terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

226 – ESTUDOS de ARTE

NOVO HUMANISMO.
SUMÁRIO
1 –  HUMANISMO para ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  ..2 –  Os movimentos HUMANISTAS do PASSADO e as SUAS RAZÔES    ..3 – O NOVO HUMANISMO e as suas RAZÔES e URGÊNCIAS .. 4 – SUPORTES MATERIAIS e NÂO EXISTENTES no PASSADO. ....... 5 – INCORPORAÇÂO dos CONHECIMENTOS da EVOLUÇÂO HUMANA.....6 – INCORPORAÇÂO dos CONHECIMENTOS e PRÀTICAS da ENGENHARIA GENÉTICA 7 – Contornar a EUGENIA FORMALISTA e REDUTORA. ...... .........08 – Cada SER HUMANO traz POTENCIALIDADES ainda POUCO CONHECIDAS e AINDA MENOS PRATICADAS.......9 -  Uma NOVA MENTALIDADE e PRÁTICAS para BILHÕES de SERES HUMANOS  10 – As RESTÂNCUAS para MUDAR e PEDER VELHO HÀBITOS OBSOLETOS ...11 – FALTA EMPREGO mas NÂO FALTA TRABALHO. ...........FONTES BIBLIOGRÁFICAS relativas .........FONTES BIBLIOGRÁFICAS TEÓRICAS CITADAS.......FONTES NUMÉRICAS  DIGITAIS...... 
Fig. 01 –  Uma imagem  sombria do quadro que a decadência da lógica  da ERA INDUSTRIAL  legou para a humanidade quando ela perdeu a hegemonia do seu discurso UNÍVOCO e LINEAR. Dos seus escombros estão surgindo multidões anônimas com artistas que fazem questão de se manterem no anonimato.  A HORDA de BÁRBAROS que picha as paredes e muros das metrópoles  de um lado está colocando abaixo todos os valores, esperanças e convicções de outro tempo que se tornou obsoleto. De outra parte esta mesma HORDA de BÁRBAROS teve de lidar com o seu próprio caos e se superara para iniciar outra civilização. 

1 –  HUMANISMO para ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL

A grande vantagem da criatura humana é a REFLEXÃO e a partir, desta REFLEXÂO, poder se REINVENTAR. Se não fosse esta capacidade certamente a espécie humana estará extinta ou a sabor da NATUREZA IMPLICÁVEL

O GRANDE problema é que esta REFLEXÂO implica em MUDANÇAS PROFUNDAS e a BUSCA CONSTANTE da COERÊNCIA com AQUILO QUE é de SUA REAL e OBJETIVA COMPETÊNCIA. 
Os LIMITES a VENCER são menos com o seu patrimônio genético do que ROMPER com CONHECIMENTOS, com HÁBITOS e ÁREAS de CONFORTO. Especialmente ÁREAS de CONFORTO que tiveram a sua razão em OUTRO TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE.
Em ARTE vale também o aviso de SÊNECA na sua obra da TRANQUILIDADE do ÂNIMO[1] onde afirma:
penso que muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não passassem por outras com os olhos fechados

A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL[2] superou MENTALIDADES, HÁBITOS e PRÁTICAS de OUTROS TEMPOS, LUGARES e SOCIEDADES. A GRANDE VANTAGEM da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é que ELA NÃO É CONTRA este PASSADO, SOCIEDADE ou MENTALIDADES. No contraditório ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  se infiltra silenciosamente como o AR, a ÁGUA e a LUZ. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL apenas contempla aqueles  que preferem continuar na ESCRAVIDÃO VOLUNTÁRIA. Mesmo toda parafernália eletrônica, a velocidade e código genético podem ser usados pela ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL sem que isso signifique LIBERDADE.
  A neurose chegou ao ponto em que basta encontrar OUTRO SER HUMANO para percebê-lo como ameaça, perigo e inimigo. A ERA INDUSTRIAL[3] - como em época alguma - montou mecanismos para  exterminar multidões, aniquilar metrópoles com bombas da alta radiação e distribuir -  sem o menor remorso -  venenos, produtos tóxicos e instalar FÁBRICAS de EXTERMÍNIO MASSIVO e INDISCRIMINADO.  
 Constitui uma evidência a necessidade e a urgência de um NOVO HUMANISMO  e especificamente  para ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. O grande problema PENSAR ter CHEGADO até a um NOVO HUMANISMO  quando estamos longe dele.

Fig. 02 –  Marcel DUCHAMP foi um dos críticos e  rebeldes mais radicais da ERA INDUSTRIAL. Apropriava-se destas OBRAS da FÀBRICA e as deslocava intencionalmente para uma ambiente de ARTE com o objetivo de provocar o choque cultural  entre a DES-HUMANIZAÇÂO provocado pela LÒGICA INDUSTRIAL e lógica dominante de que o AMBIENTE de ARTE é um AMBIENTE HUMANIZADO e HUMANIZANTE. Estas OBRAS da FÀBRICA são destinadas a provocar este CHOQUE e a NECESSIDADE de uma RUPTURA ESTÈTICA e EPISTÊMICA com a TRADIÇÂO, A CULTURA e o HÀBITOS de manifestações estéticas já assimiladas, reduzidas e reproduzidas  de forma ACRÍTICA, COMPULSIVA e ROTINEIRA.  Estas obras “DESLOCADAS” são documentos materiais exibidas também  como uma apresentação teatral e uma performance da execução  de uma música. De outro lado são únicas na sua concepção e impossíveis de serem plagiadas por outro artista de outro TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE..  

..2 –  Os movimentos HUMANISTAS do PASSADO e as SUAS RAZÕES.

