FERNANDO CORONA
(1895-1979)
(1895-1979)
– ESCULTOR -
2.1 - INTRODUÇÃO ao FAZER de Fernando CORONA
2..2- A OBRA de Fernando CORONA
na ESCULTURA
2.3–
Distinções entre a Natureza do modelo e
a obra de arte humana.
2.4 –
As etapas das obras de ESCULTURA de
Fernando Corona.
2.5–As
leituras iconológicas possíveis na ESCULTURA de Fernando Corona.
2.6 - O sentido
das obras “Borges de Medeiros” e o “Inca”
de
Fernando Corona .
2.1
- INTRODUÇÂO ao
FAZER de Fernando CORONA
Fatiar e dividir a obra de Fernando Corona é um ato
temerário. A sua obra decorre das
atividades e dos projetos dos mestres construtores associado na sua guildas.
Guildas de construtores com as suas funções reconhecidas, legitimadas e
garantidas pela autoridade do burgo. O aprendiz da guilda buscava dominar cada
atividade, somando-os para, ao final, tornar-se mestre. Como mestre repassar o seu conhecimento acumulado para os
novos aprendizes. O resultado foram mestres que dominavam o conjunto e que
eram, ao mesmo tempo especialistas na
soma e, ao mesmo tempo, em cada atividade. O produto, do seu trabalho, é pessoal
e único.
Fernando Corona registrou a sua
formação de arquiteto no seu Diário inédito, para ano de 1925, que:
“existem dois
processos para apreender arte. Ou os cursos normais nas Escolas de Belas Artes
ou Faculdades de Arquitetura, ou o sistema antigo antes do aparecimento das
escolas. Sem ir mais longe, como estudavam os artistas da Renascença?. Nos
ateliês, com os mestres. Sabiam pintura, escultura, arquitetura sem terem
cursado escola alguma. Por acaso as oficinas dos mestres não eram verdadeiras
escolas? Em que academia estudavam? Confesso orgulhoso que fui produto do
ateliê, com um aprendizado artesanal completo, com mestres espanhóis, italianos
e alemães. Não possuo diploma de espécie alguma, mas não me considero
autodidata por ter tido mestres de grande valor”.
Documento do
ARQUIVO do Instituto de Artes da UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/?sf_culture=pt
Fig. 01 – Fernando Corona medita e escreve cercado de sua própria obra, como de artistas
de Porto Alegre, como o do circulo de amigos artistas que confiam suas obras à sua apreciação e
cuidados. O que uma a sua obra
aquela dos demais artistas é o seu
TEMPO, seu LUGAR e a SOCIEDADE na qual convivem. Trata-se do resultado da
PESQUSA SUL_RIO-GRANDENSE e diferente da ATUALIZAÇÂO da INTELIGÊNCIA.
Com a entrada da ERA INDUSTRIAL as tarefas
complexas necessitaram ser divididas, fatiadas e com especialistas que perdiam
o domínio do todo. Cada tarefa da ERA INDUSTRIAL necessitava um especialista e
um profissional exclusivo. O conjunto da fábrica necessitou administradores com
a estrita função de harmonizar o sistema de entrada, elaboração do produto
final. Um grande demiurgo da fábrica tornou-se cada
vez mais problemático e improvável. O resultado foi que as máquinas começaram a
dispensar o esforço físico e própria administração da produção em séries iguais
e sem limites de número.
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL permite dispensar cada vez
mais o esforço físico da produção em série industrial. De outra parte permite
personalizar cada obra da série enquanto é comandada pelo espaço mental com
suportes na área numérica digital..
Diante deste quadro compreende-se a obra de Fernando
Corona com a inteligência, a vontade e os sentimentos originário dos gênios anteriores.
Como apresente narrativa é destinada a um livro que constitui um múltiplo industrial é necessário dividir e
fatiar o contínuo da obra de Fernando Corona para colocá-la ao alcance do repertório
e dos hábitos próprios da ERA INDUSTRIAL.
Isto não impede empreender o próximo passo de
colocar as narrativas e imagens relativas às obras de Fernando Corona no espaço
mental com suportes na área numérica digital. A circulação destas narrativas,
no espaço da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL da rede mundial, é mais econômica do que um
múltiplo industrial, além de ser mais disponível, a qualquer hora e para
qualquer um. Além de constituir um convite para a personalização ou mesmo
impressão gráfica tradicional o objeto material livro.
