domingo, 1 de janeiro de 2017

195 – ESTUDOS de ARTE



TESE - AUTORIA – AUTONOMIA.
                   A tese é uma suposição em conflito com a opinião geral". - Aristóteles - Tópicos I - 11

A presente postagem busca refletir em relação aos campos das forças da ARTE diante da Era INDUSTRIAL.  Na opinião geral atual a ARTE é admitida como a pesquisa de um indivíduo da sua originalidade e da sua autoria na qual ele expressa, em si mesmo, o seu TEMPO, o seu LUGAR e a sua própria SOCIEDADE.
Aprendizagem coletiva de pintura numa escola chinesa
Fig. 01 –  A ERA INDUSTRIAL gerou a necessidade do múltiplo do mesmo o universalizou em função de sua base material da linha de montagem sobre a qual opera. Isto não significa um juízo  de valor. Ao contrário. A ERA INDUSTRIAL se apropriou, aperfeiçoou a habilidade técnica, reduzindo oseu tempo de produção em escala. A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é construída a partir e no aperfeiçoamento da ERA INDUSTRIAL. A cultura chinesa entendeu a origem e o continuo deste processo.  

O conflito emerge na medida em a Era INDUSTRIAL tolhe e assume esta pesquisa, impondo ao indivíduo uma linha unívoca de produção estandardizada e impessoal. A Era INDUSTRIAL pretende ser universal, e única, para todos os TEMPOS, os LUGARES e SOCIEDADES. Esta linha unívoca, de produção estandardizada, aponta para o seu próprio ideal de um “SISTEMA de ARTE”. Portanto aniquila a pesquisa  original do artista e a sua autoria deixando uma margem mínima e improvável de AUTONOMIA.
O grande drama da Era INDUSTRIAL é prometer, ou sugerir, algo que ELA não pode cumprir depois. Esta mentira mora no cerne da ESCOLA comandada pela lógica da Era INDUSTRIAL. A Era INDUSTRIAL promete, por meio dos seus ditos CURSOS PROFISSIONALIZANTES, aquilo que ela não pode cumprir na sua SOCIEDADE, no seu LUGAR e com  os seus  RECURSOS TÉCNICOS e ECONÔMICOS.
Cabe ao candidato - a ser arista - dizer o que ele quer, entender as suas circunstância e agir no meio destes conflitos, contradições e problemas. Os problemas não são para serem eliminados, resolvidos ou ignorados. O problema do  SISTEMA de ARTE da ERA INDUSTRIAL possui a sua lógica. Mesmo a ESCOLA da lógica da Era INDUSTRIAL está explicito para quem quiser perceber e agir. A ida do artista para a UNIVERSIDADE permite-lhe um mergulho nesta lógica, e se de fato sabe o quer, é competente para transformar esta CONTRADIÇÂO em COMPLEMENTARIEDADE.
Fig. 02 –  Dizem as más línguas que a única novidade que a  ERA INDUSTRIAL conseguiu introduzir na atuais universidade é a LUZ ELÈTRICA. É o mesmo mestre falando por cima e por fora enquanto alguns alunos dormem solenemente, fingem que escutam ou fazem fofocas no fundo da sala de aula. Este processo ensino aprendizagem presencial revelou toda a sua ineficiência quando submetido a avaliação da autonomia e autoria exercida pelo estudante. Esta deficiência tornou-se gritante quando na ÉPOCA PÓS_INDUSTRIAL o processo tornou-se NÂO-PRESENCIAL e guiado pela LÂMPADA ELÈTRICA do MEIO NUMÈRICOS DIGITAIS.

