quarta-feira, 27 de abril de 2016

168 – O PENSAMENTO de TASSO CORRÊA

O PENSAMENTO de TASSO BOLÍVAR DIAS CORRÊA
ASSUME as FUNÇÕES de LÍDER.


. 14 – APOIO DISCENTE a TASSO CORRÊA

..15 - O CONTRATO CONTROVERSO de  FERNANDO CORONA

. 16 - O DIRETOR ASSUME suas EFETIVAS FUNÇÕES.

Alice SOARES realiza, ao vivo, o retrato de Tasso Corrêa – Revista da Globo, nº 242, dia -26.06.1943,  p. 20
Fig. 36 –  Alice SOARES foi docente do IBA-RS e com carreira de artista plástica profissional em PORTO ALGRE Sob a administração de Tasso Corrêa cuidou de projetos dos seus colegas e depois dos seus estudantes para terem uma visão do mundo da arte por meio de visitas presenciais para países do Rio da Prata e do Brasil.   Era prima do cantor brasileiro Dorival Caimi.

14 – APOIO DISCENTE a TASSO CORRÊA.

Tasso Corrêa percebeu e ativou eficazmente o espaço discente no IBAR-S. Ele próprio conferiu um corpo institucional para esta representação no dia 03 de junho de 1932. Agiu como estudante da Faculdade de Direito de Porto Alegre, sob a batuta jurídica do Desembargador André da Rocha e amparado legalmente no Decreto Federal Nº 19.851, de 11 de abril de 1931. Este mesmo corpo institucional, dos estudantes do IBA-RS, foi imediatamente acionado, no dia 24 de outubro de 1933, após a demissão sumária do paraninfo. Este Centro Acadêmico  tomou o seu nome no dia 24 de setembro de 1943.

Na sessão do dia 28 de junho de 1943 as atas registraram um voto de agradecimento à Alice Soares pelo retrato:  “c- Foi apresentado o retrato do Dr. Tasso, patrono de nosso Centro, feito pela colega Alice Soares do 4º ano de Artes Plásticas. Aqui deixo lavrado um voto de louvor e gratidão, em nome do Diretório, à colega Alice A. Soares, pela magnífico trabalho”. ·
O nome do Centro Acadêmico Tasso Corrêa (CATC) rende homenagem ao nome abreviado de Tasso Bolívar Dias Corrêa. Os estudantes do IBA-RS seguiram a tradição, na atribuição do nome de sua entidade de classe, de render homenagem a um dirigente da instituição e costume de outras entidades estudantis de Porto Alegre. Os estudantes do IBA-RS seguiam, neste gesto. o exemplo da Faculdade de Medicina e de Direito de Porto Alegre que se denominam respectivamente Sarmento Leite e André da Rocha [1].



[1] - O Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina rendia homenagem a um dos seus diretores na pessoa de Sarmento Leite. O da Faculdade de Direito foi dedicado ao  seu diretor (1904-1935)  Manoel André da Rocha, em 1942, ano do seu falecimento. Ambos foram membros ativos do CC-ILBA-RS.
Um documento da administração Tasso Corrêa aos cuidados  e guardados no Arquivo do IA-UFRGS
Fig. 37 –  Tasso Corrêa recebe estudantes e professores do INSTITUTO de BELAS ARTES do RS na sua residência situada na esquina da Avenida 24 de Outubro com Av. Felix da Cunha POA-RS. Esta personalização das relações administrativas, docentes, familiares e pessoais constitui um traço herdado por Tasso Corrêa da sua educação no Regime da Republica Velha no qual estes hábitos não conheciam limites e facilmente se misturavam para o bem e para o mal  .



15 - O CONTRATO CONTROVERSO de FERNANDO CORONA.

O contrato de Fernando Corona como professor de um pretendido Curso Superior foi um ato de alta coragem e ousadia da parte de Tasso Corrêa. Fernando Corona não escondia de ninguém que a sua formação escolar não tinha ido além da 4ª série primária. Porém ele possuía uma intensa vida intelectual e cultural reconhecida por todos e expresso num vasto currículo materializado nas suas obras arquitetônicas e escultóricas. 

