sexta-feira, 20 de setembro de 2019

268 – OBRAS das ARTES VISUAIS MISSIONEIRAS

ARTES VISUAIS nos Sete Povos das Missões Jesuíticas


0.1 – Contexto mundial arte dos Sete Povos das Missões. 0.2 -  O PROJETO JESUÍTICO e as ARTES VISUAIS como Propaganda da Fé concebida pelo Concílio de Trento e como identidade da Contrarreforma 0.3 -  A UNIVERSIDADE DE CÓRDOVA e as ARTES VISUAIS das MISSÕES .04 – O JESUÍTA LUSITANO e o ESPANHOL . 0.5 – Uma verdade única e inquestionável 0.6 -O templo como lugar de um teatro. 0.7 – A verdade do meio geográfico local   0.8 – Perderam-se os testemunhos dos lavores mais trabalhados 0.9  – O ILUMINISMO  abala o projeto teórico, estética e político dos jesuítas missioneiros. 0.10  – A mitificação da MEMÓRIA  do projeto jesuítico missioneiro e a dificuldades da permanência do sentido de origem  . 0.11  - A FORMA e a MENSAGEM do projeto jesuítico missioneiro. 0-12 – Um mundo hierarquizado e fechado sobre si mesmo 0-13 Tentativas de institucionalizara a memória do projeto jesuítico missioneiro  A intervenção do Estado Brasileiro em nome do Patrimônio Nacional  0-14 Um BEM SIMBÓLICO como IDENTIDADE e  PATRIMÔNIO da HUMANIDADE. 0-15 Os IMPASSES e os PROBLEMAS que as OBRAS MISSIONEIRA terão de ENFRENTAR no FUTURO PRÓXIMO ou REMOTO. 0.15 A esperança republicana em GRUPOS de PESQUISA com projetos voltados para as ARTES MISSIONEIRAS 0-16 Síntese da postagem

Um dos capítulos mais controversos da ARTE praticadas no Rio Grande do Sul é construído pelas ARTES VISUAIS nos Sete Povos das Missões Jesuíticas. A controvérsia inicia pelo fato de elas se desenvolverem, entre 1630 e 1750,  no território que, nesta época,  não estava sob domínio do projeto lusitano do Brasil. Outra controvérsia é estética. devido ao fato de que estas pretendidas ARTES não teriam AUTONOMIA. Falta de AUTONOMIA por não possuírem a ASSINATURA do ARTISTA e nem DATA,  além serem EXPRESSÕES a serviço de uma ideologia especifica datada e, assim,  gozarem limitada  LIBERDADE TÉCNICA e CONCEITUAL ou nulas.
No entanto, contornadas estas objeções, existe um numero expressivo de bens materiais num vasto território sul-rio-grandense e que no, mínimo, exigem um conhecimento e um registro como se encontram e são rememoradas nos dias atuais. Além disto, as ARTES VISUAIS nos Sete Povos das Missões Jesuíticas, ao perderem a sua função a serviço de uma ideologia especifica datada, estas obras migraram para a categoria de bens a serem preservados como objetos matérias testemunhos do seu tempo e da função de sua origem. 
Fig. 01 As OBRAS das MISSÕES do RIO GRANDE do SUL naõ existiriam sem que mundo europeu se dividir  em italiano REFORMA e CONTRA REFORMA após o Renascimento Europeu  A CONTRA REFORMA se articulou a partir do CONCILO de TRENTO e usou a arma ideológica da PROPAGANDA da FÈ em cujo nome a COMPANHIA de JESUS em prendeu uma vasta campanha que envolvendo o Rio Grande do Sul  por meio de jesuítas de Portugal e os espanhóis


0.1 – O contexto mundial da arte dos Sete Povos das Missões.

