20.0 - Uma
obra de artes visuais do cidadão
Iberê Camargo.
Continuação de
20.1
– A obra de Iberê como metáfora dos valores culturais posteriores a 1945. 20.2
– A obra de Iberê como esplendor da verdade. 19.3 – A verdade da pintura de
Iberê Camargo. 20.4 – Leituras iconológicas da obra de Iberê. 20.5 – Projeções
da obra de Iberê. 20.6 – Um mestre da
Pintura. .20.7 – Os lugares institucionais da obra e da pessoa e da obra de
Iberê.
Fig. 01 – Iberê BASSANI CAMARGO criou-se no âmbito e
nas circunstâncias da ERA INDUSTRIAL Filho de ferroviário fez a sua formação no
âmbito dos núcleos urbanos do Rio Grande do Sul que estava experimentando esta
nova infraestrutura técnica e cultural. Ele soube conectar, conduzir e
reproduzir a sua carreira artística sob
um incipiente mercado local que ele ampliou e soube expandir para um vasta rede
mundial anterior `a EPOCA PÒSDINDUSTRIAL. Esta tarefa está sendo realizado pela
FUNDAÇÂO e o MUSEU que leva o se nome...
20.1 -A obra de Iberê como metáfora
dos valores estéticos e culturais
posteriores a 1945
dos valores estéticos e culturais
posteriores a 1945
É necessário
considerar, num texto relativo a uma obra de Iberê Camargo, os projetos
políticas regionais e internacionais do período posterior à Segunda Guerra
Mundial, inclusive os de natureza estética. A obra de Iberê Camargo
constitui-se como uma metáfora dos demais valores culturais do período e
tornou-se índice máximo de conteúdo com o mínimo de forma dos meio materiais.
Iberê CAMARGO:.”Figura em tensão”
1949 - Óleo sobre tela 93,5 x 132 cm -
Acervo do MARGS – Porto Alegre.
Fig. 02 – A atenta e continuada observação Iberê CAMARGO
nos faz perceber que atingiu cedo a segurança para traduzir o seu nervosismo nas suas obras de arte
. Este nervosismo febril, que se
apoderou de Iberê, exresso os ENTE no seu modo de SER no mundo Este universo n~~ao é um simples
cacoete estético e nem uma forma de gera
marketing e propaganda....
Na obra de Iberê
Camargo, (fig.02) são visíveis os gestos primários, a crueza da pincelada, a
matéria acumulada e as formas dos temas retorcidas. Meios técnicos que expõem, e testemunham, todas as violências decorrentes e imanentes à
cultura mundial da segunda metade do século XX. Iberê nasceu no primeiro ano da
Iª Guerra Mundial, viveu as violentas mudanças que conduziram para a IIª Guerra
Mundial e sofreu a divisão do mundo provocada ela Guerra Frias entre duas
potências armadas com foguetes intercontinentais com ogivas nucleares capazes de
eliminar a vida várias vezes da face da Terra. A obra de Iberê Camargo é
testemunho deste potencial apocalipse das
formas de vida, das civilizações e de tudo o que é caro e precioso para
elas.
Fig. 03 – Filho de ferroviários Iberê
BASSANI CAMARGO criou-se no âmbito e nas circunstâncias da ERA INDUSTRIA. A sua
vida, carreira e obra refletem a urgência do TEMPO, os deslocamentos de LUGARES
e as sociedades que encontrou neste percurso. O suporte deste pequeno núcleo
familiar reflete esta mobilidade e lhe conferiu um suporte mínimo para as suas
aventuras, desventuras e trajetos existenciais.
20.2 A obra de
Iberê como
esplendor da verdade.
esplendor da verdade.
Esteticamente
estamos frente ao paradigma da mais autêntica Pintura cuja genealogia procede
das concepções de um Giotto, de um Leonardo ou de um Van Gogh e praticada na
sua linguagem de conduzir os seus pincéis para cobrir uma superfície com tinta.