2.
2-
AS OBRAS de FERNANDO CORONA na ESCULTURA
A obra arte tridimensional de Fernando Corona se
desenvolveu em Porto Alegre entre 1912 e 1979. Esta série cultural constitui a diacronia de uma linha de tempo na qual
as suas obras mantém uma personalidade própria, mas ao mesmo tempo, dialogam sincronicamente com todas as outras
séries culturais significativas pelas quais evoluía a sua arte. Precedia assim
com o objetivo de que os seus estudantes pudessem escolher o maior número
possível de linguagens plásticas. Nesta tarefa Corona impôs-se a tarefa de
sincronizar Porto Alegre com a arte brasileira e mundial. Esta tomada de
consciência havia sido para ele pessoalmente, um processo muito longo e penoso.
Documento do
ARQUIVO do Instituto de Artes da UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/?sf_culture=pt
Fig. 02 – O trabalho com as mãos, com devidas
ferramentas, era o contraponto do intelectual e a convergência com o qual
o mestre Fernando Corona agia como
perpetuo aprendiz e incansável pesquisador . O catedrático de Escultura, de
Modelagem e de Arquitetura dava exemplo arrastando para o seu universo estético
aqueles que se aproximavam dele..
Fernando Corona palmilhou de ponta a ponta o Rio
Grande do Sul[1]
espalhando a sua obra. Tornou-se, desde muito jovem, um sul-rio-grandense por
opção e de alma, cultivando a tradição regional[2].
Manteve viva a dialética entre o
condicionado do meio geográfico
regional e da civilização universal. Compartilhava esta dialética com o seu
amigo Érico Veríssimo, que encontrou jovem atrás do balcão da farmácia em Cruz
Alta.
[1] - Ver os seus cadernos de viagens e veraneios
no interior do Rio Grande do Sul.
[2] Fernando escreveu no seu
diário (fls 137/8) relativo ao outono do ano de 1917: "Foi
em Tupanciretã que aprendi a amar o povo gaúcho, somado a ele 'uno más'. Talvez
seja, sem dar-me conta, a pedra angular que modificou aquela ânsia de voltar à
Espanha. Agradeço ao povo de Tupanciretã ter-me aberto a consciência do
espírito universalista que cultivo, e hoje mais que nunca creio que a pátria do
homem é onde consolida seu caráter, sua posição profissional e encontra o amor".
Fernando, com 22 anos de idade, tinha ido a Tupanciretã para esculpir duas
estátuas e um baixo relevo na fachada da igreja matriz. Ali fez contato com
Raul Bopp, os parentes de Manuelito de Ornellas e os intelectuais urbanos e
rurais da região, que lhe abriram as suas bibliotecas particulares que
continham obras da literatura universal.
Documento do
ARQUIVO do Instituto de Artes da UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/?sf_culture=pt
Fig. 03 – O trabalho da estudante de Fernando Corona, e Dorothea Vergara
Pinto da Silva [1] registrada por Salomão Scliar e
destinada á revista Cruzeiro. O
mestre Fernando Corona repassava os seu conhecimentos ao mesmo tempo em que
pensava e agia na conexão dos seus estudantes com o sistema nacional de artes plásticas
que ele tinha aberto parar os artistas sul-rio-grandenses. Evidente este andar espinhoso
nas artes era tarefa de cada um.
2.3–
Distinções entre a
Natureza do modelo e a obra de arte humana
Nesta dialética não descuidava colocar o seu
estudante na busca de atenção tanto sobre as formas naturais e como a verdade
das formas plásticas. Criava uma distinção entre a natureza do modelo e a obra
de arte humana. Na obra observava as proporções, a relação das partes entre si
e a unidade na diversidade. É possível
verificar que ele procurava para si e para os seus discípulos numa leitura estilística dos elementos formais das
suas obras plásticas e dos seus escritos. Nos seus escritos anotava no Álbum nº II das Aulas de Escultura – 1963:“os alunos do Iº ano de escultura continuam
a estudar a forma natural do corpo humano como medida de tomada de consciência”.