Todas as CIVILIZAÇÕES possuem a sua origem, apogeu e declínio. O declínio está associado à descoberta de que os mitos de origem e o próprio apogeu não possuem mais sentido para outro TEMPO e SOCIEDADE. A descoberta mais dramática é quando o HUMANISMO não possui mais sentido e nem forças para a sua sustentação e reprodução nesta CIVILIZAÇÃO em derrocada. Não é ocioso lembrar que toda CIVILIZAÇÃO HUMANA é uma construção artificial.
 Evidente que o HUMANISMO é um ideal, um “ENTE PRIMITIVO” do discurso e que possui seus lampejas transitórios nas EXPRESSÕES que colocam no centro - e em questão - aquilo que a CRIATURA HUMANA é competente para se representar no seu próprio discurso singular ou no seu CONSCIENTE COLETIVO.
Apesar de todos os HUMANISMOS HISTÓRICOS reivindicarem para si o paradigma último e absoluto, nenhum deles consegue ser a matriz e o modelo definitivo. Isto impõe que cada LUGAR, TEMPO e SOCIEDADE reinventem os seu  HUMANISMO. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL não escapa deste TRABALHO e OBRA. De outra parte pouco importa a OBRA e o TRABALHO de um indivíduo, de uma escola ou de uma instituição em querer impor o seu HUMANISMO. Um indivíduo isolado pode se constituir, no entanto, num FRACTAL do HUMANISMO que uma SOCEDADE específica, um TEMPO e um LUGAR estão buscado. O artista MARCEL DUCHAMP tentou traduzir este FRACTAL HUMANO quando afirmou que: 
sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo. 
DUCHAMP. Marcel O artista deve ir à universidade?[1] in SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239

          Os LIMITES a VENCER são menos com o seu patrimônio genético do que ROMPER com CONHECIMENTOS, com HÁBITOS e ÁREAS de CONFORTO. Especialmente ÁREAS de CONFORTO que tiveram a sua razão em OUTRO TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE


[1][1] - Texto de uma alocução em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13 de maio de 1960 Consta em SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239
               

Fig. 03 –  Os movimentos de CONTRA CULTURA - da metade do século XX - rapidamente se tornaram obsoletos. Se  de um lado se apropriavam dos produtos da ERA INDUSTRIAL e  transfiguravam para o seu repertório, este mesmo repertório tornou-se rapidamente incompetente para expressar o “TODO da ÈPOCA EM SI MESMO”   Demonstrou que estes movimentos não podem ser plagiados mesmo pelos seus autores quando estão fora do TEMPO, do LUGAR e da SOCIEDADE nos quais foram concebidos..  O HUMANISMO também possui sua URGÊNCIASAS e TEMPOS nos quais é possível a sua existência e expressões.

3 – O NOVO HUMANISMO e as suas RAZÕES e URGÊNCIAS.

A DEMOCRACIA é outro ENTE PRIMITIVO do DISCURSO HUMANO. Esta concepção ideal “do GOVERNO do POVO pelo POVO” é de difícil tradução numa COMUNICAÇÃO UNIVOCA e LINEAR. Ela é mais difícil ainda medir na sua AÇÃO e na sua PRÁTICA e ser aceita como DEMOCRÁTICA .
A ativista norte americana Mary FOLLET remeteu (apud CARVALHO, 1979, p.60)[1] para o mundo da formação humana tanto o CONCEITO como a PRÁTICA DEMOCRÁTICA ao afirmar que
 só teremos democracia verdadeira quando os jovens não mais forem doutrinados, mas formados no caráter da democracia. Portanto o meu dever como cidadão não se esgotou naquilo que trago para o Estado. Meu teste como cidadão é quão plenamente o todo é expresso em mim ou através de mim.
Existem duas urgências nesta recomendação. A primeira é a confiança e a crença de que existem INSTITUIÇÕES competentes para “formar no caráter da democracia A segunda é a competência do cidadão em praticar e especialmente em se representar na LINGUAGEMo todo plenamente em si mesmo e ou expressá-lo através de si mesmo”. A competência linguística e o repertório coerente são URGÊNCIAS e RAZÕES para que este INDIVÍDUO - que possui o projeto cidadão - “CONHEÇA A SI MESMO”. Isto significa uma HIERARQUIA na QUAL o HUMANISMO possui a primazia e desponte como VALOR MAIOR
 Roland BARTES demonstrou (1967, p.9)[2] que a representação na LINGUAGEM era primordial numa sociedade como a nossa, na qual mitos e ritos tomaram a forma de uma razão, que dizer definitivamente - de uma palavra -, a linguagem humana não é só o modelo do sentido, mas também o seu fundamento”. 
Assim os grunhidos, o vocabulário de duas mil palavras  e o reducionismo nas representações na LINGUAGEM, mais atrapalham do que ajudam na urgência de dar FORMA LEGÌVEL de um NOVO HUMANISMO  e especificamente  para ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.



[1]  CARVALHO, Maria Lúcia R.D.  Escola e Democracia. Subsídios para Um Modelo de Administração segundo as Idéias de M.P. Follet.  São Paulo: E.P.U. Campinas, 1979. 102p

[2] BARTHES, Roland.  Système de la mode. Paris : Seul, 1967. 327p.
Fig. 04 –  Os novos materiais, as novas tecnologias construtivas  motivaram os artistas criadores, a experimentar e ousar. A PIRÂMIDE do LOUVRE em PARIS de um lado é coerente com a tecnologia e esteticamente impõe um contrate com as formas do passado. Contraste que não é conflito, mas complemento e incorporação dos valores simbólicos e materiais das obras do passado. Se  de um lado a PIRÂMIDE do LOUVRE se apropriava dos produtos  acumulado pelo que se tornou obsoleto e disfuncional para a ERA INDUSTRIAL a ÈPOCA PÓS-INDUSTRILA   transfigura o seu repertório conferindo-lhe a competência de um OUTRO FUTURO   

4 – SUPORTES MATERIAIS e NÃO EXISTENTES no PASSADO.

