domingo, 25 de dezembro de 2011

ISTO é ARTE - 018




MUSEU de ARTE CONTEMPORÂNEA do
 RIO GRANDE do SUL.

“Pesquisar, preservar e divulgar um acervo de arte contemporânea regional, nacional e internacional e desenvolver propostas educativas que visem à compreensão dessa arte em suas várias modalidades” 
  Projeto do MAC-RS, in André Venzon, 2011, p.03

Fig. 01- Obra de  Francisco Stockinger (1919- 2009) no Parque Marinha do Brasil –Ver Alves  2004- p.192  - Foto Simon 12.2010


O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul possui um projeto desde o momento de sua concepção. Este projeto torna-o histórico, mantém a sua identidade e  indica os meios e os rumos para se reproduzir.

A Arte sempre necessitou da autonomia e do exercício pleno da liberdade de agir pensar e sentir. Da parte do observador impõe-se o caminho inverso na decodificação desta mesma obra resultante da liberdade e do exercício desta autonomia do artista. Caminho que parte da Natureza e refaz os signos da trilha deixada pelo artista para constituir a sua obra sempre distinta da Natureza. Pois a Natureza não é Arte, como insistia o poeta Fernando Pessoa.

No final de 2011, aconteceu no MAC-RS mais um exercício desta liberdade e de autonomia da arte.
Fig. 02- Estudantes e artistas  no MAC-RS no dia 10 de dezembro de 2011 : identifique  os nomes em

O centenário Instituto de Arte da UFRGS (IA-UFRGS) interagiu, ao longo do ano de 2011, com o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) e trabalharam intensamente. O IA sempre esteve voltado à formação continuada para o cultivo do hábito da integridade enquanto o MAC manteve-se como um centro de produção, sistematização e socialização da Arte, praticada no tempo atual. IA-UFRGS e o MAC-RS realizaram esta interação soberana, no interior de um projeto e de um contrato favorável às duas partes antes, durante e após esta ação. Agiram, sem gritos, marketing a essência dos seus respectivos projeto. Ambos convergem para “toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Aristóteles (1973: 243 114a 10 ) . Ao concluirem os seus trabalhos, resolveram socializar estes resultados favoráveis às duas instituições, sem dirigentes, estudantes e técnicos administrativos.
Fig. 03 - A desafiadora obra do  artista  NUNO RAMOS de 1991  faz emergir problemas -  não só na sua conservação, na medida em que forma e conteúdo da obra parecem em constante e delicada relação – mas de ordem econômica, espacial e técnico. Contudo estes problemas, na medida em  que se apresentam, possibilitam aberturas de sendas para a compreensão do caminho trilhado pelo seu autor e o obrar da sua mentalidade. Ver Fidelis, 2002, p.98

O artista desvela o seu ENTE na forma de SER de sua obra. O observador, no extremo oposto. necessita refazer fazer o caminho da obra física para a atingir o ENTE do artista. Artista é a fonte a origem e o sentido da obras. Os obstáculos para este trânsito - da imaterialidade da mentalidade do artista por meio de sua obra - são de toda ordem.  Em especial se o observador buscar atingir e decifrar o nível de liberdade, de autonomia da vontade e o hábito da integridade estética e intelectual qual o artista se valeu no interior do campo da forças da arte. Em especial numa sociedade na heteronomia e com profundos, visíveis hábitos da heteronomia e da escravidão voluntária e imposta.

