quinta-feira, 6 de dezembro de 2018


0-255 – ESTUDOS de ARTE

O ICES NO SEU 10º ANIVERSÁRIO:
DE GRUPO À ORGANIZAÇÃO INCIPIENTE.
Arnoldo Walter DOBERSTEIN
Fig. 01–  O  artista Emílio SESSA (1913-1990)  chefiou uma verdadeira MISSÂO ARTÍSTICA ITALIANA ao Rio Grande do Sul.   Depois de cumprir esta missão ele retornou para a Itália e ali continuou a produzir. Permaneceu, no BRASIL,  a sua extensa obra e sua memória que são as motivações básicas do Instituo Cultural Emílio SESSA

O ICES – Instituto Cultural Emilio Sessa iniciou sua existência por um grupo de estudiosos e pesquisadores interessados nas manifestações artísticas e culturais do RS, e, em especial, na obra de Emilio Sessa, pintor bergamasco que veio para o Brasil em 1948, junto com seu colega e amigo Aldo Locatelli.  O mote principal do grupo era contribuir para o devido reconhecimento social de sua obra que, diferentemente daquela de Locatelli, permanecia (e ainda permanece) com baixos índices de legitimação.
Cena do LANÇAMENTO do PRIMEIRO LIVRO http://institutoculturalemiliosessa.blogspot.com
Fig. 02 -  O  instituo Cultural Emílio SESSA no lançamento do primeiro volume da obras do artista .    O evento realizou-se no prédio do PACINHO da Ave. Cristóvão Colombo

Na verdade, o conjunto fundador do ICES, já se conhecia anteriormente em função de suas relações de amizade e de seus interesses culturais em comum. Mas era tão somente um grupo e que, como tal, tinha que “lutar incessantemente contra a dispersão”, como bem resume Neusa Rolita Cavedon[1], amparada nos estudos de Lapassade[2].
Mas, na medida que a pesquisa avançava e que as informações se acumulavam, o grupo foi percebendo a constituição daquilo que Cavedon denomina de “movimentos endógenos, forças internas que irão nortear as ações conjuntas de maneira autogestionária[3]. Considerou-se, então, que os materiais recolhidos já eram suficientes para serem divulgados. Decidiu, portanto, fazer uma primeira exposição (a pesquisa “norteando as ações”) de fotos das igrejas que Sessa pintara, no RS e Itália, assim como de algumas de suas obras de cavalete.


[1] CAVEDON, Neusa Rolita. No ateliê dos conceitos. Artigo escrito para o Grupo de Pesquisas da AAMARGS, mar/ 2018, p.1.
[2] LAPASSADE, Georges. Grupos, Organizações e Instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.
[3] CAVEDON,op. cit. p.2


Fig. 03–  O registro de uma parte da obra do artista Emílio SESSA (1913-1990)  tornaram-se públicos e circulam em duas obras impressas.   O primeiro volume registra pesquisas relativas aos à formação e as primórdios da obra no Rio Grande do Sul. O segundo registra as pesquisas nas obras mais conhecidas do  Brasil, Aguarda-se a publicação do um terceiro volume com as obras de Emílio Sessa após  seu retorna para a Europa

Como os recursos eram insuficientes, foi-se atrás de algum patrocínio. Não se sabia, entretanto, que para tanto, a condição preliminar era estar devida e legalmente constituída. Com regulamento, sede, objetivos, Diretoria, Conselho Fiscal, inscrição no CGCMF, Prefeitura etc. Oportuno lembrar aqui aquela situação que o prof. Círio Simon alerta, ou seja, que os artistas (e nós ampliamos: os pesquisadores também) devem estar mais conscientes dos dispositivos legais que cercam, e no mais das vezes enredam, a  sua atividade.[1]
Fundou-se, assim o ICES, em 31 de outubro de 2008. De grupo à organização. Como assinala Cavedon “ao se estruturar e se burocratizar o grupo constitui-se em uma organização.”[2]


[1] SIMON, Cirio. Ao longo de suas palestras nos encontros do Grupo de Estudos da AAMARGS.
[2] CAVEDON, Neusa. Op. cit. p.2
Fig. 04–  A doação de uma obra do  artista Emílio SESSA (1913-1990)   ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul .  Ao centro o Direto do Marga Gaudêncio Fidelis ladeado por Ilita Patrício presidente da AAMARGS. Franco Sessa filho do artista segura o quadro Maria e Arnoldo Walter Doberstein do ICES. Esta doação é amostra da  firma ação do  Instituo Cultural Emílio SESSA para garantir a permanência da extensa obra e memória do patrono.

Mas se, como acentua Cavedon, amparada em Lapassade, devemos ver “dinamicidade na construção desses fenômenos (grupos, organizações e instituições) ... e na lógica do processo e do inacabado[1] entendemos que, dentro de cada um destes fenômenos (grupos, organizações, instituições) existem momentos e que, tais momentos, podem ser, para efeitos de análise, enquadrados em certas tipologias. Para o caso das organizações, então, poderiam ser propostas as tipologias: organizações incipientes, organizações maduras e organizações consolidadas.