O artista, ao mergulhar nesta lógica de um SISTEMA, irá constatar que ele está diante de uma ENTRADA, de um DESENVOLVIMENTO e de uma SAIDA. ENTRADA com critério único de admissibilidade. DESENVOLVIMENTO que descarta tudo aquilo que não é lógico com o produto almejado. SAÍDA com exame de qualidade uniforme e confiável.
FÁBRICA de ARTISTAS - Central SAINT-MARTINS in  Le Monde 14.01.2012
Fig. 03 –  O espaço a AUTONOMIA e da AUTORIA da estudante de arte da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL a isola no seu EU  singular e isolado.  A higienizada e abundante  LUZ ELÈTRICA e equipamentos  são  descartes da  ERA INDUSTRIAL. Este  MEIO NUMÈRICO DIGITAL, só revela o vazio  do processo NÂO-PRESENCIAL do ensino-aprendizagem da ARTE. O estudante perdeu o PERTENCIMENTO ao amplo MEIO SOCIAL. A oportunidade deste estudante singular de arte  PERTENCER ao amplo MEIO SOCIAL se reduz a falar, escrever uma tese que se comunica com o seu   GRUPO de DENTRO  formado pelos seus pares de concorrentes a artista e já convertidos. .

 A autoria do indivíduo - que pesquisa a expressão da sua originalidade - dificilmente sobrevive à lei de uma única ENTRADA, um DESENVOLVIMENTO uniforme e a uma SAIDA estandardizada pelo taylorismo.  Contudo a sua SOCIEDADE, o seu LUGAR e o seu TEMPO assimilou e impõe esta lei como verdadeira e única e expressa no “SISTEMA de ARTE”. Com o objetivo de preservar um mínimo de AUTONOMIA cabe ao artista a tarefa de contornar opinião geral e  consciente de estar gerando um problema.
Fig. 04 –  A metáfora da Frineia se expondo nua diante do Aeropago ateniense ilustra a frase de Platão de que “veríamos desaparecer completamente todas as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe toda pesquisa”.  Porém esta quebra deste tabu não poupou a temerária ateniense da OPINIÂO GERAL das OUTRAS MULHERES que lhe impuseram a alcunha – Frineie – ou “barriga de pele de sapo”.

Serve ao artista o consolo de séculos de denúncia contra a lei uniforme, soberana e a que tudo e a todos esteriliza no seu formalismo. Platão já foi explicito quando escreveu nós seus Diálogos ( 1991, p.417) que

veríamos desaparecer completamente todas as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe toda pesquisa. E a vida que já é bastante penosa, tornar-se-ia então totalmente insuportável

Porém contornar os SISTEMAS JURÍDICOS, EDUCACIONAIS, IDEOLÓGICOS, POLITICOS e principalmente TÉCNICOS e ECONÔMICOS da ERA INDUSTRIAL não é tarefa simples e com imensos riscos para a AUTONOMIA do fazer estético próprio e AUTORAL.
Maria Lídia dos Santos MAGLANI[1]
Fig. 05 –  O artista no exercício de sua  AUTORIA e no espaço da  sua AUTONOMIA torna-se atemporal, universal e se constitui em PRÍNCIPE. PRÍNCIPE como aquele que PRINCIPIA novos caminhos, outras forma de SENTIR e de PENSAR..  Com este FAZER AUTORAL arrasta consigo o seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE.   

Nesta tarefa de preservar a AUTONOMIA - do fazer estético e AUTORAL - o  artista sente se catapultado para as orbitas do SOBRE-HUMANO. Referente a esta PROBLEMA o filósofo Nietzsche previne (2000, p.134)[2] o artista que: 

a arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário

Num SISTEMA EDUCACIONAL, da ERA INDUSTRIAL, o “ESTUDANTE NÂO FAZ ARTE” na expressão da Ado Malagoli. Pois o aluno está na heteronomia dos seus mestres. Mesmo que este mestre seja único, como orientador, as narrativas das dissertações e teses se encontra nas LINHAS DE PESQUISAS do PROGRAMA e se confunde com as ideias do orientador. Na leitura dos textos das narrativas de pesquisas é muito difícil, senão impossível, distinguir o que autoral e original o que é daquele que firma como autor da narrativa. Assim são bem mais autorais e originais as teses de cátedra dos antigos textos e narrativas dos postulantes a estes cargos.


