abril de 1908 “IDÉA
LOUVAVEL: INSTITUTO LIVRE DE
BELLAS ARTES” “Nele haverá um grande
salão para concertos, uma sala espaçosa para pequenos concertos-ensaios, um
salão para exposições de quadros, uma sala-galeria dos trabalhos que forem
premiados,”.
[2] Juvenal Otaviano MÜLLER, vice-presidente do Estado do Rio Grande do
Sul, escreveu nos TÓPICOS do DIA 22 de
abril de 1908 no Correio do Povo em relação ao IBA-RS “obra meritória de sistematizar e enriquecer o patrimônio estético do Rio
Grande, juntamos os nossos aplausos humildes às palmas que por todos os
recantos da terra ilustre de Araújo Porto-alegre
Disciplina Fundamentos da Cor- foto Myra
Gonçalves
Fig. 11 - O DIREITO
PERMANENTE à PESQUISA ESTÉTICA encontrou no IBA-RS tanto na sua ESCOLA de ARTES
como no CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS estímulos e desafios que se
projetaram muito além dos ateliês e dos bancos escolares. Ainda que o ESTUDANTE NÂO FAÇA ARTE ele,
ao menos, teve tempo e lugar apropriado para sentir, experimentar e ter os
meios técnicos e conceituais para empreender uma CARREIRA SOLO de ARTISTA na
qual era competente para realizar escolhas e experimentos nos quais estivesse
emp lena LIBERDADE e AUTONOMIA
Já na fundação do IBA-RS, no dia 22
de abril de 1908, Juvenal Otaviano MÜLLER, vice presidente do Estado do Rio
Grande do Sul, fez publicar, nos TÓPICOS do DIA. no Correio do Povo sob o pseudônimo de Topsius[1]:
“Resultado logico do evoluir da civilização rio-grandense,
o Instituto pairava latente na ordem natural das coisas, só a espera que o fiat
criador trovejasse do alto, para que ele surgisse de baixo, aparelhado para os
seus lúcidos destinos”.
Este “pairar latente na ordem natural das coisas”,
na concepção de Carlo ARGAN[2],
é o PROJETO, o que torna histórico o ser humano. Le CORBUSIER argumenta (n Boesiger, 1970, p.168)[3] que “nada é transmissível a não ser o pensamento” . No IBA-RS é possível
rastrear este PENSAMENTO em diversos pontos da diacronia cuja leitura desvela a
TELEOLOGIA IMANENTE no TEMPO institucional.
A experimentação, a
tentativa, o erro e a sua correção geram um continuo histórico que deixa pelo
caminho índices, documentos, testemunhos e realizações materiais
[1] TOPSIUS - Juvenal Octaviano Miller (*Rio Grande, 13 de outubro de 1866 + Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1909)
foi um político, militar e escritor brasileiro. Fez seus estudos na Escola Militar de Porto Alegre e na Escola Superior
de Guerra. Na revolta da Esquadra defendeu a Barra, depois marchou com a
divisão Sul para o campo de luta, contra os Federalistas. Fundou a Escola de
Engenharia de Porto Alegre. Em sua vida literária redigiu a “Denúncia”., órgão
republicano da Escola Militar. Colaborou com a Revista Acadêmica da mesma
escola. Escreveu para o Correio do Povo sob o pseudônimo de Dr. Topsius.
Publicou em 1898, uma novela de propósitos positivamente intitulada “Professor”
que teve grande aceitação na época.
[2] ARGAN, Giulio Carlo
(1909-1992). História da arte como história
da cidade. São Paulo:
Martins Fontes. 1992.
[3] BOESIGER, Willy . Le Corbusier Les Derniers œuvres Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, ,
v.8, 208 p
.
Localização da UNIVERSIDADE da ARTES em 1947
Fig. 12 - A complexa
e extensa gama de saberes, práticas e o acumulado de obras de arte no IBA-RS foram
a semente de um PROJETO de UNIVERSIDADE DE ARTES. Est semento ganhou a
forma de um projeto de Firmando CORONA no qual administração, os ateliês e as
salas de aula estivessem num bloco central. Entre a igreja luterana e este
bloco central previa-se um TEATRI ccim
2.700 cadeiras, Na parte superiorr uma PINACITECA e um MUSEU de ARTES
02.1 – Concepções
da VELHA REPÚBLICA e aquelas posteriores
à REVOLUÇÃO de1930.
