sexta-feira, 4 de maio de 2018

230 – ESTUDOS de ARTE

JUDITH FORTES.  

SUMÁRIO
01 Judith FORTES e a poesia de exportação  -  02  Uma ilustre desconhecida  - 03 O MODO de Judith FORTES  SER ARTISTA  - 04  O TEMPO, LUGAR e a SOCIEDADE de JUDITH FORTES  05 O TEMPO POLÌTICO de JUDITH FORTES   - 06  O LUGAR de JUDITH FORTES  -07 A SOCIEDADE de JUDITH FORTES - 08 A memória de Judith FORTES se ECLIPSA - 09 A estética e profissionalismo de Judith FORTES resistem.  - 10  O sentido das pesquisa, estudo e circulação da obra e pessoa de Judith FORTES 11  -- Etapas da institucionalização da obra de Judith FORTES - 12 -  A pesquisa das obras de Judith FORTES apenas está nos seus primórdios   - CONCLUSÕES – DIRECIONAMENTO da ACHADOS e FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS
Fig. 01 –  Obra de Judith FORTES  num leilão de arte da Suíça  O pouco conhecimento e as raras obras desta artista - ativa em Porto Alegre na primeira metade do século XX - são índices do muito esforço e dedicação extrema era ser pintora na capital do Rio Grande do Sul numa época onde tudo estava a ser feito na artes visuais locais. 


01 -Judith FORTES e "Poesia de Exportação"  -


Todos sonham em ter um país competente para exportar a sua arte e sua poesia. Porém quando esta exportação acontece de fato e direito, ninguém consegue garantir a origem, o histórico e valor local desta artista aceita em outra cultura e nação.

Este fato aconteceu com a artista sul-rio-grandense Judith FORTES cuja obra  apareceu, de repente, num leilão de arte da Suíça.
Natural seria  que o  adquirente, desta obra, procurasse informações em Porto Alegre e no  sistema de artes para conhecer um mínimo da biografia da artista. Porém: ¿ a quem se dirigir e onde procurar ? 
Fig. 02 –  O silencio da modelo é amplamente compensada prelo meio pictóricos que Judith FORTES dominava e que usava com autonomia e com personalidade própria  Este silêncio parece  que prefigura a falta de informações que reina sobre a pessoa da artista e em relação à sua memória.

02  Uma ilustre desconhecida.

Na verdade o objetivo, da presente postagem, é desvelar algo que tenha alguma  relação com a artista sul-rio-grandense JUDITH FORTES. Não se conhece sua foto, suas exposições individuais ou mesmo até quando permaneceu ativa. Assim se faz uma resenha das obras que o autor conhece até o momento.

Fig. 03 –  Os índices da passagem do tempo que se depositaram sobre o tema desta obra de Judith FORTES que ela capta e poetiza em traços, cores e sobras grises.  Assim não e o tema que cria esta obra. Esta obra se estrutura e mantém no tempo devido  ao pensamento da artista que seleciona rigorosamente os seus meios plásticos para apresentar ao expectador algo que é universal e ao mesmo tempo profundamente particular, único e pessoal.

É necessário juntar uns parcos registros e meia dúzia de obras dispersas - inclusive agora na Suíça - e através delas buscar traços das fontes do pensamento. Não se pretende entrar pelo campo da vitimização, da discriminação ou outros atributos extra artísticos.  O nome de Judith FORTES parece conter a resposta e as sua OBRAS e  conferem aval a que seja considerada alguém digna do SEU MODO de SER ARTISTA.

Fig. 04 –  A jovem sorridente que foi o tema desta obra de Judith FORTES  nos transporta ao um mundo subjetivo e único  O pouco conhecimento e as raras obras desta artista ativa em Porto Alegre na primeira metade do século XX são índices do muito que representa ser pintora na capital do Rio Grande do Sul numa época onde tudo estava a ser feito na artes visuais locais. 