[1]    Obras de MAGLIANI como índices ativos e identificados positivamente com a condição humana da vida na cultura do Rio Grande do Sul http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/10/189-iconografia-sul-rio-grandense.html

[2]           NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      



Fig. 06 –  O projeto de origem de uma cultura ou de uma civilização resulta da confluência de incontáveis projetos menores e pessoais. A cultura greco-romana teve seu momento de cristalização em Atenas no iv século antes de Cristo. A pintura de Rafaela Sanzioa “A ESCOLA de ATENAS” pertence a retomada deste projeto após a longa intriga e busca de hegemonia da BÌBLIA ou do CORÂO. Nas origens sempre estão jogo as frágeis competências dentro de severos limites.

Na pesquisa histórica o problema se esboça e comanda a rota subsequente desde o INÍCIO. O historiador Marc Bloch percebeu esta determinante na origem da pesquisa ao escrever (1976, pp. 60/61)[1] que:

A investigação histórica admite, desde os primeiros passos, que o inquérito tenha já uma direção. De início está o espírito. Nunca, em ciência alguma, foi fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja possível”.

Assim o candidato, ao mestrado ou doutorado, necessita procurar e “ENTRAR” numa linha de pesquisa de um programa acadêmico.  Nesta linha este candidato é submetido a uma linearização de sua proposta ao longo do DESENVOLVIMENTO de sua pesquisa. Se esta proposta sofre constantes intervenções  não há muita AUTONOMIA, ORIGINALIDADE e AUTORIA  a  esperar na SAIDA  e face à banca de defesa.


[1]              BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

Fig. 07 –  A hierarquia pronta e piramidal que permite apenas a opção maniqueísta o pertencimento ou a marginalidade. O pertencimento é reforçado por textos, contratos e ritos acordados e que nega qualquer AUTORIA ou AUTONOMIA diferente destes contratos ancestrais, imutáveis e míticos.  Possui a vantagem da segurança, estabilidade. Estabilidade e segurança de um sistema onde pouco importa se o individuo é eventualmente BOM ou MAU, A CRIATIVIDADE, a MUDANÇA ou AUTORIA só triunfa no enfrentamento e quebra de todo o sistema, è o que todos os profetas, gênios ou revolucionários fizeram em todos os tempos. Acabam mitificados e instaurados no vértice de pirâmide de outro sistema diferente. 
Evidente que ninguém defende o infantilismo, o bom selvagem, a razão única e absoluta da Natureza.

O que se defende é a possibilidade de um contrato entre o educando e o seu mestre. CONTRATO celebrado antes, atualizado durante e após o exercício das competências e os limites da lei. CONTRATO  que regula a ENTRADA única, o DESENVOLVIMENTO uniforme e a uma SAIDA estandardizada pelo taylorismo.

Neste ponto estamos de retorno à civilização como um fato artificial. Artifício que é um dos índices da inteligência, da vontade e dos sentimentos de uma sociedade mergulhada no seu TEMPO e no seu LUGAR.
Fig. 08 –  Uma civilização ou cultura que  concentração e investes as suas inteligências, suas vontades  e os recursos sempre levaram a desagregação quando a maioria percebe os limites deste projeto e percebe as faltas gritantes em outras necessidades básicas e simbólicas de população. A acumulação da ERA INDUSTRIAL repetiu o mesmo erro da TORRE de BABEL ao concentrar os seus objetivos no capital e nos meios técnicos. O  grande problema desta concentração - num único projeto - é a negação ou desperdício do potencial da AUTORIA CRIATIVA e  da  AUTONOMIA que embasa o PODER ORIGINÀRIO desta CIVILIZAÇÂO e CULTURA.


