FALANDO
com e sobre o POSTE.
Fig. 01 – Contra toda a LÒGICA URBANA e da
URBANIDADE “no MEIO da CALÇADA EXISTE um POSTE CONCRETO e GROSSO”. A incômoda
lógica de sua presença ganhou a
reparação de um aviso de um anônimo.. A obstrução e silenciosa, mas altamente
significativa de quem perpetrou esta posse indevida do caminho do pedestre.
Um
inocente e inofensivo POSTE pode ser um estridente índice de uma civilização.
Ele, na sua impessoalidade objetiva, pode indicar o rumo e o sentido a quem os perdeu.
Ou, ao contrário, confirmar e apontar a identidade, a
força e o futuro ao transeunte da
vida.
Fig. 02 – Quem não respeita as leis do ESPAÇO PÙBLICO não
pode esperar - e muito menos exigir - justiça pelo seu ato delituoso.. Se se aprofundar o exame da vida deste delinquente certamente irão
emergir uma infinidade de agressões ao BEM BÚBLICO na forma de aproveitamento
indevido do trabalho alheio, da economia coletiva e da má fé ideológica e
moral. Assim “o POSTE também FAZ JUSTIÇA SILENCISA” punindo este delinquente
A
sabedoria brasileira iniciou ao se deparar e ser desafiada pelo incômodo poste
do pelourinho colonial. O colonizador luso tomava POSSE arbitrariamente e sem
perguntar a ninguém pelo ato de plantar
um poste no lugar que dizia ser a SUA conquista. Este gesto provém vem das
profundezas do tempo. Os acadianos fizeram uma rigorosa reforma do espaço
publico tomaram a sua posse ao demarca-lo com postes (estelas) nos quatro
ângulos do terreno. Os egípcios não perdiam ocasião para erguer um solene poste
na forma de um obelisco, hábito no qual foram seguidos até os tempos presentes.
Os romanos confiaram a sua história a colunas, postes e rostros náuticos[1]
Fig. 03 – O poste do pelourinho lusitano da
cidade de ALÂNTARA, no Maranhão, foi
arrancado e sumiu no lixo da cidade. Muito mais tarde foi descoberto
nesta lixeira graças à memória oral de uma velhinha, da cidade que se lembrava
do ATO de SUA DERRUBADA Evidente vale o aviso deste poste que
a soberania, a liberdade e a autonomia dos povos é uma CONQUISTA DIÀRIA e
CONSTANTE
A ERA INDUSTRIAL vulgarizou o poste não
conseguiu apagar de todo os sentidos provenientes das profundezas do tempo.
Evidente ele é índice da sabedoria oculta de muitas outras coisas. Coisas
banais, imperceptíveis para a maioria e sem notoriedade a ser registrada na
História ou charme explícito de algo notável.
Fig. 04 – A incômoda e infame presença do
pelourinho era a memória material dos três séculos de dominação e colonialismo lusitano. A sua destruição foi silenciosa, mas em uníssono, pois este ato de
lesa majestade podia ser castigado com a morte dos autores deste delito o poder
monocrático dos conquistadores, Em muitas cidades o local do pelourinho deu o
nome da praça sem que o poste físico da posse lusitana tenha permanecido neste local, O caso mais
famoso é a praça do Pelourinho em
Salvador na Bahia
Com
o poste não é possível dialogar, pois
ele perderia a sua natureza de COISA ou OBJETO inanimado por si mesmo. No
contraditório ele permite é ser portador passivo de mensagens sólidas de outro
TEMPO, indicar outros LUGARES e ser um firme repositório de muitas informações
de outras SOCIEDADES.
Fig. 05 – A rede de cabos, fios e equipamentos,
que o poste sustenta, determina a sua obsolescência logo que estes
equipamentos, fios e cabos estão Assim encontrar um poste com fios e
equipamentos ao lado de muro de um cemitério é algo natural e coerente com a
sua natureza
A
rápida obsolescência e a perda do sentido primeiro do poste torna-o um
elemento de uma cadeia de usos e testemunha fiel e digna destes sentido
no tempo. Assim a arqueologia da ERA INDUSTRIAL era industrial tornou-se algo
que espanta as gerações humanas ainda lúcidas e vivas que se tornam testemunhos
da aceleração dos processos civilizatórios desencadeados na ÉPOCA PÓS-
INDUSTRIAL
Fig. 06 – O poste torna-se testemunha trágica e silenciosa
da neurose, da incompreensão dos limites do SER HUMANO entregue aos seus
impulsos primários no comando de uma máquina.