[1] Fernando Corona apontou no seu diário para 1947 que “este mesmo ano apareceu no IBA o poeta, escritor de jornalista Franklin
de Oliveira. Eu acumulava a cadeira de “Arte Decorativa” e neste ano tive só
uma aluna na Escultura. Quando Franklin conheceu a minha aluna de Arte
Decorativa, Lygia Fassina, dela se apaixonou e dali saiu casamento. Quando ele
víu a escultura que a Dorothéa fazia, ficou louco ao ver aquela obra de arte.
Combinamos um dia, a Dorothea preparou o esboço de uma figura reclinada e o
fotografo Salomão Scliar fez a foto do trabalho, da Dorothéa a da modelo posando
núa. A revista “O Cruzeiro” publicou gostosa reportagem que perdí. Tenho só uma
copía da foto, alias muito boa do artista que é Salomão Scliar, irmão do pintor
Carlos Scliar, muito meu amigo”
Fig. 04 – Ao 22 anos de idade Fernando
Corona enfrento o teste do trabalho solo
no contexto de uma obra arquitetônica da
cidade de Tupanciretã projetada por seu pai Certamente o tema e o desenho
também sejam de se paii. Mas valeu a experiência de uma obra distante do olhar
paterno como o mergulho na cultura e na vida real e objetiva do Rio Grande do
Sul.
2.4 – As etapas das obras de
ESCULTURA de Fernando Corona.
No percurso diacrônico, da sua obra pessoal,
podemos acompanhar a sua iniciação estética nos primeiros anos do século XX no
historicismo do ‘modernismo espanhol’”[1]
sob cuja influência peregrinou e trabalhou na juventude. Entre esta obras
historicistas algumas valiam-se da tipologia do neogótico, como da catedral que
seu pai projetou em Porto Alegre e
construiu em Tupanciretã. Em outras os elementos plásticos eram originários de
diversas fontes como no Palácio Piratini e no prédio do Instituto de Educação,
projetado por ele em 1935, predominava classicismo histórico grego. Neste meio
tempo, havia satisfeito a burguesia de Porto Alegre com decorações ecléticas
com motivos retirados das tipologias do historicismo.
Após a Segunda Guerra Mundial, converteu-se aos
postulados da ‘Carta de Atenas’, do
arquiteto Corbusier[2]
a quem foi visitar pessoalmente em Paris durante o ano de 1952. No Brasil, ele
se apropriou das últimas experiências da Escultura que o mundo trouxe, para as
Bienais, de São Paulo. A sua consciência estética foi reforçada pelas viagens,
visitas de amigos estrangeiros, bibliografia e periódicos. Participou
intensamente com grupos e projetos culturais, como aquele que cuidou do estudo
do Folclore no RS, da implantação da Escolinha de Arte no IBA-RS e do grupo que
elevou o monumento a Chopin[3].
A obra de Corona inova em cada etapa. Em cada obra enfrenta uma nova tipologia
estilística ao contrário de Weingärtner, de Libindo Ferrás e de Pelichek que
mantiveram uma evolução estilística coerente com as suas primeiras escolhas.
[1] - Para a cultura universal é o Art-Nouveau.
[2] Corona, 1947 -«ISMOS» com Carta de Atenas
anexa Ismos: arte contemporânea: Fernando Corona. Ver o manuscrito relativo à
viagem de 1952 à Europa.
[3] Referências a partir da tese SIMON, Círio “ORIGENS
DO INSTITUTO DE
ARTES DA UFRGS ETAPAS ENTRE
1908-1962 E CONTRIBUIÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DE
EXPRESSÕES DE AUTONOMIA
NO SISTEMA DE
ARTES VISUAIS DO
RIO GRANDE DO SUL”
Porto Alegre :Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas PUCRS, 2002, 660
fls. http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/2632
Fernando CORONA - capa catálogo Salão de Outono 1925
Fig. 05 – Cartaz destinado para a divulgação as SALÂO de OUTONO de 1925. A
trabalhosa experiência de modelar uma
maquete de um pórtico, fotografá-la para transpor esta imagem para um cartaz
impresso é algo singular mas coerente com as pesquisas estéticas de Fernando
Corona, do ano de 1925[1].
