AS
ARTES VISUAIS do final do séc. XIX e o Rio Grande do Sul frente ao projeto republicano.
SUMÁRIO da AULA de Círio Simon Dia
24/10/2019. 14h 00 – 15h00)
01 – PROBLEMA: contradições do REGIME REPUBLICANO como PROJETO POLÍTICO Rio Grande do Sul; - 02 – DISTINÇÕES: o QUE ESTAVA
EM JOGO entre REGIME IMPERIAL e REGIME REPUBLICANO e que de FATO INTERESSAVA no projeto
cultural do Rio Grande do Sul - 03–Os AGENTES dos DOIS LADOS e cortina de fumaça dos POSITIVISTAS no Rio Grande do Sul. 04– O PREÇO da AUTONOMIA: o REGIME REPUBLICANO
concedeu autonomia para os cidadãos, autonomia que
vale também para o artista visual -
05 A DESCENTRALIZAÇÃO ESTÉTICA: os ESTADOS SOBERANOS
iniciam uma DIÁSTOLE frente a SÍSTOLE
NACIONAL e CENTRALISMO do REGIME
IMPERIAL . 06 – O ESTADO como GARANTIA: o regime republicano do Rio Grande do Sul assume os
seus próprios projetos civilizatórios - 07 – OS PROCESSOS de DESQUALIFICAÇÃO e o projeto
de “CONSERVAR MELHORANDO” -08 EMERGEM as CONTRADIÇÕES: o PARTIDO
REPUBLICANO SUL RIOGRANDENSE como PARTIDO
DE ALUGUEL EXPEDIENTE de sobrevida da MENTALIDADE IMPERIAL. 09 – A LEI PRECEDE os
FATOS o recurso legalismo diante de uma realidade
adversa, imponderável e sem limites 10 – O
QUE PERMANECEU as INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS por TEMPO
INDETERMINADO .
Pedro
WEINGÄRTNER por Henrique BERNARDELLI (1857-1936) 1895 Ø
62 cm
Fig.
01 – Pedro WEINGÄRTNER era originário do RIO GRANDE do SUL.
No entanto teve uma larga e sólida
carreira internacional e brasileira. No
trânsito do REGIME IMPERIAL para o REGIME REPUBLICANO a sua pessoa e a sua obra são emblemáticas para
as ARTES VISUAIS possíveis de praticar nestas
circunstâncias de MUDANÇAS NACIONAIS e
SUL-RIO-GRANDENSE
01 – PROBLEMA: contradições
do REGIME REPUBLICANO como PROJETO POLÍTICO
no Rio Grande do Sul
O REGIME REPUBLICANO era um ideal que
alimentou as REVOLUÇÕES BRASILEIRAS dos INCONFIDENTES MINEIROS[1]
e dos REVOLUCIONÁRIOS de
PERNAMBUCO de 1817[2].
No caso do confronto dos REVOLUCIONÁRIOS REPUBLICANOS FARROUPILHAS com as FORÇAS IMPERIAIS pode-se pensar até num
empate técnico.
Os VENCEDORES REGIME REPUBLICANO ,ao triunfar no dia
15 de novembro de 1889, entraram
em CONTRADIÇÕES. Os VENCEDORES se DIVIDIRAM, em 1893. entre FEDERALISTAS
ou CHIMANGOS de JÚLIO de CASTILHOS e
os MARAGATOS de SILVEIRA MARTINS. Estes últimos eram e DONOS
de GENTE, de GADO e de LATIFÚNDIOS[3]. Estes SENHORES ligados
ao DERROCADO REGIME IMPERIAL TRAVESTIRAM-SE em REPUBLICANOS de ÚLTIMA HORA
Os FEDERALISTA ou CHIMANGOS agarraram-se à tábua legal da CONSTITUIÇÃO de 14 de julho de 1891 de JÚLIO de CASTILHOS[4].
O REGIME REPUBLICANO - que deveria
ser SOLUÇÃO - tornou-se um PROBLEMA. O PROJETO REPUBLICANO não era tão sólido,
coerente e eficiente como os GRÊMIOS REPUBLICAMOS, o PARTIDO REPUBLICANO
RIOGRANDENSE e o jornal a FEDERAÇÃO apregoavam. Como acontece sempre nestas
encruzilhadas surgiram as mais estranhas certezas, ideologias e racionalizações
apressadas. A que ganhou uma evidência foi o POSITIVISMO que virou uma PANACEIA
com parcos elementos da identidade sul-rio-grandense e com GRANDES e ALTOS
DISCURSOS PSEUDO-CIENTÍFICOS sustentados pelos APÓSTOLOS do CATECISMO de
AUGUSTO COMTE.
