TESE
- AUTORIA – AUTONOMIA.
“A tese é uma suposição em conflito com a
opinião geral". - Aristóteles - Tópicos I - 11
A
presente postagem busca refletir em relação aos campos das forças da ARTE
diante da Era INDUSTRIAL. Na opinião
geral atual a ARTE é admitida como a pesquisa de um indivíduo da sua
originalidade e da sua autoria na qual ele expressa, em si mesmo, o seu TEMPO, o
seu LUGAR e a sua própria SOCIEDADE.
Aprendizagem
coletiva de pintura numa escola chinesa
Fig. 01 – A ERA
INDUSTRIAL gerou a necessidade do múltiplo do mesmo o universalizou em função
de sua base material da linha de montagem sobre a qual opera. Isto não
significa um juízo de valor. Ao
contrário. A ERA INDUSTRIAL se apropriou, aperfeiçoou a habilidade técnica,
reduzindo oseu tempo de produção em escala. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é construída
a partir e no aperfeiçoamento da ERA INDUSTRIAL. A cultura chinesa entendeu a
origem e o continuo deste processo.
O
conflito emerge na medida em a Era INDUSTRIAL tolhe e assume esta pesquisa,
impondo ao indivíduo uma linha unívoca de produção estandardizada e impessoal.
A Era INDUSTRIAL pretende ser universal, e única, para todos os TEMPOS, os
LUGARES e SOCIEDADES. Esta linha unívoca, de produção estandardizada, aponta
para o seu próprio ideal de um “SISTEMA de ARTE”. Portanto aniquila a pesquisa original do artista e a sua autoria deixando
uma margem mínima e improvável de AUTONOMIA.
O
grande drama da Era INDUSTRIAL é prometer, ou sugerir, algo que ELA não pode
cumprir depois. Esta mentira mora no cerne da ESCOLA comandada pela lógica da Era
INDUSTRIAL. A Era INDUSTRIAL promete, por meio dos seus ditos CURSOS
PROFISSIONALIZANTES, aquilo que ela não pode cumprir na sua SOCIEDADE, no seu
LUGAR e com os seus RECURSOS TÉCNICOS e ECONÔMICOS.
Cabe
ao candidato - a ser arista - dizer o que ele quer, entender as suas
circunstância e agir no meio destes conflitos, contradições e problemas. Os
problemas não são para serem eliminados, resolvidos ou ignorados. O problema
do SISTEMA de ARTE da ERA INDUSTRIAL
possui a sua lógica. Mesmo a ESCOLA da lógica da Era INDUSTRIAL está explicito
para quem quiser perceber e agir. A ida do artista para a UNIVERSIDADE
permite-lhe um mergulho nesta lógica, e se de fato sabe o quer, é competente
para transformar esta CONTRADIÇÂO em COMPLEMENTARIEDADE.
Fig. 02 – Dizem as más línguas que a única novidade que a ERA INDUSTRIAL conseguiu introduzir na atuais
universidade é a LUZ ELÈTRICA. É o mesmo mestre falando por cima e por fora
enquanto alguns alunos dormem solenemente, fingem que escutam ou fazem fofocas
no fundo da sala de aula. Este processo ensino aprendizagem presencial revelou
toda a sua ineficiência quando submetido a avaliação da autonomia e autoria
exercida pelo estudante. Esta deficiência tornou-se gritante quando na ÉPOCA
PÓS_INDUSTRIAL o processo tornou-se NÂO-PRESENCIAL e guiado pela LÂMPADA
ELÈTRICA do MEIO NUMÈRICOS DIGITAIS.
O
artista, ao mergulhar nesta lógica de um SISTEMA, irá constatar que ele está
diante de uma ENTRADA, de um DESENVOLVIMENTO e de uma SAIDA. ENTRADA com
critério único de admissibilidade. DESENVOLVIMENTO que descarta tudo aquilo que
não é lógico com o produto almejado. SAÍDA com exame de qualidade uniforme e
confiável.