Judite Fortes nasceu em Porto Alegre no dia 18 de setembro de 1904 e era filha de Bernardo Gonçalves Fortes.
 Ela ingressou cedo na Escola de Artes do ILBA-RS, em 1916[1] e que ela concluiu em 1922[2]. Nesta Escola ela exerceu o papel de professora substituta em várias ocasiões[3]  e foi de membro das bancas de final de ano[4]. Em dezembro de 1938 ela enfrentou um sério revés  profissional no IBA-RS, pois o seu nome foi preterido na cadeira de Anatomia Artística [5]  face ao de Luiz Maristany de Trias[6]. Mas o fato parece que não a indispôs contra o IBA-RS, pois em 1942 estava contribuindo com uma obra sua[7] para construir o prédio do Instituto. Ela mantinha aberto um curso de Desenho para a preparação do seu vestibular, na frente a sede do Instituto [8]. Veio a falecer em 1964[1]





[1] _ Data falecimento fornecido por Paulo Gomes com  informação de Flávio Krawczyk


03 - O MODO de SER ARTISTA  de Judith FORTES   

Judith FORTES manteve uma alta, sensível e forte expressão de autonomia como artista. Ela sabia que não é a condição feminina que torna alguém artista. No contraditório não há registro de que Judith FORTES tenha transformado o seu gênero em bandeira, diferencial ou dispensa dos difíceis cânones que pesam sobre as obras de alguém que possui o projeto de ser artista. Um dos índices da seriedade de seu projeto de SER artista pode ser visto na  sua escolha de enfrentar o duro e árduo estudo, numa instituição erudita de artes. Evidente que pagou muito caro esta sua escolha.



[1] - Relatório do ano de 1916 de Libindo Ferrás{019Relat Fontes do Arquivo do IA e pasta arquivo nominal e pessoal da aluna }
[2] - Relatório do ano de 1916 de Libindo Ferrás{019Relat}
[3] Relatório do presidente Marinho Chaves de 1922
[4] Atas de exames da Escola de Artes (1911-1936)
[5] - Judite Fortes se inscreveu no dia 10 de dezembro de 1938 para concorrer para docente da cadeira de Anatomia Artística.   Livro-Caixa (borrador) do Instituto . Dia 10.12.1938.
[6] -  Luiz Maristany de Trias também se inscreveu no mesmo concurso para a mesma cadeira. Não há registro da realização do concurso. Contudo Trias ocupava a cadeira de Anatomia Artística, desde o dia  06 de junho de 1938, conforme  Offício nº 353, acompanhado de 2ª via do contrato” que lhe foi remetido com essa data. Livro nº 1 do protocolo do I.B.A iniciado em 28.4.1936, p. 24. {067OFIC} . O certo é que Maristany de Trias continuou a lecionar a disciplina de Anatomia Artística,  enquanto o nome de Judith Fortes não consta mais, depois disso, na relação de docentes do Instituto.
[7] - Catálogo da Grande Exposição de Belas Artes – Março de 1942. {079Obr]
[8] - Depoimento oral da ex-aluna do Curso de Artes Plásticas do IBA-RS,  Cecília Zingano Amaral, ao pesquisador .
Fig. 05 –  Um logo da ESCOLA de ARTES de 1914 do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul no qual  Judith FORTES ingressou em 1917.  Neste ano o quadro docente era constituído apenas por Libindo Ferrás que lecionava todas as disciplinas ao pequeno grupo de estudantes. As bancas externas permitiam contatos com as opiniões do artistas locais como Pedro Weingärtner e eventos artistas em trânsito por Porto Alegre  
A sua segurança e determinação também podem serem vistas no fato de abrir e manter uma escola particular de artes[1] na frente da escola na qual ela mesma se formara.

Judith FORTES confia na sua autonomia e materializados na sua obra que ela constrói com todo desvelo. Desvelo próprio e impregnado pelos seus DIAS, na sua CIDADE e nas PESSOAS que a cercavam.