A obra é coerência com o seu ofício de modelador, escultor e arquiteto e ao
mesmo tempo expressa o estágio cultural de um meio urbano que se estetizava
para receber e consumir os influxos crescentes e cumulativos provenientes de
todos os lados e todos os tempos.
2.5–As leituras iconológicas possíveis nas obras de
Fernando Corona.
Numa leitura iconológica
da temática da obra é possível transitar, na escultura Corona, desde os temas e
os motivos historicistas, até as correntes estéticas mais avessas a toda
identidade ou referencia a qualquer identificação temática externa à própria
obra. Obra que se deseja apresenta por si mesma como é o caso da escultura não
figurativa e que muitos dos seus estudantes seguiram.
[1] Corona
escreveu no seu diário para o ano
1924 “modelei em barro a capa do
catalogo. Tratava-se de um pórtico barroco, rico, com figuras simbólicas.
Assim, a capa sería uma reminisência da
arte brasileira tradicional sem que tivesse outro objetivo a não ser a
fotografía e o cliché fotogravado”
Fig. 06 – Fernando Corona projetou, e ele mesmo modelou, a fachada da Sociedade
Espanhola[1]
O trabalho com as mãos, com devidas ferramentas,
era o contraponto e a convergência da sua ATUALIZAÇÂO da INTELIGÊNCIA por meio da qual o mestre orientava o seu agia como perpetuo aprendiz e incansável
PESQUISADOR ESTÉTICO. Nesta PESQUISA ESTÈTICA existem evidentes traços
autobiográficos com na imagem dele participando em 1925 do Salão de Outono de
Porto Alegre e o ATLANTE com evidentes traços do seu próprio rosto.
Ao contemplar o conjunto das obras de Corona é
possível perceber que ele se inicia na série cultural criada por escultores que
atuaram na arquitetura e no fachadismo[2] de
Porto Alegre na primeira metade do século XX. Mas entre os seus colegas de
oficina, foi ele que teve a maior continuidade, atingindo o nível mais crítico
quando teve de passar esse conhecimento aos seus estudantes. Cabe a Corona a
capacidade de diálogo com todos os paradigmas estéticos na importação e
trânsito cultural tanto da técnica, da estilística e da temática, que passaram,
no Rio Grande do Sul, ao longo de sua vida. Como também lhe cabe a
flexibilidade para entender os paradigmas aos quais pertenciam e decodificá-los
para o meio local. Vale se da frase “HOY POR TI= MAÑANA por MI”[3]
que ele modelou, em 1929, na fachada sa Sociedade Espanhola
[1] Fernando Corona escreveu no seu diário “em 1929 eu projetei e construí a sede da Sociedade Espanhola de Socorros
Mútuos. A fachada de estilo espanhol tem muito ornamento que eu mesmo executei.
A chegar à sacada principal, ao centro sobre a porta de entrada eu desenhei um
escudo. Imaginei ao esculpi-lo que pouca gente saberia distinguir o escudo
monárquico do republicano. Em 1927 eu esculpi o escudo republicano e ninguém
reclamou. Até hoje ele se encontra lá”.
[2] - Esta série foi estudada
por Doberstein. DOBERSTEIN,
Arnoldo Walter.
Porto Alegre (1898-1920): estatuária fachadista e
monumental, ideologia e sociedade. Porto Alegre : PUC-IFCH,
1988, 208 f. Dissert.
__ __ Porto Alegre 1900-1920: estatuária e
ideologia. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura,1992. 102p.
____ Rio Grande do Sul (1920-1940): estatuária,
catolicismo e gauchismo. Porto Alegre : PUC-Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, 1999. 377f
[3] ]
HOY POR TI – MAÑANA POR MI https://sigificadoyorigen.wordpress.com/2010/06/02/hoy-por-ti-manana-por-mi-2/
+ http://www.musica.com/letras.asp?letra=2040702
FERNANDO CORONA “Borges de
Medeiros” da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo e “O Inca” MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul
CORONA - Borges de Medeiros http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/escultura/escultura/fernando-corona-6/view
CORONA – O INCA MARGS http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/escultura/escultura/fernando-corona-6/view
Fig. 07 – O mestre Fernando Corona foi um aprendiz perpétuo, e incansável, de
Escultura, de Modelagem e de Arquitetura. Em 1924
modelou a máscara de BORGES de MEDEIROS inspirado nas formas de Umberto
Boccioni[1].