Pintura que vimos[1]
na obra de Ado Malagoli, do capítulo anterior, assumir o seu lugar
institucional no Rio Grande do Sul. A franqueza de Iberê recorre à crueza das
tintas, distribui, sobre uma singela superfície plana, signos que nos conduzem
ao âmago de um ser humano dilacerado pela dor de um mundo com novos problemas.
Iberê CAMARGO 1941 - Zielinsky,
2006, p.037
Fig. 04 – Nesta obra inicial Iberê CAMARGO surpreendeu os seus observadores pela
determinação do uso das tintas, texturas e pinceladas. Neste projeto pictórico
Iberê será coerente até as suas últimas obras. Ele soube conectar, conduzir
e reproduzir a sua carreira artística
sob um incipiente mercado local que ele ampliou e soube expandir
As formas
angustiadas e angustiantes apropriam-se do espaço pictórico, produzidas por
gestos vigorosos e se expressam por meio
de signos intoleráveis para quem não está afeiçoado a busca da Verdade em todas
as dimensões. Diante de uma pintura de Iberê Camargo é possível falar em "esplendor da Verdade". Ali está um
ser humano que se expõe com todas as circunstâncias do mundo e a sua verdade
que lhe foram dadas viver. O seu objetivo era “o conhecimento, mas outra forma de conhecimento”, como o próprio
Iberê escreveu[1].
O artista transformou em signos pictóricos as suas circunstâncias incômodas,
para ele e para o seu público, mas que no conjunto buscam o conhecimento.
IBERÊ CAMARGO e GLAUCO PINTO MORAES - na PrÓ DIRTEAS JÁ
Fig. 05 – Com a mesma determinação com que Iberê CAMARGO manejava pastas de tintas, cores, espátulas e os pinceis,
ele expressava o seu posicionamento como cidadão. Ele estava profundamente
convicto que as pessoas podem serem
eventualmente boas ou más. No entanto se o sistema é mau, corrompido e
pervertido a cultura, a civilização e as instituições, não só perdem o seu
sentido, mas passam a funcionar como mecanismos de perversão, corrupção e de
maldades sem fim.
O pintor, como
também o seu público, não podem ignorar o fato pictórico proveniente da verdade
do contexto político. Esta verdade imanente reduz o tema ao mínimo e como esta
necessidade reforça a expressão do truncamento da narrativa pictórica. Este
fato pictórico expõe a natureza formal da obra, de uma forma incontornável.
Fig. 06 – As multidões que tomaram as ruas do Brasil ao longo do movimento ‘PRÓ
DIRTEAS JÁ’, compunha cenários e quadros o que lembram as composições de Iberê CAMARGO.
Esta imagem possui a mesma urgência, desassombro e nervosismo coletivo que
animava os quadros do pintor desde 1941.
Esta obra
valeu-se de matérias, técnicas e instrumentos na sua elaboração das telas com
tintas e pincéis e que busca na verdade, empreendida no gesto criador de Iberê
Camargo. Em compensação este gesto criador de Iberê possui a necessidade de
grandes dimensões e que ele recorreu, em geral, nas obras de mais impactantes e
verdadeiras. Estas grandes dimensões e grandes massas de tintas, permitiram ao
pintor uma espécie de antropomorfismo pelo condicionamento às proporções ao
imperativo das necessidades expressivas e assim penetrar fisicamente na sua
obra.
Iberê CAMARGO - Dentro do Mato -
1942 - Zielinsky, 2006 p.037
Fig. 07 – O espetáculo as floresta tropical interpretado pelo obra de Iberê
CAMARGO vale-se da exuberância de formas, texturas e cores que o jovem pintor apresentou em 142 no Palácio
do Governo do Rio Grande do Sul. Esta exposição permitiu que ele recebesse
uma bolsa do Governo do Rio Grande do Sul. Com esta ajuda ele teve ocasião para
encontrar e interagir com uma geração de artistas que mudaram com suas obras,
suas ideias e interações o cenário
brasileiro após a II Guerra Mundial
20.3– A verdade
da pintura de
Iberê Camargo
Iberê Camargo
Ao percorrer o
meio telúrico da infância de Iberê Camargo, descobre-se que a paisagem mística sul-rio-grandense
inspirou e fundamentou a sua obra adulta.