FÁBRICA
de ARTISTAS - Central SAINT-MARTINS in
Le Monde 14.01.2012
Fig. 03 – O espaço a AUTONOMIA e da AUTORIA da estudante de arte da ÉPOCA
PÓS-INDUSTRIAL a isola no seu EU singular
e isolado. A higienizada e abundante LUZ ELÈTRICA e equipamentos são descartes da ERA INDUSTRIAL. Este MEIO NUMÈRICO DIGITAL, só
revela o vazio do processo
NÂO-PRESENCIAL do ensino-aprendizagem da ARTE. O estudante perdeu o
PERTENCIMENTO ao amplo MEIO SOCIAL. A oportunidade deste estudante singular de
arte PERTENCER ao amplo MEIO SOCIAL se
reduz a falar, escrever uma tese que se comunica com o seu GRUPO
de DENTRO formado pelos seus pares de concorrentes
a artista e já convertidos. .
A autoria do indivíduo - que pesquisa a
expressão da sua originalidade - dificilmente sobrevive à lei de uma única
ENTRADA, um DESENVOLVIMENTO uniforme e a uma SAIDA estandardizada pelo
taylorismo. Contudo a sua SOCIEDADE, o
seu LUGAR e o seu TEMPO assimilou e impõe esta lei como verdadeira e única e
expressa no “SISTEMA de ARTE”. Com o objetivo de preservar um mínimo de
AUTONOMIA cabe ao artista a tarefa de contornar opinião geral e consciente de estar gerando um problema.
Fig. 04 – A
metáfora da Frineia se expondo nua diante do Aeropago ateniense ilustra a frase
de Platão de que “veríamos desaparecer completamente todas as
artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe toda
pesquisa”. Porém esta quebra deste tabu não poupou a temerária ateniense da OPINIÂO GERAL das OUTRAS MULHERES
que lhe impuseram a alcunha – Frineie – ou “barriga
de pele de sapo”.
Serve
ao artista o consolo de séculos de denúncia contra a lei uniforme, soberana e a
que tudo e a todos esteriliza no seu formalismo. Platão já foi explicito quando
escreveu nós seus Diálogos ( 1991, p.417) que
“veríamos desaparecer completamente todas
as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe
toda pesquisa. E a vida que já é bastante penosa, tornar-se-ia então totalmente
insuportável”
Porém
contornar os SISTEMAS JURÍDICOS, EDUCACIONAIS, IDEOLÓGICOS, POLITICOS e
principalmente TÉCNICOS e ECONÔMICOS da ERA INDUSTRIAL não é tarefa simples e
com imensos riscos para a AUTONOMIA do fazer estético próprio e AUTORAL.
Maria Lídia dos
Santos MAGLANI[1]
Fig. 05 – O artista no exercício de sua
AUTORIA e no espaço da sua
AUTONOMIA torna-se atemporal, universal e se constitui em PRÍNCIPE.
PRÍNCIPE como aquele que PRINCIPIA novos caminhos, outras forma de SENTIR e de
PENSAR..
Com este FAZER AUTORAL arrasta consigo o seu TEMPO, LUGAR e
SOCIEDADE.
Nesta
tarefa de preservar a AUTONOMIA - do fazer estético e AUTORAL - o artista sente se catapultado para as orbitas
do SOBRE-HUMANO. Referente a esta PROBLEMA o filósofo Nietzsche previne (2000,
p.134)[2]
o artista que:
“a arte
não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais
elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É
o único inútil, no sentido mais temerário”
Num
SISTEMA EDUCACIONAL, da ERA INDUSTRIAL, o “ESTUDANTE NÂO FAZ ARTE” na expressão
da Ado Malagoli. Pois o aluno está na heteronomia dos seus mestres. Mesmo que
este mestre seja único, como orientador, as narrativas das dissertações e teses
se encontra nas LINHAS DE PESQUISAS do PROGRAMA e se confunde com as ideias do
orientador. Na leitura dos textos das narrativas de pesquisas é muito difícil,
senão impossível, distinguir o que autoral e original o que é daquele que firma
como autor da narrativa. Assim são bem mais autorais e originais as teses de
cátedra dos antigos textos e narrativas dos postulantes a estes cargos.
[1] Obras de MAGLIANI como índices ativos e identificados positivamente com
a condição humana da vida na cultura do Rio Grande do Sul http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/10/189-iconografia-sul-rio-grandense.html
[2]
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)
Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
Fig. 06 – O projeto de origem de uma cultura ou de uma civilização resulta da
confluência de incontáveis projetos menores e pessoais. A cultura
greco-romana teve seu momento de cristalização em Atenas no iv século antes de
Cristo. A pintura de Rafaela Sanzioa “A ESCOLA de ATENAS” pertence a retomada
deste projeto após a longa intriga e busca de hegemonia da BÌBLIA ou do CORÂO.