Artifício com o qual se lineariza uma escola de artes por  um ENTRADA, um DESENVOLVIMENTO e um SAÌDA. A ENTRADA é o VESTIBULAR. O DESENVOLVIMENTO e EXPRESSO num CURRÌCULO com um TEMPO MÀXIMO e MÌNIMO. A SAIDA é a DIPLOMAÇÂO e a FORMATURA.
VESTIBULAR do CURSO de  ARTES PLÀSTICAS do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL c. 1944 – Foto ACHUTTI
Fig. 09 –  O vestibular nas artes não seria necessário pois os candidatos  não irão concorrer com nenhuma campo profissional organizado e com “carteira assinada” ao modelo de qualquer curso superior profissionalizante. A seleção torna-se necessária em função das necessidades internas do campo das artes. Inicialmente existem mais candidatos do que vagas. Vagas que sõ muito onerosas para a mantenedora.   São raros os cursos superiores  de artes da iniciativa privada.
A ENTRADA das escolas da arte na universidade é recente e causa de muitos conflitos administrativos, mormente pelo fato de que artista não é reconhecida na carteira de trabalho como profissão. Certamente a ARTE é LONGA e a VIDA É BREVE como já sentenciavam os latinos. A simples formatura como consequência do DESENVOLVIMENTO e do percurso curricular não é garantia de autonomia criativa e autoral do egresso. Na contraposição o convívio e intercâmbio denso e profícuo com pessoas que possuem o mesmo ideal do desafio ao sobre-humano não só gera hábitos de enfrentamento das dificuldades, como faz perceber as competências e os limites da SOCIEDADE, do TEMPO e do LUGAR. Esta percepção das competências e dos limites das próprias universidades foi descrito por Max WEBER que aponta (1989: 70)[1] como

 o único elemento, entre todos os autênticos pontos de vista essenciais que elas (as universidades) podem oferecer, legitimamente, aos seus estudantes, para ajudá-los em seu caminho pela vida afora, é o hábito de assumir o dever da integridade intelectual; isso acarreta, necessariamente, uma inexorável lucidez a respeito de si mesmos         

O ingresso do artista na Universidade ganha pleno sentido nesta busca “do hábito de assumir o dever da integridade intelectual”. Diante desta necessidade de busca de integridade intelectual também é possível incluir a integridade estética.


[1] - WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.
Marcel DUCHAMP:   ARTISTA DEVE IR para a UNIVERSIDADE
Fig. 10 –  O artista Marcel DUCHAMP tomou ao pé da letra a frase se Nietzsche e se transformou num dos inúteis temerários mais radicais da História das Artes Visuais. Nesta obra - denominada de “GRANDE VIDRO” - ele gera um evidente problema ao caminhar  contra a opinião geral da arte .  A  ida do artista para a Universidade pode ser o tempo e a oportunidade para conhecer e evidenciar este problema além da norma estética e cultural da opinião geral e estabelecer a ANTÍTESE do seu contraditório. Toda pesquisa admite a fase da TESE, da ANTÍTESE e da SÌNTESE. A ANTÍTES, pura, e simples,  não constrói e nem sabe o que e o por que está destruindo algo.

Assim é possível concordar com Marcel  Duchamp que descreveu a contradição entre à lógica da segurança institucional diante da liberdade do indivíduo (1991, pp. 236-239)[1] na qual:

sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo.

A sina do artista e se constituir neste “indivíduo entregue a si mesmo” e que coloca “numa explosão solitária” a sua obra de arte  no mundo. Nesta solidão, o mundo dos pensamentos, das cogitações e das concepções, é o universo  ideal é sempre perfeito em si mesmo. Nas artes visuais não é diferente.


[1] - DUCHAMP. Marcel “O artista deve ir à universidade?” in SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239 Texto de uma alocução em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13 de maio de 1960.  Consta em SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239
               

Jacek  YERBA - Represa bíblica
Fig. 11 –  A problemática represa construída por livros, por  discursos e  por imagens -   para conter a torrente da NATUREZA do TEMPO e da ENTROPIA -  ilustra a artificialidade de qualquer civilização, cultura ou projeto humano.  O aparente conforto, a segurança e o poder  sempre serão  provisórios nestas circunstâncias artificiais e ameaçadas de ruptura. 

 O fazer prático dos sentidos humanos é acompanhado pela luz dos ideais estéticos, pelo halo das cogitações e dos pensamentos emanado dos projetos estéticos. Leonardo da Vinci vinculou intimamente este mundo pratico do agir com o pensamento na sua sentença: a pintura é uma coisa mental”. Porém não basta que um indivíduo de forma a este pensamento. A “arte está em QUEM produz e não no QUE PRODUZ” na sentença aristotélica. Esta sabedoria doa autoconhecimento foi expresso pelo romano SÊNECA no seu texto “Da tranquilidade do ânimo” onde escreveu (p. 08)[1]

Penso que muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não passassem por outras com os olhos fechados”.