Os cursos superiores, da
VELHA REPÚBLICA podiam buscar, onde bem entendessem, os seus paradigmas
institucionais, seus currículos, suas matérias e seus professores. Os
fundadores do IBA-RS escreveram na ‘A Federação’ (04.04.1908)[1]
que :
“para a Europa, Rio da Prata e todo o
Brasil, onde existem estabelecimentos desta ordem foram pedidos prospectos,
programas, regulamentos, etc., bem como pedidos de preços de materiais
absolutamente necessários ao funcionamento do Instituto, afim de se fazerem os
cálculos todos, sem pessimismo ou optimismo”.
Após a criação da
UNIVERSIDADE BRASILEIRA foi estabelecido um padrão comum e uniforme, O CONSELHO
FEDERAL de EDUCAÇÃO controlava todas as instituições superiores do território
nacional a quem eram submetidos os estatutos, currículos e condições matérias
do funcionamento.
O IBA-RS, após a sua
expulsão da Universidade de Porto Alegre, recorreu e se submeteu às
competências e aos limites do Estado nacional brasileiro. Agiu, também, sem
otimismo e pessimismo mesmo nesta mudança institucional. Uma das primeiras
providências foi remeter ao CONSELHO FEDERAL o pedido da aprovação dos seus
CURSOS de MÚSICA e ARTES PLÁSTICAS. Nesta aprovação teve êxito através do Decreto Federal nº
7.197, de 20.05.1941, que “reconhece os
cursos de Música e Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do
Sul” (Diário Oficial de 07.10.1941)
[1] “ IDÉA
LOUVAVEL INSTITUTO LIVRE DE BELLAS ARTES”. Porto Alegre: A F
E D E R A Ç Ã O” em 4 de Abril de 1908
Fig. 13 - Um
diploma da UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE concedido, no dia 12 de maio de 1938, a
uma estudante (1916- 1921) e formanda no CURSO SUPERIOR da ESCOLA de ARTES do
IBA-RS. Esta competência passou a ser do MEC, a partir de 1931, que passava
autorização de examinar e conceder estes diplomas aos entes universitários que validavam
os estudos e os resultados escolares realizados nas escolas superiores isoladas,
na medida que os seus cursos superiores
fossem reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação
A concessão da aprovação
dos cursos superiores da Velha República era da competência dos
estabelecimentos de ensino e não conferiam diploma. Na Universidade- pós Decreto Federal nº 19.851 de 11 de abril
de 1931, somando com outros decretos[1]
- esta concessão, do diploma, era
delegada pelo Governo Federal para um ente universitário com rígido controle
central a quem ela delegava esta competência.
02.2 – ESCOLA de ARTES diferente de CURSO de ARTES
PLÁSTICAS.
Uma das diferenças básicas
era que na ESCOLA de ARTES o ingresso era permitido ao 14 anos de candidatos
que soubessem ler, escrever e dominavam as quatro operações básicas da
Matemática, além da necessária autorização dos pais, caso fossem menores de
idade. No CURSO SUPERIOR de ARTES PLASTICAS era EXIGIDO o VESTIBULAR especifico
[1] Decretos
Federais legislam sobre a Universidade Brasileira: Reforma Francisco Campos:
Decreto nº 19.850: ‘Cria o Conselho Nacional de
Educação ( 8 artigos )
Decreto Nº 19.85111. 04. 1931: ‘Dispõe que o ensino no
Brasil obedecerá de preferência ao sistema universitário’.
(XIV títulos 116 artigos).