[1] Depoimento oral da ex-aluna do Curso de Artes Plásticas do IBA-RS,  Cecília Zingano Amaral, ao pesquisador
Fig. 06 –  A falta evidente de um contrato social, político e econômico atingiram a frágil Escola de Artes do IBA-RS e que assim esteve a mercê das circunstância politicas, econômicas da capital do Rio Grande do Sul. A sua mantenedora, o instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul   era o único no gênero  em funcionamento continuado desde o dia 22 de abril de 1908.  
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04 -  O TEMPO, o LUGAR e a SOCIEDADE de JUDITH FORTES

O que particularmente chama atenção é a sua constante interação com aqueles que haviam frequentado a mesma Escola de Artes e com o meio artístico de Porto Alegre. Realiza esta interação pela sua obra e pelo trabalho de ser artista. É o trabalho em comum que constitui a base e uma entidade associativa. Theotônio SANTOS afirma que “o trabalho em conjunto constitui uma classe[1]



[1] SANTOS, Theotônio dos .Conceito de classes sociais. Petrópolis: Vozes, 1982. 81p.
Fig. 07 –  O Salão de ARTES PLÁSTICAS da ESCOLA DE ARTES do IBA-RS , inaugurado no Theatro São Pedro, no dia 15 de novembro de 1929, contou com três obras de Judith FORTES.  Os nomes dos artistas expositores compõem o circulo de pertencimento desta artista.  Entre eles estão vários amadores ou alunos da Escola de Artes e sem grande autonomia estética com reconheceu Ângelo Guido. Este Salão teve pouca sorte, pois o terremoto econômico e político que aconteceram a partir do dia 29 de outubro de 1929 com a Quebra da Bolsa de Nova York,  também se refletiu em Porto Alegre. . 
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Judith FORTES estava presente no Salão de Belas Artes, aberto no dia 15 de novembro de 1929, onde apresentou três obras. Ângelo Guido anotou a sua participação na Revista do Globo (nº 23 de 14.12.1929, p. 05) “Judith Fortes expõe duas cabeças a pastel interessantes pela largueza com que são conseguidos e robustez de cor.... a ex-aluna [da Escola de Artes]  Judith Fortes manifesta  no traço a sua personalidade.”

Judith FORTES foi uma das fundadoras da Associação Francisco Lisboa. Esta agremiação de artistas visuais  nasceu em agosto de 1938 e foi aquela de maior continuidade[1] entre as demais que surgiram em Porto Alegre. Fundada nove meses após a proclamação do Estado Novo[2], os seus integrantes procuravam fazer do seu ofício, como trabalhadores especializados, a razão de sua união. Essa intenção Kern registrou (1981, f. 113). A Associação Francisco Lisboa foi fundada com o objetivo de reunir os artistas que se encontram isolados e que tem dificuldades para se fazer conhecer seus trabalhos. Ao acompanhar a nominata dos seus fundadores constata-se a presença significativa de integrantes do IBA-RS. A sua primeira formação era constituída por:
um grupo de jovens artistas: João Faria Vianna, Carlos Scliar, Mário Mônaco, Edla Silva, Nelson Boeira Faedrich e Gaston Hofstetter. Nesse mesmo ano ingressam Guido Mondin, João Fontana, Arnildo Kuwe Kindler, João Fahrion. Judith Fortes, José Rasgado Filho, Gustav Epstein, Mário Berhauser, Júlia Felizardo e Romano Reif.” (KERN. 1981 ff. 112 e 113).
Nessa lista é possível verificar que todas as artistas frequentaram a Escola de Artes do ILBA e ali concluíram o curso superior. Assim, Judite Fortes o concluiu  em 1922[3],  tendo ingressado em 1916[4]  Depois exerceu o papel de professora substituta em várias ocasiões, membro das bancas de final de ano e presença constante nos salões promovidos por esta entidade.


