quarta-feira, 18 de novembro de 2009

MEMÓRIA CENTRAL ou REGIONAL 02

MEMÓRIA FUNDANTE - 2.

“Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta”.

Camões – Lusíadas – Canto 1 – 3

Uma determinada memória depende da mentalidade que se distila da infra-estrutura que lhe fornece suporte e vida. Mentalidade que busca como leito natural o suporte físico. Este suporte físico pode ser oral (artesanal), industrial (linha de montagem) e a memória virtual (fractal na rede eletrônica) e que depende da mentalidade destilada da infra-estrutura que lhe dá vida e sentido.

Não se trata de saber que tipo de memória uma instituição possui. Em geral é impossível reverter essa memória, em especial, se é memória coletiva da experiência de rebanho. Uma vez instaurada deve correr até o seu esgotamento natural, ou através de uma ruptura acidental ou intencional.

O tipo de memória escolhida, no projeto fundante, determina toda a trajetória de uma instituição, de uma cidade ou império. No correr do tempo a memória fundante penetra subliminarmente em todos os interstícios, comandando todas as ações que são praticadas em função desse organismo social.

Querendo preservar uma cidade habituada a viver livre, mais facilmente, que por qualquer outro modo, se a conserva por intermédio de seus cidadãos”.

Maquiavel - O PRINCIPE - CAPÍTULO V

É impossível retornar a uma consciência individual cidadã ao criar uma consciência coletiva massificante. Esta impossibilidade fica evidente e perceptível nas histórias de diversas instituições, cidades e impérios .

A memória coletiva do Império Romano teve de ser subvertido pelo exercício das consciências individuais que acreditavam serem mais significativas do que toda a lógica do Estado Imperial Romano. A dolorosa situação de uma Rússia pós-soviética mostra o preço e as perdas provocadas por um coletivismo massificante forçado.

Toda a pregação de Chomsky é contra o centralismo aplastrante das memórias individuais que o Império Americano está implementando, descolando o coletivo nacional de sua origem.

A memória é plástica e pode tomar as formas que o educador desejar. A autonomia do educador nasce dessa fonte e potencialidade. Caso contrário é apenas um reprodutor inconsciente, fazendo os objetivos de outrem e treinando mais um rebanho. Rebanho que grupos aparelhados tomam conta. Grupos que se apropriam de qualquer organização partidária, sindical ou social que ostenta qualquer fraqueza de sua própria identidade[1] e memória e, em especial, se diz possuir cunho nacional. Instalam o colonialismo no núcleo do poder e reproduzem a escravidão latente voluntária ou imposta, feudalizando todas as vontades periféricas adormecidas e das quais se julgam representantes legais e legítimos.

Educação e implantação de tipo específico de memória: todo tipo de regime, governo ou poder, trova lutas cruciais para implantar em cada membro da sociedade humana um tipo específico de memória que conveniente à sua própria ideologia.

A memória carrega o poder social, político e o econômico. A forma destes poderes depende do tipo de memória escolhida: se é central, a cultura, a política e a economia serão cada vez mais centralizadas.

Próximo artigo: MEMÒRIA e INSTITUIÇÔES

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