Decreto Nº 19.852: ‘Dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro” (328 art.s + exposição . de motivos)
Aula
de Geometria na Escola de Artes do IBA-RS
Fig. 14 - A tenra
idade dos estudantes do IBA-RS está evidente nesta foto de 1915, de uma turma
da ESCOLA de ARTES. Podiam-se matricular maiores de 14 anos que
comprovassem saber ler, escrever e dominar as quatro operações da Matemática
es. A idade de ingresso aumentou com a exigência do atestado da conclusão do
ginásio e conquistar vaga no acirrado vestibular para o CURSO SUPERIOR de ARTES
PLÀSTICA, ARQUITETURA e URBANISMO
Outra diferença estava
no currículo. A ESCOLA de ARTES oferecia do básico, elementar, médio até o curso
superior. Enquanto isto o CURSO SUPERIOR
de ARTES PLÁSTICAS não oferecia o básico, o elementar e o médio. As suas
disciplinas supunham conhecimentos e habilidades do estudante comprovadas no
VESTIBULAR especifico.
A progressão também era
diferente. A ESCOLA de ARTES oferecia periódicas BANCAS EXTERNAS nas quais o
candidato podia pleitear e obter o ingresso e a progressão para o nível que o
qual ele se achava apto. Já no CURSO
SUPERIOR a progressão era linear e contínua em séries anuais.
A ESCOLA de ARTES NÃO CONFERIA
DIPLOMA. O objetivo final do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS era o DIPLOMA
UNIVERSITÁRIO.
Na ESCOLA de ARTES não
havia chamada de presenças. O estudante frequentava as aulas para se preparar para
as BANCAS EXTERNAS, No CURSO SUPERIOR havia chamadas diárias por disciplinas e
exames em bancas com professores designados do propor curso.
A ESCOLA de ARTES preparava
no seu curso superior para o magistério. O CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS delegava para a FACULDADE de EDUCAÇÃO a formação, do professor de DESENHO.
úri de um Salão do IBA-RS
Fig. 15 - O
IBA-RS manteve a iniciativa de uma sequência de Salões de Arte tanto internacionais,
nacionais como regionais enquanto era ainda uma Unidade Superior Isolada.
Perdeu esta competência quando ele se tornou uma das unidades de uma Universidade
Esta Universidade fez algumas tentativas nesta direção, mas que não
vingaram e prosperaram
02.3 – O CURSOS ISOLADOS diferentes dos CURSOS numa
UNIVERSIDADE
O
DECRETO
Nº 19.851 de 11 de ABRIL de 1931[1] que criou a UNIVERSIDADE
não BRASIL é claro na sua introdução a afirmar dispunha que “o
ensino superior no Brasil obedeça de preferência ao sistema universitário”
Contudo este mesmo
decreto facultava que o ensino superior ainda podia
“ser
ministrado em institutos isolados”, contanto que a administração
técnica administrativa fosse semelhante daquela das universidades.
Era o caso do IBA-RS que se manteve isolado,
de 05 de janeiro de 1939[2],
até o dia 30 de novembro de 1962 com Decreto Federal. nº 4.159[3]
pelo qual o Instituto de Belas Artes foi integrado na Universidade Federal do
Rio Grande do SUL.
03 – CONVERGÊNCIAS e CONTINUIDADES.
Na prática, nem o povo, nem
os docentes e nem os estudantes tomavam conhecimento das razões destas mudanças
e diferenças institucionais. Acostumados a seguir as ordens do PODER CENTRAL,
adaptam-se rapidamente a seguir a marcha do rebanho como aos rituais acadêmicos
diferentes.
Assim passa-se
gradativamente de um paradigma para o outro nos quais são percebidos rituais
diferentes. É o formalismo da ERA INDUSTRIAL que que avança carregando os
instrumentos da obsolescência programada. Com estes instrumentos ela necessita
desqualificar tudo aquilo que a antecede. Esta tentativa é perceptível também
no CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS que necessitou desqualificar a ESCOLA de
ARTES.
Os objetivos, as
técnicas estéticas e a teleologia imanente nos dois CURSOS se mantiveram constantes.
O CURSO SUPERIOR de ARTES PLASTICAS acelerou, multiplicou as manifestações e a
quantidade das disciplinas, dos docentes e população estudantil. Resta a dúvida
se a quantidade influenciou a qualidade da ARTE e de suas manifestações
externas e internas.