As COLÔNIAS sempre foram projeções de uma cultura de origem em locais remotos e que os colonizadores consideram atrasados em relação ao que eles traziam ou impunham. Desta forma toda atual CULTURA das AMÉRICAS é projeção e ocupação de COLONOS EUROPEUS. As obras das ARTES VISUAIS dos SETE POVOS das MISSÕES do Rio Grande do Sul se constituem FORMAS de EXPRESSÃO EUROPEIA. Esta as consideram  como meras cópias técnicas e estéticas suas praticadas em terras e culturas atrasadas no TEMPO e em SOCIEDADE arcaicas.
Assim convém examinar estas matrizes estéticas e técnicas europeias. A Europa  estava vivendo a estética do MANEIRISMO e do BARROCO da CONTRA REFORMA no TEMPO em que ARTES VISUAIS dos SETE POVOS das MISSÕES foram PRATICADAS. Esta prática estética era comandada pela Igreja Católica e implementada, nas MISSÕES, pela COMPANHIA de JESUS[1].
 O PROGRAMA ESTÉTICO das MISSÕES era aquele da PROPAGANDA da FÉ e seu ideário era expresso no texto básico dos EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS de IGNÁCIO de LOYOLA, o fundador dos Jesuítas.
Fig. 02 A AMÉRICA do SUL foi dividida entre território lusitano (Brasil) e os domínios espanhóis comandados pelo VICE-REINADO do PERU.    Em sucessivos tratados esta situação ainda perdurava de fato no ano de 1808 quando os britânicos traçaram o mapa acima. Apesar d o Tratado de Madrid (1750) as terras da margem esquerda do Rio Uruguai ainda continuavam ocupadas pelos espanhóis. Esta fronteira só avançou até a margem do rio Uruguai em 1810 enquanto Santa Catarina só viria a regular e possuir o território do CONTESTADO já em pleno século XX


0.2 -  O PROJETO JESUÍTICO e as ARTES VISUAIS  como Propaganda da Fé concebida pelo Concílio de Trento e como identidade da Contrarreforma.

O PROJETO POLÍTICO da PROPAGANDA da FÉ foi  adaptado às condições SOCIAIS e ECONÔMICAS vigentes nas terras banhadas pelos afluentes do Rio da Prata. Nesta adaptação a cultura europeia criou, em 1630,  a UNIVERSIDADE de CÓRDOVA[1]. Esta UNIVERSIDADE permaneceu sob o controle dos jesuítas enquanto eles  dominavam o seu claustro (ou conselho universitário). Nela os missionários da COMPANHIA de JESUS procuravam estudar e aprender a LÍNGUA INDÍGENA, entender os seus hábitos  e as maneiras de se organizarem
Os jesuítas deflagraram uma larga e longa campanha de criação de 30 REDUÇÕES. Iniciaram naquelas  situadas no atual Paraguai, Argentina enquanto sete destas no território do atual Rio Grande do Sul. Tanto a UNIVERSIDADE de CORDOVA com cada REDUÇÃO contava com sólidas  lucrativas fundações econômico, estâncias e  produção de alimentos,
Cada REDUÇÃO tinha no seu centro  uma espaçosa igreja. Ao redor dela se estabeleciam as escolas, habitações, oficinas e asilos. A IGREJA era o lugar que recebia toda a atenção estética. Nelas as ARTES VISUAIS buscavam meios físicos para atrair os CINCO SENTIDOS HUMANOS. Captados estes, orientavam toda a atenção do indígena. Atenção captada para o acolhimento da mensagem de que os missionários eram portadores. Ao mesmo tempo tratavam de bloquear qualquer ruído externo a esta mensagem tornando-a VERDADE SUBLIMINAR, ÚNICA e INQUESTIONÁVEL.



[1] Nas colônias latino-americanas sob o domínio da Espanha as UNIVERSIDADES FORAM INSTALADAS um século antes daquela de CÓRDOVA, Em  1531 instalou  a de São Domingos e em 1551 as do México e de Lima. Tratava-se da universidade teológica escolástica, destinada as regiões nas quais o ameríndio havia chegado até as sociedades teológicas de base social e cultural complexas, como dos maias, dos astecas e dos incas Mas as primeiras universidades implantadas no Novo Mundo vieram depuradas e controladas, no seu antagonismo, pela Inquisição, e reforçadas e estimuladas pelos instrumentos sofisticados da Propaganda da Fé desencadeada pela Contra-Reforma do Concilio de Trento. Essa universidade podia funcionar acima e por fora dos problemas de toda ordem efetivadas na América pela cultura européia.
Fig. 03  A UNIVERSIDADE de CÓRDOVA  expandiu a sua influência sobre as terras banhadas pelos afluentes do Rio da Prata,  A CONTRA REFORMA se articulou a partir do CONCILIO de TRENTO e usou a arma ideológica da PROPAGANDA da FÈ em cujo nome a COMPANHIA de JESUS em empreendeu uma vasta  campanha que envolveu o Rio Grande do Sul  tanto pelo lado da Espanha como de Portugal

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0.3 -  A UNIVERSIDADE DE CÓRDOVA e as ARTES VISUAIS das MISSÕES.