As paisagens da sua terra natal, Restinga Seca, da sua adolescência em
Santa Maria e Porto Alegre, os bairros pobres do Rio de Janeiro e de
Montevidéu, acolheram e alimentaram a obra adulta de Iberê Camargo. Tal como
Ulisses ele regressa à terra natal na maturidade. Esses pontos telúricos
subjazem à obra de Iberê e o conduziram nas suas viagens.
Iberê CAMARGO no atelier da Lapa RJ - 1945 - in Zielinsky 2006 p.049
Fig. 08 – O TEMPO de Iberê CAMARGO era pontilhado de obras que refletem a
velocidade e o volume de ideias, temas e motivações e que refletem o volume, a
velocidades e o acúmulo que as circunstâncias da ERA INDUSTRIAL exigem dos seus
criadores artistas A sua carreira artística ampliou e expandir um
incipiente mercado brasileiro e o abriu para conexões internacionais.
A obra Iberê
Camargo constitui um índice da busca da autonomia no interior do grande mar
novo e desconhecido da rede mundial.
O artista teve a
coragem de partir para o desconhecido e substituir o seu meio cultural
acanhando e provinciano de origem por uma rede mundial. Se não podia estar
presente pessoalmente enviava a sua obra para todos recantos civilizados do
planeta. Esta obra não pode ser reduzida a uma fórmula na qual a relação das
partes entre si provocam uma tipologia externa.
Iberê CAMARGO Grupo GUIGNARD 1942 Foto com: 01-Mário BARATA; 02- Géza HELLER; 03_
GUIGNARD; 04-Maria CAMPELLO; 05 - Alfredo GESCHIATTI; 06- Eduardo CORONA –
Fonte: Zielinsky 2006 p.039
Fig. 09 – A busca do pertencimento de Iberê
CAMARGO à sua geração e convívio com os seus potenciais concorrentes era
altamente estimulante e desafiador. Marcado por uma profunda individuação,
um projeto próprio e um ritmo intenso
encontrava motivações, caminhos e temas que o conectavam ao seu TEMPO, sua TERRA
e a SOCIEDADE BRASILEIRA em FORMAÇÂO
A verdade do artista fornece a unidade na
diversidade. A primordialidade da obra do artista ganha essa dimensão apenas
quando vista como um documento autêntico da verdade mais íntima do artista. O
cronista Casemiro FERNANDES já anotava, em 1941[1],
a coerência entre a pessoa e a obra e Iberê Camargo que
“os traços tímidos, no início, foram sendo
traçados com um vigor sempre crescente. Até atingir o nervosismo. E um nervosismo febril se apoderou de Iberê”
Esta coerência íntima
entre o ENTE do artista e os seu modo de SER no mundo foi cultivado ate ao sua
última obra.
[1] FERNANDES, Casemiro UM ARTISTA que SURGE: Iberê Camargo começa a pintar com vinte e cinco
anos. Porto Alegre: Revista da Globo nº
305,-- 11.10.1941. p.40
Iberê CAMARGO (1914-1994) - Santa Teresa RJ -1946 -55 x 46 cm
Fig. 10 – O acúmulo de prédios, de vielas tortuosas e vegetais retorcidos -
tentando sobreviver neste meio urbano - foram temas constantes para motivar as
tintas, os pinceis e os gestos nervosos de Iberê CAMARGO. Testemunhos silenciosos e sem a
figura humana que revelam as circunstâncias
de uma ERA INDUSTRIAL frustrada com obsolescências de uma cidade que possuía
outros projetos que se estão calando e sem transeuntes dignos de nota..
