O ARTISTA SUL-RIO-GRANDENSE como PRÍNCIPE.
Conceitua-se PRÍNCIPE como AQUELE que PRINCIPIA
algo. Neste sentido o ARTISTA está condenado a PRINCIPIAR ALGO enquanto
reivindica, para si mesmo, a origem, a autoria e a criatividade. O ARTISTA PRINCIPIA
algo quando age e exerce seus pensamentos coerentes com o seu projeto abrindo
caminhos inéditos por meio da sua obra.
Antônio Francisco LISBOA – Profeta – Praça do
santuário Bom Jesus de CONGONHAS do CAMPO – Minas Gerais.
Fig. 01 – A figura do PROFETA, esculpida por
Aleijadinho, representa alguém que tenta mudar a sua sociedade trazendo algo
novo. Esta figuração é semelhante aquele do ARTISTA que PRINCIPIA uma nova
etapa para uma cultura e que passa a cultivar a memória deste personagem como
origem de um novo TEMPO e um novo PACTO SOCIAL. De fato a INCONFIDÊNCIA MINEIRA
teve este caráter de busca de soberania brasileira contra um vetusto regime
colonial e escravocrata.
O ARTISTA,
como PRÍNCIPE, não se trata de NOBREZA, de SANGUE AZUL ou de uma casta separada
e superior. Trata-se do indivíduo que no dizer de Marcel Duchamp[1]
“...sob a aparência, estou tentado dizer sobre o
disfarce, de um dos membros da raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e
único e no qual as características comuns a todos os indivíduos, tomados no
conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão solitária de um indivíduo
entregue a si mesmo”.
Com a luz da explosão solitária o artista criador,
e autor, principia e confere identidade e sentido para
civilizações inteiras. Assim o ARTISTA como PRÍNCIPE é proveniente do PODER
ORIGINÁRIO de uma nação e que a ela retorna pela fortuna da voz do povo que o
acolhe e o aplaude.
Civilizações souberam elevar-se como príncipes da sua arte a maneira os
artistas do Renascimento Italiano[2].
Entre ele se encontra a explosão solitária de um Leonardo da Vinci que intuiu e
praticou a “Pintura como coisa mental”.
Intuição que o fez participar como príncipe na mesa da elite do seu tempo.
Esta
participação no banquete da elite não é uma concessão, ou convite ao bobo da
corte para entreter o ócio dos soberbos. Trata-se do “TEMERÁRIO INÚTIL” ao qual
Nietzsche atribui[3], como prêmio, a conquista do “SOBRE HUMANO” por meio de sua
obra. “SOBRE HUMANO” que abrange toda a
existência do artista e êxito comprovado de sua luta contra o senso comum do
seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE que ele transforma e ilumina com a sua obra
autoral e única.
[1] DUCHAMP. Marcel
“O artista deve ir à universidade?”[1] in SANOULLET,
Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet
Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239
[2] “Nesta nossa terra [Itália] até os que não
estimam muito a pintura a pagam muito melhor que em Espanha e Portugal os que
muito a festejam, por onde vos aconselho, como a filho, que não vos devíeis
partir dela, por que hei medo que, não o fazendo, vos arrependereis” Miguel
Ângelo a Francisco de Holanda, 1955, p. 66.
[3] “A arte não pode ter sua missão na cultura e
formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a
humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido
mais temerário” Nietzsche 2000,
p.134 NIETZSCHE, Frederico Guillermo
(1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000.
179.
Décio VILARES - Monumento a Júlio de Castilhos na
Pra. Marechal Deodoro - POA-RS.
Fig. 02 – O regime republicano possui a sua origem,
se estrutura e reproduz a partir do cidadão. O ARTISTA que PRINCIPIA algo necessita desta competência republicana. As
pequenas cidades italianas eram repúblicas e foram os ambientes nos quais
floresceu a ARTE com desafio de fornecer
o sobre-humano da qual o cidadão é portador.