Até o momento não há noticia de programa, escola e ensino das ARTES VISUAIS mantido pela Universidade de Córdoba entre os anos de 1630 e 1750.
No entanto por ela passaram missionários jesuítas com solida formação em Música, em Arquitetura, em Escultura e nas ARTES VISUAIS, adquirida antes de seu ingresso na Companhia de Jesus.
Porém com esta formação consolidada, incorporou poucos elementos indígenas. Estes vestígios da estética indígena são necessários procurar em intervenções ocasionais e secundárias dos aprendizes e dos artesões.
A formação em ARTES VISUAIS dos jesuítas missioneiros é uma das diferenças dos jesuítas portugueses entre os quais não há noticia que alguns deles tivessem formação estética e que a tivesse exercida no Brasil Colonial. 
Fig. 04 As 30 REDUÇÕES se estabeleceram as margens e entre os rios PARANÁ e URUGUAI  Era o território de caça dominada pelos guerreiros guaranis desde o século 8 d. C. Com a colonização agressiva castelhana viram-se em perigo de seres escravizados pelos “COMANDEIROS” a serviço de recrutamento compulsivo das minas de prata de POTOSI; Do lado lusitano os BANDEIRANTES vinham buscar escravos para as suas lavouras no planalto paulista. . A solução foi aceitar a organização e as reduções comandadas pela COMPANHIA de JESUS. No entanto houve resistências a estas reduções entre os próprios guaranis  como aquela comandada pelo cacique Ñheçu[1] além de outras etnias como dos caingangues, minuanos,  tapes sem contar as tribos nômades dos primeiros habitantes do Rio Grande do Sul.

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04 – O JESUÍTA LUSITANO e o ESPANHOL

Conforme os soberanos, a natureza e estatutos dos seus territórios a COMPANHIA de JESUS fazia distinções na sua maneira de operar. Em Portugal estes estatutos eram severos e o próprio Padre Viera, por pouco, escapou das garras da SANTA INQUISIÇÃO, da MESA da CONSCIÊNCIA e o braço armado do ESTADO LUSITANO que exigia uma obediência cega.
As Missões  gozavam incentivos e regalias da COROA ESPANHOLA  para garantir a ocupação. o estabelecimento e a posse dos territórios dos afluentes do Rio da Prata. Enquanto isto MADRID segurava e concentrava as suas atenções e energias sobre as riquezas minerais das minas do PERU.
Em consequência as ARTES VISUAIS PRATICADAS nas IGREJAS das REDUÇÕES do Rio Grande do Sul não há vestígios da profusão de uso de metais preciosos. Estes foram sendo amplamente supridos pelos materiais da Natureza desta região.
Enquanto isto foi negada  aos jesuítas lusitanos  ou severamente vigiada a ocupação de terras com finalidade de cria fundações[2] do interior do Brasil e sua URBANIZAÇÃO   . Quando as minas de ouro  de Minas Gerais foram descobertas começaram a serem exploradas após  1700 esta restrição tornou-se ainda amais estreita e definitivamente eliminada com a extinção da ordem no ano de 1756.
Enquanto as MISSÕES JESUÍTICAS ESPANHOLAS  do RIO GRANDE do  SUL iniciavam pela ocupação de enormes glebas eram planejados pelo URBANISMO e constituídas em “POVOS”.  Enquanto isto os JESUÍTAS LUSITANOS - que agiam na colônia brasileira - se limitavam à ARQUITETURA dos seus prédios e aos ELEMENTOS VISUAIS da ESTÉTICA RELIGIOSA[3]  



HAMERMULLER, Luiz et KUIAVA, José O CACIQUE ÑHEÇU ÀS VISTAS DA LITERATURA E DA HISTÓRIA Revista TRAVESSIAS, vol 11 nº X pp 261-283 2017

[2] SOUZA CAMPOS, Ernesto. Educação Superior no Brasil: esboço de um quadro         histórico de 1549-1939. Rio de Janeiro: Ministério de Educação, 1940. 611p.