Em 1953 modelou a cabeça do “INCA” e que, em 1954, funde em Caxias do Sul e
vende ao MARGS[2].
O
seu universal pessoal está atualizando a sua inteligência, em 1924, pela recente Semana de Arte Moderna de São
Paulo (1922), pelo Futurismo (1909) e pelo Cubismo (1907). Esta atualização
inteligência evoluiu pelas descobertas plásticas de Brancusi e de Rudolf BELLING no reencontro e
uso dos arquétipos inerentes à ARTE da ESCULTURA Como docente Corona distinguuia separava, no entanto, o seu universo
pessoal da ATUALIZAÇÂO da INTELIGÊNCIA da PESQUISA ESTÉTICA.
Para esta PESQUISA ESTÈTICA exigir destes estudantes o domínio técnico “da
cozinha das artes” condimentando-o com o
cultivo do hábito da integridade estética, Intelectual e moral.
2.6 – O sentido das obras “Borges de
Medeiros” e o “Inca” de Fernando
Corona.
As peças escultóricas denominadas “BORGES de
MEDEIROS” e “O INCA” (1954), aqui reproduzidas, pertencem respectivamente à
Pinacoteca Barão de santo Ângelo e ao MARGS. Estas obras podem ser tomadas como
índices dos valores plásticos que o escultor perseguia. No “BORGES de MEDEIROS”
o escultor se entrega às tendências, vigentes na época, do Art Decô com raízes
no Cubismo. Na peça “O INCA” o mestre
perseguia o ideal do “arquétipo do ovo”’
pelo qual a forma mínima fornece a origem de todas as formas plásticas. No
mínimo da forma, ele buscava obter o máximo de conteúdo. Com este ideal ele
sintonizava-se com as buscas formais das culturas dos indígenas do Rio Grande
do Sul, e, ao mesmo tempo, mantinha-se coerente com as obras mais avançadas dos
seus contemporâneos como Victor Brecheret (1894-1955), de Constantin Brancusi
(1876-1957)[3]
e de Rudolf Belling (1886-1972)[4].
Para o escultor “arquétipo universal do ovo” constitui a síntese e a verdade
tridimensional primeira[5],
como para o pintor é o ponto e linha diante do plano. Por meio desse arquétipo
formal, a obra de Corona perseguia as dimensões
da monumentalidade, apesar de algumas obras possuírem pequenas medidas físicas.
[1] - Fernando Corona “Eram grandes aqueles Poetas” Porto
Alegre: Correio do Povo – Caderno de Sábado 26.02.1972-
[2] A única obra do ano de 1953 que “pelo meu arquivo de fotos de meus poucos
trabalhos de escultura encontro a “Cabeça de Inca” modelada em 1953. Só em 54
eu iria a Caxias do Sul para pode-la passar ao metal dourado que eu queria.
Mais tarde seria comprada por trinta contos de reis pelo Museu de Artes do
Estado”.
[4] Rudolf BELLING (26.08.1886 –
09.06.1972)
[5] - Corona ensinava "estudar
formas baseadas na figura humana, ou não, Considero um ovo belíssima escultura
de curvas parabólicas inimitáveis" .
"O ensino da Escultura" in Correio do Povo. Porto Alegre: Caldas Júnior 27.06.1969.
Fig. 08 – O pórtico Norte do atual CENTRO CULTURAL SANTANDER foi
concebido pelo mestre escultor Fernando Corona[1].
Certamente a coincidência entre a cidade da origem deste mestre cantábrico e o nome
da instituição cultural são promessas de interação entre ambos. Nomes que
se cruzam e se conjugam na ÈPOCA
PÓS-INDUSTRIAL e juntos constituem promessas e sementes. Promessas de uma
civilização cujos valores maiores são constituídos pela ARTE e os universos
simbólicos necessários para o cultivo de sementes do pertencimento. O ARCO de
TRIUNFO é um símbolo universal desta promessa desta passagem entre o limite do
universo externo e interno, entre o passado e promessa do futuro e entre a
barbárie e a promessa da civilização. No centro duplamente repetido a OVAL, ou
o “OVO” primordial da vida
Estas dimensões de monumentalidade da escultura de
Corona afirmam as ligações desta obra escultórica com a arquitetura e o espaço
público do urbanismo. Fernando Corona realizou poucas obras para coleções
particulares ou para serem contempladas em museu e fora do seu contexto da
arquitetura e do espaço publico do urbanismo.