Um documento da administração Tasso Corrêa aos cuidados  e guardados no Arquivo do IA-UFRGS
Fig. 38 –  A experiência no mundo imobiliário sul-rio-grandense e arquitetônico de Fernando Corona foram de extrema valia para o pensamento de Tasso Corrêa se materializar em  realizações arquitetônicas.  Tasso Corrêa, como músico, soube reconhecer os seus limites nas ARTES PLÀSTICAS. As supriu com a ação de Ernani Corrêa, de Joseph Lutzenberger, Edivaldo Piava e  mediados por Fernando Corona. Por sua vez, este time, trouxe, aos cursos Técnicos e Superiores do IBA-RS, uma plêiade de docentes e estudantes que marcaram época em Porto Alegre.

 Nesta primeira sessão do Conselho Técnico Administrativo do IBA-RS, integrado na Universidade de Porto Alegre, estão presentes apenas professores e docentes do Curso de MÚSICA – antigo Conservatório. A eles foi submetido o concurso e o contrato de professores de ARTES PLÁSTICAS – antiga Escola de Artes. Tasso Corrêa –sob o conselho Manoel André da Rocha- havia eliminado as suas respectivas diretorias e concentrando estas direções em suas mãos.
Manoel André da Rocha já havia renunciado ao cargo de reitor da UPA na data desta sessão do CTA do IBA-RS, em protesto contra o ESTADO NOVO. Ele seguia a esteira do José Antônio FLORES da CUNHA[1] que diante das ameaças da implantação do Estado Novo[2] renunciara ao seu cargo de governador do Estado do Rio Grande do Sul para o qual tinha sido eleito em abril de 1935. Ele havia sido interventor, entre 1930 até 1935, período no qual assinou a fundação da UPA.
A leitura desta ata do CTA-IBA-RS é um índice do clima político e social do Estado Novo com as ações e reações no campo das Artes. Neste clima é coerente o discurso de Tasso Corrêa que  transfigurava “UM VOTO” numa “MERA EXPRESSÃO PESSOAL” e sem arrependimento ou consequências para um decisão que ele já tomara antes.

Termo de abertura
LIVRO de ATAS nº I do Conselho Técnico Administrativo(CTA) do IBA-RS
         Servirá este livro para nelle serem lavradas as actas das sessões ordinárias e extraordinárias do Conselho Technico Administrativo deste Instituto. Contém o mesmo 50 (cincoenta) folhas numeradas d-*e um a cincoenta, rubricadas com a rubrica Tasso que uso.
       Instituto de Bellas Artes da Universidade de Porto Alegre, aos 25 de abril de 1938.
                                  Tasso Corrêa
                                    Director
               Folhas 01 até 05 frente e verso

Acta da primeira sessão ordinaria do Conselho Téchnico Administrativo.
 Em 25-IV-1938