[3] Para conhecer a estética religiosa da ARQUITETURA  ICONOGRAFIA e DECORCAÇAO  que eram  comum aos jesuítas espanhóis e lusitanos convém consultar  COSTA Lúcio ARQUITETURA dos JESUITAS no BRASIL 0 Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional  Rio de Janeiro – Ministério da Educação, Cultura e Saúde Publica  nº 5 1941

Fig. 05 Os jesuítas portugueses foram freados, já no século XVI pelas leis lusitanas e pela estreita vigilância dos BISPOS que eram funcionários estatais nomeados pelos REIS de LISBOA. Assim foram proibidos de terem e administrarem terras, gente e bens moveis para sustentar na autonomia as suas fundações severamente controladas. Assim foram mantidas no litoral com eventuais entradas. No entanto não criaram reduções fixas e definitivas sob o seu controle e administração

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0.5 – Uma verdade única e inquestionável
Um projeto elaborado pelo fundador da Companhia de Jesus recorria aos CINCO SENTIDOS HUMANOS impondo-lhes uma VERDADE ÚNICA e INQUESTIONÁVEL. Qualquer ruído externo era eliminado e bloqueado pela organização do espaço físico, pela sua organização militar e pelo centralismo das deliberações e a das decisões.
 Numa cultura básica, próxima da Natureza, as ARTES VISUAIS tornavam-se um precioso instrumento da PROPAGAÇÃO da FÉ. A sua permanência era garantida pela materialidade sensorial própria das ARTES PLÁSTICAS. Esta armadilha física e mental tornava as mensagens subliminares e sem alternativas
Fig. 06 A COMPANHIA DE JESUS criada pelo espanhol IGNÀCIO de LOYOLA tinha seu projeto original o texto dos EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS   A CONTRA REFORMA se articulou a partir do CONCILIO de TRENTO e usou a arma ideológica da PROPAGANDA da FÈ em cujo nome a COMPANHIA de JESUS em prendeu uma vasta  campanha que envolveu o  Rio Grande do Sul  or meio de jesuítas de Portugal e os espanhóis
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 0.6 – O templo como lugar de um teatro.

Os jesuítas se valiam dos templos para a inculcamento da PROPAGANDA da FÉ como mestres do teatro e de eventos. O templo era o lugar de cantorias coletivas no meio de longas cerimônias orientadas pela sua retórica magistral. Tudo isto era condicionado pelo URBANISMO, ARQUITETURA e reforçado pelas ARTES VISUAIS em todas as suas manifestações possíveis.
Este projeto é atualíssimo se transposto para a PROPAGANDA e o COMERCIO praticado SHOPPING CENTERS. Nestes ambientes atuais não existem janelas para que a VISÃO se volte exclusivamente para os produtos ofertados. Até, o ar não só e condicionado, mas PERFUMADO com essências subliminares. O SOM é controlado, os objetos estão dispostos ao TOQUE das mãos e os produtos são oferecidos para o OLFATO e o SABOR de potencias clientes.
Fig. 07 O ordenamento cartesiana e a hierarquia das construções das REDUÇÔES prenunciam a produção serial em escala da ERA INDUSTRIAL  Pode-se cogitar, inclusive, numa etapa preliminar da LINHA de MONTAGEM FABRIL com as suas vilas operárias rigidamente controladas pelo demiurgo que tudo planeja, faz executar e distribui os produtos com o objetivo de manter o sistema funcionando e produtivo,


0.7 – A verdade do meio geográfico local.