Os pensamentos, as cogitações e as concepções – por mais sábias, tradicionais e admitidas pelo senso comum, NÃO constituem a origem, a causa primeira do mundo e da NATUREZA.  O ideal, sempre perfeito em si mesmo, necessita uma atmosfera própria e não poluída pelo fazer empírico comandado e pelas implacáveis leis da NATUREZA.  A Era INDUSTRIAL criou um imenso problema ao tentar adaptar os campos das forças da ARTE impondo-lhe um SISTEMA mimetizado a partir das implacáveis leis da NATUREZA.
Fig. 12 –  O condicionamento dos sentidos humanos  pode ser admitido num contrato entre o artista e o seu publico.  Na medida em que mediadores e atravessadores e eventos se apropriam deste contrato e o transformam em espetáculo, evento e propaganda a humanidade esta de retorno  ao projeto de ROMA de exercer a política pelo “PÂO e CIRCO”.

Em relação à ARTE, a reflexão continua a ser admitida como a pesquisa de um indivíduo a partir da sua originalidade e da sua autoria na qual expressa o seu TEMPO, o seu LUGAR e a sua SOCIEDADE. Reflexão e agir,  nos quais, este indivíduo, necessita enfrentar, frequentemente,  a opinião geral com o seu projeto autoral para afirmar a sua própria autonomia.
Resultados  - entre 1994 e  2005 -  do ingresso e diplomação dos cursos superiores mantidos pelo Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 13 –  O resultado  estatístico numérico de dez anos do  contrato entre o candidato a artista e os cursos superiores (3º grau) de uma Instituição forma de artes.  O sucesso acadêmico  neste estágio foram certamente pertence aos dois lados. O estudante motivado e a coerência do que a escola superior pode oferecer neste TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. Ao estudante cabe o mérito da manutenção do seu projeto e seu diálogo, renovação de contrato com uma instituição que necessita manter e cultivar o hábito da integridade intelectual e estética.  
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GLOSSÁRIO
AUTONOMIA: Clemente Mariani elucidou  que “no conceito de autonomia há dois elementos essenciais: um é o das raias que limitam a ação;  o outro, é o poder de agir livremente dentro dessas raias. Sem raias limitadoras, estaríamos em face, não da autonomia, mas da soberania ou do arbítrio. Assim entendido, seria ilógico falar-se em autonomia ‘absoluta’: o conceito é sempre relativo e a amplitude do círculo de liberdade pode sofrer infinitas variações” (in Nóbrega, 1952, p. 329) a autonomia compõe-se de uma competência e os seus limites (Clemente Mariani in Nóbrega, 1952:  p.329) Na biologia o exemplo da célula viva que necessita da membrana para proteger a competência da vida. Só  partir da célula viva é possível determinar o que é relevante. (Maturana &V. 1996: 41) A vontade possui moralidade no limite da sua autonomia. (Kant, Cr. Razão Prática) A ação seria inútil se todos os homens fossem iguais, assim não haveria espaço para a arte Schaeffer, 1992, p.28

AUTONOMIA X SOBERANIA  A distinção entre autonomia e soberania foi  explicitada numa consulta feita ao MEC e respondida por Edmundo Lins Neto no parecer nº 116/1952. “Alega-se que a Universidade da Bahia é autônoma e que V. Exª no caso poderia intervir. A Universidade tem, não há dúvida, autonomia administrativa, didática, financeira disciplinar, mas não possui soberania, porque a sua autonomia lhe foi concedida ‘nos termos da legislação federal sobre o ensino superior’ ” -  In Souza Neves 1951, v. I p. 207.

INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA: A investigação histórica admite, desde os primeiros passos, que o inquérito tenha já uma direção. De início está o espírito. Nunca, em ciência alguma, foi fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja possível”. Marc Bloch 1976, pp. 60/61.[1].