Contudo o documento
falso e forjado, de uma tipologia, não
ultrapassa uma leitura estilística
do qual ninguém encontra o sentido e a coerência. O documento falso e forjado
constituindo-se apenas num singelo levantamento de elementos formais, da
temática e das proporções. Quando Iberê atingia este ponto destruía fisicamente
esta obra. São antológicos os momentos em que Iberê submetia uma obra sua a
algum observador. Caso este declarasse que gostara da obra Iberê aniquilava
este quadro diante dos olhos espantados do seu interlocutor. Ou outros momentos
nos quais lutava com uma obra e sem atingir o seu projeto acabava destruindo o
resultado. Momentos em que ensina: “ao
menos passei várias horas com um bom projeto, mas nada sobrou dele fisicamente”.
Nestes momentos ressoa forte a sentença de Aristóteles de que “a ARTE está em QUEM PRODUZ, não no QUE PRODUZ”
Iberê CAMARGO - 1991 - Zielinsky.
2006. p.426
Fig. 11 – A exaustão física e
mental de Iberê CAMARGO está visível
nesta obra da última fase deste artista em Porto Alegre. A representação da ERA INDUSTRIAL está presente numa bicicleta
enquanto a figura humana jaz por terra. De
outra parte pode evocar a vítima fatal do seu gesto de 1980 quando ele abateu a
tiros um desconhecido em plena rua.
20.4 - Leituras
iconológicas da
obra de Iberê.
obra de Iberê.
Para empreender
e ter acesso à leitura iconológica
presente ou ausente na obra de Iberê Camargo é necessário confiar no gesto do
artista que abra as portas do imenso mistério da verdade do artista. Esta obra evoluiu diacronicamente, entre 1939
até 1994, formando uma série cultural
na qual foi criada e à qual pertence técnica, estilística e tematicamente. Esta série é formada por um sequência lógica
de obras coerentes entre si mesmas e ao mesmo tempo respondendo à series
culturais mais evoluídas do mundo contemporâneo.
Fig. 12 – A vida e obra de Iberê CAMARGO transcorreu nas
circunstâncias e tempos do século XX. Este Tempo corresponde as circunstâncias da infraestrutura técnica da
ERA INDUSTRIAL. Iberê refletiu este
Tempo. de rápidas e contraditórias mudanças, na sua obra e na sua carreira artística .
Porém nenhuma destas sucessivas tendências conseguiu abalar, esterilizar ou
estancar a sua produção ao longo de mais de meio século da Arte.
[clique sobre o gráfico para ler]
A obra de Iberê
Camargo, ao ser situada numa série
cultural diacrônica, mostra que a
sua trajetória numa linha de tempo, de menino vivendo em diversas pequenas
cidades do interior do Rio Grande do Sul acompanhando o pai ferroviário[1].
Já adulto começou alargar o horizonte intelectual, na capital, no âmbito da prestigiosa
Secretaria de Obras Públicas do Estado na qual estavam lotadas pessoas com grandes
capacidades intelectuais. De dia trabalhava como desenhista de Arquitetura. À
noite frequentou e concluiu o Curso Técnico de Desenho de Arquitetura do Curso
de Artes Plásticas. Neste Curso teve aulas com os arquitetos Ernani Dias Corrêa
e José Lutzenberger, como o engenheiro Ney Chrysóstomo e com os professores
João Fahrion, Ângelo Guido e Fernando
Corona. Este último escreveu a primeira crítica sobre sua obra em 1944[1]
Fig. 13 – O Curso Técnico de Arquitetura que Iberê CAMARGO frequentou não tinha formatura ou
formalidade de conclusão. Este Curso Técnico foi um ensaio institucional
para o Curso Superior de Arquitetura que foi aprovado em 1945 e que passou a
ser oferecido regularmente a partir do ano escolar de1945 Este foi
aprovado pelo Decreto Federal Nº 19.991 de 26.11,1945 “autorizou o
funcionamento do Curso de Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Belas Artes
do RS”[1].. É necessário frisar para a caso de Iberê Camargo é o fato de que no Curso Técnico Noturno de Arquitetura
atuaram os mestres que irão ser os titulares no Curso Superior de Arquitetura
do IBA-RS.