A contrapartida desta verdade ideal única e inquestionável eram as terras férteis da mesopotâmia formada pelos afluentes do Rio da Prata[1]. O frágil equilíbrio entre este mundo ideal e o mundo empírico  conferia sentido religioso ao mesmo tempo um sustento material para o projeto das 30 reduções jesuíticas. Uma próxima da outra e complementares na assistência  moral, na defesa recíprocas e na suas diversidade das produções agrícolas e pastoris,.
O viajante francês Arsène ISABELLE[2] encontrou os vestígios de um REDUÇÃO  destes SETE POVOS que ele descreve (1834 p. 196 ed. 2006):  
“À esquerda da igreja estava situado o colégio, atrás do qual estendia-se um soberbo jardim plantado de laranjeiras, limoeiros, figueiras, plantas indígenas, etc., e cercado de um muro de pedras em toda a sua extensão. O colégio, como é de imaginar, era confortável e solidamente construído. Ao lado, ficava um hospital e viam-se em seguida oficinas públicas, lojas públicas, cozinhas públicas, etc., etc”
O acúmulo desta produção econômica era a base para mais uma nova redução. Se de um lado a distância da corte e de Madrid era um obstáculo, de outro lado esta mesma distância geográfica era um desafio e incentivo que obrigava a criatividade com os meio locais.
Assim as ARTES VISUAIS tiveram de seu reinventar com os meios disponíveis em vez de praticar a importação de imagens e alfais como prestativa a colônia lusitana cujos artesões permaneciam em Lisboa enviando esculturas, alfaias e imagens para a colônia americana.



[2] ISABELLE Arsène.(1806-1888)  Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul / Arsène Isabelle ; tradução e nota sobre o autor Teodemiro Tostes ; introdução de Augusto Meyer. -- Brasília : Senados Federal, Conselho Editorial, 2006. XXXII+314 p. -- (Edições do Senado Federal ; v. 61)

VISTA de uma MISSÃO JESUÍTICA

Fig. 08 -  O “POVO de uma REDUÇÃO”  ganhava corpo físico  por meio da madeira, do barro e de eventuais pedreiras pedra grés. Assim chegou aos metais como o ferro usado nos sinos, nas ferramentas e nos pregos. Os técnicos e artesões destas obras e técnicas miravam entre as trinta reduções.  As carretas missioneiras transportavam estes materiais que eram trocados por produtos agrícolas e pastoris. Era vigência do escambo econômico. Os jesuítas foram acusados, sem provas materiais, de cunharem como fabricar moedas o que lhes valeu mais um ponto para a sua erradicação. A cunhagem de moedas era privilégio régio e punido como delito

   0.8 – Perderam-se os testemunhos dos lavores mais trabalhados.

As ARTES VISUAIS, PRATICADAS nas MISSÕES, atingiram FORMAS de EXPRESSÃO que beiram à GRATUIDADE.  Os testemunhos desta GRATUIDADE estão no lavor e nas invenções que cobriam estátuas, paredes e prédios. Como se afirmou acima, estes vestígios de originalidade resultam das intervenções ocasionais dos aprendizes e artesões indígenas em obras secundárias. A fragilidade destes valores foram os primeiros afetados pelo abandono das MISSÕES e pela falta da manutenção dos originais.
COSTA Lúcio ARQUITETURA dos JESUITAS no BRASIL 0 Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional  Rio de Janeiro – Ministério da Educação, Cultura e Saúde Publica  nº 5 1941

Fig. 09  Um retábulo missioneiro numa fotografia de Lúcio Costa do anos de 1940 O “HORROR ao VAZIO” segue a tendência estética do  BARROCO  e expressa a PROPAGANDA da FÈ  na inculcação da CONTRA REFORMA  articulada a partir do CONCILO de TRENTO. Assim qualquer parede, nicho  ou teto é recoberto  com imagens, decorações e mensagens visuais;