Em
Florença este “TEMERÁRIO INÚTIL” conquistou o seu “PRINCIPADO” e cuja origem é
descrita por Stefen ZWEIG[1],
“Se todos os escultores e pintores da Itália
se reúnem em Florença no século XVI, não é porque ali estão os Médici, que os
patrocinam com dinheiro e encomendas, mas porque para todo povo a presença dos
artistas era o seu orgulho, porque cada
novo quadro se torna um acontecimento, mais importante do que política e
negócio, e porque assim cada artista se vê obrigado a constantemente
ultrapassar e superar o outro” .
[1] ZWEIG, Stefen – “O mundo Insone e Outros Ensaios”-
Apresentação Alberto Denis. São Paulo: Zahar, 2013, 312 p
Eduardo de SÁ (1866-1940)
- BUSTO de Manuel ARAUJO PORTO-ALEGRE - na Pra. Alfândega - POA-RS
Fig. 03 – Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE ergueu-se ao
PRINCIPADO com título de BARÂO de SANTO ÂNGELO por sua compreensão, obra e ação
coletiva do PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPERNSADOR da VIOLÊNCIA do ESTADO. Este PROJETO
CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR ele o herdou da MISSÂO ARTÌSTICA FRANCESA[1]
e do qual foi ativo continuador até os seus últimos dias. .
Esta disposição pessoal o configura
Manuel ARAÙJO como ARTISTA que PRINCIPIA uma nova etapa. Nova etapa que rompe
com a inércia colonial e escravocrata e ao mesmo tempo possui suficiente lastro
e energia auferida junto ao PODER ORIGINÁRIO universal da Missão Artística
Francesa e local na HISTÒRIA da PINTURA FLUMINENSE e da obra de Antônio
Francisco Lisboa – o Aleijadinho.
No Brasil o grande mérito da Missão Artística Francesa
foi o de conferir nome e assinatura ao artista brasileiro e distingui-lo do
artesão. Isto fica evidente na carta ao CONDE da BARCA escrita no dia 16 de junho de 1816 por Joaquin
LE BRETON[2]. Neste texto, o Secretário Perpétuo do “Institut
de France”, se refere às “ARTES NOBRES”. “ARTES NOBRES” que distinguem o
artista criador (AGIR) do artesão (FAZER).
Num encontro pessoal entre Le Breton e Alexander
Humboldt este apontava como modelar a “ACADEMIA
das ARTES NOBRES” implantado na
cidade do México pelo Estado Espanhol. Humboldt conheceu pessoalmente esta
experiência na sua viagem para a América. Mostrava a razão pela qual ele elogiava esta
iniciativa pelos frutos desta iniciativa na joalheria mexicana. Ali as ARTES
NOBRES (AGIR- OBRAR) induzia o
ARTESANATO (FAZER- TRABALHAR).
Com estas distinções em mente Joaquin LE BRETON
estava consciente de que tudo devia ser feito no Brasil. Com este objetivo ele escreveu ao CONDE da BARCA:
“Como não há ainda necessidade de grande número de artistas,
talvez seja menos difícil tornar-nos exigentes com relação à qualidade dos
alunos, e obriga-lo a adquirir instrução. Isto seria, pelo menos, bastante
desejável no próprio início. Talvez
criando simultaneamente uma Escola de Belas Artes, los nobles artes[3],
e uma escola de desenho para as artes e ofícios, se possa preservar a primeira
pela segunda, classificando e mantendo nesta, que não poderia chegar a ser
demasiado frequentada, todos que não conviessem à outra”.
É mais que evidente que, no meio de galáxias de pretendentes à
artista, a opinião publica consegue guardar, refletir e entender algumas coisas
intuídas e elaboradas por algum “gênio” ou interpretado por alguma “estrela”.
Além destes limitantes, a opinião
publica consegue subsumir o que que já pertence ao seu próprio repertório.
Assim ignora, ou passa ao lado, dos melhores e mais elevados repertórios dos
artistas de uma cultura. Assim o este artista só é “descoberto” gerações depois
de sua vida e seu tempo.
Assim Aleijadinho só foi “descoberto” gerações
após a sua vida e o seu tempo. Manuel Araújo Porto-alegre, um dos discípulos da
Missão Artística Francesa, pediu, em 1854, informações ao deputado mineiro
Bretas para este registrasse algo sobre Antônio Francisco Lisboa. Aleijadinho
havia morrido em 1814 dois anos antes da vinda de Le Breton e a sua Missão. A
obra deste artista e escultor mineiro é
um discurso da criatividade brasileira. Ao abortar e dar corpo físico aos seus
PROFETAS exalta também alguém que que PRICIPIA ALGO. PROFETAS revelam algo que
estava oculto e que passa a ter existência a partir do seu AGIR e VERBBO.