Nas origens sempre estão jogo as frágeis competências dentro de severos
limites.
Na
pesquisa histórica o problema se esboça e comanda a rota subsequente desde o
INÍCIO. O historiador Marc Bloch percebeu esta determinante na origem da
pesquisa ao escrever (1976, pp. 60/61)[1]
que:
“A
investigação histórica admite, desde os primeiros passos, que o inquérito tenha
já uma direção. De início está o espírito. Nunca, em ciência alguma, foi
fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja possível”.
Assim
o candidato, ao mestrado ou doutorado, necessita procurar e “ENTRAR” numa linha
de pesquisa de um programa acadêmico. Nesta
linha este candidato é submetido a uma linearização de sua proposta ao longo do
DESENVOLVIMENTO de sua pesquisa. Se esta proposta sofre constantes intervenções não há muita AUTONOMIA, ORIGINALIDADE e
AUTORIA a esperar na SAIDA e face à banca de defesa.
[1] BLOCH, Marc (1886-1944) .
Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa-
América 1976 179 p.
Fig. 07 – A hierarquia pronta e piramidal que permite apenas a opção maniqueísta
o pertencimento ou a marginalidade. O pertencimento é reforçado por textos,
contratos e ritos acordados e que nega qualquer AUTORIA ou AUTONOMIA diferente destes
contratos ancestrais, imutáveis e
míticos. Possui a vantagem da
segurança, estabilidade. Estabilidade e segurança de um sistema onde pouco
importa se o individuo é eventualmente BOM ou MAU, A CRIATIVIDADE, a MUDANÇA ou
AUTORIA só triunfa no enfrentamento e quebra de todo o sistema, è o que todos
os profetas, gênios ou revolucionários fizeram em todos os tempos. Acabam
mitificados e instaurados no vértice de pirâmide de outro sistema diferente.
Evidente
que ninguém defende o infantilismo, o bom selvagem, a razão única e absoluta da
Natureza.
O
que se defende é a possibilidade de um contrato entre o educando e o seu mestre.
CONTRATO celebrado antes, atualizado durante e após o exercício das
competências e os limites da lei. CONTRATO que regula a ENTRADA única, o DESENVOLVIMENTO
uniforme e a uma SAIDA estandardizada pelo taylorismo.
Neste
ponto estamos de retorno à civilização como um fato artificial. Artifício que é
um dos índices da inteligência, da vontade e dos sentimentos de uma sociedade
mergulhada no seu TEMPO e no seu LUGAR.
Fig. 08 – Uma civilização ou cultura que
concentração e investes as suas inteligências, suas vontades e os recursos sempre levaram a desagregação
quando a maioria percebe os limites deste projeto e percebe as faltas gritantes
em outras necessidades básicas e simbólicas de população. A acumulação da
ERA INDUSTRIAL repetiu o mesmo erro da TORRE de BABEL ao concentrar os seus
objetivos no capital e nos meios técnicos. O grande problema desta concentração - num único
projeto - é a negação ou desperdício do potencial da AUTORIA CRIATIVA e da AUTONOMIA que embasa o PODER ORIGINÀRIO desta
CIVILIZAÇÂO e CULTURA.
Artifício
com o qual se lineariza uma escola de artes por
um ENTRADA, um DESENVOLVIMENTO e um SAÌDA. A ENTRADA é o VESTIBULAR. O
DESENVOLVIMENTO e EXPRESSO num CURRÌCULO com um TEMPO MÀXIMO e MÌNIMO. A SAIDA
é a DIPLOMAÇÂO e a FORMATURA.
VESTIBULAR do
CURSO de ARTES PLÀSTICAS do INSTITUTO de
BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL c. 1944 – Foto ACHUTTI
Fig. 09 – O vestibular nas artes não seria necessário pois os candidatos não irão concorrer com nenhuma campo profissional
organizado e com “carteira assinada” ao modelo de qualquer curso superior
profissionalizante. A seleção torna-se necessária em função das
necessidades internas do campo das artes. Inicialmente existem mais candidatos
do que vagas. Vagas que sõ muito onerosas para a mantenedora. São raros
os cursos superiores de artes da
iniciativa privada.