PROBLEMA e TESE A criatura humana não teria aprendido nada, neste planeta  se não tivesse ciência dos seus próprios LIMITES -. Esta CIÊNCIA dos LIMITES constitui um mar de PROBLEMAS. O PROBLEMA não é para ser resolvido. Ele continuará a ser PROBLEMA apesar dos pequenos êxitos da criatura humana em compreender a sua natureza e formas de contorná-lo. Aristóteles escreveu (Tópicos I – 11) que A tese é uma suposição em conflito com a opinião geral”.


TELEOLOGIA IMANENTE:  existe como que um processo de auto-organização, graças ao qual um procedimento de início tateante consegue desenhar de modo cada vez mais preciso seu próprio eixo de evolução Há necessidade que um grupo seja unido por  uma TELEOLOGIA IMANENTE que o sustente ao longo do tempo como afirma Souza (1996, p. 96) “Uma estrutura flexível só pode sobreviver no tempo se um grupo relativamente homogêneo  a compreende como a própria base para o seu desenvolvimento”         Bruyne, 1977 : 13
TESEQue uma tese, por outro lado, também constitui um problema, é evidente: pois do que dissemos acima deduz-se necessariamente que ou a grande maioria dos homens discorda dos filósofos no tocante à tese, ou uma ou a outra classe está em desacordo consigo mesma, já que a tese é uma suposição em conflito com a opinião geral”. Aristóteles - Tópicos I – 11

SISTEMA de AÇÃO: compreende as mediações técnicas que permitem dominar o meio social e as mediações sociais através dos quais a coletividade se organiza com vistas a gerir seu próprio destino. Ladrière, 1977 : 17

SISTEMA de ARTES VISUAIS: conjunto de agentes, instituições e meios que as possuem implantam através de uma teleologia imante para a sua reprodução

SISTEMA de ENSINO: instância qualificada que assegura a reprodução dos sistemas de esquemas de ação, de  expressão, concepção, imaginação, percepção e apreciação disponíveis objetivamente num determinada formação social Bourdieu, 1987 : 117

SISTEMA de EXPRESSÃO: compreendem as modalidades tanto materiais como formas através dos quais as representações e as normas encontram suas projeções concreta ao nível da sensibilidade e graças Aos quais os efeitos profundos se exteriorizam em figuras significativas, oferecidas a uma constante decifração Ladrière, 1977 : 17

SISTEMA de REPRESENTAÇÃO: conjunto conceituais e simbólicos através dos quais os diferentes grupos que constituem a coletividade tentam se auto interpretar e interpretar o mundo nos quais estão imergidos. Ladrière, 1977 : 16.  Métodos pelos quais a coletividade se esforça em entender seu conhecimento e seu saber.  Bruyne, 1977 : 51

SISTEMA NORMATIVO:  tudo o que determina valores, sobre cuja base são apreciados as ações e as situações a partir dos quais são eventualmente justificadas as práticas concretas e de outra parte tudo o que determina regras particulares por meio das quais se organizam os sistema de ação.  Ladrière, 1977 : 16


VERDADE: As disposições em virtude das quais a alma possui a verdade, quer afirmando, quer negando, são em número de cinco: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a razão intuitiva. Aristoteles, 1973 : 342
Nem a verdade, nem o real são dados, que nem um nem outro aparecem tais quais, e que somente a operação sobre a aparência, a suspensão das aparências, pode fazer aguardara um conhecimento verdadeiro. Arendt, 1983 : 245, 351
O historiador tem por tarefa especifica de dar um conhecimento apropriado, controlado, dessa «população de mortes- personagens, mentalidades, prêmios» que são seu objeto. Abandonar esta intenção de verdade, pode ser desmesurado, mas, seguramente fundador, seria deixar livre a todas as falsificações. Chartier : 1998 : 197
A arte visual não pode mentir Bereson, 1953 : 112


[1]              BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

BIENALE de BERLIN  2016   VISÃO das PROPRIAS COSTAS - in FRANKFURTER ALLGEMEINE
Fig. 14 –  As técnicos, os procedimentos e os instrumentos de  FEED-BACK nas ARTES VISUAIS foi uma das contribuições da  ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. As conexões  instantâneas e imediatas  ampliou e universalizou  as pesquisas no campo das obras das artes visuais.  Estes instrumentos, procedimentos e técnicas não permitem mais a ninguém ignorar a norma cultural vigente na arte e na cultura. Evidente que este FEED-BACK  imediato constitui apenas um recurso e está muito longe de substituir o artista, o seu pensamento, autoria e autonomia. No contraditório permite ao artista se desconectar destas técnicas, procedimentos e instrumentos e, na sua explosão solitária, produzir obras, narrativas e ideias absolutamente originais e de valor universal. 