O pediatra e crítico de arte, Olinto de Oliveira entrou em confronto direto com A Federação e simultâneo com o
positivismo castilhista Potássio Alves. Em dois artigos publicados no Correio
do Povo, com as datas de 20.10.1898 e 05.11.11.1898, ele deixou claro, sem
pseudônimo, as suas desconfianças e as suas descrenças naqueles que desejavam
transformar em seita dogmática o
positivismo como discípulos de província
“
Dou-me por feliz, eminente patrício, de
ter minha boa estrela me preservado sempre das imposições dogmáticas de quem
quer que seja, assim como do espírito de seita, uma das causas mais funestas,
no dizer de Turgot dos desvirtuamentos a que podem sucumbir as melhores
inteligências e os melhores caracteres”[5]
Olinto
de Oliveira distinguiu claramente o comtismo do positivismo no Correio do Povo. (Porto Alegre.: destaque para dia 20.10.1898 e 05.11.1898)no contexto de duas
escolas filosóficas:.
“A
palavra positivismo tem evoluído e já não se apoia somente no ponto de vista
exclusivo de Augusto Comte. Ela abrange os esforços de todas as escolas
empíricas modernas, em contraposição as do idealismo e forma com esta a dupla
corrente das especulações filosóficas modernas, cuja tendência convergente se
torna cada vez mais acentuada apesar da aparente oposição em que se acham”[6]
Certamente Olinto
de Oliveira não era voz isolada no combate as imposições dogmáticas especialmente
nas ARTES. O artista e doutor em Filosofia Pedro Américo defendeu a sua tese[7]
na UNIVERSIDADE LIVRE de BRUXELAS , em 1869,
Neste tese ele atacava, de frente, os postulados de Comte, apesar de
saber que a banca era composta de eminentes POSITIVISTAS.
[2] REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA de 1817
[3] Revolução de 1893 no RIO GRANDE do SU
[4] CONSTITUIÇÃO do ESTADO DO RIO GRANDE do SUL em 14 de julho de 1891
[5] Olinto de Oliveira, Correio do Povo, 20.10. 1898 e in
Gonçalves Vianna, 1945, p.36
[6] Olinto
de Oliveira, Correio do Povo, 05.11. 1898 e in
Gonçalves Vianna, 1945 ,pp.44/5
A maioria dos artigos do Correio do Povo, assinados por Maurício Bœhm, tem por tema a Música. Entre as crônicas relativas as artes visuais, recuperadas pela pesquisadora Cláudia Maria Rodrigues, podem ser citados ‘Romualdo Prati’(12.07.1896) ‘Litran’(20.11.1896), ‘Libindo Ferrás’(13.02.1897, ‘Bellas Artes – Pedro Weingärtner’( Domingo 03.07.1898) e ‘Pedro Weingärtner’ (11.12.1898). Uma noticia sobre uma escola e uma pinacoteca em Curitiba sob o título ‘Bellas Artes, Escola de Bellas Artes e Industriais do Paraná e Pinacotheca’ se, não escrito por Olinto, o deve ter motivado para a criação do Instituto de Belas Artes. (Correio do Povo, ano 3 , no 191, em 24.08.1898). Para Maurício Bœhm ver Damasceno 1971, p.239
A maioria dos artigos do Correio do Povo, assinados por Maurício Bœhm, tem por tema a Música. Entre as crônicas relativas as artes visuais, recuperadas pela pesquisadora Cláudia Maria Rodrigues, podem ser citados ‘Romualdo Prati’(12.07.1896) ‘Litran’(20.11.1896), ‘Libindo Ferrás’(13.02.1897, ‘Bellas Artes – Pedro Weingärtner’( Domingo 03.07.1898) e ‘Pedro Weingärtner’ (11.12.1898). Uma noticia sobre uma escola e uma pinacoteca em Curitiba sob o título ‘Bellas Artes, Escola de Bellas Artes e Industriais do Paraná e Pinacotheca’ se, não escrito por Olinto, o deve ter motivado para a criação do Instituto de Belas Artes. (Correio do Povo, ano 3 , no 191, em 24.08.1898). Para Maurício Bœhm ver Damasceno 1971, p.239
´ PARREIRAS
Antônio 1860-1937 - PROCLAMAÇÃO da
REPÙBLICA SUL-RIOGRANDENSE -
Fig.