[1] - SCARINCI, Carlos «Da Francisco Lisboa ao Pseudo-Salão Moderno de 1942» in Correio do Povo, Caderno de Sábado, Volume CVI, Ano VIII,  no 606, 08.03.1980,   pp 8/9.

[2] - Carlos  Scarinci escreveu (1980, p.8, col.1)  Os objetivos da nova entidade não podem ser definidos como uma  tomada de posição de classe, mas sua criação coincide quase com a transformação da Associação Paulista de Belas Artes em Sindicato dos artistas políticos(1937) que coincide  também com as orientações sindicalistas do Estado Novo recentemente implantado”.

[3] - Relatório do ano de 1916 de Libindo Ferrás{019Relat}
[4] - Relatório do ano de 1916 de Libindo Ferrás{019Relat}
Fig. 08 –  Judith FORTES obteve, em 1938, da UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE o reconhecimento do seu Curso Superior  concluído em 1922, na Escola de Artes do IBA-RS.  Tratava-se de qualificar o corpo docente no âmbito universidade e para efeito de concurso para a cátedra em Artes Visuais. Com a sumária e repentina exclusão do IBA-RS da Universidade de Porto Alegre este projeto não prosperou.    O musico e advogado Tasso Corrêa[1] usou todos seus conhecimentos e influências - locais e nacionais  - para superar este impasse, do seu modo. De fato, tudo estava a ser feito nas artes visuais locais no Rio Grande do Sul neta época de profundas mudanças. Com profissionais reconhecidos no meio cultural de Porto Alegre para formar uma equipe que se conduziu pelas normas da universidade brasileira. Judith FORTES no foi aproveitada apesar de ter obtivo o seu diploma pela UPA. Ela Permaneceu autônima com o seu curso de Artes Visuais,  aberto em frente ai prédio do IBA e para onde Tasso Corrêa encaminhava os candidatos ao vestibular do IBA-RS 
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Em 1939 Judith FORTES participava do Salão de Belas organizado pelo INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL.

Fig. 09 –  O Salão de Belas Artes de 1939 - realizado pelo IBA-RS - antes de mais nada é um grito de autonomia deste instituto excluído no dia 05 de janeiro de 1939 da Universidade de Porto Alegre.  Este evento marca o início da afirmação e hegemonia das ARTES VISUAIS neste ambiente erudito. Em pouco tempo os artistas visuais começaram a superar numericamente e nas suas iniciativas o papel que antes era exercido no IBA-RS. Multiplicaram-se as ofertas de cursos, de contratos de docentes e turmas de estudantes selecionados em apertados e concorridos vestibulares. Esta dinâmica interna se traduziu em prédios e projetos de expansão externa e que ainda são as marcas do atual Instituto de Artes após o seu regresso ao seio da Universidade Federal no dia 30 de novembro de 1962.

Um destes quadros da exposição de 1939 foi enviada ao XLVI Salão Nacional de Belas Artes. É precisamente  esta obra que foi objeto do leilão na Suíça em 2018.
CENTRO CULTURAL da SANTA CASA de PORTO ALEGRE http://www.centrohistoricosantacasa.com.br
Fig. 10 –  O Retrato de ARCHIMEDES FORTINI[1] como provedor da SANTA CASA de PORTO ALEGRE realizado por Judith FORTES.   A saúde e a arte sempre tiveram estreitos vínculos. Parece que o medico mantem e restaura a saúde do paciente para que este possa apreciar o que mais nobre e permanente a criatura humana produz, ou, senão ele mesmo, experimentar a sua própria criatividade que o colocam acima da Natureza dada. O dinâmico jornalista Arquimedes Fortini parec ter comprrendido esta dimensão.   . 