As tecnologias existentes, os materiais e a mão de obra humana especializada disponível, são instrumentos para a CRIATURA HUMANA expressar os anseios da  SOCIEDADE do seu TEMPO e do seu LUGAR.
Os PIONEIROS do HUMANISMO sempre tiveram de pagar pesados tributos para romper com CONHECIMENTOS, com FORMAS de SABERES OBSOLETOS, gerar HÁBITOS e novas FORMAS de PENSAR. 
No entanto existe uma profunda SOLIDARIEDADE HUMANA entre ÉPOCAS, TEMPOS e LUGARES. Para evidenciar esta SOLIDARIEDADE, Marc BLOCH escreveu (1976, p.42)[1] que:
é tal a força da solidariedade das épocas que os laços da inteligibilidade entre elas se tecem verdadeiramente nos dois sentidos. A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçar-nos por compreender o passado se nada sabemos do presente
 As BUSCAS do HUMANISMO estão reforçadas pelo PRESENTE, pelo AQUI e em nossa SOCIEDADE.  PRESENTE que contém o PASSADO e é SEMENTE do FUTURO. No entanto este PRESENTE é o LIMITE da COMPETÊNCIA do HUMANISMO cuja EXPRESSÃO e FORMA estão ao alcance do SER HUMANO que se REIVENTA em CADA INSTANTE



[1]   BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

Lucian FREUD e seu modelo  Rainha Elizabeth II.
Fig. 05 –  Mesmo o mais vetusto passado pode ser reinventado, transfigurado e reinventado como OBRA de ARTE. O artista Lucien FREUD aceitou este desafio ao pintar o retrato da soberana britânica. A mais primitiva pintura das cavernas da pré-história humana torna-se um documento do seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE que a produziu.  A OBRA de ARTE sempre CONTÈM o MÀXIMO no MÌNIMO de sua FORMA. Assim a OBRA de ARTE salta para fora dos quadros do progresso imaginado pela ERA INDUSTRIAL. A ARTE na sua LIBERDADE e AUTONOMIA, incorpora, sem solução de continuidade,   os conhecimentos que toda a evolução humana constituindo um dos documentos mais fidedignos, fieis e universais.

5 – INCORPORAÇÃO dos CONHECIMENTOS da EVOLUÇÃO HUMANA..

O SER HUMANA, que se REIVENTA em CADA INSTANTE, só pode realizar esta operação na medida em que o seu PASSADO REMOTO, ou PRÓXIMO, esteja ao seu alcance nos seus PENSAMENTOS, RECURSOS e MOTIVAÇÕES. Sem estes requisitos esta seleção, destaques  e apropriações, são reduzidas a uma mera colagem do NOVO sobre o VELHO. Apesar de realizada na ÉPOCA PÓS- INDUSTRIAL não constitui um PROJETO que TORNE o HOMEM HISTÓRICO na concepção de ARGAN[1]. A operação é bem mais complexa caso o PROJETO seja produzir algo COERENTE com a natureza do PRESENTE VIVO e SIGNIFICATIVO.  Nesta concepção de PROJETO não bastam o voluntarismo, a improvisação e o FAZER pelo FAZER.
Um NOVO HUMANISMO exige um interesse mental específico que só tomará FORMA em AMBIENTE PROPÍCIO. Além da MOTIVAÇÃO e do AMBIENTE ele exige um TEMPO de AMADURECIMENTO para que possa se reproduzir fora de sua origem. 
O estadista Winston CHURCHIL que se tornou um PINTOR AMADOR, como bom argumentador, em tempos difíceis,  soube expressar este PROCESSO quando escreveu (2012, pp8-9)[2] que:
o desenvolvimento de um interesse mental alternativo é um longo processo. As sementes precisam ser cuidadosamente escolhidas; devem cair em bom solo; tem de ser laboriosamente tratadas para que seus frutos de distração estejam à mão quando for preciso.
Evidente que o objetivo deste estadista não era converter os convertidos. Em arte, um profissional vindo de outra área, penetra num UNIVERSO PARALELO FASCINANTE. No entanto quem se encontra, e se criou neste UNIVERSO PARALELO FASCINANTE, pouco proveito dos argumentos deste neoconverso. Assim este neoconversos é percebido como AMADOR e com grande dificuldade para os argumentos encontrarem eco no GRUPO de DENTRO dos ARTISTAS. Apesar disto a maioria das vezes este neoconverso possui uma grande fortuna nos GRUPOS de FORA Estes neoconversos muitas vezes estão CONVICTOS. No entanto estas narrativas são pouco CONVINCENTES para o GRUPO de DENTRO da ARTE.
O alto grau de complexidade, as abstrações e a metafísica que uma CIVILIZAÇÂO HUMANA atinge, não pode ser incorporado ou vencido pela quebra do ESCARAVELHO de OURO, o GOLPE de SABRE do NÓ GÓRDIO ou a SELEÇÂO pelo FOGO do INCENDIÁRIO. Isto é possível para quem quiser REINVENTAR a RODA, RETORNAR para a CAVERNA ou  imitar SIMÃO o ESTILITA. 
O desafio consiste na INCORPORAÇÃO dos CONHECIMENTOS da EVOLUÇÃO HUMANA para selecionar aquilo que faz sentido no PRESENTE. O QUADRO REFERENCIAL desta seleção é o HUMANISMO. Se esta SELEÇÂO é UTILITÀRIA para este HUMANISMO, sempre permanecerá um ENORME ACERVO para outros interesses, outros TEMPOS, LUGARES e SOCIEDADES.