   Aos 25 (vinte e cinco) dias de abril, mil novecentos trinta e oito,  às vinte horas, no gabinete da direcção do Instituto de Bellas Artes da Universidade de Porto Alegre, no prédio onde funciona, presentes o senhor doutor Director e os senhores professores conselheiros Oscar Simm, Antonio Tavares Côrte Real e Nair Sgrillo,  especialmente convocados na forma do Regulamento,  realizou-se a primeira sessão ordinária do Conselho Technico Administrativo com a seguinte Ordem do Dia: a) contracto dos professores Luiz Maristany de Trias, José Lutzenberger e Fernando Corona; b) proposta de aquisição de um piano de cauda; c) organização dos programas e instruções para a realização dos proximos concursos de professor cathedráticos; d) requerimento da alumna Manoela Alves de Oliveira solicitando novo exame. Declarados abertos os trabalhos pelo diretor que, na fórma da Regulamento, os presidia, pediu a  palavra o  conselheiro professor Antonio Tavares Côrte Real para dizer o seguinte.  “Snr. Presidente. Com o offício de dois do mez de Abril corrente, que V. Excia se dignou ouvir-me, considero-me officialmente scientificado da minha nomeação para membro do Conselho Technico Administrativo desta casa. Aceitando tal cargo, faço-o em cumprimento de um dever, imposto pela confiança a mim outorgada pela emérita Congregação deste Instituto e pelo benemérito Governo do Estado. Da arduosidade do cargo dir-nos-à a complexidade dos assumptos a tratarmos. Entretanto,  senhor Presidente, sinto-me confortado pela certeza de que V. Excia e os illustres collegas que integram este Conselho, manterão invariavelmente uma conducta de nobreza, mesmo quando, por ventura, a convicção  de qualquer for abalada por argumento de mais solida razão. Congratulo-me com V. Excias e com  os meus illustres collegas, pela instalação dos trabalhos deste Conselho. Disse.”  - Terminado, o conselheiro Antonio Tavares Côrte Real requereu que, ouvidos os outros membros do Conselho, fossem as suas palavras transcriptas na acta da sessão. Posto o requerimento a votos foi elle approvado, motivo por que se faz a transcripção acima. Ninguem mais desejando fazer uso da palavra, o senhor doutor Presidente declarou que se passava á Ordem do Dia. “Tratando do primeiro assumpto constante da ordem do dia, o snr. doutor Director disse que ha cerca  de treis meses, providenciando no preenchimento provisorio de treis cadeiras vagas do Curso de Artes Plasticas e julgando ser  do interesse do Instituto de Bellas Artes que essas cadeiras fossem entregues a artistas de nomeada, capazes de, pelo seu valor e trabalhos profissionaes, tornar mais prestigioso  o estabelecimento como, aliás, já acontecera no anno anterior, em que algumas dessas cadeiras foram, com grande proveito para o ensino, entregues a profissionaes de innegavel conceito, que, porém, por força da lei das accumulações, optaram por cargos em que tinham maiores vantagens e estabilidade, resolvera indicar para as cadeiras de “Anatomia Artistica”, “Geometria Descritiva e Perspectiva e  Sombras” e “Esculptura e Modelagem”, respectivamente os senhores Luiz  Maristany de Trias, Dr. José Lutzenberger e Fernando Corona, cujas credenciais, na sua opinião,   justificavam plenamente essa indicação. Animado pois, unicamente, pelo proposito de bem attender aos interesses do ensino do Instituto, indicara ao Governo os nomes dos citados profissionais, vastamente conhecidos através dos seus trabalhos. Continuando na sua exposição, o senhor doutor Director explicou que, depois de haver o expediente transitado pelas repartições competentes, foi autorisada a lavratura dos contractos em questão, por despacho do senhor doutor Secretario da Educação e Saúde Pública, datado de 12 do mezcorrente. Entretanto, embóra se tratasse de assumpto tratado por elle,  Director,  antes da nomeação do Conselho, trazia-o a esta reunião, por