05 - O TEMPO POLÍTICO e CULTURAL  de JUDITH FORTES   -

A primeira metade do século XX encontrou Porto Alegre sob o domínio do primeiro regime republicano brasileiro. É possível encontrar um paralelo entre a produção artística de Judith Fortes e a  ‘curva de Gauss’ formada pela origem, a culminância e o declínio da Primeira República no Rio Grande do Sul. O declínio da obra e especialmente o silêncio que cercam, agora,  o nome de Judith Fortes e as suas realizações da pintura possui algo em comum com o PRR e sua definitiva abolição no Estado Novo em 10 de novembro de 1937.
Fig. 11 –  As atividades, os objetos e o ambiente doméstico inspiraram esta  obra de Judith FORTES. Porém as finas e delicadas cores do pastel   nos transportam ao um mundo subjetivo e único apesar da infinitas obras que tiveram este mesmo tema  O tema é secundário nesta criação visual.  Importa o pensamento tranquilo e inquiridor da artista na busca da cor, das formas e da atmosfera adequada que estes meios plásticos geram e transmitem ao público da obra.

O mercado de arte, os artigos de periódicos e raros livros se calam em relação à Judith FORTES e a sua obra. Ela simplesmente recebeu o um alfinete nas costas e foi espetada no quadro dos ‘pintores de retrato’ e de ‘artistas acadêmicos’.
Fig. 12 –  Libindo FERRÁS foi fundador, diretor e professor da Escola de Artes do IBA-RS entre os anos de 1910 e 1937.  Convidado por Olympio Olinto de Oliveira[1] integrou a COMISSÂO CENTRAL do IBA em 1908 da qual se desvinculou para assumir cargo remunerado na instituição. Porém sempre manteve o cargo, não remunerado de PROVEDOR, do IBA-RS. Com uma dúzia de estudantes na Escola de Artes, e que pagavam o IBA-RS  teve pouca autonomia econômica além do pioneirismo de manter aberto um espaço público da artes visuais em Porto Alegre.

 Judith FORTES perdeu todo  interesse para estes apressados e superficiais. O mesmo destino mereceu a documentação a seu respeito e que assim se perdeu ou escondeu completamente. A esperança é que ela esteja escondida a espera de um pesquisador mais consciente dos calores locais competente para trazê-la ao presente.
FORTES Judith 1896 -  e OBERMAYER - Max - Casa Genta -1943 - Santa Casa POA-RS Pesquisa Mariana Wertheimer
Fig. 13 –  A assinatura de  Judith FORTES no vitral que ela desenhou para a SANTA CASA se PORTO ALEGRE.  É uma assinatura caricterística e ~única pela qual se possui um caminho para desvendar outras obras desta artista silenciosa e inteiramente entregue às artes visuais de Porto Alegre  

06  O LUGAR de JUDITH FORTES

Porto  Alegre constitui uma escolha para um artista visual na medida em que esta capital possui um pequeno circuito silencioso[1] de criadores de uma aere pessoal e que, ara tanto, buscam refúgios nos seus ateliers e ai passam desapercebidos e sem maior alarde.
Se Judith FORTES não escolheu estas circunstâncias a sua fidelidade à cidade lhe permitiu elaborar com as suas cores sóbrias e sensíveis a materialização deste silêncio que envolve a sua obra


[1] ARISTAS VISUAIS SILENCIOSOS de PORTO ALEGRE http://profciriosimon.blogspot.com.br/2011/09/isto-e-arte-007.html

FORTES. Judith 1896 -  e OBERMAYER, Max - Casa Genta -1943 - Santa Casa POA-RS Pesquisa Mariana Wertheimer
Fig. 14 –  Porto Alegre conheceu o renascimento do vitral ao longo da primeira metades de século XX. Arte, artesanato e técnicas industriais se aliaram para apreciável produção do vitral e estudado por Mariana WERTHEIMER nos ateliers de capital do Estado do Rio Grande do Sul.
Judith FORTES deu a sua contribuição para esta arte. A harmonia entre os seus cinzas  cores  contidas foram interpretados pelos técnicos pela abundante grisalha[1] e distribuição das cores . Os traços preciosos e expressivos combinaram com as barras de chumbo determinando o contorna da figura e o seus traços expressivos. De outra parte o ambiente de uma Santa Casa com suas dores e sofrimentos encontram alguma transcendência e lenitivo na luz dominada e filtrada por esta obra. 
-07 A SOCIEDADE de JUDITH FORTES  -