[1] - Fernando Corona escreveu no
seu Diário, para o ano de 1926 “A
planta horizontal do Banco do Comercio foi elaborada por outro arquiteto. Eu
apenas marquei os balanços de todo o perímetro. Mais tarde, no revestimento das
fachadas em pó de granito rosa e cimento branco, tive oportunidade de executar
as esculturas de todas as frentes. Meu melhor trabalho está no pórtico da
entrada. E o grande escudo com duas figuras reclinadas sôbre o arco da porta
principal. Foram executadas no local com o mesmo material de revestimento”.
FERNANDO CORONA “José Di Francesca s” in Espaço
nº 4 - dez.1949
Fig. 09 – A pessoa, a figura e a obra multifacetada
de José de Francesco (1895-1967) sempre fascinou Fernando Corona[1].
Modelou as feições deste perpetuo irrequieto, falante e expressivo artista típico emergido do meio
cultural de Porto Alegre[2].
Ao mesmo tempo tornou-se um colecionador da obra[3]
deste pintor, empresário do cinema, da publicidade e da decoração. Na sua
interptação busca formas mais livres e expressivas do que o arquétipo do “OVO”
A obra escultórica e
arquitetônica, de Fernando Corona, inscreveu-se num círculo sincrônico de uma estirpe de
intelectuais sul-rio-grandenses de primeira linha. Desse círculo existe uma
amostra na Comissão de Folclore, instaurada em Porto Alegre em 1950 por Dante
Laytano. Nessa Comissão figuravam Adão Carrazoni, Ângelo Guido, Athos Damasceno
Ferreira, Darcy Azambuja, Elpídio Ferreira Paes, Ênio de Freitas e Castro,
Fernando Corona, Guilhermino Cesar, Luis Carlos Moraes, Mário Azambuja,
Manoelito de Ornellas, Moyses Velhinho, Otelo Rosa e Walter Spalding. Esses
nomes constituem índice do meio cultural no qual se elaborou e a obra desse
escultor e professor de escultura
[1] Fernando
Corona escreve em 1931 no seu Diário “Estudava anatomia e desenhava a noite com um grupo
de rapazes orientados pelo pintor Augusto Gabrielli. Aí conheci um homem, (era
rapaz como eu) de uma humildade como jamais havia visto. Chamava-se José de
Francesco e falava espanhol comigo por haver vivido com seus pais na República
Argentina. Era tão humilde que tremia as
mãos quando alguém chegava perto do lugar onde ele estava a desenhar modelo
vivo. Minha amizade por ele era sincera e o foi a vida toda, até a sua morte.
Nunca abandonei a carreira de José de Francesco. Como ele não chegou a entender
o segredo da pintura e como seu desenho fosse precário, seus quadros eram
ingênuos. Fiz muitas exposições aqui, no interior do estado e na Argentina e
Uruguai. Nunca o perdi de vista”.
[3] - Obra de José de Francesco da coleção de Fernando
Corona doado ao MARGS http://www.margs.rs.gov.br/catalogo-de-obras/J/16863/
Fig. 10 – O Adolfo STÜFFEL [1]
era um eterno presente nas manifestações de arte em Porto Alegre posteriores da
II GUERRA. Ele sobrevivera ao holocausto nazista onde perdeu os pais. Fernando Corona modelou o seu inconfundível
perfil. No Instituto de Arte Adolfo
era alguém que estimulava com sua presença respeitosa e civilizada e aproximava
colegas, gerações e as mais diversas manifestações de arte. Na obra de Fernando
Corona os retratos de DI FRANCESCO e de Adolfo STUFFEL são índices das buscas
estéticas e humanas. Ao mesmo inscrevem sua busca dos propósitos das pesquisas
antropológicas e estéticas que a Comissão de Folclore incentivava, em 1950 em
Porto Alegre[2].