Pressionado por esta heteronomia da vontade, do sentimento e da inteligência, a obra em Porto Alegre, dita de arte, no máximo ganha em quantidade e que muitas vezes deixam a desejar  na qualidade. O caminho ao ENTE do artista encontra-se fechado e bloqueado, devido a falta de liberdade de autonomia de quem se julga e diz ser artista. Qualidade comprometida pelo habito secular e arraigado da escravidão. Hábito que até pode produzir obras superiores formal e tecnicamente a outras obras semelhantes. Contudo, por valer-se e tirar proveito do trabalho alheio, geram confusões e bloqueios e que ocorrem com frequência no campo das forças da Arte. Confusões facilmente visíveis  no costume de contratar estudantes para eventos de arte que de fato são jogados numa absoluta heteronomia das suas ações, vontade e sentimentos. O velho hábito do coronelismo e do cacicado escondem-se em todos os recantos, gavetas e computadores. Buscam as suas vitimas entre os jovens e idealistas pretendentes ao status de artista. Os índices deste olhar de cima, da onisciência e da prepotência estão na mais elementar a análise de discurso. Palavras e sentenças que disfarçam mal a busca de reduzir o OUTRO ao seu OBJETO. O estudante é desqualificado como “aluno”, os técnicos administrativos são os “funcionários” e  aquelas que gostam de arte de fato, constituem o “público” cinzento e sem elam, sem direito a  deliberar ou decidir. O direito de deliberar é decidido pela mediação única, linear e fixa. Mediação que desando todo o processo criativo num discurso, cujo rumo e linha de pensamento e uma ortodoxia subliminar e um incontrolado maniqueísmo. A fácil e indefinida bipolaridade da “boa” e do que “não é arte”, do “passadismo” e do “futurismo” e da “acadêmica” e da “moderna”. Bipolaridade que não passa, em geral, de um jogo para a torcida e sob a responsabilidade moral e estética duvidosa de pessoas com as mínimas experiências estéticas autênticas, coerentes e significativas no campo das forças gerais e particulares da Arte.

Por tudo o que nos foi dado a perceber, a interação entre MAC-RS e IA-UFRGS, correu exatamente ao contrário deste velho hábito da heteronomia forçada vinda de cima para baixo. Para o bom termo discutiram-se, de baixo para cima, e se acertaram contratos recíprocos em relação a todas as possíveis perdas e os ganhos antes, ao longo e após este projeto. A sanção moral e estética desta interação decorre do grau desta liberdade e autonomia que gozou e envolveu a todos nos seus diferentes cargos, papéis e funções desempenhados.
Fig. 04- Karin Lambrecht  tenta  retomar o velho tabu da morte de animais domesticados e transformá-lo em totem por meio da obra de arte elaborada e maio de 2000  e cujos índices fazem parte do acervo do MAC-RS. As dificuldades no trato de uma obra desta natureza, no âmbito institucional de um Museu de Arte pode ser acompanhado em Fidelis, 2002, pp.062-065

Assim ao longo de biografias, destes mediadores amadores, mesmo aqueles que possuem os discursos mais revolucionários e apelam por meio de argumentos da contemporaneidade, carregam e denotam mentalidades retrógradas e que alimentam projetos dignos das mais irracionais forças da entropia. Nenhuma revolução é sinônimo do novo, do criativo e original. Muitas vezes carrega no se bojo o ‘dejà vue’ que desemboca na mais crassa Natureza e a defesa do caos primário. E para isto não adianta as manobras políticas, s patrulhamentos ideológicos e estéticos e o grito, pois dove si grida non è vera scienza(onde se grita não há verdadeira ciência) já distinguia Leonardo da Vinci, entregue à sua obra que permanece revolucionária até os dias atuais. Continua valido o seu princípio de uma “pintura é algo mental” quando o mestre realiza nítida distinção e traça os limites entre a Arte e a Natureza.