isso que havia recebido do snr. doutor Reitor da Universidade um officio, datado de 22  do corrente, no qual referindo-se ao despacho do snr. doutor Secretario da Educação e Saúde Pública mandando lavrar os contractos com os profissionais indicados, determinava fossem essas indicações ratificadas pelo Conselho Technico Administrativo, conforme precceitúam os Estatutos da Universidade. Assim, embóra fosse sua opinião pessoal a de que esse assumpto, por ter sido resolvido antes da Constituição do Conselho, escapava à alçada do mesmo, o submettia á ratificação dos senhores conselheiros, em atenção ás determinações da Reitoria. Posto o caso em votação, o senhor conselheiro Antonio Tavares Corte Real pediu a palavra e disse o seguinte: “Justificação de meu voto sobre o contacto dos professores Fernando Corona, José Lutzenberger e Luis Maristany de Trias, respectivamente para as cadeiras de “Esculptura e Modelagem” “Geometria descritiva e Perspectiva e sombras”e “Anatomia Artística”. Considerando inoportuno, por prejudicar o interesse dos alumnos, a abertura de concurso de títulos no presente momento,considerando estarem já abertos os concursos de titulos e de provas para o preenchimento  normal das cadeiras em questão,  concordo com a indicação desses senhores, apesar de discordar  sobre o criterio seguido em sua escolha, visto ter a Reitoria dirigido instruções a todos os Institutos da Universidade, relativos ao provimento das  cadeiras vagas, determinando que se abrisse concurso de tí tulos para a seleção dos candidatos a contracto. Apesar de existir um decreto do Governo Federal, permitindo a inscripção de candidatos profissional, digo, candidato sem Diploma profissional, para concursos de musica ou artes plásticas, julgo que só deveriamos lançar mão de taes prerrogativas em casos excepcionais. Este é o caso do aproveitamento do snr. Fernando Corona, indicado para a cadeira de “Esculptura e Modelagem”. Levando em conta o seu inconfundível valor artístico, e não existindo em nosso Instituto, tal cadeira, não há possibilidade de prejudicar alumnos formados por esta casa, saudo, portanto de indiscutivel justiça, a sua indicação”.    Em seguida tomou a palavra o conselheiro Oscar Simm, e disse que estava plenamente de acordo com as indicações feitas. A conselheira Nair Sgrillo, tomou a palavra, declarou que estava de accordo, mas protestava justifi- car o seu voto, o que faria na proxima reunião. Tomando novamente a palavra, o doutor Director disse que lembrava aos senhores conselheiros, que se tratava de assumpto encaminhado por elle antes da constituição do Conselho e já resolvido pelo Governo do Estado. Ratificadas assim, as indicações em referência, passava-se ao segundo caso da Ordem do dia.   X    [.....]
- Por ultimo, passou-se ao caso dos  programas e instruções para os concursos
de professores cathedraticos do Curso de Artes Plásticas. Sobre esse assumpto ficou resolvido que os Conselheiros estudassem mais detidamente o caso, marcando-se uma sessão extra- ordinaria para esse fim, e a qual se realizaria no dia 28 do corrente, quinta-feira proxima, ás 20 horas.Não havendo mais nada a tratar, o doutor Diretor,  encerrou os trabalhos, levantando a sessão. Do que tudo, para constar eu, Secretario, lavrei esta acta, que subscrevo. Waldemar  Max Lubke, secretario. Tasso Correa  Diretor Oscar Simm Antonio T. Côrte Real Nair Sgrillo
Um foto anexa a um documento das anotações de Fernando Corona aos cuidados  e guardados no Arquivo do IA-UFRGS
Fig. 39 –  O acervo das obras de arte na sala de Modelagem e Escultura de Fernando Corona forma um verdadeiro museu e de referências estéticas com o ambiente cultural de Porto Alegre Em relação ao pensamento de Tasso Corrêa constituem uma referência material do ambiente das artes visuais que se praticaram  e se constituíram ao longo da sua administração.