[1] - SOUZA NEVES, Carlos. Ensino
Superior no Brasil: legislação e jurisprudência federais. Rio de Janeiro :
MEC-INEP. 1951 vol 4 pp. 165-192
[2] 05. 01. 1939
Decreto Estadual nº 7.672, “desanexa da Universidade de Porto Alegre, o
Instituto de Belas Artes e dá outras providências
[3] - Publicado no Diário
Oficial de 04 . 12 . 1962 e assinado por João Goulart, Hermes Lima, Miguel
Calmon e Darcy Ribeiro
Foto do acervo a família ACHUTTI
Fig. 16 - A realização
do CONCURSO VESTIBULAR nos cursos superiores do Brasil foi uma exigência para
selecionar candidatos do CURSOS SIUPERIORES de DIRETO. O VESTIBULAR era para regular
a proliferação de rábulas e concorrentes desqualificados no exercício da profissão
de advogado. Não era o caso das Artes na qual nunca existiu a figura da PROFISSÃO
REGULAR de ARTISTA, No entanto esta exigência do vestibular veio no bojo da UNIVERSIDADE BRASILEIRA como exigência da concessão do diploma, Porém tornou-se uma
necessidade quando o número de candidatos ultrapassou as possibilidades de
atendê-los adequadamente, De outra parte um CURSO SUPERIOR em ARTES significa
que candidato tenha habilidades, conhecimentos e práticas básicas e
anteriormente adquiridas em CURSOS TÉCNICOS de ARTES e OFÍCIOS
03.1 – HOUVE CONTINUIDADE entre
ESCOLA de ARTES do INSTITUTO e o CURSO
SUPERIOR UNIVERSITÁRIO
A ESCOLA de ARTES do
IBA-RS era conhecida cimo a ESCOLA do DESENHO. Esta característica não só foi mantida no
CURSO UNIVERSITÁRIO, mas ampliada e atualizada.
No CURSO SUPERIOR de
ARTES PLÁSTICAS supunha-se que as questões técnicas do DESENHO tivessem sido
superadas como na Música supunha-se a perfeita ‘leitura à primeira vista’ de
uma pauta.
Fig. 17 - É
visível nesta foto - de uma turma do
CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS do IBA-RS de 1861- que apresentam uma idade bem superior àquela
idade das turmas da ESCOLA de ARTES ( Fig. 14 –Esta turma resultou da
seleção de um candidato por dez
concorrentes.
Por esta razão a
existência do vestibular para selecionar os mais adiantados nesse domínio
técnico. Os estudantes da ESCOLA de ARTES eram submetidos a progressivas bancas
para que os convidados externos pudessem avaliar e classificar os progressos na
aprendizagem e domínio das questões técnicas gráficas.
A disciplina escolar de
PINTURA não se consolidou e reproduziu na ESCOLA de ARTES apesar de reiteradas
tentavas neste sentido. Ela só encontrou o seu lugar institucional definitivo
com o CURSO SUPERIOR UNIVERSITÁRIO de ARTES PLÁSTICAS. A disciplina de MODELAGEM
e ESCULTURA encontraram o seu lugar no CURSO da ARTES PLÁSTICAS
03.2 – . O FOCO da COMPETÊNCIA e dos LIMITES
continuaram sendo o RIO GRANDE do SUL
O Instituto de Artes viu
confirmar a sua competência e seu limite no âmbito estadual com a sua passagem
para a UNIVERSIDADE do RIO GRANDE do SUL, no dia 30 de novembro de 1962.
Nascido como Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul, em 22 de
abril de 1908, já havia cumprido estas COMPETÊNCIAS e LIMITES estaduais no período de 54 anos
no qual esteve na autonomia. Permanecia fiel ao seu LUGAR e na evolução natural
da sua SOCIEDADE num ritmo de um TEMPO próprio e singular das suas realizações
possíveis,
Novamente surge Juvenal Otaviano
MÜLLER, vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul, que escreveu nos
TÓPICIS do DIA 22 de abril de 1908 no Correio do Povo que:
“o Rio Grande do Sul vae ter o seu Instituto de
Belas Artes No dia em que se reúne a
assembla geral dos conclamados para ajudar na obra meritória de sistematizar e
enriquecer o patrimônio estético do Rio Grande, juntamos os nossos aplausos
humildes às palmas que por todos os recantos da terra ilustre de Araújo Porto
Alegre, reboam uníssonos, em torno do notável empreendimento”.