Fig. 05- Obra de FERNANDO LIMBERGER  1992 no Parque Marinha do Brasil de Porto Alegre   recua no tempo e recupera o gestos e as ações humanas mais primitivas de usar o material lítico para marcar a sua presença e entrega esta obra ao tempo e a espaço. Contudo sem a pesquisa, preservação e a divulgação desta obra, da parte de um ente institucional específico para estas funções, a entropia de outras ações no sentido de seu apagamento e destruição são constantes e vindos de todos os quadrantes humanos e naturais.  Alves 2002 p. 186 - Foto Simon 12.2010


A obra de arte contemporânea traz, na sua essência e no seu ENTE, a busca da autonomia e da liberdade. Busca superar maniqueísmos estéticos e deixa a deliberação e a decisão em relação à mentalidade e aos propósitos aos sentimentos que a obra provoca em a quem usufrui. Com esta liberdade e autonomia existem dois resultados básicos. Um é que se amplia o numero de artistas, e se multipliquem as obras e as tipologias estéticas que circulam no campo artístico. O outro é que, nesta infinita variedade e miríades de buscas, tanto o artista como daquele que de fato gosta de arte, possa perceber a coerência entre o projeto enunciado pelo artista e os meios que este lança mão.

Fig. 06- O artista  IBERÊ CAMARGO(1914-1994) realiza uma pausa na  produção de sua obra e imobiliza a roda de sua imprensa,  para dar lugar è reflexão e troca de informações  em relação ao momento político das DIRETAS JÁ  levado a efeito pelos artistas de  Porto Alegre  em abril de 1984 e em sintonia com a sociedade como um todo . Os gregos denominavam de epoké estes momentos de acesse e suspensão de seus juízos para passarem a agir novamente e sob nova mentalidade. Se de um lado a obra se encontra num museu de arte, ela se encontra numa epoké que a prepara para continuar a sal ação civilizadora num outro tempo e lugar.


Diante deste desafio e desta abertura, de quem quer apreciar e quem pretende praticar arte, a acese não consiste apenas em aprender fórmulas mágicas, quadros estéticos... mas supõe em constituir-se e investir-se em agente ativo da liberdade e da autonomia na suas deliberações e decisões. De outra parte supõe também constatar, por orientação de um mestre ou da sua própria experiência, de que em arte não existe possibilidade de pedir perdão por uma obra incoerente ou equivocada.

 A recusa desta acese traz ao cenário a reificação promovida na ação implacável proveniente de mentalidades dominadoras que embretam os seus dominados pela trilha do caminho da entropia natural. Desviados pela senda do mercado, os produtores de arte e seus apreciadores impulsionam apenas a roda sem fim de mais produtos destinados a circular e a serem consumidos sem deixar traços ou vestígios. Na industrial cultural é apenas um objeto de lazer e entretenimento para matar o tempo. No marketing serve de objeto de prestígio para quem o possui, manipula, divulga ou produz.

A tudo isto um estudante necessita compreender as competências e o s seus devidos limites. Nenhuma destas operações  é condenável, ou depõe contra estas agentes. Contudo a Arte aponta para a autonomia, a liberdade e a realização de algo que escapa ao consumo, à obsolescência e á entropia do aqui e agora.

Os estudantes do IA não formam uma corporação, não impõe uma estética ou seguem uma ideologia cega, muda e surda às suas próprias circunstâncias. Sabem que os atentados à liberdade, à autonomia são mais comuns e subliminares e ao espírito aberto e crítico, do é possível denunciar ou evidenciar. Liberdade e autonomia necessárias, não só no campo das artes, mas em toda civilização que deseja manter a origem e a fonte da criação artística. Necessária ao exercício face ao contraditório e ao ideal enunciado (2000, p.134) por Nietzsche 

 A arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre-passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário
Foto Simon 12.2010
Fig. 07 - A obra de AMILCAR de CASTRO (1920-2002)  no Parque Marinha do Brasil de Porto Alegre,   por mais durável que seja matéria  desta obra do ano de 1997 - mesmo que seja aço - sem a pesquisa, a preservação e a divulgação ela retorna à entropia universal e passa a fazer parte das coisas naturais e  resultantes do TRABALHO puro e vulgar, como  Hannah Arendt (1906 -1975) concebe este processo. As funções civilizatórias de uma OBRA de ARTE evaporam-se na ausência  de  um ente institucional específico. Segue- se o apagamento cultural do sentido o que recrudesce e  renovam as forças constantes da destruição física e provenientes  de todos as quadrantes humanos e naturais.  Alves 2002, p. 191