A
ENTRADA das escolas da arte na universidade é recente e causa de muitos
conflitos administrativos, mormente pelo fato de que artista não é reconhecida
na carteira de trabalho como profissão. Certamente a ARTE é LONGA e a VIDA É
BREVE como já sentenciavam os latinos. A simples formatura como consequência do
DESENVOLVIMENTO e do percurso curricular não é garantia de autonomia criativa e
autoral do egresso. Na contraposição o convívio e intercâmbio denso e profícuo
com pessoas que possuem o mesmo ideal do desafio ao sobre-humano não só gera
hábitos de enfrentamento das dificuldades, como faz perceber as competências e
os limites da SOCIEDADE, do TEMPO e do LUGAR. Esta percepção das competências e
dos limites das próprias universidades foi descrito por Max WEBER que aponta (1989:
70)[1]
como
“o único
elemento, entre todos os “autênticos” pontos de vista essenciais que elas (as universidades) podem oferecer, legitimamente, aos seus estudantes, para ajudá-los em
seu caminho pela vida afora, é o hábito de assumir o dever da integridade
intelectual; isso acarreta, necessariamente, uma inexorável lucidez a respeito
de si mesmos”
O
ingresso do artista na Universidade ganha pleno sentido nesta busca “do hábito de assumir o dever da integridade
intelectual”. Diante desta necessidade de busca de integridade intelectual
também é possível incluir a integridade estética.
Marcel
DUCHAMP: ARTISTA DEVE IR para a UNIVERSIDADE
Fig. 10 – O artista Marcel DUCHAMP tomou ao pé da letra a frase se Nietzsche e se
transformou num dos inúteis temerários mais radicais da História das Artes Visuais.
Nesta obra - denominada de “GRANDE VIDRO” - ele gera um evidente problema
ao caminhar contra a opinião geral
da arte . A ida do artista para a Universidade pode ser o
tempo e a oportunidade para conhecer e evidenciar este problema além da norma estética e cultural da opinião geral e estabelecer a ANTÍTESE do seu contraditório. Toda
pesquisa admite a fase da TESE, da ANTÍTESE e da SÌNTESE. A ANTÍTES, pura, e
simples, não constrói e nem sabe o que e
o por que está destruindo algo.
Assim
é possível concordar com Marcel Duchamp
que descreveu a contradição entre à lógica da segurança institucional diante da
liberdade do indivíduo (1991,
pp. 236-239)[1] na
qual:
“sob
a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça
humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características
comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação
com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo”.
A
sina do artista e se constituir neste “indivíduo
entregue a si mesmo” e que coloca “numa
explosão solitária” a sua obra de arte
no mundo. Nesta solidão, o mundo dos pensamentos, das cogitações e das
concepções, é o universo ideal é sempre
perfeito em si mesmo. Nas artes visuais não é diferente.
[1] - DUCHAMP.
Marcel “O artista deve ir à universidade?” in SANOULLET, Michel. DUCHAMP
DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris: Flammarrion,
1991, pp. 236-239 Texto de uma alocução em
inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13
de maio de 1960. Consta em SANOULLET,
Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion,
1991, pp. 236-239
Jacek YERBA - Represa bíblica
Fig. 11 – A problemática represa construída por livros, por discursos e
por imagens - para conter a
torrente da NATUREZA do TEMPO e da ENTROPIA - ilustra
a artificialidade de qualquer civilização, cultura ou projeto humano. O aparente conforto, a segurança e o
poder sempre serão provisórios nestas circunstâncias artificiais
e ameaçadas de ruptura.
O fazer prático dos sentidos humanos é acompanhado
pela luz dos ideais estéticos, pelo halo das cogitações e dos pensamentos
emanado dos projetos estéticos. Leonardo da Vinci vinculou intimamente este mundo
pratico do agir com o pensamento na sua sentença: “a pintura é uma coisa mental”. Porém não basta que um indivíduo de
forma a este pensamento. A “arte está em QUEM produz e não no QUE PRODUZ” na
sentença aristotélica. Esta sabedoria doa autoconhecimento foi expresso pelo
romano SÊNECA no seu texto “Da
tranquilidade do ânimo” onde escreveu (p. 08)[1]
“Penso que
muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter
chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não
passassem por outras com os olhos fechados”.