Máquina que deveria civilizar, ajudar e
melhorar o mundo torna-se seu inferno senão aniquilamento e a sua destruição
sinistra e irreversível,
As
frequentes mudanças técnicas, econômicas e ideológicas provocadas pela ERA
INDUSTRIAL triunfante induziu outras
tantas destruições, vulgarizações e guerras. Um dos alvos destas guerras,
vulgarizações e destruições foram os testemunhos de um passado recente ou
remoto contra os quais se elevava um novo sentimento, vontade e conhecimento.
COLUNA VANDÔME
PARIS http://assimfoiparis.blogspot.com.br/2013/09/place-vendome-e-jardim-de-tuileries.html
Fig. 07 – A destruição e aniquilamento do
Coluna Vendôme, pela Comuna da Paris de 1871,
evidenciou o furor de um sentimento de uma era empurrada para frente
pelas máquinas, pela produção industrial e pela necessária obsolescência
programada daquilo que não era coerente com este TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. A ruidosa destruição evidentemente produziu a ação contrária. A grande
massa da Comuna de Paris foi fuzilada sumariamente e os vencedores de ocasião restauraram e
reconstruíram este poste urbano.
A
história do poste comemorativo ganhou a sua versão em pedra já nos primórdios
da civilização humana. Estes testemunhos líticos se espalham pelo planeta na forma
de menhires, obeliscos, dolmens reunidos em alinhamentos. A remota Ilha da Páscoa
ganhou postes antropomorfos que desafiam, até o presente, o TEMPO, o
CONHECIMENTO humana e os poderosos sentimentos que emanam das profundezas de remotas eras passadas.
OBELIX e
ASTERIX http://www.freewords.com.br/a-historia-de-asterix-e-obelix/
Fig. 08 – O mistério dos menhires, dolmens e
alinhamentos de pedras gigantescas alimenta a imaginação do presente que se
apropriou destas manifestações pretéritas e lhe conferem um sentido lúdico e
com profundos vínculos com os recursos da ERA INDUSTRIAL e a ÈPOC
PÓS-INDUSTRIAL . A figura do OBELIX carregando a sua
pedra cumpre este papel ao mesmo tempo
que diz deste povo formador da identidade francesa.
O
pouco que sabemos das origens da nossa civilização necessita ser buscada em
pedras testemunhos, Assim as próprio Decálogo de Moises esteve inscritos em duas pedras testemunhas e que pautaram os
primórdios de varias civilizações que se projetam até os dias atuais.
Fig. 09 – Os cemitérios da guerras estão
pontilhadas de pedras testemunhas de vidas que foram ceifadas pela fúria humana. A narrativa destas cruéis conquistas
guerreiras está presente na iconografia da estela do rei Acadiano de NARAM – SIN de
cerca de 3.200 a. C
As
numerosas variações do obelisco egípcio se espalharam mundo afora. Poucas
cidades do mundo escaparam de um obelisco seja ele a Torre Eiffel ou a Torre de
Brasília na sua versão e ferro e aço ou de concreto ou de um único bloco lítico
na versão original egípcia. Contudo esta imensa variedade não deixa de ser o
poste ou pelourinho de posse lusitana.
Fig. 10 – A cidade de São Paulo como também
Buenos Aires e Washington ostentam o seu
obelisco monumental e escala monumental muito maior do que os originais egípcios
talhados numa única pedra. . Além do seu aspecto comemorativo desempenham um papel de identidade e orientação
urbana;
A
evidente função comemorativa e a sinalização do espaço público a odeia da
conquista, da posse material não afastam os aspectos fálicos, da iniciativa e
da fortuna da procriação da espécie humana.