Esta mesma teleologia
imante orientou o discurso de Tasso CORREA^, em 1934 quando afirmou que “o instituto é uma organização destinada à
difusão do ensino artístico no Rio Grande do Sul”.
Com esta consciência
coletiva, cada vez mais evidente e consolidada, as interações no plano nacional
do IBA-RS ganhavam sentido e personalidade própria e sem estereótipos fáceis e
agradáveis.
Francis PELICHEK compensa sua ALTURA em relação à aluna
Fig. 18 - Outra
razão de um número restrito de vagas num CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS é o
atendimento individualizado para cada estudante. No vasto campo de forças estéticas é
impossível estandardizar à maneira da linha de
montagem e das series industriais e tayloristas. Apesar da LINHA de MONTAGEM tomar conta das
mentalidades das universidades persistem irredutíveis as diferenças entre
estudantes de artes. Mesmo entre
docentes da Arte as aspirações, as pesquisas e as obras são absolutamente
diferentes entre si. Caso contrário NÂO SERIA ARTE na qual domina o único, o
criativo e aquilo que permanece.
03.3 – Ambos cumpriram o
papel de formar no RIO GRANDE do SUL AGENTES QUALIFICADOS para a sua SOCIEDADE, seu
LUGAR e sem TEMPO
Tanto a ESCOLA de ARTES tanto
como o CURSO SUPERIOR da ARTES PLÁSTICAS cumpriram o papel da “difusão do ensino artístico no Rio Grande do
Sul” Este projeto, inexistente no
REGIME IMPERIAL, criou corpo físico nos primórdios do REGIME REPUBLICANO.
Para fazer justiça a ambos é necessário estar
atento para a repentina explosão universitária que se deu entre 1931 e 1964.
Esta fragorosa explosão popular universitária brasileira, desqualificou e
sepultou a memória e o repertório da ESCOLA de ARTES, pioneira no Rio Grande do
Sul no período de 1910 e 1930.
Espera-se volta à calma
e o refluxo de pesquisas, documentos
e socializações para contabilizar aqueles que cumpriram o papel de formar no RIO GRADE do SUL AGENTES QUALIFICADOS
para a sua SOCIEDADE, o seu LUGAR e o TEMPO que lhes foi dado.
Fig.
19 – As diferenças dos dois prédios do
IBA-RS reflete e materializa as distinções ente a sua ESCOLA de ARTES e o seu
CURSO SUPEROIR de ARTES PLÁSTICAS O
sobrado da antiga Loja Maçônica de Von KOZERITZ foi alugado e adquirido pelo IBA-RS no ano da 1913 e
acrescido um andar no qual funcionou o Atelier da Escola de Artes, O novo
prédio foi erguido em 1941-1943 e recebeu um segundo bloco em 1952, Este novo
espaço – construído especificamente para as ARTES - permitiu a instalação e a expansão do CURSO
SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS Com o
objetivo de materializar estre projeto três professores assinam,
no dia 02. 10. 1941, no 5º cartório de Porto Alegre a hipoteca de suas
proprias casas a favor da Caixa Econômica Federal para levantar fundos para a
construção do prédio do Instituto de Belas Artes[1]
CONCLUSÕES
A Arte é formada por uma
sequência ininterrupta de expressões originais e únicas, que necessitam pulsar
por tempo indeterminado. Qualquer estereótipo é apenas mais um alfinete para
fixar as carcaças daquilo que foi alguma vez VIDA e ARTE.
A ARTE VIVA que supõe
expressões originais e únicas. Expressões que provocam aberturas
no atual IA-UFRGS uma sequência continua e ininterrupta de MUDANÇAS
competentes para fazer nascer, frutificar e se reproduzir manifestações vivas da
ARTE.