Os
pensamentos, as cogitações e as concepções – por mais sábias, tradicionais e
admitidas pelo senso comum, NÃO constituem a origem, a causa primeira do mundo
e da NATUREZA. O ideal, sempre perfeito
em si mesmo, necessita uma atmosfera própria e não poluída pelo fazer empírico
comandado e pelas implacáveis leis da NATUREZA. A Era INDUSTRIAL criou um imenso problema ao
tentar adaptar os campos das forças da ARTE impondo-lhe um SISTEMA mimetizado a
partir das implacáveis leis da NATUREZA.
Fig. 12 – O condicionamento dos sentidos humanos
pode ser admitido num contrato entre o artista e o seu publico. Na medida em que mediadores e atravessadores e
eventos se apropriam deste contrato e o transformam em espetáculo, evento e
propaganda a humanidade esta de retorno
ao projeto de ROMA de exercer a política pelo “PÂO e CIRCO”.
Em
relação à ARTE, a reflexão continua a ser admitida como a pesquisa de um indivíduo
a partir da sua originalidade e da sua autoria na qual expressa o seu TEMPO, o seu
LUGAR e a sua SOCIEDADE. Reflexão e agir,
nos quais, este indivíduo, necessita enfrentar, frequentemente, a opinião geral com o seu projeto autoral
para afirmar a sua própria autonomia.
Resultados - entre 1994 e 2005 -
do ingresso e diplomação dos cursos superiores mantidos pelo Instituto
de Artes da UFRGS
Fig. 13 – O resultado estatístico numérico
de dez anos do contrato entre o
candidato a artista e os cursos superiores (3º grau) de uma Instituição forma
de artes. O sucesso acadêmico neste estágio foram certamente pertence aos
dois lados. O estudante motivado e a coerência do que a escola superior pode
oferecer neste TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. Ao estudante cabe o mérito da
manutenção do seu projeto e seu diálogo, renovação de contrato com uma
instituição que necessita manter e cultivar o hábito da integridade intelectual
e estética.
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GLOSSÁRIO
AUTONOMIA: Clemente
Mariani elucidou que “no conceito de autonomia há dois elementos
essenciais: um é o das raias que limitam a ação; o outro, é o poder de agir livremente dentro
dessas raias. Sem raias limitadoras, estaríamos em face, não da autonomia, mas
da soberania ou do arbítrio. Assim entendido, seria ilógico falar-se em
autonomia ‘absoluta’: o conceito é sempre relativo e a amplitude do círculo de
liberdade pode sofrer infinitas variações” (in Nóbrega, 1952, p. 329) a
autonomia compõe-se de uma competência e os seus limites (Clemente Mariani in
Nóbrega, 1952: p.329) Na biologia o
exemplo da célula viva que necessita da membrana para proteger a competência da
vida. Só partir da célula viva é
possível determinar o que é relevante. (Maturana &V. 1996: 41) A vontade possui moralidade
no limite da sua autonomia. (Kant, Cr. Razão Prática) A ação seria inútil se
todos os homens fossem iguais, assim não haveria espaço para a arte Schaeffer, 1992, p.28
AUTONOMIA X SOBERANIA A distinção entre autonomia e
soberania foi explicitada numa consulta
feita ao MEC e respondida por Edmundo Lins Neto no parecer nº 116/1952. “Alega-se que a Universidade da Bahia é
autônoma e que V. Exª no caso poderia intervir. A Universidade tem, não há
dúvida, autonomia administrativa, didática, financeira disciplinar, mas não
possui soberania, porque a sua autonomia lhe foi concedida ‘nos termos da
legislação federal sobre o ensino superior’ ” - In Souza Neves 1951, v. I p. 207.
INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA: “A investigação histórica admite, desde os primeiros passos, que o
inquérito tenha já uma direção. De início está o espírito. Nunca, em ciência
alguma, foi fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja possível”. Marc Bloch 1976,
pp. 60/61.[1].