Possuem um papel social e cultural muito próximo do papel do ARTISTA que instaura o novo, revelando outras formas aceiras de
sensibilidade.
A construção da fortuna dos artistas visuais no
Rio Grande do Sul[4]
esteve condicionada aos ciclos políticos e econômicos. Ciclos determinados por
centros hegemônicos e de interesses nacionais e internacionais. Isto no
contraponto valoriza os artistas que souberam ATUALIZAR as suas inteligências.
Contudo não deixaram de PESQUISAR e de PRODUZIR a sua OBRA. Evidente estão em
pleno curso as distinções e exames da
coerência, ou não a sua OBRA e a sua
PESQUISA.
O papel crucial de Manuel Araújo Porto-alegre foi
trazer ao mundo prático do Brasil as ideias de Joaquin LE BRETON. Discípulo
direto de Jean Baptista DEBRET o acompanhou para a Europa onde conviveu com o novo
estatuto do artista visual. Contrariado aceitou a condição de docente da
Imperial Academia de Belas Artes da qual ele recriminava a sua redução
burocrática. Na direção desta Instituição não completou o seu mandato. Em compensação
foi orientador de Vitor Meireles e depois o paraibano Pedro Américo que se
tornou seu genro.
[1] MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia
Imperial de Belas Artes e o projeto
Civilizatório do Império» in 180
anos de Escola de Belas Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro :
UFRJ, 1997, pp. 127/146.
[2] CARTA de LE BRETON http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/02/151-logistica-em-estudos-de-arte.html
[3] - Em
espanhol, no original (N.t.)
[4] A FORTUNA do ARTISTA PLÁSTICO
SUL-RIO-GRANDESE.
Pedro AMÉRICO “PAZ e
CONCÓRDIA” esboço – 1895- 42 x 60 cm – Museu
de Arte Assis Chateaubriand de São Paulo
Fig. 04 – O esboço do quadro “PAZ e CONCÓRDIA” de
Pedro Américo foi realizado em1895. O seu autor havia sido constituinte republicano em 1891. Certamente esta opção pelo novo regime contrariava encomendas e cargos
imperiais brasileiros conferidos a este paraibano. No entanto ao nos aproximar
da pessoa deste artista percebem-se gestos, convicções e ideais de um PRONCIPE
das ARTES. Inclusive este quando cuja obra final foi realizada em 1902, é uma
busca de transformar as catástrofes
republicanas ocorridas no Brasil em 1893
em particular nas degolas entre maragatos e chimangos.
Este
defendeu a sua tese em Filosofia[1]
evidenciando a necessidade de o artista ir para Universidade com o objetivo de
discutir em igualdade de condições com os outros campos dos saberes eruditos
consagrados.
, Pedro Américo escolheu como epígrafe da sua tese filosófica:
“La vérité est impersonnelle.
On peut la chercher sans la trouver; on peut la trouver sans la reconaitre, on
peut la reconnaitre sans l’avouer; on peut mème s’en servir en la niant, mas
nul ne peut faire qu’ elle ne soit pas la vérité”.
No Rio Grande do Sul a busca desta competência, esta
verdade e esta qualificação erudita, foi o caminho de Pedro WEINGÄRTNER[2].
A sua decisão de ser artista teve de contornar a sua família, a sociedade da
época e as instituições burocráticas do Império Brasileiro. Com este projeto
maduro, consequente e pessoal estava apto para se colocar por cima e por
fora das intrigas entre tendências estéticas,
políticas e econômicas. Com dedicação integral para a sua arte levou até as últimas
forças e consequência a sua escolha madura.
[1] FIGUEREDO e MELO, Pedro Américo de – LA SCIENCE et les SYSTÈMES: questions d´histoire et de philosophie
naturelle. Bruxelles : Gustave
Mayolez, 1869, 169 p.
Pedro WEINGÄRTNER (1853-1929)
– Pousada de Carreteiros.