02 – Antônio PARREIRAS levou aos
NOVOS ESTADOS REPUBLICANOS BRASILEIROS diversos projetos nos quais
evidenciava temáticas republicanas do
passado desta “SOBERANIA” Para tanto criou imagens MÍTICAS para fazer frente à
última etapa do IMPÉRIO BRASILEIRO e sala intensa propaganda na qual telas
imensas criavam verdadeiro espetáculos visuais
que percorreram as exposições europeias e norte-americanas da época. Antônio
PARREIRAS encontrou no Rio Grande do Sul
evidentes índices de REGIME REPUBLICANO
para produzir nas ARTES VISUAIS vários
projetos e que no entanto não se concretizaram. Neste fracasso é possível
suspeitar dos ANTIGOS IMPERIAIS que aceitaram a contragosto o novo REGIME
REPUBLICANO e faziam todos os esforços e exerciam todos os vetos possíveis
contra a Revolução Farroupilha na qual
não queriam aceitar nenhum sinal de
civilização e civilidade..
As
ARTES VISUAIS dividiram-se entre uma exaltação patriótica e regional mítica ao longo
destes impasses filosóficos, políticos e econômicos. Nesta categoria pode-se
incluir o quadro “PAZ e CONCÓRDIA” e a longa séries de quadros de ANTÔNIO
PARREIRAS que exaltavam as virtudes republicanas do NOVOS ESTADOS SOBERANOS.
No polo oposto
muitos deles enveredaram para um regionalismo que bania qualquer tendência
religiosa, cívica ou militar. Entre estas estava Pedro WEINGÄRTNER com sólidos
conhecimentos do seu oficio não dava
margem a qualquer exaltação patriótica, regional ou mítica, Colocavam em
prática a liberdade de pesquisa estética e de autonomia concedida ao artista pelo
mesmo o REGIME REPUBLICANO.
02
– DISTINÇÕES: O QUE ESTAVA EM JOGO
entre REGIME
IMPERIAL e REGIME REPUBLICANO e o
que de FATO INTERESSAVA ao projeto cultural
do Rio Grande do Sul
O questionamento
de hábitos ancestrais obsoletos era reforçado com os argumentos avassaladores entrada de produtos da ERA
INDUSTRIAL, Esta produzia bens em massa nas incipientes linhas de montagem, as
facilidades de comunicação;
A burguesia estava
em plena ascensão e se internacionalizava, Esta desenvolvera um GOSTO e HÁBITOS
que também se projetavam nas ARTES
VISUAIS
Os movimentos ESTÁTICOS se SUCEDIAM entre OPOSTOS e se ATROPELAVAM necessitando de outros JUÍZES outras INSTITUIÇÕES NACIONAIS.
Esta nova sensibilidade, solidamente ancorara num novo mundo técnico,
econômico procurava rios para transferir
para as GRANDES MASSAS POPULARES CONSUMIAM PRODUTOS MÁQUINAS.
Neste novo contexto o REGIME MONÁRQUICO IMPERIAL- apesar de toda a sua lucidez e atividade -
não respondia mas ao seu SÚDITO a sua
busca da diversidade, a descentralização
e as múltiplas vozes. O REGIME REPUBLICANO candidatava-se a esta interlocução
direta, local e ao nível da exigência de
um CIDADÃO do MUNDO.
Fig.
03 – A gravura de Pedro
WEINGÄRTNER está
muito distante dos GESTOS HERÓICOS e AUDACIOSOS que Antônio PARREIRAS atribui aos
REVOLTOSOS FARROUPILHAS de 1835. A gravura de Weingärtner registra um
piquete de peões que formavam um exército irregular as ordens de algum
estancieiro e que usava o REGIME
REPUBLICANO do Rio Grande do Sul para os próprios entendimentos e objetivos
particulares.
03 – Os AGENTES dos DOIS LADOS e cortina de
fumaça dos POSITIVISTAS no Rio Grande do Sul
O século XIX foi
prodigo em movimentos que buscavam a unidade depois desta ser estraçalhas pela
REVOLUÇÃO de 1789.