Do lavor e nas invenções que cobriam estátuas, paredes e prédios permanecerem alguns trabalhos em cantaria e estatuas das quais desapareceu a pintura e a carnação. Para a PINTURA MISSIONEIRA  aconteceu o mesmo que na PINTURA GREGA da qual se perderam os vestígios  devem serem procurados na cerâmica e alguns raros vestígios daquela realizada sobre a escultura e arquitetura. O que restou das ARTES VISUAIS na PINTURA MISSIONEIRA  predominantemente na ESCULTURA e as ruínas da ARQUITETURA  
A precariedade da conservação destas esplendorosas PINTURAS MISSIONEIRAS  foi descrita (1834 p. 197. ed. 2006) por ISABELLE numa das suas visitas a uma destas  ruínas:
“Hesitamos algum tempo, antes de visitarmos a igreja, porque temíamos que seu teto desabasse de um momento para outro. Cada vez que o vento sopra, desprendem-se do alto enormes vigas que, rolando com estrondo, sacodem o resto do antigo edifício, cuja forma é um quadrado longo sem corpo lateral nem campanário. À entrada do coro, sobre a tribuna, elevava-se a cúpula de madeira, de que falei, decorada de belas pinturas. Duas filas de colunas também de madeira, de ordem toscana ou rústica, sustentavam o teto e formavam uma nave. Os ornamentos tinham sido retirados. Restavam, apenas, dois altares laterais; mas encontramos grande parte dos ornatos do coro, amontoados desordenadamente em duas peças, que serviam outrora de sacristia. Os dourados ainda estavam em bom estado; os jesuítas tinham sido pródigos com eles, como também com as imagens e pinturas. Esse conjunto de capitéis, de frontões, de colunas torcidas, estriadas ou lisas; esses quadros, esses ornamentos sobrecarregados de dourados finos, essas pinturas notáveis e delicadas esculturas, esses santos de todos os tamanhos, de todas as ordens monásticas, destinados a representarem um papel importante no meio de um povo de neófitos facilmente crédulos, tudo isso nos deu a impressão de um depósito de teatro e nada mais... Senti uma grande piedade, pensando na condição miserável dos cristãos, cuja sorte se decide num concílio de Trento ou na cela de um discípulo de Loiola, sobre este tema fundamental: todos os meios são bons para fascinar os povos!”...
 Depois desta descrição - anterior à Revolução Farroupilha  - estes precários vestígios permaneceram mais um século ao relento, abandono e intempérie.
A cobiça dos “TESOUROS dos JESUÍTAS”[1] colaborou para se praticassem insensatas e sistemáticas destruições dos parcos sinais que teimavam em resistir ao TEMPO e as não poucas INTEMPÉRIES que se abatiam ciclicamente sobre as terras baixas dos afluentes do Rio da Prata.
Lintel da porta da Missão de San Ignácio de Mini,[1]

Fig. 10 A COMPANHIA de JESUS, fundada pelo espanhol IGNÀCIO de LOYOLA, tinha seu projeto original expresso no texto dos EXERCÌCIOS ESPIRITUAIS   Este ideário era coerente com a CONTRA REFORMA a partir do CONCILO de TRENTO e se valendo=se das ARTES  como, uma das armas ideológicas da PROPAGANDA da FÈ.  No Rio Grande do Sul  a COMPANHIA de JESUS empreendeu uma vasta  campanha conduzida  pelos jesuítas espanhóis e diferentes daqueles jesuítas mais contidos por Portugal na sua colônia brasileira.

0.9  – O O ILUMINISMO  abala o projeto teórico, estética e político dos jesuítas missioneiros.

Todo novo projeto político traz também no seu bojo outro projeto estético que necessita aniquilar o anterior para ocupar o mesmo espaço mental e físico. Na metade do século XVIII triunfou o projeto político da RAZÃO, da ILUMINAÇÃO e os primórdios da ERA INDUSTRIAL. A ESTÉTICA da RAZÃO trouxe na sua esteira o confronto direto com o BARROCO e as suas bases EMOCIONAIS na PROPAGANDA da FÉ. A  ESTÉTICA da RAZÃO se expressou e ganhou mundo por meio da Enciclopédia Francesa, das primitivas máquinas e dos produtos da imprensa. O projeto político da RAZÃO e da ILUMINAÇÃO usou o suporte técnico para EXPRESSAR a nova MENTALIDADE cultural e estética e estabelecer um confronto de VIDA e  MORTE com sua etapa anterior, Neste confronto as NOVAS ARMAS e as primitivas TÉCNICAS INDUSTRIAIS descritas e ilustradas pela ENCICLOPÉDIA FRANCESA[2]  golpearam de morte as REDUÇÕES por meio do ferro, do fogo e esvaziando-as definitivamente e sem possível retorno.
- Vittorio BUCCELLI - 1906  p.460b - Ruinas da Igreja de S. Miguel

Fig. 11 -   O estado de abandono que o deputado italiano BICCELLI encontrou  a igreja do “POVO”  de SÃO MIGUEL no ano de 1906 após o abandono e silêncio de um século e meio. Em outros POVOS s vestígios materiais já haviam desaparecido completamente e sem volta, A estabilização do que restara destas REDUÇÕES só foi efetivado  após a Revolução de 1930 e cujo líder era de SÂO BORJA. Uma das primeiras a ser atendida pelo recém criado  Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi esta Igreja. Obra orientada pelo arquiteto Lúcio Costa autor do Plano Urbanístico de Brasília. Graças a estas providência, esta ruinas estão inscritas, hoje, no PATRIMÔNIO MUNDIAL da UNESCO.  