No contraditório é sempre bom se perguntar, e ter certeza, das condições
objetivas propícias para desencadear toda e qualquer RUPTURA EPISTÊMICA,
ESTÉTICA e MATERIAL. Mesmo no interior de uma universidade sempre cabe a atenção
e a interlocução com os demais saberes eruditos do meio cultural sul-rio-grandense
A coerência da ARTE com o seu LUGAR, com a sua
SOCIEDADE e os seus TEMPOS implica em MUDANÇAS CONSTANTES. MUDANÇAS que se
buscou evidenciar, aqui, índices das MUDANÇAS entre a ESCOLA
de ARTES (1910-1938) e o CURSO SUPERIOR de ARTES PLÁSTICAS (1939-1964) do
IBA-RS.
É este pulsar entre a CONTINUIDADE
INSTITUCIONAL se batendo em CONSTANTES MUDANÇAS se apresentam na diacronia do
atual INSTITUTO de ARTES da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(IA-UFRGS)
O texto e as imagens, acima, limitam-se, a alguns
dados daquilo que aconteceu na ESCOLA de ARTES e no CURSO de ARTES PLÁSTICAS do
IBA-RS entre os anos de 1910-1964. Aquilo que aconteceu depois, desta data, já
constitui competências dos três Departamentos do IA-UFRGS e em especial do
DEPARTAMENTO de ARTES VISUAIS (DAV).
Fernando
CORONA (1895-1979) na sua sala de aula em 1965
Fig.
20- Fernando
CORONA, além de escrever as suas memórias, constituir álbuns e redigir
publicações e periódicos e livros, contribui para criar as condições materiais
e lugares para a guarda de documentos. Corona projetou os atuais prédios do
IA-UFRGS e fiscalizou a construção dos prédios que abrigam o auditório, a biblioteca
e pinacoteca do IA-UFTRS. Com dois outros colegas ele hipotecou as suas próprias
residências com o objetivo de viabilizar
economicamente a construção do IBA-RS. Ele foi um agente ativo da iniciativa da
reincorporação do IBA-RS na URGS [ 1].
Deve-se a ele mais um elemento que deflagrou o processo da FEDERALIZAÇÃO de
ambas as instituições.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
ARGAN,
Giulio Carlo (1909-1992). História da arte como história da cidade. São Paulo:
Martins Fontes. 1992.
BOESIGER, Willy . Le Corbusier Les Derniers œuvres Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, ,
v.8, 208 p
CORONA Fernando (1895-1979) COISAS MINHAS : 1962 1965 Brasília e outros alpistes 06.08. 1962 26.11.1965. 85 folhas sem linhas caderno
simples: 210 mm X 149 mm. Acervo
descendentes de Fernando Corona
MÜLLER Juvenal
Octaviano (1866 - 1909) TOPSIUS O Rio Grande do Sul vae ter o seu Instituto de
Bellas Artes TOPICOS
DO DIA, Porto Alegre: Correio do Pono22 de abril de 1908
SOUZA NEVES, Carlos. Ensino Superior no Brasil:
legislação e jurisprudência federais.
Rio de Janeiro: MEC-INEP. 1951 4 vol.
WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo :
Cortez, 1989. 152 p.
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
CARTA de LE
BRETON ao CONDE da BARCA
Decreto nº 19851 de 11.04.1931
cria a Universidade Brasileira
Discurso de
Tasso CORRÊA no Theatro São PEDRO
A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a ARTE no PENSAMENTO de
TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA - Isto é ARTE nº 165 -
Depoimento de Renato Borba em 22 de
abril de 2020
“O Instituto Municipal de Belas
Artes de Bagé - Imba Bagé. Veio a ser criado por fomento do
maestro Guilherme Fontaínha, como decorrência desse movimento histórico e pelas
pesquisas que realizei, a atuação do maestro alcançou inclusive, o município de
Santana do Livramento. Segundo um depoimento que colhi de uma professora
aposentada da UFSM que foi uma das sua alunas nesse município”.
[1],
CORONA Fernando (1895-1979) COISAS
MINHAS : 1962 1965 Brasília e outros alpistes 06.08. 1962
26.11.1965. 85 folhas sem linhas caderno simples: 210 mm X 149 mm. Acervo descendentes de
Fernando Corona
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