 No pólo oposto, desta liberdade e autonomia do artista, o “homo faber’ percebe apenas o aqui e o agora de uma forma fragmentária e de constante obsolescência de tudo que percebe e toca. Enquanto isto o artista se move no presente e num território na qual agem os signos vivos, carregados de memória e desafios para continuidade física e cultural do passado que ele projeta no presente para o futuro. Neste presente os projetos deste artista - e as suas obras resultantes – tornam-se únicas, originais e inimitáveis pois assentam sobre este aqui e o agora que logo se esvai, deixando sólidos testemunhos da ação do artista sobre a sua oba física. Neste processo as energias que este criador da civilização recorre para enfrentar o futuro, carregam-se da fertilidade na mediada que existe esta circunstância e este projeto que permeia o aqui e o agora. A Arte, apesar de sua absoluta inutilidade e de sua temeridade, é a manifestação humana por excelência que consegue possuir a fortuna da fertilidade. Fertilidade não só para desabrochar -  além de suas fronteiras do tempo e lugar - mas carrega-se de tudo o que encontra no se caminho, tangência ou com o que tropeça ou toca no caminho do seu peregrinar.

Assim um Museu de Arte Contemporânea possui - não apenas um projeto desde o momento de sua concepção - mas o reproduz coerente com o seu tempo e lugar. Se, de um lado, ele é concebido e mantido por tempo indeterminado, do outro lado este museu também sabe que, no caminho da História da Longa Duração, o seu atual acervo irá representar a obsolescência e o velho. A instituição museológica é fruto da ERA INDUSTRIAL, tanto na mentalidade, que lhe confere sentido como na sua figura física. Na medida em que esta infra-estrutura instalou a sua linha de montagem, ela passou a agir num sistema. Basicamente um sistema é algo que circula, flui e se desloca. A obra de arte se necessita ter uma entrada de insumos, que é elaborada para circular e possui uma saída. Neste último ponto da saída, do consumo, da obsolescência, a obra de arte terá o seu ponto de toque, ou teste. Caso esta obra de arte seja consumida, ela tornar-se obsoleta, migra para as coisas geradas pelo TRABALHO e, assim, retorna para o âmbito da entropia universal, retornando para a Natureza que não é arte.

Fig. 08-  O artista PATRÌCIO FARIAS constrói, em 1991, esta máquina  inútil, nas pegadas de Marcel Duchamp, e que  constituem ponto de parada e intrigam o fazer mecânico e interesseiro  do ‘homo faber’  de Hannah Arendt . Os índices desta operação  mental e as dificuldades no trato de uma obra desta natureza, no âmbito institucional do acervo do MAC-RS,  podem ser acompanhado em Fidelis, 2002, pp.076 a 079

A única coisa que permanece é o projeto, a mentalidade e o pensamento que constituíram esta obra como vestígio deste processo. O projeto, a mentalidade e o pensamento salvou o que se conhece da toda pintura grega, da qual só soubemos, por meio da literatura, das intenções, das obras e dos seus artistas. Hoje especula-se sobre a Arte sema a obra.