 A classe média que cercou a origem, a formação e obra aduro de  Judith FORTES tinha referenciais estéticas muito resumidas e orientados para um pragmatismo evidente. A pintura de retratos, de natureza morta e raras obras sacras da pintura é simétrica a este universo cultura da capital de província que caminha nas pontinha dos pés para se colocar a altura desta estética incipiente, mediada e rala.

    Apesar de todo aparato mediático que pode cercar e projetar uma pessoa, são os seus pensamentos que permanecem. Permanecem na medida da cultura, da saúde e das instituições da civilização.

Fig. 15 –  A geração dos colegas de Judith FORTES  na ESCOLA de ARTE do IBA-RS.  Antes da Universidade e do seu vestibular o estudante ingressava, com a autorização dos pais, quando sabia ler e dominava as quatro operações básicas da Matemática.  Ali estudava arte no turno inverso da escola onde estivesse matriculado. Era  admitido no CURSO RELINAR ou então pleiteava o grau no qual queria estudar e se submetia a uma banca externa para comprovar a suas capacidade para o CURSO MÉDIO. Após uma serie de bancas em todas disciplina, atingia o CURSO SUPERIOR. Esse reunia a atual GRADUAÇÂO e LICENCIATURA ao MAGISTÈRIO do DESENHO. A frequência  às AULAS era livre.  porém necessárias para as severas bancas externas 
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09 A estética e o profissionalismo de Judith FORTES resistem.

Antes de submeter a obra de Judith FORTES ao rolo compressor e descarte sumário é necessário entender as circunstâncias, o projeto e os limites que a artista de impôs na sua autonomia. O estudioso e o critico consciente e despido de outros interesses possui esta  atenção á uma obra regional. Ele é competente para situá-la  no tempo,  no espaço e na cultura de sua origem. Competente também para protegê-la dos grandes e fortes paradigmas estéticos dominantes. Paradigmas, que na maioria das vezes, resultam  de fortes impulsos e traços de uma cultura a serviço do colonialismo  e movidos por interesses extra estéticos.

A obra de Judith FORTES permite vislumbrar um humanismo que a cultura planetária atual carece. Porém antes deste elevado ideal a  estética e o profissionalismo de Judith FORTES resistem. Elas resistem  devido ao pensamento  que a sua autora os dotou no momento da sua construção formal. Esta obra se defende sozinha no mundo por meio desta natureza intrínseca da sua construção formal.
Fig. 16 –  O cuidado profissional com as sua é visível no verso do quadro em leilão de Judith FORTES na Suíça (fig. 01)   A assinatura consta tanto no verso da moldura como da pintura. Além distocarrega o carmbo de exposição no IBA-RS em 1939 como no Salão Nacional de Belas artes do Rio de Janeiro
  Capa do catálogo do XLVI Salão Nacional de Belas Artes   http://www.budanoleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=1647265
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- 10  O sentido das pesquisa, estudo e circulação da obras de Judith

Se uma obra de artes apareceu no mercado de arte da Suíça isto não significa que ela possui pretensões na rede planetária. Poderá vir a ser na medida em que ela tiver um pesquisa séria, consequente e coerente com a sua origem e sentido de sua existência.

No mínimo ela é uma referência na rede de interações, personagens e obstáculos que ela transpõe em algumas parcas obras para sobreviver e vencer o tempo que lhe foi concedido.