Descartada a
RELIGIÃO, o mito do REIS divinos e taumaturgos e mesmos os LEVIATÃS surgiram
tentativas utopistas de SAINT-SIMON. Do SOCIALISMO e da CIÊNCIA capaz de explicar
tudo e a todos os segredos da vida e da mente,
Augusto Comte
forneceu no se “CATECISMO”[1]
um amplo painel que buscava reconciliar as Sociedade, a Politica, as Ciência e
as Artes. As raras especulações estéticas de Augusto COMTE de Alan KARDEK ou de
Carl MARX confundiram mais os aristas, os críticos u um publico fiel. No BRASIL
o POSITIVISMO emprestou o LEMA para BANDEIRA
NACIONAL e encorajou a produzir peças e obras. No entanto estas não
geraram um corrente, tendência capaz de ser identificado por um publico mais
amplo ou que levasse adiante o projeto.
[1] COMTE, Auguste (1798-1957) CURSO
de FILOSOFIA POSITIVA – CATECISMO POSITIVISTA (2ª ed) São Paulo: abril Cultural, 1983
318 p
04 – O PREÇO da AUTONOMIA: o REGIME REPUBLICANO concedeu
autonomia para os cidadãos, autonomia
que vale também para o artista
visual .
O repentino e inesperado peso da AUTONOMIA e da LIBERDADE CIDADÃ caiu
sobre uma sociedade acostumada à ESCRAVIDÃO, ao COLONIALISMO e a tratamento de
SÚDITO IMPERIAL. Este peso
inesperado bloqueou as fontes
tradicionais de uma CRIAÇÃO dependente
de estímulos, ordens e remuneração burocrática. O REGIME REPUBLICANO era
avesso aos artistas da corte e submissos à estética do trono e de uma corte
parada no TEMPO.
Se de um lado era necessária uma ruptura estética e relação ao trono e
de uma corte parada no TEMPO. Do outro era necessário que o ARTISTA VIVENDO no
REGIME REPUBLICANO estivesse no caminho de ser um PRÍNCIPE ou alguém competente
para PRINCIPIAR algo NOVO e ORIGINA.
Poucos estavam preparados para superar esta ruptura, instalar algo NOVO
e ORIGINAL especialmente numa ex província carente de instituições e muito
próxima da NATUREZA
O espanto e o desespero do
pacifico artista Vitor MEIRELES estão
explícitos num estudos da terra arrasada deixada pelos canhões REVOLTA da ARMADA[1]
do inicio do REGIME REPUBLICANO
Fig.
05 – A paisagem desoladora do Rio de
Janeiro deixada pela REVOLTA da ARMADA e registrada, em 1895, por
Vitor MEIRELES é um libelo silêncio contra
o REGIME REPUBLICANO que o afastou o seu nome da Escola Nacional de Belas Artes
e das encomendas oficiais. Para sobreviver criou por iniciativa própria um
PANORÂMIO do RIO de JANEIRO[1]
cujos cenários desaparecendo completamente da memória nacional pois foram usados como sacos de lixo da
Quinta da Boa Vista
05 – A DECENTRALIZAÇÃO ESTÉTICA: os ESTADOS SOBERANOS iniciam uma DIÁSTOLE frente a SISTOLE NACIONAL e CENTRALISMO do REGIME IMPERIAL
A adesão
simultânea dos ESTADOS BRASILEIROS ao REGIME REPUBLICANO foi um índice de expectativa existente em cada uma
destas unidades e consumada pelo PROCLAMAÇÃO e INSTALAÇÃO DESTE NOVO REGIME.
No contraditório não
houve revoltas ou formação de grupos armados para DEFENDER o MONARCA, o SEU
REGIME. Os títulos de nobreza foram para nomes dos cachorros que atendiam por
DUQUE, PRINCESA, BARÃO ou VISCONDE.
Em contrapartida o
GOVERNO CENTRAL se fragilizou abrindo espaço e
ocasião para violentas dissenções dentro da hostes republicanas.
Nas ARTES VISUAIS a
IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES (IABA) não só trocou o nome para ESCOLA
NACIONAL de BELAS ARTES (ENBA), mas novos agentes ocuparam o espaço
burocrático do qual silenciaram, desqualificaram e expurgaram os ocupantes
anteriores.
Fig.
06 – Dois cidadãos pessoalmente realizados
e que colocaram a sua sabedoria e conhecimento ao SERVIÇO do ESTADO SOBERANO do
Rio Grande do Sul . O médico e
doutor pala CHARITÈ de PARIS Carlos Barbosa e o medico Olimpio Olinto de
OLIVEIRA doutor em Pediatria pela Faculdade do Rio de Janeiro .