[1] Adolfo STUFFEL por Joã
Fahrion http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/pintura/pintura/joao-fahrion/image_view_fullscreen
[2] - Arte em PORTO ALEGRE após
1945 http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/07/arte-no-rio-grande-do-sul-11.html
Fig. 11 – O retorno à forma arquétipo do “OVO” na modelagem a cabeça de Picasso trabalho com as mãos, com devidas
ferramentas, era o contraponto do intelectual e a convergência com o qual
o mestre Fernando Corona agia como
perpetuo aprendiz e incansável pesquisador
Fig. 12 – O desafio de subir os andaimes com idade
próxima dos 80 anos e modelar esta figura na parede externa da fachada da
igreja maronita de Porto Alegre é índice múltiplo do universo e da estética
de Fernando Corona. Índice que
revela o aprendiz perpétuo e incansável. São Índice de sua devoção à sua esposa
Venuta Rossi Corona de quem toma imagem da face para emprestá-la a Nossa Senhora do
Líbano. Esta escultura da fachada do
templo é um dos índices do profundo casamento entre a Arquitetura e a obra de
Arte que Fernando Corona defendia e sempre praticava.
Quem contempla a imagem da Nossa Senhora do Líbano[1]
modelada na fachada da mesma igreja, sobre a rua Jerônimo Ornellas, percebe que
essa obra não é uma eclética mistura de estilos. Modelou essa obra diretamente na fachada, aos 77
anos, enfrentando a altura e os dias mais frios do ano. Deixou-nos, nessa obra,
outra amostra da sua lição de que a escultura resulta do arquétipo de forma do
ovo.
5.5 - FONTES BIBLIOGRÁFICAS RELATIVAS à PRESENTE
NARRATIVA.
ALVES de Almeida,
José Francisco (1964). A Escultura
pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto
Alegre : Artfólio, 2004 246 p.
ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres:
Calmann-Lévy 1983. 369 p. https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne
BECKER, D. João. A Cathedral Metropolitana de
Porto Alegre. Sétima Carta Pastoral.
Porto Alegre : Selbach, 1919. 73p
BELLOMO, Harry
Rodrigues (Org). «A produção da estatuária funerária em Porto Alegre» in Rio Grande do Sul: aspectos da cultura.
Porto Alegre: Martins Livreiro,
1994. pp. 63/91.
BITTENCOURT, Gean Maria. A
Missão Artística Francesa de 1816. (2a ed) Petrópolis: Museu da Armas Ferreira da Cunha,
1967, 147p.
CANEZ, Anna Paula. Fernando
Corona e os caminhos da arquitetura moderna
de Porto Alegre. Porto Alegre : Faculdades Integradas do Instituto
Ritter dos Reis, 1998 209 p. ilust.
CORONA, Eduardo e LEMOS Carlos Dicionário da
Arquitetura Brasileira _ São Paulo: ADART 1972, 472 p
DOBERSTEIN, Arnoldo
Walter. Porto Alegre (1898-1920):
estatuária fachadista e monumental,
ideologia e sociedade. Porto Alegre: PUC-IFCH, 1988, 208 f. Dissert.
____. Porto
Alegre 1900-1920: estatuária e ideologia. Porto Alegre: Secretaria
Municipal de Cultura, 1992. 102p.
____. Rio
Grande do Sul (1920-1940): estatuária, catolicismo e gauchismo. Porto
Alegre: PUC-Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 1999. 377f.
FRANCESCO, José de. Reminiscências
de um artista. Porto Alegre; s/editora. 1961.
GODOY WEISZ, Suely de , «Rodolfo Bernardelli: um perfil do homem e do
artista segundo a visão de seus
contemporâneos» in 180 anos de Escola de
Belas Artes. Anais do Seminário EBA
180. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. pp.
233/258.
MARANGONI, Matteo Aprenda a ver: como se contempla uma obra de arte, São Paulo:
instituto Progresso Editorial, 1949, 231
p. (Coleção Minerva)
MONNIER, Gérard. L’art et ses institutions en France: de
la Révolution à nos jours. Paris:
Gallimard-Folio-histoire, 1995. 462p.
MONTEIRO,
Charles. Porto Alegre: urbanização e modernidade: a construção social
do espaço urbano. Porto Alegre :
EDIPUCRS, 1995. 153 p.