Fig. 11 – A forma fálica deste menhir da pré-história
reforça a busca da continuidade, não só da memória humana, como a sua firme e
concreta sucessão geracional de um grupo ou do clã dominante da época.. Evidente os totens em madeira e materiais perecíveis eram bem mais
antigos e numerosos como é possível verificar nos totens dos indígenas canadenses
Nas
fábulas humanas o poste não possui voz e nem se move por si mesmo. Ele é um
objeto como o poste, ou a tora, que Zeus jogou na água para ser o REI das RÃS
insatisfeitas e irrequietas. O estrondo da queda e o repuxo da água foram
seguidos pelo silêncio absoluto e imobilidade características de um poste, Este
silêncio e imobilidade logo encorajaram a rebeldia das rãs, o deboche e as mais
audazes demonstrações de desrespeito e desobediência a este ser inerte. Com o
envio da garça por Zeus foi o fim da festa e do reino amotinado das rãs que
foram devorados pela faminta e perspicaz ave e sem chance para os batráquios
amotinados
AS RÂS PEDEM um
REI – Zeus Manda um POSTE http://chaverde.blogspot.com.br/2004/10/
Fig. 12 – Na medida da falta de iniciativa, de ânimo e
personalidade própria o poste é objeto de deboche, de comparações com pessoas
sem iniciativa e projeto Assim está sujeito à obsolescência,
esquecimento senão é sacrificado como matéria prima nas fogueiras domesticas e públicas.
O
poste é uma forma primária e universal de assinalar o espaço natural. Quer seja
pelo alinhamento de um cerca ou o apoio de uma rede elétrica ou de cabos de
comunicação. Ao mesmo tempo ele e sinal evidente de um projeto humano. Isto não afasta os
imprevistos, a possibilidade de interferência intencional no seu ordenamento,
Assim as escritas não deixam de ser alinhamentos de pequenos postes com
formatos e disposições variadas e significativas. A redução ao código binário
do poste (l) e a sua ausência (.) remete à numeração maia ou romana.
Fig. 13 – O imprevisto, o acidente e o inusitado da cena
não deixa de intrigar e chamar a atenção.
. Assim o poste pode ser visto como um instrumento
material da afirmação da presença humana na cena a que ela usa contra o caos, a entropia e os
imprevistos naturais. Assim o espantalho na lavoura invariavelmente vem montado
sobre um poste,
Espantalho na lavoura
A
força da resistência a uma civilização artificial e estabelecida artificialmente
é tão importante como a sua conservação. A eterna luta entre EROS e TÂNATOS
está presente em todas as esferas vivas com também em toda e qualquer
organização humana. O determinismo de
uma colônia de insetos - formada por clones rigorosamente iguais - possui as suas evidentes vantagens. Porem
este rigoroso planejamento também é o seu inimigo mortal. Basta descobrir este
mecanismo unificador para agir sobre ele para provocar não só o caos como a
morte desta organização e de todos os seus clones.
Fig. 14 – A teimosia humana - em seguir impávido e decidido
em explorar o SENTIDO COTRÀRIO ás convenções aceitas por todos - possui sentido
e orientação na medida da lógica de ama TESE, que possui a ANTÍTESE para chegar até a SÌNTESE. . Porém poucas vezes esta esperada SÌNTESE chega as se concretizar e
tomar FORMA COERENTE com o PROJETO original,
A
harmonia do conjunto, a sinfonia e todo no qual as diferenças são essenciais
são produzidos pelo conhecimento das diferenças, a sua aceitação e a busca da
complementariedade por outros meios. O grande desafio desta harmonia é
descobrir o ENTE no seu MODO de SER num processo continuado e sem começo e nem fim. O fluxo contínuo do TEMPO,
a diversidade de LUGARES e os contratos que sustentam as diversas SOCIEDADES
humanas não podem serem congelados num único conceito. Muito menos numa única PALAVRA mágica
definidora deste conjunto e do processo no qual flui. Foi a tentativa
equivocada e ultrapassada da ERA INDUSTRIAL na busca do TIPO ideal, na
STANDARTIZAÇÂO da educação e ações humanas.
Ato
continuo é necessário buscar e encontrar um alfinete e cravá-lo nas costas do
objeto discrepante e espetá-lo num quadro classificatório único. Assim está pronto
para ser fixado num poste como solução eficaz e universal de todos os males. E existe
gente que acredita nesta PALAVRA mágica e única.