Fig. 05 – A obra de Pedro WEINGÄRTNER constitui uma
minuciosa pesquisa pictórica da SOCIEDADE e do TEMPO do Rio Grande do Sul.
A realidade empírica e comum recebe
um tratamento pictórico conduzido por meio de conceitos estéticos dignos de um
PRÍNCIPE dos PINCEIS e das TINTAS.
A mesma independência foi exercida por Oscar
BOEIRA. Pintando por escolha própria e sem objetivo comerciais produziu uma
obra que o eleva a patamar de um dos príncipes da pintura sul-rio-grandense.
Praça e monumento a
Oscar BOEIRA. Obra de Cláudio Afonso Martins Costa – 3ª Perimetral - Porto
Alegre – RS
Fig. 06 – A figura singular de Oscar BOEIRA pode ser
associada a metáfora de PRÍNCIPE das ARTES. Com formação erudita superior fez
da Pintura uma forma pessoal de viver, sentir e reagir ao seu limitado meio.
Pintava, não por diletantismo, ócio ou para obter fama ou fortuna. .
A tinta e o pincel escolhidos e
aplicadas em telas respondem a projetos estéticos próprios e coerentes com os
meios que ele escolheu de forma livre e soberana. Este projeto sustenta-se no
mundo externo e muito além de seu tempo..
Oscar BOEIRA repassou estas lições de coerência
interna e externa - diante da arte - para o seu jovem discípulo Vasco Prado.
Vasco PRADO – Mural da parede Sul do Palácio
Farroupilha Porto Alegre - RS.
Fig. 07 – Vasco Prado fez o seu caminho na pesquisa
da escultura do Rio Grande do Sul. Atualizado pela inteligência o que se passava em outros centros
hegemônicos da cultura, não sew deixou seduzir ou se submeter a estas
tendências de outros locais. Elevou ao mundo plástico visual os arquétipos
formais básicas sem resvalar para o anedótico e passageiro.
Vasco Prado[1],
ao optar pela escultura, realizou um projeto que o coloca inegavelmente entre
aqueles que PRINCIPARAM uma estética e uma temática que ampla fortuna pública.
Fig. 08 – A multifacetada figura do artista visual
Iberê Camargo concebeu e levou para o mundo prático o seu projeto num TEMPO,
LUGAR e SOCIEDADE concreta e que o coloca como PRÌNCIPE. PRÍNCIPE que traz algo
de novo e que mobilizou inteligências vontades s sensibilidades expressam em
múltiplas carreias nas ARTES VISUAIS que o associam ao papel de PRÌNCIPE..
Iberê CAMARGO
encara de frente o sobre-humano com
o objetivo de atingir e materializar este seu projeto autoral. Avança nesta
direção apesar de saber que será derrotado e que “TUDO É FALSO e INÚTIL”[1].
O ponto alto da fortuna de um artista sul-rio-grandense
pertence ao pintor Iberê CAMARGO[2].
Junto com Maria COUSSIRAT CAMARGO empreendeu um projeto que os levou a uma
carreira única de artistas e que os coloca entre os que PRINCIPARAM não só uma
obra plástica e física imensa mas abrem um imenso espaço conceitual. No espaço
conceitual atualizaram este projeto com aquilo que era possível ao longo destra
carreira. Carreira rigorosa e pontualmente documentada por Maria COUSSIRAT.
Documentação que permite criar as mais diversas narrativas[3]
históricas, críticas e os das crônicas.
[1] TUDO É FALSO e INÚTIL http://www.iberecamargo.org.br/site/acervo/acervo-obras-pintura-2.aspx#!prettyPhoto[galObrasPinturas01]/5/
[3] ZIELINSKY, Mônica - Iberê
Camargo- Catálogo raisonné- volume 1
Gravuras São Pualo: Cosaca Naify, 2006 504 pp. 692 ils - ISBN -85-7503-528-2-
Fig. 09 – A obra do artista não se esgota enquanto
ainda não providenciou a sua reprodução, projeção e permanência no TEMPO.
A Fundação e o Museu Iberê CAMARGO
cumprem este projeto em Porto Alegre.