[clique sobre o gráfico para ler]
Dessa posição cômoda
ele abdicou, em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, para ser artista em
tempo integral, impondo-se o lema "vencer
ou morrer pela arte". Vinte anos após alcançou o primeiro prêmio da
Bienal de São Paulo. A partir dessa consagração estabilizou-se chegando
rapidamente à autonomia, na qual empreendeu a fase mais criativa da sua
pintura. Essa contemporaneidade passou pela busca da erudição que estivesse ao
alcance do artista
[1] - Decreto Federal no
19.991 de 26.11.1945 publicado no Diário Oficial no dia
28 . 12 . 1945 http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=1098&norma=2407
Fig. 14 – A origem de Iberê CAMARGO e o árduo caminho de sua formação lhe
ensinaram os postulados do hábito da integridade estética e intelectual. Esta
dolorosa a solitária caminhada fazia o receptivo a rodos os projetos dos jovens
que escalavam os seus obras para ver mais longe do que ele.
A sincronia
dessa obra de Iberê Camargo situa-se numa série cultural que se desenvolveu
paralelamente a outras séries, dialogando com os principais movimentos
artísticos do século XX. A sua identificação vai derivando para as buscas
picturais expressionistas mais autênticas. Logo na chegada ao Rio de Janeiro
cumpriu uma etapa de formação na qual o mestre Guignard teve um papel
primordial. Numa segunda etapa dialogou com os mestres universais do
expressionismo internacional. A partir prêmio da Bienal, ele conduziu o seu
pensamento autônomo ao lado das correntes artísticas contemporâneas[1].
20.5 Projeções
da pessoa e
da obra de Iberê
da obra de Iberê
A obra e a
própria pessoa de Iberê Camargo exerceram uma influência no sistema de artes plásticas brasileiro e regional
e que estão em pleno desdobramento. A
sua vigorosa obra pictórica não deixava indiferente ninguém que o conhecia.
Especialmente se esse observador de sua obra, experimentava ou exercia a sua
criatividade por meio das tintas e dos pincéis. A sua obra docente,
estimuladora e provocadora, fomentou a
primeira fase do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre.
“Assim
começa a história de um pintor: a ‘Revista do Globo’ revela, ao Brasil, o jovem
artista Iberê Camargo” Revista do GLOBO, nº 326, 12.09.1942. p. 24
Fig. 15 – Iberê CAMARGO emergiu para as artes visuais aos 25 anos e em pleno
Estado Novo e II Guerra Mundial. Não
deixou por menos e transformou o Palácio do Governo (atual Palácio Piratini) em
sede de sua exposição foi apoiado e ganho e mereceu espaço na prestigiosa
Revista do Globo Este esforço
valeu-lhe a bolsa de estudos do dado pelo Governo do Estado do Rio Grande do
Sul. Isto permitiu a sua integração com os artista da capital do Brasil
Com intensa
projeção e suporte da ERA INDUSTRIAL Iberê CAMARGO é campeão - entre os demais
artistas visuais sul-rio-grandenses - de inserções na imprensa industrial.
Estas inserções impressas iniciaram nos primórdios de sua carreira e o acompanharam
ao longo do meio século de atuação. Porém estão distantes de marketing e
propaganda. Ao contrário, cada inserção, na imprensa industrial, corresponde a
uma autêntica produção de sua trepidante e intensa atuação nas artes, no ensino
e envolvimentos políticos a favor da arte e da cultura. Tudo isto é realizado
num projeto cuja teleologia possui rigorosos documentos e comprovações.