PROBLEMA
e TESE A criatura humana não
teria aprendido nada, neste planeta se
não tivesse ciência dos seus próprios LIMITES -. Esta CIÊNCIA dos LIMITES
constitui um mar de PROBLEMAS. O PROBLEMA não é para ser resolvido. Ele
continuará a ser PROBLEMA apesar dos pequenos êxitos da criatura humana em
compreender a sua natureza e formas de contorná-lo. Aristóteles
escreveu (Tópicos I – 11) que “A tese
é uma suposição em conflito com a opinião geral”.
TELEOLOGIA
IMANENTE: existe como que um processo de
auto-organização, graças ao qual um procedimento de início tateante consegue
desenhar de modo cada vez mais preciso seu próprio eixo de evolução Há
necessidade que um grupo seja unido por
uma TELEOLOGIA IMANENTE que o sustente ao longo do tempo como afirma
Souza (1996, p. 96) “Uma estrutura
flexível só pode sobreviver no tempo se um grupo relativamente homogêneo a compreende como a própria base para o seu
desenvolvimento” Bruyne, 1977
: 13
TESE “Que uma tese, por outro lado, também
constitui um problema, é evidente: pois do que dissemos acima deduz-se
necessariamente que ou a grande maioria dos homens discorda dos filósofos no
tocante à tese, ou uma ou a outra classe está em desacordo consigo mesma, já
que a tese é uma suposição em conflito com a opinião geral”. Aristóteles -
Tópicos I – 11
SISTEMA de AÇÃO:
compreende as mediações técnicas que permitem dominar o meio social e as
mediações sociais através dos quais a coletividade se organiza com vistas a
gerir seu próprio destino. Ladrière, 1977 : 17
SISTEMA de ARTES VISUAIS: conjunto de agentes, instituições e meios que as possuem implantam
através de uma teleologia imante para a sua reprodução
SISTEMA de ENSINO:
instância qualificada que assegura a reprodução dos sistemas de esquemas de
ação, de expressão, concepção,
imaginação, percepção e apreciação disponíveis objetivamente num determinada
formação social Bourdieu, 1987 : 117
SISTEMA de EXPRESSÃO: compreendem as modalidades tanto materiais como formas através dos
quais as representações e as normas encontram suas projeções concreta ao nível
da sensibilidade e graças Aos quais os efeitos profundos se exteriorizam em
figuras significativas, oferecidas a uma constante decifração Ladrière, 1977 :
17
SISTEMA de REPRESENTAÇÃO: conjunto conceituais e simbólicos através dos quais os diferentes
grupos que constituem a coletividade tentam se auto interpretar e interpretar o
mundo nos quais estão imergidos. Ladrière, 1977 : 16. Métodos pelos quais a coletividade se esforça
em entender seu conhecimento e seu saber. Bruyne, 1977 : 51
SISTEMA NORMATIVO: tudo o que determina valores, sobre cuja base
são apreciados as ações e as situações a partir dos quais são eventualmente
justificadas as práticas concretas e de outra parte tudo o que determina regras
particulares por meio das quais se organizam os sistema de ação. Ladrière, 1977 : 16
VERDADE: As disposições em
virtude das quais a alma possui a verdade, quer afirmando, quer negando, são em
número de cinco: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a
sabedoria filosófica e a razão intuitiva. Aristoteles,
1973 : 342
Nem a verdade, nem o real são dados, que
nem um nem outro aparecem tais quais, e que somente a operação sobre a
aparência, a suspensão das aparências, pode fazer aguardara um conhecimento
verdadeiro. Arendt, 1983 : 245, 351
O historiador tem por tarefa especifica de
dar um conhecimento apropriado, controlado, dessa «população de mortes-
personagens, mentalidades, prêmios» que são seu objeto. Abandonar esta intenção
de verdade, pode ser desmesurado, mas, seguramente fundador, seria deixar livre
a todas as falsificações. Chartier : 1998 : 197
A arte visual não pode mentir Bereson, 1953
: 112
[1] BLOCH, Marc (1886-1944) .
Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa-
América 1976 179 p.
BIENALE de
BERLIN 2016 VISÃO
das PROPRIAS COSTAS - in FRANKFURTER ALLGEMEINE
Fig. 14 – As técnicos, os procedimentos e os instrumentos de FEED-BACK nas ARTES VISUAIS foi uma das
contribuições da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.
As conexões instantâneas e
imediatas ampliou e universalizou as pesquisas no campo das obras das artes visuais.