06 – O
ESTADO como GARANTIA: o regime republicano do Rio Grande do Sul assume os seus próprios projetos civilizatórios
O REGIME
REPUBLICANO passou a ser GARANTIA do EXERCÍCIO da LIBERDADE, da AUTONOMIA e das
INICIATIVAS do cidadão.
Isto significava LEIS, INSTITUIÇÕES e ESTÍMULOS completamente
diferentes do REGIME IMPERIAL
Círio SIMON – Cândido José do GODÓI - Acrílico sobre tela – 2006 - 83 x 50 cm Propriedade d Colégio
Estadual Cândido José de Godói – Porto
Alegre – RS
Fig.
07 – O cidadão Cândido José de GODÓI
colocou a sua sabedoria e
experiência ao SERVIÇO do ESTADO
SOBERANO do Rio Grande do Sul como
SECRETÁRIO de OBRAS e simultaneamente da FAZENDA na administração, 1908-1913, de
Carlos BARBOSA . Formado pela prestigiosa
“ECOLE DE PONTS e CHAUSSEUX” de Paris e
com convite para integrar o Serviço da França preferiu a sua terra. Administrou
a série de obras monumentais e dignas de um ESTADO SOBERANO como a construção
do Palácio do Governo, das obras dos prédios do Serviço publico do Estado e
viabilizou a construção do Monumento a Júlio de Castilhos Para tanto deixou
inteira liberdade e autonomia aos artistas, aos arquitetos e empresários
mantendo-os no interior de rigorosos cronogramas, orçamentos e contratos
firmados livremente.
. Na medida em que o REGIME REPUBLICANO BRASILEIRO
foi tachado de LESA MAJESTADE e EXPULSAR
o SEU VELHO e ADMIRADO IMPERADOR ele precisava dar provas de POSSUIR um PROJETO
SUPERIOR. Esta superioridade havia estimulado a abolição da ESCRAVIZO da qual o REGIME DECAÍDO até quase o final e
cuja ABOLIÇÃO os GRÊMIOS REPUBLICANOS haviam sido voz unânime, Outro ponto de
confronto era a CENTRALISMO MONÁRQUICO deixando as províncias carentes e
dependentes da corte sistemas educacionais superiores e vendo como suspeitas as
tendências não oficiais Estas e outra brechas do REGIME IMPERIAL foram
habilmente exploradas pelos novos teórico republicanos faltava o essência, ou
seja construir um SISTEMA POLÍTICO coerente com a CIVILIZAÇÃO das mais sólidas
nações
Quando uma NAÇÃO
projeta ser CIVILIZADA ela CRIA, CUIDA e REPRODUZA s suas INSTITUIÇÕES.
H. GALGAN - “Câmara ardente de Dom Sebastião DIAS
LARANJERA (1820-1888)” -– Acervo do
Tesouro da Cúria Metropolitana de Porto Alegre
Fig.
08 – O bispo Dom Sebastião LARANJEIRA[1]
nasceu ainda no BRASIL REINO, foi um dos
bispos defensores da separação da IGREJA
do ESTADO BRASILEIRO e um ardente abolicionista. As obras do prédio da atual
Cúria Metropolitana cuja conclusão foi entregue a mestre João GRÜNEWALD[2].
Insistiu e propiciou meios para a formação de um clero menos dependente dos
humores e ingerências do ESTADO BRASILEIRO e com mais autonomia nas atividades
especificas. ormado
A mudança de REGIMES de ESTADOS NACIONAIS arrasta
consigo resistências educacionais, econômicas, sociais e estéticas. Ou então
levanta fortes resistências a ponto de
neutralizar qualquer mudança. SE o REGIME REPUBLICANOS não provocou grandiosas
obras de arte, em contrapartida ampliou consideravelmente a multiplicidades de
diferentes artistas das mais variadas tendência. O campo estético começou a
apresentar um aquecimento que se traduziu em novos apreciadores, seguido de
criação de instituições de ensino, de acelerou a circulação de obras de arte
num mercado e em galerias de arte.
Em Porto Alegre a
AÇÃO do CRÍTICO de ARTE OLINTO de OLIVEIRA acolhia os veteranos artistas e os
colocava ao lado de jovem. Com o pseudônimo de Maurício BÖEHM foi um cronista e
um crítico para selecionar e dar visibilidade
e voz para jovens artistas. Para tanto
conseguiu com o sei amigo Pedro PORTO uma GALERIA da ARTE da LOJA ao PREÇO FIXO[3]
Fig.