[1] ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992) https://it.wikipedia.org/wiki/Giulio_Carlo_Argan

[2] CHURCHILL Winston Sir (1874-1965) Pintar como passatempo Rio de Janeiro: Odisseia 2012 72p. il.
Cesar BALDACCINI  (1921-1998) - Dedão
Fig. 06 –  Na ÈPOCA PÓS-INDUSTRIAL cada PESSOA HUMANA pode ser inventariada,  discriminada e ter dados personalizados por meio da infinita variedade das suas IMPRESSÕES DIGITAIS HUMANOS. Estas IMPRESSÕES DIGITAIS,  em  SI MESMAS,  “NÂO CONTÉM INADA no SEU INTERIOR” apenas discriminam. Da mesma forma  cada folha de uma mesma  árvore é diferente da outra. O sentido desta DIFERENÇA depende do PROJETO. O PROJETO  da ERA INDUSTRIAL era gerar O MESMO ORIENTADO por um PADRÂO ÙNICO. Já o PROJETO  da ÈPOCA PÒS-INDUSTRIAL é o DIFERENTE na MODA, nos HÁBITOS e FORMAS de VIVER ORIGINAL.   
6 – INCORPORAÇÃO dos CONHECIMENTOS e PRÁTICAS da ENGENHARIA GENÉTICA.

Certamente os CONHECIMENTOS e as PRÁTICAS da ENGENHARIA GENÉTICA constituem um dos maiores ACERVOS para  o TEMPO PRESENTE e para a SOCIEDADE LOCAL. Estes  CONHECIMENTOS e  PRÁTICAS são tão vastos, novos e estonteantes que levarão muito TEMPO, ENERGIAS e RECURSOS para serem assimilados num repertório adequado a qualquer processo que se queira denominar da HUMANISTA.
Nestes processos de ASSIMILAÇÃO, PRÁTICAS e sua REPRODUÇÃO o que não se pode perder de vista são as COMPETÊNCIAS e os LIMITES da AUTONOMIA HUMANA. Nesta direção a própria NATUREZA oferece na CÉLULA VIVA uma das respostas.  Na biologia, a membrana é necessária para proteger a competência da CÉLULA VIVA., na concepção de Maturana (1996 : 41)[1] esclareceu que:
 a vida encontrou na organização da sua competência  e os limites da membrana constituindo uma unidade. Essa unidade é capaz de se reproduzir e ao mesmo tempo gerar outras células, constituindo um organismo coerente e que por sua vez forma outra unidade
Maturana denominou (1996:39) de AUTOPOIESES “a competência dos seres vivos em reproduzem-se a partir das suas potencialidades, produzindo redes de reações  que por sua vez determinam potencialidade e os seus limites
  partir da célula viva é possível determinar o que é relevante. O relevante na vontade é possuir sua moralidade no limite da sua autonomia. A ação seria inútil se todos os homens fossem iguais, assim não haveria espaço para o novo, o criativo e para a arte.
          Diante desta AUTONOMIA da HUMANIDADE há necessidade de constituir evidências da necessidade e a urgência de um NOVO HUMANISMO  e especificamente  para a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL


[1] MATURANA R., Humberto (1928-)e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del          conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid: Unigraf. 1996, 219p.

  Frank WILLINGER (1959- ) Ecce Homo – junho 1999
Fig. 07 –  O modelo da VÌTIMA ÙNICA proveniente do mais vetusto passado pode ser reinventado e transformado em obra na ÉPOCA PÓS INDUSTRIAL..   Depois de a HUMANIDADE ter peregrinado e ter perdido MILHÕES de SERES HUMANOS em  CAMPOS de EXTERMINIO, em GULAGAS, PROGROMS, HOLOCAUSTOS impostos nos moldes e pelo PROJETO da ERA INDUSTRIAL a ÉPOC PÓS-INDUSTRIAL está criando  FORMAS de MOSTRAR outro lado deste SOFIMENTO da HUMANIDADE como faz o escultor Frank WILLINGER.  

7 – Contornar a EUGENIA FORMALISTA e REDUTORA. 

Diante do imenso espaço aberto pelos CONHECIMENTOS e PRÁTICAS da ENGENHARIA GENÉTICA o grande problema é trazer no seu bojo concepções de alguma forma de EUGENIA FORMALISTA e REDUTORA.
A ERA INDUSTRIAL introduziu o fatiamento, a sua reorganização e a distribuição de competências apenas compreendida e controlada pelo DEMIURGO da FÁBRICA.
Platão condenava o sistema democrático devido a esta dispersão conceitual e prática. Entre outras veementes desqualificações ele condenava a DEMOCRACIA como um BAZAR. Assim Platão escreveu (1997 p. 273)[1]  que:
graças à liberdade reinante, e parece que quem pretende fundar uma cidade, é obrigado a dirigir-se a um Estado democrático, como a um bazar de constituições, para escolher a que prefere e, a partir desse modelo, realizar em seguida o seu projeto”. 
 O filósofo defendia o DEMIURGO com único para cidade, único conhecedor do TODO e capaz de CONTROLALAR todo o processo num SISTEMA UNÍVOCO e LINEAR e  sem sombra no exercício do PODER CENTRAL e PERSONALIZADO.  
Platão preludiava a ERA INDUSTRIAL com o fatiamento das operações organizadas num SISTEMA com ENTRADA única, DESENVOLVIMENTO com COTROLE de QUALIDADE rigorosamente igual no PRODUTO FINAL. SISTEMA sob o controle absoluto do DEMIURGO da FÁBRICA.
Esta TIRANIA ILUMINADA, CENTRAL e PERSONALIZADA facilmente resvalava para a constituição de CASTAS HIERARQIZADAS e para a desqualificação, a escravidão e a SIMPLES ELIMINAÇÂO do SER HUMANO considerado DIFERENTE, INÚTIL ou INIMIGO a partir do TIPO ÙNICO. 
Preventivamente este mesmo tirano deflagra uma EUGENIA FORMALISTA e REDUTORA Neste sentido Platão não se fazia de rogado ao recomendar a ENDOGENIA. Assim recomendava (1985, 2º vol, p.21 e p.75)[2] que: 
é preciso, segundo nossos princípios, tornar muito frequentes as relações entre homens e mulheres de escol e, o contrário, muito raras entre indivíduos inferiores de um e de outro sexo.; ademais é preciso criar os filhos dos primeiros e não as dos segundos[...] todas estas medidas devem permanecer ocultas...”[...]“Quanto aos jovens que se tiverem distinguido na guerra e alhures, conceder-lhes-emos, entre outros privilégio e recompensa, maior liberdade de se unir às mulheres, de modo a haver pretexto para que a maioria dos filhos sejam por eles engendrados..” [...]Que dirias de algum ferreiro calvo e baixote que tendo ganho dinheiro e se libertado recentemente de seus ferros, corre ao banho, aí se limpa, enverga um hábito novo e, adornado como um noivo, vai desposara a filha do seu mestre que a pobreza e o isolamento reduziram a tal extremo?
-É realmente isso.
-Ora, que filhos nascerão provavelmente de semelhantes esposos? Seres bastardos e raquíticos?
- Necessariamente
- Pois bem! Estas almas indignas da cultura, quando se aproximarem da filosofia e mantiverem com ela indigno comércio, que pensamentos e que opinião, segundo nós, hão de produzir? Sofismas, não é?, para designá-los pelo verdadeiro nome – nada de legítimo, nada que encerre uma parte de autêntica sabedoria.” 
O  NOVO HUMANISMO  caminha no sentido oposto. A  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL busca a possibilidade de rearticulação, o planejamento coletivo, a execução por todo de posse do projeto geral e particular, o controle de qualidade exercido aqueles que interagem  em cada etapa destas e as vantagens e lucros distribuídos entre todos os agentes.