[1] CAVEDON, Neusa. Op. cit. p.1
Fig. 05–  A  realização de um seminário destinado o  garantir meios e motivações para a realização de uma exposição   de obras de cavalete  artista Emílio SESSA reforçou e firmo ainda mais o  Instituto Cultural Emílio SESSA na permanência da extensa obra e da memória do seu  patrono .   Permaneceu a sua extensa obra e sua memória que são as motivações básicas do Instituo Cultural Emílio SESSA

O caso do ICES, em nossa avaliação, encontra-se na transição entre uma organização incipiente e uma organização madura. Uma organização quase madura em função de suas realizações ao longo dos últimos 10 anos. Não é aqui o caso de detalhá-las, mas só lembrar de seus dois livros editados, cujos lançamentos ocorreram em Porto Alegre, Pelotas e Caxias do Sul, quando criaram-se vínculos com outras organizações e até mesmo instituições. Nestas ocasiões, como as duas publicações foram patrocinadas por empresa pública (Caixa Econômica Federal) o ICES foi exigido nas respectivas prestações de conta, o que conseguiu por seus próprios integrantes. Suas viagens de estudos, palestras e seminários, na capital e cidades do interior do Estado como Pelotas, Caxias do Sul, Vacaria, Arroio do Meio e Santo Ângelo. E, por último, a recente exposição das obras de cavalete de Emilio Sessa, cercada de bastante sucesso.
ICES em Caxias do SUL ---17.10.2013
Fig. 06–  A obra de Emílio SESSA está presente e é cultivada em numerosas  comunidades do  Rio Grande do Sul e Santa Catarina  O Instituo Cultural Emílio SESSA está mapeando esta extensa obra e memória desta verdadeira MISSÂO ARTÍSTICA ITALIANA no Brasil . Na imagem os integrantes do ICES em CAXIAS do SUL onde existem várias obras do mestre.

Mas, de outro lado, o ICES ainda guarda diversos elementos daquelas organizações  aqui denominadas de incipientes. Ainda ser estruturado basicamente na base do voluntariado dificulta-lhe, por exemplo, avançar na área de filmagem e edição das atividades que realiza (entre elas os depoimentos de convidados com atuação destacada no movimento cultural e artístico). Outro setor carente de melhorias, na base do voluntariado, é no atendimento ao site (mantido pelo ICES) e outras plataformas digitais. Isso para não falar de uma sede mais apropriada, em espaço e localização, para interagir com o conjunto da sociedade, assim como para guardar seu acervo de documentos e materiais.
Fig. 07–  O Presidente do ICES,  Nilo MONTARDO (1º a esquerda de quem olha foto),  Maria Regina de SOUZA LISBOA   e Arnoldo Walter DOBERSTEINA no momento da entrega de um dos volumes da pesquisa relativa a  Emílio SESSA..   A permanência da memoria do patrono do Instituto Cultural Emílio SESSA exige pesquisas consistentes e a  permanente escrita e divulgações adequadas aos novos tempos, sociedade e lugares diferentes daqueles que mestres viveu e produziu  a sua obra.

Preenchidas estas e outras carências entendemos que o ICES esteja apto, e no caminho de ingressar no rol das organizações consolidadas. Mas para alcançar a categoria de instituição precisará dar tempo ao tempo. A institucionalização passa muito pelo reconhecimento exterior. Como lembra Cavedon, a institucionalização também requer a existência de uma história compartilhada[1] É através de uma “história compartilhada” que o universo de suas realizações “pode ser explicado e legitimado”. 
Mas há que se considerar, como lembra Cavedon, seguindo Berger e Luckmann,[2] que o “mundo institucionalizado” requer “o controle das condutas humanas”. E mais, que “a institucionalização faz com que as atividades humanas fiquem submetidas ao controle social”.[3] A historicidade, ou “história compartilhada”, dessa forma, diminui a subjetividade e amplia a objetividade, uma vez que os atores sociais, envolvidos numa instituição se tornam capazes de tipificar reciprocamente suas condutas.


[1] CAVEDON, Neusa. Op. cit. p.3
[2] BERGER, Peter L. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.
[3] CAVEDON, Neusa. Op. cit. P.3
Prof. Dr. ARNOLDO DOBERSTEIN no roteiro Praça da MATRIZ - PALÁCIO PIRATINI no dia 14.07.2018
Fig. 08–  O Prof. Dr Arnaldo Walter DOBEERSTEIN leva adiante as propostas do ICES num evento de uma AULA PÚBLICA entre o Palácio Piratini e Farroupilha. A aula publica teve por tema a Praça da Matriz e os seus entornos

Mas, há que se considerar, como acentua Cavedon, essa objetividade “é produzida e construída pelo homem.[1] Escolherão os iceseanos se transformar numa instituição? Só o futuro dirá.


[1] Ibidem, p.3
Fig. 09–  Os dez anos do INSTITUTO CULTURAL EMÌLIO SESSA foram  comemorados, com uma exposição das obras de PINTURA de CAVALETE do artista italiano    Exposição aberta  no dia 9 de outubro de 2018 na Pinacoteca Aldo LOCATELLI


FONTES BIBLIOGRÁFICAS

BRITES Blanca,  Emilio Sessa, Tempos da Lembranças Porto Alegre; ICES catálogo da exposição na Pinacoteca Aldo Locatelli [2018]  {32 p. il. Cores}

DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Emilio Sessa, Pintor, Primeiros tempos. Porto Alegre; Gastal&Gastal, 2012 160 p. ISBN 978-85-64916-01-2

------------ Emilio Sessa, Tempos Intermediários. Porto Alegre; Gastal&Gastal, 2014 184 p. ISBN 978-85-64916-04-3

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

INSTITUTO CULTURAL EMÌLIO SESSA [site]

O LANÇAMENTO do PRIMEIRO LIVRO EMÌLIO SESSA
O LANÇAMENTO do SEGUNDO LIVRO EMÌLIO SESSA


NO ATELIÊ DOS CONCEITOS: INSTITUIÇÃO INSTITUCIONALIZAÇÃO
Neusa Rolita Cavedon cavedon.neusa@gmail.com

EMÍLIO SESSA um olhar italiano no Rio Grande do Sul

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