A MEMÓRIA FALSIFICADA ou os
REFORÇADORES da IGNORÂNCIA.
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Diante dos conhecimentos novos - e da massa de informações disponíveis - surge a profissão daqueles que buscam reforçar os bloqueios desenvolvidos pela população que foge e se protege destas informações atuais, fidedignas e qualificadas. O negócio - destes reforçadores da ignorância - cresce na medida em prospectam a crescente necessidade desta população refugiar-se na sua ignorância para se livrar desta massa de informações e de conhecimentos novos. Este território é rico e imensurável para os reforçadores e legitimadores desta ignorância voluntária de um número crescente e expressivo de pessoas.
Evidente que estes reforçadores - desta “piedosa” e “subsidiada” auto-ajuda - fazem fortunas. Fortunas provenientes de pessoas esforçadas e honestas que tiveram ir ao mercado e aos negócios muito precocemente na vida e por subsídios concedidos por autoridades enganadas e populistas.
Os reforçadores dos bloqueios exibem e divulgam caricaturas do saber, das instituições e do mundo acadêmico que estas pessoas esforçadas não puderam freqüentar e dar a devida atenção.
Na arte reforçam a confusão com a indústria cultural. Ridicularizam a arte com argumentos destilados pelos nazistas da “arte degenerada como”. A verdadeira arte dos estágios mais avançados - com as suas múltiplas exigências, - é atropelada com reducionismos infantis.
Na política - a frase atribuída a Bismark “se os cidadãos soubessem como se fazem as salsichas e as leis, eles não dormiriam”- abre universos para os populistas e os industriais da cultura. Políticos e industriais que sabem que necessitam das mentes endurecidas e do sangue dos corações dos jovens, fantasiados de soldados, para marcar a posse dos currais eleitorais e dos territórios das reservas de mercado. As mentes são alimentadas pelas meias verdades[1] e as vontades entorpecidas por sacrifícios que traz vantagens apenas para os reforçadores da ignorância alheia, enquanto a guerra não explode com todas as suas barbáries.
Na religião - os reforçadores da ignorância alheia - encontram o seu paraíso e fortuna. Vivem as custas dos mistérios insolúveis do futuro e do destino. Os reforçadores da ignorância alheia desencadeiam mecanismos de fuga coletiva para universos paralelos e sem explicação possível. Por estes mecanismos universais de fuga da verdade mergulham a memória humana em mecanismos subliminares que obscurecem o destino dos seus auditórios.
Os reforçadores da ignorância são prato cheio para os meios de comunicação sensacionalista. Esta comunicação, atrelada à industria cultural, necessita fidelizar o universo dos que se refugiam na sua própria ignorância. Nada mais conveniente do que erguer estátuas, criar e divulgar ícones na forma de um dos personagens destes reforçadores da “piedosa” auto-ajuda dos ignorantes crônicos. Ganham os meios de comunicação, o ícone e a estátua – a custa dos ignorantes crônicos.
Os reforçadores da ignorância encontraram necessidades humanas em abundância se é que é verdade que “onde existe uma necessidade- existe um negócio”. A franqueza infantil do grito do “rei está nu” pode ser um potente remédio para a onipotência, onisciência , eternidade e onipresença humana e apesar do solipsismo a que leva a norma “só sei que nada sei”[2] ou “penso logo existo”[3].
Os reforçadores da ignorância temem é a luz e a razão. Contudo possuem poderosos soníferos para a razão e se escondem em trevas tão imensas e profundas como a própria luz. Evidente que não se trata de maniqueísmo entre o bem e o mal ou luz e trevas. A lógica - destes reforçadores da ignorância - adora esta dicotomia e a explora e se dão bem, ao máximo, tanto num como no outro lado.
O melhor teste a que pode se subneter estes reforçadores da ignorância é constituído pelo equilíbrio homeostático entre múltiplas formas do saber reforçado pelo exercício constante do hábito da integridade intelectual. Ou então seguir praticando o aforismo 7 do Tractatus[4] de WITTGENSTEIN “o que não pode ser dito deve ser calado”.
[2] Hoc unum scio, me nihil scire. [Sócrates / Rezende 2321]
[3] Cogito, ergo sum”. [Descartes, Principia Philosophiae 1.7.10]
[4] - WITTGENSTEIN, Ludwig. (1889-1951)Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 1994
“7 What we cannot speak about we must pass over in silence”.
Satz 7 “Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen”
http://www.masonic-library.org/Texte/WovonManNichtsprechenkann.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=36545
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