[1] PLATÃOA República [Tradução de Enrico Corvisiere] . São Paulo : Nova Cultura-Círculo do Livro, 1997, 352 p.    ISBN 85-351-1004-6   http://www.scribd.com/doc/6077389/Platao-A-Republica

[2] PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  2º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.


Maria Lídia dos Santos MAGLIANI (1946-2012)  foto
Fig.08 –  Maria Lídia dos Santos MAGLIANI abriu o seu caminho nas artes visuais de uma forma autônoma. Realizou a sua formação acadêmica sem apoio  em cotas étnicas ou de gênero. Portadora de um PROJETO e uma CRENÇA  SI MESMA  não desprezou a sua SOCIEDADE, viveu o SEU TEMPO e permaneceu fiel ao BRASIL no qual peregrinou de estado em estado buscando a fidelidade à sua ESCOLHA de realizado na sua infância. No conjunto deste trânsito no mundo ela revelou POTENCIALIDADES que POUCOS se IMAGINAVAM possíveis praticar num corpo frágil, numa cultura periférica e numa economia em constante pânico e caos.

08 – Cada SER HUMANO traz POTENCIALIDADES ainda POUCO CONHECIDAS e AINDA MENOS PRATICADAS..

Com certeza a herança da MENTALIDADE COLETIVIZANTE do GRANDE IRMÂO do DEMIURGO da FÁBRICA ESTADO inibiu, esterilizou e matou a grandes potencialidades da criatura humana.
O maior desafio do NOVO HUMANISMO consiste em recuperar as POTENCIALIDADES do SER HUMANO ainda POUCO CONHECIDAS e AINDA MENOS PRATICADAS. Porém este projeto esbarra diante da MENTALIDADE COLETIVIZANTE que transforma todo cidadão em CONSUMIDOR cujos apetites necessitam serem conhecidos, estimulados e explorados. Ainda Roland  Barthes aponta e comenta  (1967, p.9) que:
para obnubilar a consciência contábil do comprador, é necessário estender diante do objeto um véu de imagens, de razões, de sentidos, elaborar ao seu redor uma substância [1]mediatizada, apropriada para gerar apetite, ou, resumindo, criar um simulacro do objeto real, substituindo o tempo pesadão da usura, por um tempo soberano e livre para se aniquilar a si mesmo por um ato de destruição anual (potlach)”.dos bens acumulados” 
Esta MENTALIDADE informa o DISCURSO do GRANDE IRMÃO DEMIURGO da FÁBRICA. A FÀBRICA ESCOLA PRECEDEU esta MENTALIDADE como  reconheceu o próprio TAYLOR e ORIENTADOR do FORDISMO NORTE-AMERICANO.
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL reconhece esta MENTALIDADE como algo definitivamente do passado na medida em que depende e defende um PENSAMENTO UNIVOCO e LINEAR. No seu lugar ergue-se uma literatura que coloca a CRITURA HUMANA novamente como central. Para tanto basta consultar a obra de CAVEDON[2]. Esta obra busca aproximar a clássica mentalidade da AMINISTRAÇÃO com a ANTROPOLOGIA



[1] TAYLOR , Frederick Winslow (1856-1915).  Princípios de administração científica.    7. ed.  São Paulo: Atlas, 1980, 134 p.

[2] CAVEDON, Neusa Rolita – Antropologia para Administradores, Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003, 182

Fig. 09 –  O MODULOR de LE CORBUSIER submete o CORPO HUMANO aos PARADIGMAS da ERA INDUSTRIAL. Submete este CORPO  a estes PARADIGMAS para adequá-lo à “MAQUINA de MORAR” ao modelo da LINHA DE MONTAGEM de um SISTEMA UNÌVOCO e LINEAR.   No desafio de abrigar, orientar e economizar energias e recursos para BILHÔES de SERES HUMANOS, .o MODELO da ERA INDUSTRIAL apontava para o IGUAL, para o modelo único para o GRANDE ARQUITETO como TIRANO ou para o PARTUDO ÙNICO comandado pelo DEMIURGO onsciente, onipotente, eterno e onipresente. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL está mostrando  caminho oposto quando cada um dos BILHÔES SERES HUMANOS se PERCEBE desafiado a mostrar e COLOCAR em PRÀTICA a diferença, o original e único.     