Acta da primeira extraordinária do Conselho Technico  Administrativo - em  28-IV-1938 - folha 4 verso

                  Aos vinte e oito dias do mez de Abril de mil novecentos e trinta e oito, as vinte horas, no gabinete da direcção do Instituto de Bellas Artes da Universidade de Porto Alegre no predio em que funciona, presentes o snr. doutor Director e os snrs, professores conselheiros Oscar Simm, Antonio Tavares Côrte Real e Nair Sgrillo, especialmente convocados na forma regulamentar realizou-se a primeira sessão extraordinária, do Conselho Technico Admisnitrativo com a seguinte Ordem do Dia:Organização dos programas e instrucções para os próximos concursos de professores cathedraticos do Curso de Artes Plasticas. Declarados abertos os trabalhos da 1ª  sessão extraordinaria pelo doutor director que, na forma regulamentar os presidia, este ordenou a leitura da acta da sessão anterior, o que foi feito por mim, secretario. Terminada a leitura foi a acta  posta em votação.  Concedida a palavra á conselheira professora Nair Sgrillo, para fazer a justificação do seu voto, pelo que protestara na sessão anterior. Explicando essa Conselheira que, embóra tenha dado o seu voto favoravel ao contracto dos professores Luiz Maristany de Trias, José Lutzenberger e Fernando Corona, para o curso de Artes Plasticas, subordinando, porém, esse voto a uma justificação reflectira melhor sobre o assumpto resolvendo fazer a sua ressalva nos seguintes termos: “Snr. Presidente. Não tendo sido exigido o concurso de títulos para as cadeiras de “Anatomia artística”, “Geometria descriptiva e Perspectiva e sombras” e “Esculptura e Modelagem”, medida que reputo justa por facilitar o ingresso no Instituto de elementos optimos que possuimos, dou, como membro do C.T.A. o meu parecer. Considerando abertos os concursos de provas para o preenchimento definitivo das cadeiras em questão, não estou de acordo com o contracto dos professores Luiz Maristany de Trias, José Lutzenberger e Fernando Corona, pois a mudança de professor quasi sempre implica em mudanças de methodo, o que virá acarretar grandes prejuizos aos alumnos. Sou pois de opinião do adiamento de mais quatro mezes no ensino dessas disciplinas, até seu preenchimento definitivo com o concurso de provas” ”. Pelo snr doutor director foi dito que esclarecia á conselheira professora Nair Sgrillo que o praso de quatro meses éra unicamente para inscripção dos candidatos, de fórma que o preenchimento das cadeiras iria durar mais algum tempo necessário ao julgamento dos titulos e realização das próvas, além disso tendo esse assumpto sido votado na sessão anterior e não constando mais da ordem do dia, a justificação iria constar da acta, porém não como voto, mas como expressão da opinião da referida Conselheira”...[...]