MONTEIRO,
Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald
(1882-1971): pintor da luz e dos
Reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge, 2000. 229 p.
PEVSNER, Nikolaus. Las academias de arte: pasado y presente. Madrid
: Cátedra. 1982. 252p. – (edição brasileira - Academias de Arte: passado e presente. São Paulo, Companhia das Letras, 2005).
SEELINGER, Helios
(1878-1965) “Um Centro de Arte- O
Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul”. Rio de Janeiro: Boletim de
Belas Artes ENBA, nº17, 05.1946,
p.157
SIMON, Círio. Conceito
pedagógicos de Fernando Corona (1895-1979) in Artes plásticas no Rio Grande do Sul: pesquisas recentes – Porto
Alegre: Ed. UFRGS, 1995, pp.63-83
TAYLOR , Frederick Winslow (1856-1915). Princípios de
administração científica. 7a
. ed. São Paulo : Atlas, 1980, 134 p.
VACCANNI,
Celita. Escultura contemporânea
norte-americana: pesquisa didática sobre métodos de ensino. Rio de Janeiro:
ENBA, 1955, 151 p.
WEBER,
Max. Sobre a universidade. São
Paulo: Cortez, 1989. 152 p.
5.6 - FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS RELATIVAS à PRESENTE NARRATIVA
Arquivo do IA-UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/?sf_culture=pt
Fernando Corona
Fernando Corona e os espanhóis no Sul
do Brasil em
Fernando Corona na Pinacoteca http://www.ufrgs.br/acervoartes/artistas/c/corona-fernando
Jesus Maria Alonso Corona http://www.ufrgs.br/acervoartes/artistas/c/corona-jesus-maria
Luís Fernando Corona http://www.ufrgs.br/acervoartes/artistas/c/corona-luis-fernando
Fernando Corona - O INCA http://www.margs.rs.gov.br/catalogo-de-obras/F/16188/
MARGS – Núcleo Documental e
Bibliografico http://www.margs.rs.gov.br/nucleo-de-documentacao-e-pesquisa/
Obras do espanhol FERNANDO CORONA como agente ativo
e identificado positivamente com a cultura do Rio Grande do Sul.
Continuação e
complemento de Artes Visuais sul-rio-grandenses
FERNANDO CORONA - CAMINHADA NAS
ARTES –
[1] - "A Volta do escultor"
in Correio do Povo Porto Alegre:
Companhia Caldas Júnior. 01.07. 1973.
http://www.mubevirtual.com.br/pt_br?Dados&area=ver&id=498
Postagens
deste blog relativas a Fernando CORONA
1 - ICONOGRAFIA SUL-RIO-GRANDENSE. Obras de FERNANDO CORONA como
agente ativo e identificado positivamente com a cultura do Rio Grande do Sul.
2
- INSTITUTO
de EDUCAÇÃO FLORES da CUNHA - PORTO ALEGRE -RS
3 - ¿ QUEM FOI FERNANDO CORONA (1895-1979) ?. http://profciriosimon.blogspot.com.br/2017/04/200-estudos-de-arte.html
4 - FERNANDO CORONA – ESCULTOR
5 - FERNANDO CORONA - ARQUITETO
6 - FERNANDO CORONA - PROFESSOR
7 - FERNANDO CORONA - MEMÓRIA
8 - FERNANDO CORONA - CRONOLOGIA
9- FERNANDO CORONA - SUMÁRIO
das POSTAGENS do BLOG
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio
financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é
editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação
histórica deste idioma.
NORMAS
do CREATIVE COMMONS
ASSISTÊNCIA TÉCNICA e DIGITAL de CÌRIO JOSÉ SIMON
Referências para Círio SIMON
E-MAIL
SITE desde 2008
DISSERTAÇÃO: A Prática Democrática
TESE: Origens do Instituto de Artes da
UFRGS
FACE- BOOK
BLOG de ARTE
http://profciriosimon.blogspot.com.br/
BLOG de FAMÌLIA
BLOG “ NÃO FOI no GRITO” - CORREIO BRAZILENSE 1808-1822
BLOG PODER ORIGINÁRIO 01
BLOG PODER ORIGINÁRIO 02 ARQUIVO
VÌDEO
CURRICULO LATTES
Nenhum comentário:
Postar um comentário