9 -  Uma NOVA MENTALIDADE e as PRÁTICAS para BILHÕES de SERES HUMANO..
Evidentemente a ERA INDUSTRIL foi sucateada e com ela o a mentalidade que a manteve funcionando ao longo de dois séculos.

A eletrônica, o conhecimento e domínio do código genético e a conquista do espaço externo da Terra exigiram e criaram FERRAMENTAS que estão impulsionando práticas de um NOVO HUMANISMO. Se de um lado estas FERRAMENTAS estão revelando que o SER HUMANO oscila entre o BOM e o MAU USO. O que é evidente que são FERRAMENTAS do outro potencializa a CRIATURA HUMANA a acreditar em SI MESMA e sentir-se desafiada a tirar o MELHOR de SI MESMO, do MAIS VERDADEIRO  e do mais BELO. 
Porém a corrupção deste projeto positivo e animador possuiu em todos os tempos seus inimigos declarados. Isto já estava claro paro autora da DIDÁTICA MAGNA. Comenius escreveu  (edição 2011: pp. 41-42) que 
de mestres, poucos são aqueles que sabem instilar bem no ânimo da juventude coisas boas; e se aparece um, logo qualquer sátrapa o chama para prestar os seus serviços em privado, em proveito dos seus, mas o povo não pode dar-se a este luxo. Por isso tudo se torna selvagem e vai de mal a pior 
Este pessimismo é bem anterior à vigência da ERA INDUSTRIAL. Ele foi escamoteado pela INSTRUÇÃO ESCOLAR ESTATAL COMPULSÓRIA sustentado pela mentalidade da "ESCOLA FÀBRICA". Isto levou ao paroxismo a aversão à EDUCAÇÂO OBRIGATÓRIA, JOGAR a CULPA SOBRE o ESTADO o FRACASSO e MECANISMOS de FUGA de SI MESMO.
 Uma das tarefas da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é reverter este quadro. Levar o CIDADÂO a ACREDITAR em SI MESMO apesar de todos os estragos provocados pela "ESCOLA FÁBRICA". Após o sucateamento da ERA INDUSTRIAL este "ACREDITAR em SI MESMO" constitui uma NOVA MENTALIDADE. No presente este “ACREDITAR em SI MESMO” recusa cada vez mais a MENTALIDADE COLETIVIZANTE do "GRANDE IRMÃO" do DEMIURGO da FÁBRICA ESTADO.

Fig. 10 –  Leonardo da VINCI recuou para as quinze séculos, do seu tempo, para  encontrar as lições do arquiteto romano VITRÚVIO  e a lógica aplicada da MEDIDA ÁUREA presente na PESSOA HUMANA. Evidente NÃO ENCONTROU no  INTERIOR esta NATUREZA HUMANA. Fiel ao seu projeto de que a “PINTURA é COISA MENTAl” buscou na GEOMETRIA  aquelas MEDIDAS HUMANAS que tornavam coerente a sua CONCEPÇÂO  que encontrava e destacava na NATUREZA

10 – As RESISTÊNCIAS para MUDAR e para PERDER VELHOS HÀBITOS OBSOLETOS. 

Conforme FREUD a CRIATURA HUMANA é  portadora perpétua e universal de uma PERDA IRRECUPERÁVEL e INESQUECÌVEL. Os nove meses do ventre materno geraram esperanças e crenças que são interrompidos bruscamente pela VIDA EXTRAUTERINA.

Esta MUDANÇA - apesar de subliminar - gera uma RECUSA LIMINAR, uma REPULSA INCONTIDA e a BUSCA de TODOS OS MEIOS para NÂO ACONTECEDER de NOVO. Assim a medida que a criatura se acostuma com esta PERDA ela a compensa com ÚTEROS RECONSTRUÍDOS nos quais goza SEGURANÇA, ÓCIO e as NECESSIDADES BÁSICAS SATISFEITAS NATURALMENTE por OUTRO. Qualquer interferência externa é recebida como a AMEAÇA INTOLERÁVEL e o proponente - da MUDANÇA - é VISTO como INIMIGO DECLARADO. 
No contraditório a superação desta barreira subliminar afasta os pusilânimes. Aqueles que estão dispostos para a  MUDANÇA  abrem caminhos para a exploração do mundo simbólico e físico. É esta disposição para  a MUDANÇA que é apontada, por um dos seus atuais biógrafos de Leonardo da VINCI. Este biógrafo, depois de visitar as 7.200 páginas dos seus diversos CODEX ainda existentes, chegou a esta conclusão. ISAACSON registrou (2017, p.464/5)[1] diante desta disposição para  a mudança, que:
uma característica marcante de uma de uma grande mente é a disposição para mudar de ideia. Isso é visto em Leonardo: enquanto enfrentava dificuldades com os estudos sobre a terra e as águas no início do século XVI, ele se deparou com evidências que o fizeram reavaliar a crença na analogia do microcosmo e macrocosmo. Tal atitude era Leonardo na melhora forma. E temos a tremenda sorte de poder testemunhar essa evolução na medida em que escrevia o ‘Codex Leicester’ . Leonardo estabeleceu um diálogo entre a teoria e a experiência e, quando as duas entravam em conflito, estava sempre disposto a tentar uma nova teoria. A disposição para renunciar ideias preconcebidas foi crucial para sua criatividade”. 
Romper os LIMITES a VENCER tem menos a ver com o seu patrimônio genético do que  com os CONHECIMENTOS, com os HÁBITOS e com as ÁREAS de CONFORTO. Especialmente ÁREAS de CONFORTO que tiveram a sua razão em OUTRO TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE.