09 – O prédio da atual CURIA
METRIOLITANA com projeto do arquiteto
francês Jules VILLAIN e obra do construtor João GRÜNEWALD 188, ano da Morte de
Don LARANJEIRA. Fernando Corina considerava este prédui como como melhor
exemplo de um PALÀCIO em POTO ALEGRE
07 – OS
PROCESSOS de DESQUALIFICAÇÃO e o projeto
de “CONSERVAR MELHORANDO”
Qualquer
pensamento ou obra que “NÃO MELHORASSE” podia ser desqualificado e descartado no
amplo e imponderável projeto eclético do “CONSERVAR MELHORANDO”. Como era BOM ou
MAL eram conceitos elásticos, imponderáveis e subjetivos este
PROJETO REPUBLICANO deriva para um “VALE TUDO para BEM ou para o MAL assim se apresentava ao
cidadão um panorama eclético “ECLETISMO
é REFÚGIO de TODAS as COVARDIAS” conforme Mário da Andrade[1].
Nas ARTES VISUAIS
este ECLETISMO s refletia num HISTORICISMO
e levaram os nomes de “FIM de SÉCULO, ART NOUVEAU e de arranjos visuais
que não passavam de decoração
Trabalhando com
“DUPLOS AGENTES” ao longo do REGIME
IMPERIAL a ARTE entrou nos projetos governamentais no REGIME REPUBLICANO
representava o desafio de um POLÍTICA para que a ARTE circulasse em tidos os
município, estados
Acervo do Tesouro da Cúria
Metropolitana de Porto Alegre
repassadi para a PINACOTECA ALDO LOCATELLI da Prefeitura de Porto Alegre
Fig.
10 – O Pinheiro MACHADO teve forte e
decisiva atuação na PRIMEIRA REPUBLICA BRASILEIRA ao SERVIÇO do ESTADO SOBERANO do Rio Grande
do Sul . Odiado e temido dentro e
fra do Estado do Rio Grande do Sul foi assassinados o Rio de Janeiro
08 – EMERGEM as CONTRADIÇÕES: o PARTIDO REPUBLICANO SUL RIOGRANDENSE como PARTIDO DE ALUGUEL
EXPEDIENTE de sobrevida da MENTALIDADE IMPERIAL
.
A implantação
repentina do REGIME REPUBLICANO, - sem passar por um estagio governamental de
transição - não deixou margem às MENTALIDADES IMPERIAIS, nada mais do que “CRÊ
OU MORRE” ou em termos regionais “OBEDEÇA à CONSTITUIÇÃO CASTILHISTA ou a
DEGOLA”
Hobbes ensina - no
seu LEVIATÃ - que “a criatura humana só obedece aquele que PODE DAR ou TIRAR
ALGO”. Na travessia do PERÍODO IMPERIAL
para o REPUBLICANO o MEDO fez com que a imensa massa IMPERIAL SURPREENDIDA ou
ATROPELADA se “juntasse com o seu
inimigo de véspera” para agir por dentro
PARTIDO REPUBLICANO SUL RIOGRANDENSE. Como conhecedores dos meandros do poder e
dos seus atalhos estes recém vindos -
que não fizeram a travessia por meio dos GRÊMIOS REPUBLICANOS - ajeitaram
tudo ao seu MODO e ao SISTEMA ANTIGO. Esta contaminação levou à
intervenção da REVOLUÇÂO de 1930 e a ESTADO NOVO que queimou as BANDEIRAS e
PROIBIU os HUNOS dos “ANTIGOS ESTADOS SOBERANOS”
Acervo do Tesouro da Cúria Metropolitana
de Porto Alegre
Fig.
11 – Júlio de CASTILHOS foi elevado ao nível de MITO devido à sua
decisiva atuação de jornalista, jurista e líder do Partido Republico Rio-grandense.
Para tanto Interpretou ai seu modo ESTADO SOBERANO do Rio Grande do Sul e foi
apontado como o verdadeiro autor da Constituição ESTADUA promulgada no dia q14
de julho de 1891 .A aprovação deste
texto legal foi conduzido na Assembleia dos Representes pelo médico Carlso
Babosa presidente do Esrado entre 1908-19013. A morte precoce de Júlio de Cstilhos ajudou a
erguer um mito ao redor do seu nome
09 – A
LEI PRECEDE os FATOS o recurso legalismo
diante de uma realidade adversa, imponderável e sem limites.
A implantação
repentina do REGIME REPUBLICANO, - sem passar por um estagio governamental de
transição - não deixou margem às MENTALIDADES IMPERIAIS, nada mais do que “CRÊ
OU MORRE” ou em termos regionais “OBEDEÇA à CONSTITUIÇÃO CASTILHISTA ou a
DEGOLA”
Fig.