Estes instrumentos, procedimentos e
técnicas não permitem mais a ninguém ignorar a norma cultural vigente na arte e
na cultura. Evidente que este FEED-BACK imediato constitui apenas um recurso e está
muito longe de substituir o artista, o seu pensamento, autoria e autonomia. No
contraditório permite ao artista se desconectar destas técnicas, procedimentos
e instrumentos e, na sua explosão solitária, produzir obras, narrativas e
ideias absolutamente originais e de valor universal.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS.
ARENDT, Hannah
(1907-1975) Condition de l’homme
moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril
Cultural1973. 329p.
____. Tópicos.
2.ed. São Paulo: Abril Cultural. 1983, pp.5-156.
BLOCH, Marc (1886-1944).
Introdução à História.3ª.
ed. Lisboa: Europa- América 1976 179 p
CHARTIER, Roger.
Au bord de la falaise: l´histoire entre certitudes et inquiétude. Paris: Albin Michel, 1998. 293p
BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São
Paulo: EDUSP- Perspectiva, 1987. 361p.
____. O
poder simbólico. Lisboa: DIFEL,
1989. 311p.
____. As
regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo :
Companhia das Letras, 1996a. 421p.
____. Razões práticas: sobre a teoria da
ação. Campinas: Papirus, 1996b. 231p.
BRUINE, Paul
de Dinâmica da pesquisa em ciências
sociais: os pólos da prática
metodológica. Rio de Janeiro: Francisco, 1977. 235p
DUCHAMP, Marcel, «L’artiste
doit-il aller a l‘université?» in Duchamp
du signe. Paris: Flammarion 1991
KANT, Emmanuel
(1742-1804). Crítica da razão prática.
Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. 255p.
LADRIÈRE, Jean. Les enjeux de la rationalité: le défi da science et la technologie
aux cultures. Paris: Aubier-Montaigne/UNESCO, 1977. 221p .
MATURANA R.,
Humberto (1928-)e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del
conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid:
Unigraf. 1996, 219p.
____.La
realidad: ¿objetiva o construida?. Barcelona: Antropos, 1996. 159 p.
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900).Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona:
Tusquets, 2000. 179.
NOBREGA, Vandick Londres. Enciclopédia da legislação do Ensino. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais. 1952
SCHAEFFER, Jean-Marie . L’Art de l’Age Moderne. Paris:
Gallimard 1992. 444p.
SOUZA NEVES, Carlos de. Ensino superior no Brasil. Rio de Janeiro : MEC-INEP 4v. 1969.
SOUZA CAMPOS, Ernesto. Educação Superior no Brasil: esboço de um quadro histórico de 1549-1939. Rio de
Janeiro: Ministério de Educação, 1940. 611p
____.
História da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1954. 582p.
FRANKFURTER
ALLGEMEINE em 31.12.2016 “die
studiengebuehren-kehren zurük” ou “a economia por matrícula”
Fig. 15 – A ERA INDUSTRIAL, além de
introduzir a LUZ ELÈTRICA nas universidades, acumulou estudantes numa única
sala de aula com o objetivo de baratear custos. O mesmo mestre, falando por
cima e por fora, repete, na sala de aula,
as técnicas teatrais dos eventos mediáticos lineares e unívocos e aceitos pela
opinião geral. Neste tipo de sala de aula a única opção AUTORAL do estudante é o
de estar, ou não, presente. Se o estudante está presente, ele é controlado que
é essencial para gerar créditos acadêmicos A fala e a imagem do mestre podem
ser acessadas pelos meios eletrônicos. .
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS.
O ARTISTA DEVE
IR para a UNIVERSIDADE Marcel DUCHAMP
FRINEIA –
POESIA de OLAVO BILAC
JULGAMENTO de
FRINEIA
PINTURA de
Jean Léon GERÔME (1824-1904)
MUSEUS de ARTE
¿ QUEM APRENDE
COMANDA o PROCESSO?
O ARTISTA
CORRETO
Tese e Autoria
UNIVERSIDADE
no MUNDO
As 10
universidades mais antigas do mundo
UNIVERSIDADE
de FES – MARROCOS de Fátima al-Fihri 859
UNIVERSIDADE
MEDEEVAL EUROPEIA
Universidade
de BOLONHA
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material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
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