A fundação Iberê CAMARGO foi a estrutura jurídica
para o Museu e prédio que conferiu visibilidade, materialidade e fecundidade no
TEMPO, no LOCAL e SOCIEDADE.
Maria Lídia dos Santos MAGLIANI(1946-2012) - pintando
Fig. 10 – Indubitavelmente Maria Lídia dos Santos
MAGLIANI reivindicou, para si mesma, a origem, a autoria e a
criatividade da sua obra. Por
meio de suas obras físicas ela
PRINCIPIOU algo por meio do qual agiu e exerceu seus pensamentos coerentes com
o seu projeto. Permanecem os seus testemunhos, os índices físicos e conceptuais
que lhe permitiram trilhar caminhos inéditos para ela mesma e abrem
possibilidades de uma nova geração de artistas visuais.
Maria Lídia dos Santos
MAGLIANI[1]
elevou-se com seus próprios esforços ao nível de alguém que PINCIPIOU uma
carreira nas artes visuais sul-rio-grandenses [2].
Carreira solo que ela conectou com a cultura brasileira pelos seus vínculos
étnicos e de gênero como ninguém havia feito antes. Pagou altíssimo preço por
este seu projeto que levou até os seus últimos dias e forças
[2] ROSA, Renato et alii
.MAGLIANI:
a solidão do corpo Porto Alegre : Pinacoteca Aldo Locatelli-Prefeitura
de Porto Alegre 2013 , s/p. il col.
Vasco PRADO – Tiradentes – Frente ao Palácio
Farroupilha Porto Alegre – RS
Fig. 11 – Vasco Prado configurou Tiradentes como PROFETA do Regime
Republicano. A ênfase no título “DEZ
VIDAS EU TIVESSE, DEZ VIDAS EU DARIA” representa a entrega irrestrita, e sem
remorsos, ao seu projeto existencial por mais temerário e inútil podia parecer
ao senso comum de sua ÉPOCA, seu LUGAR e sua SOCIEDADE colonial e escravocrata.
O ARTISTA
possui projeto semelhante ao MARTIR da REPÚBLICA. Este projeto o coloca no
patamar do SOBRE-HUMANO e faz agir como
PRÌNCIPE na sua concepção do seu agir. Agir que coloca o ARTISTA na categoria dos personagens que originam um
novo TEMPO e apontam para signos de um novo PACTO SOCIAL..
Evidente
que existem galáxias de artistas sul-rio-grandenses que podem ser conectados ao
conceito de PRÍNCIPES das Artes Visuais. Basta consultar algumas fontes
bibliográficas[1]
e enciclopédias[2]
onde constam pensamentos, obras e biografias destas fontes de inovação, autoria
e origem de algo que ainda não ganhou configuração geral, síntese e pacto
estético legível e unívoco. No contraditório esta galáxia - de artistas visuais
do Rio Grande do Sul - permite comparar, distinguir e criar narrativas de
infinitos matizes conceituais, técnicas e estéticas. A criatividade do
pesquisador, do narrador e do receptor poderão exercer ampla liberdade de
escolha, de autoria, construção e
reprodução do projeto de um PACTO ESTÉTICO, SOCIAL e POLÍTICO
sul-rio-grandense.
A era industrial substituiu o conceito do “PRINCIPADO
do ARTISTA” pelos termos “GÊNIO” ou “ESTRELA” na busca deste PACTO ESTÉTICO,
SOCIAL e POLÍTICO de um determinado Estado Nacional. No contraditório o termo
“GÊNIO” corre o perigo de atribuir ao artista um DNA separado dos outros
mortais humanos, o que evidentemente não é verdadeiro. O de ESTRELA é uma
evidente fabricação e um PRÊMIO EM CIMA do ARTISTA realizado com evidentes
lucros para a era industrial.
Na era industrial a fortuna - do “GÊNIO” ou da “ESTRELA”
- se apaga, se eclipsa e extirpa da memória na medida do desaparecimento das
culturas e das civilizações que lhe dão suporte material e conceitual. Ainda
mais raros são os artistas que ultrapassam os limites, repertórios e os
condicionamentos de sua própria civilização ou cultura.