Na interação do MAC-RS e IA-UFRGS que permanecerá é aquilo que ele for competente para continuar e reproduzir em outras e novas circunstâncias. Consolidou-se e permanecerá a convicção e a certeza de que o contraditório, o cultivo do hábito de integridade intelectual e a coerência entre a vida e a obra. Nas duas instituições de arte continuará a fluir a circulação das energias próprias independente de outros eventos, que se fortificarão reciprocamente e para além de mentalidades, pessoas singulares e passageiras.
O que constitui a pessoa jurídica em associação do tipo da nossa, não é propriamente o conjunto dos sócios; é antes o seu patrimônio, o qual no caso ocorrente, será formado pelas doações e liberalidades das pessoas que verdadeiramente se interessem pelo desenvolvimento das artes entre nós”.    (Livro de Atas do IA em 01.05.1908. f. 3v)
Fig. 09 – O pintor  MÁRIO RÖHNELDT  retomou, em  1990, a tinta e pincel sobre uma superfície e que, na história humana de longa duração. O uso da tinta, pincel e superfície possui a sua origem nas paredes rupestres, passa por Giotto, Leonardo e os impressionistas e vai ganhar consistência e coerência em Cézanne que a delegou para milhões de experiências e gestos que desejam fixar uma idéia volátil e peregrina num objeto físico e um índice  desta mentalidade   Contudo este impulso e a realização estética individual e singular, não possui o menor sentido civilizatório, se carece de  estudo, de conservação e de socialização que só uma instituição impessoal, esteticamente aberta  e atenta a todas as direções e capaz de vencer.  É possível conferir as dificuldades no trato de uma obra desta natureza, no âmbito institucional de um Museu de Arte ao acompanhar e ler Fidelis, 2002, pp.074-076


A natureza deste projeto impessoal valeu não só para a origem do Instituto de Artes. Este iniciou com o regime republicano e irá presidir o processo nas instituições que formam a base da civilização sul-rio-grandense até os dias presentes. O MAC, ao modelo do projeto estadual como em 1908 o IA foi criado e sustentado pelo poder originário de 67 comissões municipais regionais. Carente deste sólido projeto regional seria temeridade aspirar ao âmbito nacional, continental e internacional. Sem a sólida vocação regional entraria no rol de tantas tentativas individuais, grupos de interesses que lançam na rede mundial  projetos utópicos, imponderáveis e caóticos das quase o marketing e a propaganda apresentam como a última concepção. No âmbito de uma instituição republicana, aqueles que buscam nela apenas cargos, sentir-se-ão tremendamente mal. Ali não exercerão adequadamente as funções destes cargos e, serão suspeitos - perante a opinião pública - em todos os seus gestos, ações e decisões.

