A
HISTÓRIA NÃO EXISTE.
A História não existe.
Existem expressões da História na forma de manifestações como as narrativas
orais, escritas ou visuais.
A História está entre os
numerosos ENTES PRIMITIVOS da linguagem humana. ENTES PRIMITIVOS que todos usam
e que ninguém sabe definir de uma forma unívoca e linear. O termo ARTE
constitui também destes ENTES desafiadores e revelados nas suas expressões
Acrilico - Círio Simon 2012
Fig.
01 – ¿ Por que os atos da derrubada
pelourinhos sumiram das narrativas oficiais da História brasileira? Qualquer atentado contra os pelourinhos coloniais lusitanos era um
dos crimes mais graves e sujeito á severas penas. Assim os
pelourinhos sumiram, não só das praças pública deixando apenas as denominações,
mas também das imagens e das narrativas pátrias.
Não se trata do FIM da
HISTÓRIA, da HISTÓRIA em MIGALHAS, da DUVIDA
e muito menos que ela ESTA MORTA. Bem ao contrário. As manifestações da
História apenas estão começando a se acumular, tomar formas variadas e se expressar
em intensidades de maior ou menor grau.
Novas e inesperadas expressões da História surgem na medida em que a
civilização humana cria, afirma e reproduz novas expressões da sua memória e por
novos meios técnicos para se comunicar. Estas expressões também possuem o seu
ciclo e que se encerram evidentemente como formas criadas por determinadas
culturas humanas.
O “FIM da HISTÓRIA” está permeado do jogo interesseiro do “DEUS
ESTA MORTO”. Certas mentalidades criaram a narrativa da morte anunciada para
dar livre curso a intrigas maniqueístas baratas e para garantir a venda de
livros de ocasião.
Fig.
02 – O quadro do Grito do Ipiranga é uma “máquina pictórica” cara,
tematicamente discutível e resultou de negociações que duraram todo o período
Imperial. Ela só ficou pronta em 1888. Ultimo fruto das mentes e do dinheiro
dos Barões do Café ´que estavam perdendo
terreno político e econômico para os
cafeicultores republicanos de Itu. Até o mais
bisonho profissional da História sabe que a cena real não foi esta. Mas a
produção precisava que o representante “legitimo” da corte estivesse dominando
a cena equestre e bovina de uma colônia que
apenas trocava de dono. Mas não tanto
para tudo ficar como antes deste “Grito” para a elite escravocrata e
dominadora do aparelho estatal
Admitir a
HISTÓRIA como um ente primitivo remete
ao ensinamento de Platão[1].
O mestre ensinava que “estudaremos a
astronomia, assim como a geometria, por meio de problemas, e abandonaremos os
fenômenos do céu, se quisermos aprender verdadeiramente esta ciência e tornar
útil a parte inteligente de nossa alma, de inútil que era antes”
(Platão,1985, 2º vol, p.128) O filósofo indicava nesta afirmação a distinção
entre o mundo empírico dos sentidos
humanos e o vasto mundo das abstrações nas quais a mente humana reconstrói as
suas experiências sensíveis. Ao reportar este ensinamento às narrativas da
História na qual Marc Bloch afirmava ( 1976, pp. 60/61)[2]se “admite, desde os primeiros
passos, que o inquérito tenha já uma direção. De início está o espírito. Nunca,
em ciência alguma, foi fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja
possível”. A partir destes dois
mestres pode-se argumentar com Heidegger de que o ENTE da História se desvela
no seu modo de SER. Evidente que o contrário nem sempre é verdadeiro. Se o
fosse permitiria e legitimariam conquistas
e crimes que encobririam mais o ENTE da História do que o desvelam nas
suas narrativas.
[1] PLATÃO (
427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di
J. Guinsburg 2º volume . São Paulo :
Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.
[2]
BLOCH, Marc (1886-1944) . Introdução à História.[3ª ed]
Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América 1976
179 p.
ROCHEGROSSE Georges (1850-1938)
- A Morte da Púrpura 1914 - óleo 219 x
298 cm Museu Nantes
Fig.
03 – A poluição da 1ª era industrial sufoca e põe um ponto final ao mundo da
ficção e da narrativa romântica. O peso e a intensidade de uma determinada infraestrutura
condiciona fortemente as percepções, os
valores e as narrativas da História construídas a partir de experiência nem
sempre perceptível ao longo do seu processo e só emerge para
a luz da consciência humana no
momento de sua perda ou morte.
Não há cultura que não
se veja obrigada a esconder o seu verdadeiro ENTE, velando o que não pode ser
dito ou simplesmente chamando e priorizando valores que a propagandas e
marketing impõe. Hannah Arendt, discípula de Heidegger, distinguiu a busca do
eterno daquele do imortal. A eternidade no sentido absoluto induz a abstenção
de qualquer trabalho, luta ou construção diante da Natureza implacável. Já no
conceito da construção da História na busca da imortalidade existe luta,
projetos e realizações em cujas ruinas recorrentes a criatura humana aprende aquilo que é mais permanente e o
transcende. Evidente que as narrativas que se querem História alimentam-se de
projetos de imortalidade e não de eternidade. Assim a “Fabricação do Imortal” que
Abreu descreve está nesta perspectiva e num projeto meticulosamente construído.