16 - O DIRETOR ASSUME as suas EFETIVAS FUNÇÕES.

O IBA-RS teve no período, entre 28 de outubro de 1934 e 05 de janeiro de 1939, TRÊS DIREÇÕES SIMULTÂNEAS e sobrepostas. Cada uma delas tinha paradigmas, objetivos e contextualizações diferentes. A Comissão Central (CC-IBA-RS) era legalmente uma associação nos moldes da Republica Velha, bastava a si mesma e o seu objetivo era aquele de amadores da arte. A Universidade de Porto Alegre (UPA) era um conglomerado institucional das antigas associações de cursos superiores profissionalizantes. Associações de profissionais com imensa dificuldade para perceber aquilo que é diferente das respectivas áreas. Cada uma delas estava voltada sobre si mesma e na preparação de profissionais de sua própria área. Incapazes de perceber o seu próprio tempo e lugar. Incapacidade que resultou numa das causas da renúncia do primeiro reitor da UPA após um ano sua posse efetiva neste cargo.   
A  CONGREGAÇÃO do IBA-RS no dia 06 de janeiro de 1939. Diário de Noticias – Porto Alegre - dia 08.01.1939 p. 10
Fig. 40  – Com a expulsão do IBA-RS da UPA e a entrega do poder e patrimônio à Congregação do IBA-RS  abria-se uma nova etapa de expressões de autonomia iniciava com este grupo de docentes. De um lado era personalização do poder que se originava na instituição de artes e no outro extremo a conexão direta com o núcleo do poder nacional sem depender de mediadores, atravessadores ou auto titulados  como autoridades, porém sem experiência ou conhecimento do campo estético.
Os docentes efetivos do campo de Artes constituíam uma terceira DIREÇÃO SIMULTÂNEA e candidata a este comando.  Os professores do IBA-RS estavam emergindo neste meio como uma nova força e constituída e representada legalmente na forma de congregação. A sua força apostava no texto da lei nº 19.851, de 11 de abril de 1931, que prescrevia, entre outros, no seu TÍTULO V capítulo III que a congregação era última instância da Administração dos Institutos Universitários e evidente no texto do  Art. 31 – A congregação dos institutos universitários constituída pelos professores catedráticos efetivos, pelos docentes livres em exercício  catedrático e por um representante dos docentes livres eleito pelos seus pares.
O novo ciclo, que se abria para o IBA-RS, era contagiado por esse otimismo das luzes e das cores de uma aurora. Aurora na forma universitária para as Artes cujo  potencial ainda a ser colocada em prova pela experiência. A forma e o suporte desse otimismo, para chegar ao mundo, eram prenunciados de forma radicalmente diferentes daquele expresso pelo restrito mundo da Comissão Central. Diferente também do conglomerado anárquico da UPA que havia tropeçou duas vezes antes de tomar uma forma legal minimamente aceitável e cujo texto fundante teve dificuldades ser editado antes de sua implantação efetiva
Detalhe da foto da CONGREGAÇÃO do IBA-RS no dia 06 de janeiro de 1939. Diário de Noticias – Porto Alegre - dia 08.01.1939 p. 10
Fig. 41 –  Com a remodelação das competências da antiga Escola de Artes do IBA-RS - transformado em CURSO SUPERIORES DE ARTES PÁSTICAS graças as iniciativas de Tasso Corrêa - este assimilou e incorporou nas suas funções de sua direção. A  Congregação com a autonomia do IBA-RS aceitou três nomes do Curso de Artes Plásticas para constituir mais três membros do CTA. Um deles era exatamente Fernando CORONA cujo nome havia sido questionado nas sessões do CTA dos dias 25 e 28 de maio de 1938. Outro era Ângelo Guido que irá se manifestar de forma devastadora na 1ª sessão do CTA na autonomia. Não há menor registro de alguma observação de João Fahrion ao longo dos seus sucessivos mandatos
Os sorrisos e o otimismo deram lugar a algo radicalmente diferente quando da primeira sessão do CTA na autonomia após o IBA-RS ser excluído da UPA. Os nomes dos três primeiros conselheiros do Curso Superior de Música simplesmente sumiram dando lugar para nomes completamente diferentes. 
Fig. 42 –  O soturno e introspectivo João FAHRION (1898-1970) era o oposto dos falantes e temperamentos explosivos de Tasso Corrêa, Fernando Corona e Ângelo Guido  Fahrion, em diversas ocasiões, ocupou o cargo de conselheiro do CTA ao longo da administração de Tasso Corrêa. Nas atas do CTA não se encontrou uma única frase atribuída a este exímio desenhista, pintor e docente. Não se localizou a sua tese de cátedra, nem textos seus em periódicos ou publicações impressas.
Dois, dos três conselheiros do CURSO de ARTES PLÁSTICAS,  não compareceram. Mas o Conselheiro ÂNGELO GUIDO foi devastador, conforme registra o livro das Atas do CTA-IBA-RS nas folhas 15 (verso) até 17 (frente):
Ata da Primeira Sessão ordinaria do Conselho Técnico Administrativo do Instituto de Belas Artes  16 - I – 1939.
                             Aos desesseis dias do mês de Janeiro de mil novecentos trinta e nove, ás dez horas da manhã no gabinete da Diretoria do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, sob a presidencia do senhor doutor Tasso Corrêa, diretor do Instituto, reuniu-se o Conselho Técnico Administrativo, em sua primeira sessão  ordinária, para a qual fôra especialmente convocado. Estiveram presentes os senhores conselheiros Olga da Siqueira Pereira, Oscar Simm, Demófilo Alvaro Xavier e Angelo Guido Gnocchi; não compareceram os membros conselheiros Fernando Corona e João Fahrion, que apre- sentavam excusas com antecedencia - o primeiro estava ausente da capital e o segundo estava impedido por motivo de força maior. Declarados  abertos os trabalhos, passou o senhor diretor a explicar os assuntos que deveraim ser tratados nessa sessão.Assim,  passou-se á discussão do primeiro, que era:
I - Tabéla de Taxas e emolumentos a vigorar em 1939
[...]
V- A seguir, o conselheiro Angelo Guido péde a palavra, dizendo que desejava tratar de assunto que reputava de grande interesse para o Instituto - o caso do professor Côrte Real. Que atendendo ao seu método de ensino, que julga antipedagógico, provocando até  mesmo a propria repulsa por parte dos alunos, que fógem ás suas aulas, propunha que esse professor fosse considerado em disponibilidade, sem vencimentos, como aliás, estabelece a sua nomeação. Foi posta essa proposta em discussão, sendo unanimemente aprovada, ficando, portanto, vaga a cadeira de Pedagogia Musical. Para preenchimento dessa cadeira se designaria, oportunamente, outro professor, tendo-se cogitado de professores de Canto Geral e Fundamental, que poderiam ser aproveitados na  forma regulamentar.
VI - Antes de levantar os trabalhos, o senhor doutor diretor convocou o Conselho para uma sessão extraordinaria, que se realizará na próxima sexta-feira, dia 20 do corrente , ás 10 (déz) horas.
       A seguir, como nada mais houvesse a tratar e ninguem mais desejasse fazer uso da palavra o senhor doutor diretor declarou encerrados os trabalhos. De que tudo, para constar, eu secretario do Instituto, lavrei esta áta, que subscrevo e que é assignada pelos senhores conselheiros presentes . W. M.  Lubke; Tasso Correa; Olga de S. Pereira; Demophilo Alvaro Xavier; Angelo Guido Gnocchi; Oscar Simm; João Fahrion (subcreve); Corona (subscreve)              
                                           