FONTES BIBLIOGRÁFICAS.

ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.

ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.

 ____. Tópicos.   2.ed.  São Paulo:  Abril Cultural. 1983,  pp.5-156.

BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História.3ª. ed. Lisboa: Europa- América  1976  179 p

CHARTIER,  Roger.   Au bord de la falaise:  l´histoire entre certitudes et inquiétude. Paris: Albin Michel, 1998.  293p

BOURDIEU, Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP- Perspectiva,  1987.  361p.

 ____.  O poder simbólico.   Lisboa: DIFEL, 1989.  311p.

 ____.  As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo : Companhia das Letras, 1996a. 421p.

 ____. Razões práticas: sobre a teoria da ação.  Campinas: Papirus,  1996b. 231p.

BRUINE, Paul de Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática         metodológica. Rio de Janeiro: Francisco, 1977. 235p

DUCHAMP, Marcel, «L’artiste doit-il aller a l‘université?» in Duchamp du signe. Paris:  Flammarion 1991

KANT, Emmanuel (1742-1804). Crítica da razão prática. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.  255p.

LADRIÈRE, Jean.  Les enjeux de la rationalité: le défi da science et la technologie aux  cultures. Paris: Aubier-Montaigne/UNESCO, 1977. 221p .

MATURANA R., Humberto (1928-)e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del          conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid: Unigraf. 1996, 219p.
 ____.La realidad: ¿objetiva o construida?. Barcelona: Antropos, 1996. 159 p.

NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900).Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      

NOBREGA, Vandick Londres. Enciclopédia da legislação do Ensino. Rio de Janeiro:   Revista dos Tribunais. 1952

SCHAEFFER, Jean-Marie . L’Art de l’Age Moderne. Paris: Gallimard 1992. 444p.

SOUZA NEVES, Carlos de.  Ensino superior no Brasil.   Rio de Janeiro : MEC-INEP          4v. 1969.

 SOUZA CAMPOS, Ernesto. Educação Superior no Brasil: esboço de um quadro         histórico de 1549-1939. Rio de Janeiro: Ministério de Educação, 1940. 611p
 ____.   História da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1954. 582p.
FRANKFURTER ALLGEMEINE em 31.12.2016  “die studiengebuehren-kehren zurük” ou “a economia por matrícula”
Fig. 15 –  A  ERA INDUSTRIAL, além de introduzir a LUZ ELÈTRICA nas universidades, acumulou estudantes numa única sala de aula com o objetivo de baratear custos. O mesmo mestre, falando por cima e por fora, repete, na  sala de aula, as técnicas teatrais dos eventos mediáticos lineares e unívocos e aceitos pela opinião geral. Neste tipo de sala de aula a única opção AUTORAL do estudante é o de estar, ou não, presente. Se o estudante está presente, ele é controlado que é essencial para gerar créditos acadêmicos A fala e a imagem do mestre podem ser acessadas pelos meios eletrônicos. .
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.

O ARTISTA DEVE IR para a UNIVERSIDADE Marcel DUCHAMP

FRINEIA – POESIA de OLAVO BILAC
JULGAMENTO de FRINEIA
PINTURA de Jean Léon GERÔME (1824-1904)

MUSEUS de ARTE

¿ QUEM APRENDE COMANDA o PROCESSO?

O ARTISTA CORRETO

Tese e Autoria

UNIVERSIDADE no MUNDO
As 10 universidades mais antigas do mundo

UNIVERSIDADE de FES – MARROCOS de Fátima al-Fihri 859

UNIVERSIDADE MEDEEVAL EUROPEIA

Universidade de BOLONHA
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