[1] ISAACSON, Walter (1952- ) Leonardo da Vinci. ( 1ª ed.) Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017, 614 p.

Fig. 11 –  Performance no dia 17 de março de 2010  Marina ABRAMOVIC – “The ARTIST is PRESENT at the Museum of MODERN  ART” O artista está presente  e se transforma em obra. Esta presença não só  HUMANISA a obra,  mas testemunha esta obra como um documento.  Documento como uma apresentação teatral e uma performance da execução  de uma música 

11 – FALTA EMPREGO, mas NÃO FALTA TRABALHO. 
A “performance”  que Marina ABRAMOVIC promoveu no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 2010, pode ser percebida com o uma metáfora da CRIATURA HUMANA ESTÁ NUA diante da IMINÊNCIA de TER de VESTIR outros TRAJES. Ela foi despojada dos HÀBITOS da ERA INDUSTRIAL, porém as vestes de ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL ainda  estão em CONFECÇÂO. A CRIATURA HUMANA foi despojada dos EMPREGOS TRADICIONAIS da ERA INDUSTRIAL
Resta o SER HUMANO a ser REINVENTADO de DENTRO para FORA. Assim é necessário entender o que ANIMA (alma) este SER HUMANO. Nesta confusão “alma” e “espírito” atrapalha mais do que ajuda nesta empreitada. O termo ESPIRITO remete facilmente a algo EXTRA-HUMANO. Enquanto “AQUILO que ANIMA um SER” é a VIDA. VIDA que o SER HUMANO reparte com o MUNDO da ZOOLOGIA (ANIMA-L) e da BOTÂNICA (PLANTAS) e que interagem na ZOOESFERA. Esta ZOOESFERA é o DOMÍNIO do HUMANISMO e da ECOLOGIA.
A REFLEXÃO do sentido original do TERMO “LIBERDADE” implica em MUDANÇAS PROFUNDAS e a BUSCA CONSTANTE da COERÊNCIA com AQUILO QUE é de SUA REAL e OBJETIVA COMPETÊNCIA. Os romanos , nas práticas e concepções da CRIATURA HUMANA, tornavam-se responsáveis pelo todo quando  atingiam o estágio do LIBER, ou de sua reprodução. Assim etimologicamente liber é cidadão romano apto para se reproduzir.  (Ferrater Mora, 1981, verbete “LIBEDADE“) [1] Quando este se manifestava no CORPO HUMANO era a hora de LEGITMAR PUBLICAMENTE esta capacidade reprodutiva humana. Era hora dos RITUAIS de INICIAÇÃO e da AUTORGA da LIBRÉ devidamente celebrados. Estas celebrações ainda estão presentes na cerimônia dos QUINZE ANOS das MOÇAS e no SERVIÇO MILITAR obrigatório para os MOÇOS que são, de fato, RITUAIS de INICIAÇÂO. Ou, ainda,  então formalizados  no ESPAÇO JURÌDICO do CONTRATO do CASAMENTO, nas FORMATURAS ACADÊMICAS ou estão presentes na LIBRÉ da toga dos magistrados. 
Estes rituais objetivam tornar a CRIATURA HUMANA responsável pelo todo, quando ela atingia o estágio do LIBER. Um NOVO HUMANISMO necessita atingir o SENTIDO ORIGINAL desta LIBERDADE. Evidente que o FORMALISMO dos RITUAIS mais atrapalha do que ajuda a atingir este SENTIDO ORIGINAL.
A recuperação deste SENTIDO ORIGINAL depende de um PROJETO coerente com o seu TEMPO, seu LUGAR e sua SOCIEDADE. Na concepção de ARGAN este PROJETO capaz de se transferir ao mundo empírico torna histórico os seus autores. No mundo empírico brasileiro a fortuna da expressão verbal coube a Mário de ANDRADE [2] na sua proposta de para a UNE, em 1942, resumindo este projeto em três vertentes 
O direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência nacional [..] A novidade fundamental, imposta pelo movimento, foi a conjugação dessas três normas num todo orgânico da consciência coletiva.
Antes deste projeto Mário de Andrade fustigava, em 1938,  o ECLETISMO como “acomodatício e máscara de todas as covardias”. -  (in Andrade 1955, fl. 13)[3]  Denunciado o PROJETO ECLETISTA redutor, falso e populista do Estado Novo o BRASIL se preparava a intervir na SEGUNDA GUERRA MUNDIAL e escolhera o seu lado. Diante de uma assembleia de estudantes buscava aquilo que ele considerava essencial para um PROJETO BRASILEIRO. Diante do inacabado e do imenso potencial interno do BRASL propunha o “direito permanente à pesquisa estética. Direito que pode ser estendido para a Ciência, para o plano Jurídico. O Político e o Social. Este direito - de se voltar para si mesmo e as sua própria natureza - não excluia atualização da inteligência artística brasileira” A instantaneidade da Comunicação, a rede mundial e as trocas simbólicas destina-se à INTELIGÊNCIA BRASILEIRA sintonizada com o mundo. Porém a OBRA, a IDENTIDADE BRASILEIR e o seu projeto fundamental é constituída “PESQUISA PERMANENTE”. Porem nem esta PESQUISA e nem a ATUALIZAÇÃO esgotam a teleologia imanente ao PROJETO BRASILEIRO. Ele se revela no “todo orgânico da todo orgânico da consciência coletiva brasileira
Em 2018, o Brasil é apenas uma das 200 soberanias do Planeta Terra. Este “todo orgânico da consciência coletiva sabe que as águas, a atmosfera e a criatura humana constitui um TODO INDIVISÌVEL. Este TODO que se denomina aqui da nova concepção de HUMANISMO.



