O GAÚCHO NÃO É TEIMOSO:
TEIMOSO é QUEM TEIMA GOVERNAR o GAÚCHO.
O caráter do sulista foi moldado pela pobreza de sua origem, o abandono numa fronteira hostil e numa terra que nada fornece sem trabalho. Em consequência desta moldagem de origem, este sulista despreza qualquer favor ou prêmio conferido em cima dele. Percebe qualquer governo, liderança ou força aglutinadora como primeiro passo para a heteronomia de sua vontade. Afasta liminarmente qualquer cooperação ou participação que considera indigna do seu caráter.
A maturidade política do sul-rio-grandense confere com o ensino de Piaget que advertiram os bretes dos discursos e das práticas que possuem, como mote, a cooperação e participação. Subliminar à cooperação encontra-se a falta de qualquer discussão antes, durante e o após de qualquer ação e que normalmente fica para o proponente da ação. A participação está vetorizada pela aglutinação emocional da vontade.
Apenas quando a criatura humana atinge a atmosfera e o terreno comandado pelo contrato claro, objetivo e seguro - antes, durante e ao longo da ação - é possível falar-se de uma interação madura e coerente entre duas partes. Partes que, pelo contrato, trocam as suas perdas e seus lucros.
Evidente que o sul-rio-grandense - para chegar a estas conclusões - não pesquisou Jean William Fritz PIAGET (1896-1980) ou as elaboradas teorias - da circulação do poder - nos textos de Michel FOUCAULT (1926-1984). Aprendeu na escola da dura lida com a natureza e com os parcos resultados econômicos dos seus esforços. Aprendeu com as trocas com a criatura humana daquilo que lhe rendia o seu trabalho. Trabalho no qual colocava o melhor de si mesmo, senão a própria vida.
Augustin François César Prouvençal de SAINT-HILAIRE (1779 – 1853) percebeu este traço nos sul-rio-grandenses na sua viagem ao Sul do Brasil quando (1819) os comparou com os mineiros (Mineurs)
“Les Mineurs dépensent leur argent avec ostentation: les hommes de Rio-Grande ont souvent une fortune considérable, mais, à voir leurs habitations et là manière dont ils vivent, on les croiroit dans l'indigence. La capitainerie dês Mines s'épuise : celle de Rio-Grande s'enrichit”.SAINT HILAIRE 1823- pp. 54 e 55[1]
Para quem possui a teimosia de governá-los é necessário aceitar o contrato de que os sul-rio-grandenses o avaliem (ANTES) e ao longo (DURANTE) de todo o período do instalado no poder. O mais cruel é o DEPOIS do governo onde eles contabilizam qualquer erro e a eficiência deverá ser a máxima e por tempo indeterminado. Em política, em arte e no esporte não há como pedir perdão pelo erro cometido. As experiências das re-eleições de Borges de Medeiros talvez são uma das suas heranças mais amargas dos sul-rio-grandenses. Re-eleições que de fato era o continuísmo das ações de uma máquina paralela do corporativismo de quem era favorecido.
O erro fatal quando - este candidato a governar o sul-rio-grandense - ignora o ANTES do PODER ORIGINÁRIO[2] do Estado, do Município ou partido que ele pretende governar. Como este PODER ORIGINÁRIO possui a sua própria lógica é impossível a improvisação ou sinais de anarquia da vontade.
[1] SAINT-HILAIRE, Augustin Aperçu d’une Voyage dans l’intereur du Brésil dans la Province Cisplatine e les Mission dites du Paragay. Paris : Imprimerie de S. Belin, 1823, 73 p.
Disponível integralmente em http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01417800
[2] - PODER ORIGINÁRIO Ver o desenvolvimento deste conceito em http://www.ciriosimon.pro.br/pol/pol.html
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