De outro lado a raridade de obras desta artista é um fator de busca e consequente consolidação do valor patrimonial que representa constituição  fazendo falta numa elação de Judith FORTES como o IA.
Fig. 17 –  As duas obras de Judith FORTES  com o mesma tema são índices das dúvidas, pesquisas e das etapas que a mesma tendência est´tic permitem. O pouco conhecimento e as raras obras desta artista ativa em Porto Alegre na primeira metade do século XX são índices do muito que representa ser pintora na capital do Rio Grande do Sul numa época onde tudo estava a ser feito na artes visuais locais

11  -- Etapas da institucionalização da obra de Judith FORTES -

É necessária muita atenção na busca e na sistematização das poucas referências disponíveis em relação a  Judith FORTES. O arquivo geral do Instituto de Artes da UFRGS[1] guarda algumas informações de sua passagem pela ESCOLA DE ARTES.

A sua FORMAÇÃO ARTÍSTICA institucional iniciou as 13 anos ao  se se matricular no 13.03.1917 no Curso Preliminar da Escola de Artes. Atinge no Curso Médio de Pintura em 1919. No ano de 1920 ela está no 1º ano do Curso Superior. Conclui o Curso Superior  em 01.12.1922, submetendo-se a banca de Francis Pelichek, Francisco Bellanca  e Libindo Ferrás obtendo grau 10 em Desenho Figurado.

Na sua AÇÃO ARTÍSTICA institucional ela  faz parte da banca examinadora da Escola de Artes, no dia 30.11.1923 ao lado de Ricardo Machado, Pelichek e Ferrás. Apresentou trabalho na Exposição de Desenhos promovida, em 24.11.1928.  pelo Instituto de Artes. Concorreu com três obras ao Salão de Belas Artes da Escola de Artes do IBA-RS realizado no Theatro São Pedro aberto no dia 15.11.1929.

Judith FORTES inscreveu-se, no dia 10.12.1938, no concurso para professora catedrática de Anatomia Artística do Instituto. Como comprovante apresentou como credenciais haver lecionado Desenho no Instituto Júlio de Castilhos e Paula Soares. O diploma do seu curso superior foi-lhe concedido pela Universidade de Porto Alegre, no dia 12.05. 1938 e renovado em 16.12.1958.

O que é de se notar, que na passagem institucional Judith FORTES pela ESCOLA DE ARTES, não há registro de elogios fáceis nem prêmios. Certamente o que não é de esperar numa universidade é o elogio fácil e nem a premiação que não passa, muitas vezes, de encenações que nada tem em comum com a obra produzida.

Até o momento parece que a presente postagem seja o primeiro texto publico exclusivamente dedicado à obra e à pessoa de Judith FORTES. Não se encontrou nenhum registro de uma exposição individual, crônica pública ou crítica especifica dedicada exclusivamente à ela ou produção visual. Ela não possui obra no acervo do MARGS e nem é registrada em algum dicionário de Artes Plásticas Assim torna-se mais surpreendente o aparecimento de uma obra sua no mercado de arte europeu.

Fig. 18 –  Uma das caraterísticas as obras de Judith FORTES e a falta de um TÍTULO PRECISO e UNIVOCO  apesar do tema evidente e legível. O título genérico de “CIGANA”,  pode induzir ao pensamento da autora “ minhas obras são construídos raços, linhas e cores e o meu objetivo é que você observe esat construção pictórica” ,. O titulo PRECISO e UNIVOCO  poderia ser um ruído neste pensamento da pintora.

12 -  A pesquisa das obras de Judith FORTES apenas está nos seus primórdios  - CONCLUSÕES – DIRECIONAMENTO da ACHADOS.

A presente postagem busca outros registros em relação à obra e a pessoa de Judith FORTE.  A arte está em QUEM PRODUZ.  Trabalha-se para que a OBRA não supere e obscureça a sua AUTORA.