[2] ROSA, Renato et
PRESSER, Décio .DICIONÁRIO DAS ARTES PLÁSTICAS no RIO GRANDE
do SUL . (2ª ed r) Porto Alegre : UFRGS, 2000, 527 p.
ISBN 85-7025-522-5.
CAVALCANTI, Carlos e AYALA Walmir. DICIONÀRIO BRASILEIRO de ARTISTAS PLÀSTICOS. .Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973, 4 volumes
Danúbio GONÇALVES – Mural sobre a entrada da
Estação Central do Trensurb - Porto
Alegre – RS.
Fig. 12 – O
mural de Danúbio Gonçalves, no centro de Porto Alegre, busca uma síntese do
passado sul-rio-grandense e cujos índices já foram elaborados como heroicos,
únicos e exemplares. Para esta elaboração o artista
viveu, confabulou e deu forma a um vasto repertório icônico. Nesta imagem é
possível vislumbrar índices de um PACTO SOCIAL, POLÌTICO e ESTÉTICO SUL-RIO-GRANDENSE
da busca de um novo TEMPO a partir de uma
ESTÉTICA já consagrada e repetida, cultivada numa memória que se quer
coletiva.
Assim, a fortuna e a memória dos artistas
sul-rio-grandenses. estão intimamente associadas à fortuna da sua civilização.
Civilização que expressa pela cultura da TERRA, do TEMPO e da SOCIEDADE que
lhes fornece sentido e suporte. Ou de forma sintética: o “SEU ENTE no seu MODO
de SER”.
FONTES BIBLIOGRAFICAS.
CAVALCANTI, Carlos e AYALA Walmir DICIONÀRIO
BRASILEIRO de ARTISTAS PLÀSTICOS. .Brasília: Instituto Nacional do
Livro, 1973, 4 volumes.
DUCHAMP. Marcel “O artista deve ir à
universidade?”[1]
in SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et
présentés par Michel Sanouillet Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239
FIGUEREDO e MELO, Pedro Américo de – LA SCIENCE et les SYSTÈMES: questions d´histoire et de philosophie
naturelle. Bruxelles
: Gustave Mayolez, 1869, 169 p.
-------------A CIÊNCIA e os SISTEMAS: questões de história e de Filosofia
Natural (4ª ed) tradução de Gabriel Alves de Oliveira. João Pessoa PB: Edição
Universitária/UFPB, 2001, 279 p.
MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial
de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes Anais do
Seminário EBA 180. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997, pp. 127/146.
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre el porvenir de nuestras
escuelas. Barcelona: Tusquets,
2000. 179.
ROSA, Renato et PRESSER, Décio .Dicionário das Artes Plásticas
no Rio Grande do Sul. (2ª ed r) Porto
Alegre : UFRGS, 2000, 527 p. ISBN 85-7025-522-5
ROSA, Renato et alii .MAGLIANI: a solidão do corpo Porto
Alegre : Pinacoteca Aldo Locatelli-Prefeitura de Porto Alegre 2013 , s/p. il col.
ZIELINSKY, Mônica - Iberê Camargo- Catálogo
raisonné- volume 1 Gravuras São Paulo:
Cosac Naify, 2006 504 pp. 692 ils - ISBN -85-7503-528-2-
ZWEIG, Stefen – “O mundo Insone e Outros Ensaios”- Apresentação Alberto Denis.
São Paulo: Zahar, 2013, 312 p
[Clique sobre o gráfico para ler]
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
ALEIJADINHO
PROFETAS
A FORTUNA do ARTISTA PLÁSTICO SUL-RIO-GRANDESE.
ALGUMAS FONTES BIBLIOGRÁFICAS da ARTE SUL-RIO-GRANDENSE
CENTENÁRIO de uma PINTURA - 1911 - 2011
MONUMENTO
a ARAÚJO PORTO-ALEGRE
Obra de Maria Lídia dos
Santos MAGLIANI
Quadros “PAZ e
CONCÓRDIA” de 1895 e de 1902- de PEDRO AMERICO
PRAÇA
e MONUMENTO a OSCAR BOEIRA em PORTO ALEGRE
STEFEN ZWEIG
Uma obra de artes
visuais do cidadão Iberê Camargo.
VASCO
PRADO e a sua CIRCUNSTÂNCIA.
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio
financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
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