12– A grandiosa exposição de Porto
Alegre do ano de 1901 mostrava e escondia. O marketing e a propaganda da
“MARIANA” com BARRETE FRÌGIO exalta e
mostra o êxito do REGIME REPUBLICANO. No
entanto esconde e encobre o preço das degolas, os abandonos das MENTALIDADE e
as desqualificações daqueles presos ao passado IMPERIAL. De outra parte era
a PROMESSA de UMA ERA INDUSTRIAL, CIENTIFICA e ESTÈTICA que se traduziu nos
diversos cursos superiores em gestação no Rio Grane do Sul. Porém os seus formandos não encontravam guarida nas
fábricas cujas máquinas e design eram importados e produziam para um gosto
divorciado da realidade concreta, objetiva e material do Rio Grande do Sul.
A Arte teve neste
período um papel de MANTER UM PROJETO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA JUSTICEIRA de um
ESTADO QUE SE QUERIA SOBERANO e EM FORMAÇÃO,
Uma mostra deste
“PROJETO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA” esteve exposta no primeiro ano do século XX.
“ A EXPOSIÇÃO COMERCIAL INDUSTRIAL”, instalada em Porto Alegre, no ano de 1901,
dava visibilidade a este projeto
De fato conferiu
visibilidade aquilo que havia sido produzido no Rio Grande do Sul na PRIMEIRA
DÉCADA do REGIME REPUBLICANO. Athos Damasceno[1]
se debruçou sobre este evento e o descreve 17 páginas. Não faltou a critica do
Olimpio Olinto de OLIVEIRA que discordou do prêmio concedido a Pedro WEINGÄTRNER
já consagrado dentro e fora do Brasil e que estava concorrendo com artistas em
formação (Damasceno - 1971- p.443), Certamente falou alto o profissional de
Pediatria a que via um adulto concorrendo com CRIANÇAS em ARTE
10 – O
QUE PERMANECEU por TEMPO INDETERMINADO: as INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS;
Um regime que
projeta ser, de fato, coerente com a sua NAÇÃO CIVILIZADA CRIA suas
INSTITUIÇÕES, as CUIDA e busca REPRODUZI-LAS
POR TEMPO INDETERMINADO
Apesar de
permanecerem PRÉDIOS erguidos no Rio Grande do SUL ao longo dos 67 anos do
REGIME IMPERIAL são raras a INSTITUIÇÕES sua fundação e origem provem do
IMPÉRIO BRASILEIRO. Em contraposição estão ativas numerosas instituições
educacionais, sociais e esportivas que nasceram nos primórdios do REGIME
REPUBLICANO SUL-RIO-GRANDENSE.
Fruto da PRIMEIRA
CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA e da LEI 173 de 10 de setembro de 1893 que remetia aos
cartórios o registro dos seus estatutos e eventuais contratos entre os cidadão,
Esta lei 173 foi evocadas em 1908 quando da FUNDAÇÃO da MANTENEDORA do
INSTITUTO de ARTES Com a previsão da impessoalidade e da eleição regulamentar
dos seus dirigentes tornar estas INSTITUIÇÔES REPUBLICANA maleáveis e
transparentes para a SOCIEDADE CIVIL que mantinha e controlava o seu
funcionamento.
[1] DAMASCENO. Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul
(1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, pp
428- 444
Vittorio BUCCELLI - 1906 - 2016
p.222b Funerais de Júlio de Castilhos
Fig.
14 – Cortejo Fúnebre de Júlio de
CASTILHOS ela ruas de Porto Alegre[1] Castilhos teve decisiva atuação na PRIMEIRA
REPUBLICA BRASILEIRA como CONSTITUINTE NACIONAL e LÍDER da CONSTITUIÇÃO do Rio Grande do Sul como ESTADO SOBERANO. A morte inesperada de
JÚLIO de CASTILHOS foi uma centelha que acendeu um MITO e um CULTO que se
traduziu no MONUMENTO da Praça da Matriz de Porto Alegre.
A mudança de REGIMES de ESTADOS NACIONAIS encontra
fortes resistências. Os deslocados do PODER POLITICO CENTRAL arrastam consigo
resistências educacionais, econômicas, sociais e estéticas.