Estes vestígios do pensamento de Tasso Corrêa certamente são coerentes tanto o Estado Novo com o cargo de Ângelo Guido Gnocchi que exercia, nesta data, a censura no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP-RS). Somente 24 anos depois houve uma tentativa para reverter esta decisão. Tasso Corrêa se aposentara em 1958. Ângelo Guido já terminara, em 1962,  o seu mandato de diretor do IBA-RS e o IBA-RS estava incorporado à UFRGS desde 30.11.1962.
Na mesma página existe o registro que anula esta decisão do CTA do dia 19 de janeiro de 1939
“A decisão de que trata a parte final desta ata c/ referência ao Prof. Corte Real, foi anulada pela Congregação da Escola em sessão de 29/ agosto/ 1964, digo 1963. Em 28/ fevereiro/1964
                                        M Rottmann – Secretário”.

Este registro foi realizado quando o Brasil estava as vésperas do golpe de 01 de abril de 1964.
O professor Corte Real escreveu os “Subsídios para a HISTÓRIA da MÚSICA do Rio Grande do Sul[1]. Inclui um belo e proveitoso capitulo da MÚSICA no IBA-RS a partir dos documentos do arquivo desta instituição. Porém a obra mais conhecida dele é a reescrita e atualização do HINO do RIO GRANDE do SUL.
As funções de líder, exercidas por Tasso Corrêa, impõem considerações relativas a uma época singular e de governos unipessoais de estados. O Estado Novo brasileiro, o partido único e o feroz patrulhamento ideológico se refletiram e reproduziam no espaço interno do IBA-RS. Era tudo o que o pensamento de Tasso Corrêa necessitava para uma sólida base política, econômica e social. Base que o seu pensamento agitava sob a motivação da autonomia da Arte.



[1] CORTE REAL, Antônio. «O Instituto de Artes na Universidade Federal  do Rio Grande  do Sul (1908-1962)» in Subsídios para a História da Música no Rio Grande do Sul. 2.ed. Porto Alegre: Movimento, 1984. pp.234-289.   http://www2.al.rs.gov.br/biblioteca/LinkClick.aspx?fileticket=Wkgkt9hhXcs%3D&tabid=5281

SUMÁRIO dos

TEMAS da SÉRIE de POSTAGENS RELATIVAS ao PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA


163 – INTRODUÇÃO


01O PROBLEMA..

02 - HIPÓTESESE...

03 –.. OBJETIVOS

164 - FORMAÇÃO


04 - .O PENSAMENTO de TASSO CORRÊA e a sua ORIGEM FAMILIAR

05  - A FORMAÇÂO SUPERIOR de TASSO e ERNANI entre os anos de 1918 -1924

06 - INÍCIO da ATIVIDADE PROFISSIONAL  de TASSO e de ERNANI no RIO GRANDE do SUL

07 -  A REVOLUÇÃO de 1930 e as ARTES


165 - A UNIVERSIDADE BRASLEIRA e a ARTE

http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/04/165-o-pensamento-de-tasso-correa.html


08 - A UNIVERSIDADE no HORIZONTE do BRASIL

09 - O CONFRONTO de 1933 - no THEATRO SÃO PEDRO

10 – O DISCURSO de TASSO CORRÊA como PARANINFO no THEATRO SÃO PEDRO em 24/10/1933


166 - PASSANDO para PRÁTICA


11 – A UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE (UPA) e o PENSAMENTO de TASSO CORRÊA

.12 – APOIO DOCENTE a TASSO CORRÊA e à UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE (UPA)


167 – O PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA EXPRESSO em CONTRATO INSTITUCIONAL


-13 – A LAVRA de um CONTRATO INSTITUCIONAL

-14 – A COMISSÃO  CENTRAL  RETIRA-SE  do CENÁRIO do IBA- RS

168 - ASSUMINDO as FUNÇÕES


. 15  – APOIO DISCENTE a TASSO CORRÊA

..16 - O CONTRATO CONTROVERSO de  FERNANDO CORONA

. 17 - O DIRETOR ASSUME suas EFETIVAS FUNÇÕES.

169 - O CONSTRUTOR


...18 - TASSO CORRÊA o CONSTRUTOR

. 19 - TASSO CORRÊA  CONSELHEIRO de EDUCAÇÂO e CULTURA do RIO GRANDE do SUL

  20 - TASSO CORRÊA PROPÔE a UNIVERSIDADE das ARTES

170- CULMINÂNCIA


   21 – A CULMINÂNCIA da ADMINISTRAÇÂO de TASSO CORRÊA

   22 – O 1º SALÃO PAN-AMERICANO e o 1º CONGRESSO BRASILEIRO de ARTE

   23 – Um DESFECHO INESPERADO


171 – CONCLUSÕES e LOGÍSTICA


CONCLUSÕES
FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÈRICAS DIGITAIS

SIMON, Círio -  Pensamento de Tasso Corrêa  (1901-1977)– Porto Alegre: monografia,  2016 ,
     130 fls -  com DVD,  nº do sistema bibliotecas as UFRGS 000994363


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