[1] FERRATER, Mora.  Dicionário da Filosofia. (3ª ed.). Madrid: Alianza, 4 volumes - 1981. ISBN:8420652997
[2] - ANDRADE, Mario O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942,  p.45.
                Esta conferência evocava os resultados culturais da Semana de Arte Moderna de 1922. Mario da Andrade havia sido umas das figuras centrais desta Semana. Ele se indispusera em 1938 com o Estado Novo. A conferência ocorria no auge desta ditadura que entrava em guerra com o Eixo.
                Mário coloca a nacionalidade como primeiro principio os concluía com busca da construção de uma consciência coletiva.
[3] ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro  de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f.

-KEHINDE WILLEI – APF- NYCtaxi_JamesEwing-3-web
Fig. 12 –  O produtivo artista visual norte-americano KEHINDE WILLEI , circula por todas as tendências estéticas como, também, se apropria de todas as mídias visais disponíveis em 2018.  Coerente com o seu TEMPO, seu  LUGAR e a sua SOCIEDADE consegue trazer para o MUNDO do HUMANISMO as suas questões regionais e culturais. A FIGURA HUMANA domina as sua produção. Certamente a sua OBRA não pode ser produzida em outro LUGAR e TEMPO. Afirma, assim a sua LIBERDADE e AUTONOMIA nos limites, nos perigos de sua competência de artista visual assumido no seu PROJETO.

Chega-se a conclusão de que o NOVO HUMANISMO necessita não só se desvencilhar de concepções ECLÉTICAS redutoras, falsas e populistas. Mas impõe-se PESQUISAR e IMPLEMENTAR concepções coerentes com o TEMPO, o LUGAR e a SOCIEDADE. Coerência e construções possíveis materialmente com os avanços e as aplicações do CÓDIGO GENÉTICO, com as potencialidades  conhecimento da ELETRÔNICA e o com o gradativo domínio da LÒGICA inerentes ao ESPAÇO ECOLÓGICO do Planeta Terra e do ESPAÇO EXTERNO.
NOVO HUMANISMO que está as voltas com os RITUAIS de INICIAÇÃO para LEGITMAR PUBLICAMENTE - não só com a sua CAPACIDADE REPRODUTORA  - mas a sua COMPETÊNCIA para se REIVENTAR. 

FONTES BIBLIOGRÁFICAS TEÓRICAS CITADAS.

ANDRADE, Mário (1893-1945). O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942,  .
------Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro  de Estudos  Folclóricos, 1955. 119 f.

BARTHES, Roland.  Système de la mode. Paris : Seul, 1967. 327p

BELL, Daniel (1919-2011) O Advento as Sociedade Pós-Industrial. São Paulo: Cultrix, 1974, 540 p.

BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

CARVALHO, Maria Lúcia R.D.  Escola e Democracia. Subsídios para Um Modelo de Administração segundo as Idéias de M.P. Follet.  São Paulo: E.P.U. Campinas, 1979. 102p.

CAVEDON, Neusa Rolita – Antropologia para Administradores, Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003, 182 p.

CHURCHILL Winston Sir (1874-1965) Pintar como passatempo Rio de Janeiro: Odisseia 2012 72p. il.

COMENIUS Johannis Amós (1592-1670) Didática Magna (1621-1657 Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001,http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf

DUCHAMP. Marcel (1887-1968)O artista deve ir à universidade?” in SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239.

FERRATER, José Mora (1912-1991) .  Diccionário da Filosofia. (3ª ed.). Madrid: Alianza, 4 volumes - 1981. ISBN:8420652997

ISAACSON, Walter 1952 Leonardo da Vinci.(1ª ed.) Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017, 614 p. 
Disponível em inglês:

PLATÃO ( 427-347) A REPÚBLICA [Tradução de Enrico Corvisiere] . São Paulo : Nova Cultura-Círculo do Livro, 1997, 352 p.    ISBN 85-351-1004-6 
------- A REPÚBLICA – [Tradução de J. Guinsburg]   2º volume . São Paulo : Difusão Europeia do Livro, 1985, 281 p.  http://pt.scribd.com/doc/28055175/Platao-A-Republica-Vol-II-Do-V-ao-X-livro

TAYLOR, Frederick Winslow (1856-1915). Princípios de administração científica.  (7ª. ed.)  São Paulo: Atlas, 1980, 134 p.

FONTES NUMÉRICAS  DIGITAIS.

ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992) https://it.wikipedia.org/wiki/Giulio_Carlo_Argan

ARTE e LIBERDADE na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL

ÉPOCA PÓS INDUSTRIAL

ERA INDUSTRIAL Taylorismo, Fordismo.... https://teoriaclassica0.webnode.com

ESTOFO para a RUPTURA EPISTÊMICA

KEHINDE WILLEI 
 KEHINDE WILLEI no FACE BOOK 
KEHINDE WILLEI vitrais com figuras contemporâneas

LIBERDADE no MUNDO ROMANO e ATUAL

ORIGEM do TERMO “ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL”

SÊNECA Da tranquilidade do ânimo, p. 08

O HUMANISMO em três EPOCAS de PASSAGEM HISTÓRICA

PRAXITELESS e o HUMANISMO na ÉPOCA do HELENISMO 

RUBENS e o HUMANISMO na ÉPOCA do MANEIRISMO

INTI e o HUMANISMO na ÉPOCA PÒS INDUSTRIAL

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Um comentário:

  1. Meu nome é Fernando Lopes, sou professor de Artes em Brasília.
    Descubri seu blog no ano passado, ao procurar material sobre a Missão Francesa. Percebi grande afinidade entre sua abordagem e aquilo que tenho buscado destacar para meus alunos. Afinidade redescoberta, nesse texto de hoje, sobre Humanismo. Página sobre meu trabalho como ilustrador: https://www.facebook.com/Fernando-Lopes-A-Arte-de-Ilustrar-246870442166449/
    Abraço! E obrigado.

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