Nas ARTES se
instala o eterno conflito entre quem perdeu sua função e quem assume as novas
funções. O novo REGIME em ASCENÇÂO busca desqualificar e aniquilar qualquer
sentimento, gosto ou estética do seu passado imediatamente anterior
Vale o conselho ao
NOVO PRÍNCIPE de
MAQUIAVEL (Capítulo VIII, p. 37)[2] que afirma “as
ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas,
ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que
sejam melhor apreciados”.
MAQUIAVEL trabalha
com a concepção da MEMÓRIA HUMANA. Esta se caracteriza pelo esquecimento rápido
do MAL. Enquanto QUALQUER BEM é CULTIVADO ao longo de largos períodos. A LONGA
DURAÇÃO - do que MEMORIA CONSIDERA BOM - apaga o que ela considera NEGATIVO.
A
MEMÓRIA dos artistas da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no BRASIL era considerada negativa,
na FRANÇA de 1816, um descarte da REVOLUÇÃO e da CORTE do IMPERADOR NAPOLEÃO. A MEMÓRIA dos artistas IMPERIAIS do BRASIL
era vista como NEGATIVA pelos “PRÍNCIPES”[3]
REPUBLICANOS. Diante deles a MEMÓRIA de Vitor
Meireles, Pedro AMÉRICO e Pedro WEINGÄRTNER era descarte e desqualificação. Estes
“PRÍNCIPES”[4]
REPUBLICANOS - além de SER CONTRA esta MEMÓRIA IMPERIAL – se fragmentaram e
iniciaram um processo de excomunhões reciprocas.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Mario Curso de Filosofia e História
da Arte. São Paulo : Centro de Estudos
Folclóricos, 1955. 119 f.
COMTE, Auguste
(1798-1957) CURSO de FILOSOFIA POSITIVA – CATECISMO POSITIVISTA (2ª ed) São Paulo: abril Cultural, 1983
318
DAMASCENO. Athos (1902-1975) Artes
plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520
p
GONÇALVES VIANNA (Raymundo).Olinto de Oliveira. Porto Alegre:
Globo,1945. 161p.
SOARES, Mozart
Pereira. O POSITIVISMO no BRASIL 200 anos de Auguste COMTE - Porto Alegre : Editora AGE Ltda,
1998 - 206 p,
TAVARES Francisco da Silva I– DIÀRIOS da
REVOLUÇÂO de 1893- Porto Alegre: Procuradoria-Geral da Justiça. Projeto Memória
2004, 248 p
BUCCELLI, Vittório (1861-1929) - Uma Viagem ao Rio Grande do Sul;
.Brasília:
Senado Federal Conselho Editorial, 2016,
580 p.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
TIRADENTES
REVOLUÇÂO
de PERNAMBUCO 1817
Dia 21 de ABRIL: FERIADO dos PRECURSORES da INDEPENDÊNCIA do BRASIL
Bispo Dom
Sebastião LARANJEIRA
Página do FACE BOOK do MESTRE JOÃO GRÜNEWALD
REVOLTA da ARMADA
Revolução de 1893 no RIO GRANDE
do SUL https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/na-revolucao-federalista-em-1893-senadores-chegaram-a-pegar-em-armas
PANORÂMIO do RIO de JANEIRO de VITOR MEIRELES
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/89850/247607.pdf?sequence=1&isAllowed=y
CONSTITUIÇÂO
do ESTADO DO RIO GRANDE do SUL em 14 de julho de 1891
AO PREÇO FIXO Galeria
de Arte
EXPOSIÇÃO UNIVERSAL 1900 PARIS
LIBINDO FERRÁS 3.6.3.
Olímpio Olinto de Oliveira apresentou o jovem de 20 anos cheio de
promessas nas artes visuais, antes de sua ida ao Rio de Janeiro. A reportagem
apareceu estampada no Correio do Povo
no dia 13.02.1897 ao lado do músico Araújo Viana. Na sua ausência, no ano
seguinte o nome de Libindo Ferrás apareceu ao lado de Pedro Weingärtner na
edição do dia 03.07.1898.
Cortejo Fúnebre de
JÚLIO de CASTILHOS https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/11014237724
Uma AULA de Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945
[2] MAQIAVEL – O PRINCIPE inhttp://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=24134
[3] Usa,
aqui o termo “PRINCIPE” coam aquele que “ORIVCIA ALGO
[4] Usa,
aqui o termo “PRINCIPE” coam aquele que “ORIVCIA ALGO
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DISSERTAÇÃO: A Prática Democrática
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Origens do Instituto de Artes da UFRGS
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