 Evidente que as poucas e as avaras informações deste ENTE são preciosas no seu modo de SER pintora artista. De outro lado,  a  PESSOA da AUTORA continua ser um desafio para os pesquisadores das artes visuais de Porto Alegre.

Estas informações são preciosas não só para a artista. Elas formam uma rede de dados relativos à classe média que cercou a origem, a formação e a obra madura de Judith FORTE. A obra de arte carrega sempre, no seu mínimo material, o máximo de informações dos sentimentos, conhecimentos e vontades possíveis numa determinada época, local e sociedade que a  PESSOA da AUTORA viveu.

Na conclusão é necessário reconhecer a verdade bíblica de que “NENHUM PROFETA É BEM RECEBIDO na sua PRÓPRIA TERRA”. A artista Judith FORTES também não foi bem recebida na sua própria terra. Foi necessário que um estrangeiro suíço  descobrisse  as qualidades de uma das  obra para que ele chamasse atenção aos conterrâneos da pintora. Qualidades que o estrangeiro percebeu pelo fato concreto de que ela foi fruto das limitadas circunstâncias de sua terra. De fato a sua formação, a sua produção estão no limites daquilo que Porto Alegre podia oferecer naquela época. Evidente que Judith tinha alguma atualização de sua inteligência em relação ao mundo externo de sua época. No entanto o que salva sua obra não é esta inteligência atualizada mas a pesquisa plástica e pictórica de sua obra.

Diante destas conclusões realiza-se um chamado aqueles que forem detentores de informações relativas à pessoa e à obra de Judith FORTES. Para não desperdiçar estas frágeis e raras informações, recomenda-se encaminhar para o ARQUIVO do Instituto de Artes da UFRGS que possui o maior acervo de dados relativos à Judith FORTES.

Endereço. ARQUIVO do INSTITUTO de ARTES da UFRGS[1]
Ria Sarmento Leite, n} 550 CEP  90.050-100 Porto Alegre- RA

 Fones+55 (51) 3308 3391 - 3308 3563
E-mail: ahia@ufrgs.br  Home page:nwww.ufrgs.br/artes/arquivo

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
GUIDO,  Ângelo et BARROS, Fábio ‘O Salão da Escola de Belas Artes’. Porto Alegre: revista da Globo ano I nº  23 14.12.1929 pp.05-07

KERN, Maria Lúcia Bastos. Les origines de la peinture "Moderniste” au Rio Grande do Sul - Brésil. Paris : Université de Paris  I- Panthéon.Sorbonne , tese, 1981. 435 fls.

SANTOS, Theotônio dos .Conceito de classes sociais. Petrópolis: Vozes, 1982. 81p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

ARTISTAS VISUAIS SILENCIOSOS de PORTO ALEGRE

CENTRO CULTURAL da SANTA CASA de PORTO ALEGRE

Endereço e localização do ARQUIVO IA-UFRGS

OBRA de Judith FORTES em COLEÇÂO SUIÇA.
A OBRA
[frente – verso]
Exposta no Salão do IBA-RS Nov. 1939 e no XLVI Salão Nacional de Belas Artes

Judith FORTES na PINACOTECA do IA-UFRGS

GRISALHA

ÍNDICES do SALÂO de 1929 da ESCOLA de ARTES do IBA-RS

O PENSAMENTO de  OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA

PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA

PINACOTECA RUBEM BERTA

Referência ARTE SACRA – Santa Casa

Origens do INSTITUTO de ARTES da UFRGS : ( Parágrafo no texto  da  versão 2000)   3.7.15 – 5.12.9
SIMON, Cirio  - Origens do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..- versão 2012. em DVD
Disponível digitalmente:  


[1]  Endereço e localização do ARQUIVO IA-UFRSG  http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/page/contato

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Um comentário:

  1. Só nos resta o agradecimento. Mais uma vez, obrigado porf. Círio. Arnoldo Doberstein.

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