Fig. 15 – No PRINCIPIO o VERBO ERA DEUS e capaz
de nomear e classificar todas as coisas. A PALAVRA - ou VERBO - que não se DIZ é rigorosamente escamoteado sob
o esquecimento senão desqualificado como heresia.. .Todas as ideias, os conceitos e as ideologias
são perfeitas em si mesmas. Elas valem para a construção de ortodoxias, de cânones e leis absolutamente coerentes
internamente. O drama e a contradição inicia quando
são colocadas no mundo empírico. Mundo empírico flui incessantemente o
TEMPO modificando LUGARES e gerando
organizações humanas absolutamente distintas e ireconciáveis
A criatura humana é jogada no seu caminho ao
se colocar face ao POSTE EXTERNO. Deste confronto - entre a algo VIVO e ALGO
INERTE - ativa a potencialidade da
REFLEXÂO. REFLEXÂO que abre a possibilidade de a criatura humana receber a fria lufada da VERDADE deste POSTE
EXTERNO. Receber deste POSTE EXTERNO a VERDADE que NÂO POSSUI nada POR DENTRO e não pode ajudar
na decifração do enigma da VIDA. No máximo este POSTE EXTERNO poder ser mais um
totem, um ídolo ou índice que ele oculta e NÃO PODE ENUNCIAR em narrativa, em discurso ou cânone unívoco e linear aos modo
da ERA INDUSTIAL.
PENSO
logo RESISTO http://profciriosimon.blogspot.com.br/2011/07/isto-nao-e-arte-28.html
Fig. 16 – A incômoda presença do pelourinho
lusitana era memória der três séculos de dominação e colonialismo. A sua destruição foi silenciosa, mas em uníssono, pois este ato de
lesa majestade e seu poder monocrático podia
ser castigado com a morte doas autores deste delito
Não
existe diálogo com o poste ou enunciado numa narrativa, num discurso ou num cânone unívoco e linear. O
poste é semelhante aos peixes do Padre Vieira. É pretexto para a retórica, para
a representação do mundo externo e um duro confronto com a objetividade.
O poste é um objeto externo humano e pertence a ordem
da Natureza que não possui nada por
dentro. Esta impessoalidade de reflexão sobre si mesmo o condena a ser objeto
tanto como suporte de sublimes ideias como de seu silencioso deslize de retorno
para sua origem
Fig. 17 – Em arte, politica e esporte não cabem
desculpas nem pedidos de perdão.. Qem se entrega e pratica estas
atividades o faz por livre iniciativa e risco. O máximo que pode fazer é tentar
recomeçar por outro caminho e meios cuidando para não cair no mesmo. Por este
meio ela se vincula à CIÊNCIA que PROGRIDE por TENTATIVA e ERRO ate atingir o
objetivo almejado
Estes
poucos exemplos, imagens e concepções conferem ao POSTE o papel de se
constituir num estridente índice de uma civilização. Na sua impessoalidade - de COISA objetiva, na concepção de DURKHEIM -
ele pode indicar o rumo e o sentido que a criatura humana perdeu ao longo do seu caminho. Ao mesmo
possui a potencialidade implícita de indicar,
ao transeunte da vida, de ONDE ele PROCEDE, contemplar neste espelho o QUE É e mostrar
para ONDE esta criatura humana pode IR.
Fig. 18 – A dualidade do TABU e o TOTEM representam a eterna luta da transformação
de algo proibido, banal e feio em algo permitido, extraordinário e adorável.. Foi a luta de Paul Gauguin (1848-1903) ao se despir de uma civilização para reencontra
as origens das sociedades humanas. O
suporte material das suas concepções foram um simples toco, um canivete e uma concha. Este mergulho nos primórdios da
civilização humana artificial acelerou as suas concepções que se materializaram
num titulo como “DONDE VIEMOS, QUEM SOMOS, PARA ONDE VAMOS” de uma das suas
obras.
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
COLUNA VANDÔME PARIS
DERRUBANDO do PELORINHO COLONIAL
DOIS IDOLOS Paul Gauguin
DURKHEIM e o FATO SOCIAL
como COISA
Em esporte não cabe desculpa
Espantalho na lavoura,
Estala da
NARAN-SIN c. 2.200 aC-ACADIANOS
MENHIR
OBELIX e ASTERIX
PENSO logo RESISTO
RÂS PEDEM um REI – Zeus Manda um POSTE
SUMÈRIO e ACADIANOS
totens dos indígenas canadenses
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