De outra parte a
sua impressa pela sua intensa atividade na gravura artística foi outra conexão
viva e intensa com a infraestrutura da ERA INDUSTRIAL.
Iberê CAMARGO - Ilustrando a obra “O
homem com a flor na boca” - 1992 -
Zielinsky. 2006, p.454.
Fig. 16 – A interação de Iberê CAMARGO com a Literatura por meio das ilustrações,
da pintura e da gravura forneciam momentos
de criação e jogos poéticos de luzes e sombras. Na foto ele recebendo
atores como modelos para cenas de Literatura
20.6 - Um
mestre da Pintura
A sua obra
docente, estimuladora e provocadora, está sendo continuada pela Fundação de
Iberê Camargo. Essa Fundação cria continuadas valorizações da obra do pintor criando em um rigoroso arquivo,
reunindo pessoas e equipamentos. Não é possível falar em renascimentos pois Iberê
Camargo está vivamente presente nessa institucionalização de sua obra. Ao mesmo
tempo, essa obra, não permite que ele seja estereotipado, nem se torne um mito
ou seja colocado no espaço sacralizado de "mestre da pintura". As
suas inconformidades com a vida e cultura que encontrou, somadas às tragédias
de sua vida, se incomodavam ao artista, de outra parte, não permitiram lhe conferir o título gratuito de
herói nacional. Contudo, todas essas contrariedades, reforçam as suas dimensão
de cidadania, a sua coerência e sua força interior para superar escolhas de
vida e o exercício da sua arte tão difícil e corajosa.
Fig. 17 – A sua última etapa de vida de
Iberê CAMARGO incluiu o esforço de
colocar sólidas e confiáveis bases de uma instituição capaz de abrigar e e
preservasse, por tempo indeterminado, os seu momentos de criação. Assim
estava consciente do ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL na qual os bens simbólicos serão as
fontes das riquezas da nações.
20.7 Os lugares institucionais da obra e da pessoa e da
obra de Iberê.
A obra de Iberê
Camargo está migrando, em grande parte, das coleções particulares para o espaço da democratização dos museus
públicos Nesses lugares públicos ela
cumpre algo que lhe imanente, pois uma obra de Iberê é tudo menos uma obra
agradável para combinar com uma decoração. A verdade e a autonomia dessa obra
não se deixa subjugar por outros paradigmas estéticos concorrentes
Depois do
desaparecimento do artista, todas as energias de sua esposa foram canalizadas
para a Fundação Iberê Camargo para subsidiar logisticamente os teóricos e
colecionadores da sua obra. O papel de Maria Coussirat Camargo foi crucial em
vida do artista na sua passagem da província para a rede mundial.
Fig. 18 – A tripla imagem de Iberê CAMARGO
é uma metáfora da multiplicidade de sus fontes e meios de criação deste artista
visual. A imagem, como algo em lugar do que já não existe, remete ao mundo
conceitual e a pensamento que esta imagem evoca. O que permanece é o pensamento
que animou o seu projeto e fez com se valesse da materialidade de sua arte.
A obra de Iberê
Camargo está a caminho de ser a primeira de um artista sulino a ter concluído o
seu "Catalogue Raisoné".
Esse fato permitirá cotejar as obras entre si e a reverter para os múltiplos estudos dos quais já foi objeto. O
conjunto desses estudos constitui uma extensa bibliografia e que os meios
eletrônicos permitem acessos documentais
múltiplos.
Esse conjunto
transforma Iberê no artista plástico que oferece ao leitor, e ao seu observador,
o melhor acesso em textos já disponíveis para o grande público. Iberê como
cidadão foi capaz de gerar documentos duradouros e fidedignos, na medida em que
ele pertenceu ao seu tempo, ao seu lugar e à sua sociedade.