Certamente o poder federal - evocado para conceder sede provisória ao MAC-RS - pode constituir se num ente público de passagem e um lugar provisório. Contudo uma instituição buscará expressar a sua  identidade, num seu corpo físico próprio e sobre o qual poderá deliberar e decidir. Se de um lado esta interação com os Institutos Federais, constitui uma tentadora busca de retomar o projeto do “artes e ofícios” (Art and Craft- Werkbund) do que um evento. O Parque de Belas Marinha do Brasil com os extremos e as ligações ente o o Museu Iberê Camargo e o OSPA poderiam Dara sentido às obra de arte que estão espalhadas e ameaçadas, como a obra de José Resende. Isto sem falara de uma institucionalização do Acampamento Farroupilha e o Teatro por do Sol. Retomamos ao central da postagem, deste blog, do dia 18 de março de 2011
Fig. 10 -  A Orla do Guaíba e o Parque Marinha do Brasil estão no meio de um projeto humano no meio da caminho. Com certeza a intervenção da Arte já teve várias tentativas nesta área, mas ficarão entregues à entropia natural. O lugar da contemporaneidade certamente não cabe num velho e obsoleto armazém do Cais do Porto.
A área também convida para seis navios das diversas épocas e calados ancorados naquele trecho como restaurante e seis hotéis. Se esta área não tiver um projeto decidido e urgente e providências imediatas para reserva para fins culturais, ela poderá acordar como um imenso estacionamento de carros obsoletos e poluidores físicos, morais e econômicos. Em outra hipótese uma imensa plantação de espigões disputando o visual do Guaíba, como já está acontecendo na prática.
O jardim das esculturas de Porto Alegre teria um ponto de referência e segurança que possui no abandono a que estão entregues em vias cada vez mais motorizadas. Vias e veículos a partir dos quais não há tempo de perceber o seu sentido singular e único. A maioria destes monumentos foram criados a apreciação do seu sentido e natureza para pedestres.
 A contemporaneidade não abdica de gerar instituições que seja para tempo indeterminado e se reproduzem e sejam auto-sustentáveis. Os exemplos - da profunda interação entre a VIDA e a ARTE-  não faltam aqui e pelo Brasil afora. Os sul-rio-grandenses possuem o exemplo de José Lutzenberger (1926-2003) transferiu todas as energias herdadas do seu pai artista e as fez confluir para a harmoniosa interação e sustentabilidade da sua Fundação Gaia http://www.fgaia.org.br/ . Pelo Brasil afora encontram-se as experiências de Franz Krajscberg em Viçosa na Bahia, as concepções e realizações do Instituto de Artes Inhotim em Brumadinho Minas Gerais ou as experiências de Francisco Brennand... instigam e aproximam do deste ideal. Se Brasil é conhecido mundo afora, sempre foi e será cada vez mais pelas suas florestas. Florestas que conferem maior identidade e legitimidade nacional mais do que os eventos do carnaval e do futebol. Eventos que também são possíveis, graças à mentalidade e na medida do cultivo inteligente, constante e sensível da interação ARTE e VIDA.
A audácia - levada aos extremos da temeridade - de pesquisar, preservar e divulgar um acervo de arte contemporânea regional, nacional e internacional e desenvolver propostas educativas que visem à compreensão dessa arte em várias modalidades é uma necessidade urgente e inadiável no momento. Momento em que se aprofunda - e ganha força – a massa do jogo darwiniano das forças da Natureza bruta, frente às velhas e gastas fórmulas sociais, políticas, econômicas e, para não dizê-lo,  estéticas. Necessidade urgente e inadiável no momento em que há carência das constantes e substanciosas energias que brotam da gratuidade da ARTE e da VIDA.
FONTES IMPRESSAS
ALVES, José Francisco A Escultura Pública de Porto Alegre: história, contexto e significado. Porto Alegre : Artfolio, 204 264 p. ilust.
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
FIDELIS Gaudêncio Dilemas da Matéria: procedimento, permanência e conservação em arte contemporânea – Gaudêncio Fidelis – Introdução de Vinício Giacomelli – Porto Alegre ; Museu de arte Contemporânea - RS. 2002  - 242 p.
LEON, Aurora.  El Museu: teoria, práxis y utopia. Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.
LOUREIRO CHAVES Celso – Temas do ano  Porto Alegre : Zero HORA ano 48 – nº 16.881 – 23 e 25 de dezembro de 2011. Caderno de Cultura p. 07
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      
VENZON André – Um museu para sempre contemporâneo. Porto Alegre : Zero HORA ano 48 – nº 16.881 – 23 e 25 de dezembro de 2011. Caderno de Cultura p. 03
FONTES NUMÉRICODIGITAIS
Fernando Pessoa (1888-1935) e a Natureza
Instituto de Artes Inhotim – Brumadinho – MG
Leonardo da Vinci (1452-1519) e a Ciência
MAC-RS 10.12.2011
REGINA SILVEIRA : firmeza, porém com ternura. ..............em 18 de março de.2011
SIMON, Círio Origens do Instituto de Artes

A presente postagem possui objetivos puramente didáticos

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2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto e penso que tudo que é relacionado com arte e sua natureza semiótica e telúrica, assim como acadêmica e seus desdobramentos contemporâneos, deve estar longe do autismo partidário e político das relações humanas e porque não desumanas, como alguns desses, ditos auferistas das liberdades, assim se denominam. Um abraço

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  2. prof. Círio,
    Obrigada pela reflexão! É sempre um prazer e uma aula ( no bom sentido) privar de seu conhecimento!
    abraço,
    Bianca Knaak

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