Normann
ROCKWELL (1894-1978) - A sequência de
uma fofoca volta-se contra a sua autora
Fig.
04 – Numa sociedade da História
oral a autora de uma fofoca acaba sendo a própria vítima de sua narrativa. Evidente que na circulação desta
narrativa pelos mais variados repertórios pessoais a mensagem inicial modificou
o sentido, o conteúdo e sua forma.
As narrativas que se
querem História podem ser vistas no conceitos que Maturana desenvolveu ao redor
da membrana que envolve as células vivas. Pode-se pensar na metáfora de
membranas conceituais que envolvem a núcleos das células tanto para se
protegerem do meio externo como para selecionar e se apropriar daquilo que hes
interessa
As narrativas históricas
como instrumentos de conquista. “A
América e o Brasil foram descobertos respectivamente em 1492 e 1500” é uma narrativa que esconde mal a verdade e prejudica. Se a narrativa
fosse “a América e o Brasil foram
descobertos respectivamente em 1492 e 1500 para acultura oficial europeia”
iria gastar alguma tinta ou tipo a mais mas abriria para que outras culturas
pudessem respirar..
O conquistador, o
negociante o atravessador sabe da
importância desta narrativas. Assim recorre a forjicação, a corrupção.
Operações
que possuem a sua fortuna ao nível semiótico da linguagem, da fabricação
discursiva, visual e simbólica em geral. A imposição de uma língua e a desqualificação das concorrentes.
CLEVE Heindric van
-1525-1589 Torre de Babel - 51 x 66 cm
Fig.
05 – As recorrentes narrativas sobre dilúvios universais, a Torre de Babel, Juízos
Finais ou Armagedons ou 2012 buscam impor um ponto derradeiro a uma narrativa de
um mundo conhecido. Este ponto final acontece pontualmente na mente de quem acredita nesta narrativa. Esta narrativas ou
apocalipses revelam de fato o implacável fim da imortalidade e abrem as portas da eternidade diante dos
quais estes fins imaginados ou reais de civilizações são episódios pontuais e
marcam o renascer de eras diferentes da anteriores As expressões da História também possuem o seu
ciclo e que se encerram evidentemente como formas criadas por determinadas
culturas humanas. Estas narrativas recorrentes apenas revelam
para as mentes dos profissionais da História paradigmas discursivos que não se sustentam mais, postulam um final de qualquer forma e um novo começo.
.
Na conclusão é possível
afirmar que os autênticos historiadores, arquivistas museólogos nunca tiveram
um trabalho tão grande. O volume, a complexidade e o fluxo constante de
narrativas, de informações e de objetos para recolher, estudar e administrar
cresce e se multiplica numa velocidade e numa intensidade jamais vista pela
humanidade.
Porém este é o território da logística. Acima desta logística reside o processo civilizatório. Este trabalho, transformado
em projeto, permite a agregação de profissionais com interesses, técnicas e
problemas em comum. Projeto civilizatório que se encontra além das narrativas e
do seu sentido. Este trabalho em comum gera, fortalece e multiplica e reproduz o
projeto de classes sociais específicas, separadas e no caminho da autonomia
profissional. E o novo modo de SER de um grande ENTE gerado pelo projeto e
contrato de uma civilização. A HISTORIA constitui-se num ENTE PRIMITIVO que diz ter
um projeto e procura o seu
direito à uma sólida memória com o objetivo de realizar escolhas certas para
enfrentar um futuro incerto.
FONTES
BIBLIOGRÀFICAS
ABREU, Regina. A fabricação do Imortal: Memória, História e Estratégias de
consa- gração no Brasil. Rio de Janeiro :
Rocco, 1996. 235p.
ARENDT, Hannah
(1907-1975). Condition de l’homme
moderne. Londres
: Calmann-Lévy, 1983.
BLOCH, Marc. Introdução à História.3ª. ed.Lisboa
:Europa- América 1976 179 p.
MATURANA R., Humberto (1928-) e
VARELA. Francisco (1946-). El árbol del
conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid :
Unigraf. 1996, 219p.
PLATÃO (427-347
a.C) Diálogos: a República. 23.ed. Rio de Janeiro Ediouro,1996.
_____. La república o el Estado. Buenos Aires : Espasa-Calpe, 1941. 365p.
RODRIGUES, José Honório (1913-1987). Teoria da história do Brasil: introdução e
metodologia (4ª ed) São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1978, 500 p.
--------História da história do Brasil (2ª ed)
São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1979.
FONTES
NUMERICAS DIGITAIS
BRASIL e os PELOURINHOS
LUSITANOS em NÃO FOI NO GRITO - nº 018
ENTE PRIMITIVO
DERRUBANDO
PELOURINHO
Diante da
Eternidade
FALSIFICADOR de
QUADROS
Falsificador
de dinheiro
FORJICAÇÂO
O GRITO do IPIRANGA - PEDRO AMÈRICO
Os PELOURINHOS
LUSOS.
TRÊS DESCOLONIZAÇÕES A SOBERANIA A PÉ e SEM QUADRÚPEDES em NÃO FOI no GRITO nº 074
VIDA e
IMORTALIDADE
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