Os estudos, de que foi objeto a obra
deste artista, criaram referenciais, na palavra e nas imagens dos fotógrafos,
para guiar o público nesta obra visual tão densa e difícil para o não iniciado
na sua verdade. O próprio artista, como erudito, deixou numerosos textos que
procuram ajudar o espectador em relação à sua obra. Contudo, tanto o artista,
como os seus mais próximos críticos, sabem que essa obra não pode ser vertida
total i integralmente para códigos de
comunicação. Códigos de comunicação geram narrativas passageiras e pontuais.
Enquanto a obra pertence ao plano da expressão. A obra de arte terá vida duradoura enquanto se
constituir num objeto físico desafiador e resistente às narrativas e à sua
decodificação integral.
01-Iberê Camargo;
04-Antônio Gutierres; 05 -Paulo Peres
Fig. 19 – A enérgica e ruidosa intervenção de Iberê CAMARGO, no ambiente de Porto Alegre de 1960, que ele considerava
parado no Tempo, provocou uma corrida de jovens aos porões do Theatro São Pedro
para um curso de férias sob a sua orientaççã. O movimento foi tão forte e intenso que um
grupo de jovens levou a experiência do “Atelier Livre” ao Abrigo dos Bondes da
Praça XV de Novembro de Porto Alegre,. Esta experiência migrou depois para os ltos
do Mercado Público, dali para a Rua Lopo Gonçalves e deste para o Centro
Cultural de Porto Alegre.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS,
“Assim
começa a história de um pintor: a
‘Revista do Globo’ revela, ao Brasil, o jovem artista Iberê Camargo”
Revista do GLOBO, nº 326,
12.09.1942. p. 24
CAMARGO,
Iberê -A GRAVURA Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato.
, 1992, 85 p. ISBN 9788524103620 https://www.dalianegra.com.br/a-gravura
FERNANDES, Casemiro UM ARTISTA que SURGE: Iberê
Camargo começa a pintar com vinte e cinco anos. Porto Alegre: Revista da Globo, nº 305,-- 11.10.1941. p.40
MARGS – Museu de
Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli / Textos de Armindo Trevisan et ali.
Porto Alegre : tomo Editorial, 2000,
p.99.
ROSA,
Renato et PRESSER, Décio .Dicionário das Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre
: UFRGS, 1997, p.49
ZIELINSKY, Mônica - Iberê Camargo- Catálogo raisonné- volume 1º Gravuras São Pualo: Cosac Naify,
2006 504 pp. 692 ils - ISBN -85-7503-528-2-
Iberê CAMARGO 1943
Zielinsky 2006 p.048
Fig. 20 – Os hábitos e os costumes sul-rio-grandenses não deixaram indiferentes a
memórias e as retinas de Iberê CAMARGO
que as registrou graficamente em 1943. Apesar
de a bandeira e o hino do Rio Grande do
Sul serem proibidos, ao longo do Estado Novo, o artista guardou nas suas
retinas estas cenas que irão se transformar em ícones após s redemocratização
em 1945
FONTES NUMÉRIICAS DIGITAIS
TEXTO ARTE no RIO GRANDE do SUL
no site http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html
BLANCA BRITES e
IBERÊ CAMARGO
https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda/blanca-brites-fecha-série-de-lives-o-fio-de-ariadne-1.441345
DEPOIMENTO de IBERÊ CAMARGO como GRAVADOR
OBRAS de IBERÊ CAMARGO
PRÓ
DIRETAS 1983-1984
Iberê
CAMARGO ‘Tudo é Falso e Inútil’
1993 Zielinsky 2006 p.427
Fig. 21 – Buscando meios de dar forma, cor e textura ás
suas percepções, especulações e frustrações Iberê CAMARGO foi fiel a si mesmo
até o final de sua existência. Muitos desanimam se interiorizam e privam os
seus semelhantes de seus instantes finais. Iberê segurou pinceis, espalhou
tentas e manejou o lápis até os derradeiros momentos de vida.
PINTURAS
de MARIA COUSIRAT CAMARGO
https://matinal.news/graca-craidy-maria-maria/
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