0.10  – A mitificação da MEMÓRIA  do projeto jesuítico missioneiro e a dificuldades da permanência do sentido de origem.

As FORMAS de EXPRESSÃO - vigentes no Rio Grande do Sul – distinguem-se pelos eternos, apaixonados e irredutíveis CONTRA ou a FAVOR, sem um possível meio termo. As FORMAS de EXPRESSÃO, PRATICADAS nas MISSÕES JESUÍTICAS, não escapam deste MANIQUEÍSMO. De um lado cultivava-se justificativas favoráveis  à sua eliminação da face da Terra. Para tanto, levanta-se todo arsenal de argumentos pela sua condenação de uma forma ou outra. Do lado oposto cultiva-se uma MEMÓRIA  que justifica a sua presença e ação ao longo dos 130 anos de sua vigência efetiva. Esta MEMÓRIA sofre todo tipo de acréscimos da sua projeção heroica e mítica posterior avivadas pelos “TESOUROS dos JESUÍTAS” e sem prova material fidedigna, Do lado oposto o seus esquecimento, meias verdades pavimentam o caminho de sua pura e simples  eliminação .
A presente postagem alimenta o projeto de uma TESE que busca a SUA IMPORTÂNCIA e SENTIDO, sem se furtar à ANTÍTESE para atingir uma possível SÍNTESE. Com a mente voltada pata a TESE- a ANTÍTESE e a SÍNTESE distancia-se  de qualquer MANIQUEÍSMO do  MAL ou do BEM. Ao mesmo tempo não aprova qualquer ECLETISMO FÁCIL e REFÚGIO de CANALHAS.
As FORMAS de EXPRESSÃO, PRATICADAS na MISSÕES JESUITÍSTICAS, observadas objetivamente  estão longe de atingirem esta SÍNTESE. Ao admitir a  TESE como um PROBLEMA este mesmo PROBLEMA não e colocado para ser RESOLVIDO mas para FAZER ANDAR na BUSCA de uma SÍNTESE provisória entre os  contra e a favor das ARTES VISUAIS dos SETE POVOS. Amanhã os combates se acirram enquanto  os  descendentes destes “POVOS”   continuam o seu caminhos em direção à “TERRA sem MAL”[1] indiferentes esta polêmica.
Esta DIALÉTICA parece salutar para as ARTES VISUAIS praticadas nos SETE POVOS. O exercício continuado desta DIALÉTICA evita as frequentes exaltações míticas, superficiais e elogios recíprocos do GRUPO de DENTRO tanto os “A FAVOR” como aqueles “OS CONTRA” as FORMAS de EXPRESSÃO, PRATICADAS na MISSÕES JESUÍTICAS. Elogios recíprocos exaltações míticas e superficiais que não passam de projeção,  deste PASSADO, sobre DESEJOS e SENTIMENTOS ATUAIS[2].  Projeções descabidas  que abalam os fundamentos mais coerentes e sadios da origem das ARTES VISUAIS dos SETE POVOS, o seu desenvolvimento e desaparecimento abrupto e dramático.
Quanto é possível esperar das FORMAS de EXPRESSÃO, PRATICADAS na MISSÕES JESUÍTICAS  é mesmo de todas as culturas humanas que alimentam as mentes dos seus integrantes com ILÍADAS, com ODISSEIAS, com ENEIDAS ou com LUSÍADAS. Estas são aceitas sem objeção, na medida em que esta OBRAS de ARTE são “ÚTEIS” para a formação de uma consciência coletivo do grupo ou de uma nação e mesmo de uma civilização.
No contraditório provém daqueles são estranhos a esta dialética e que buscam distância deste processo pois não lhes diz respeito algum. Em consequência as projeções das OBRAS MISSIONEIRAS pouco dizem para a ARTE do BRASIL e muito menos para a estética europeia. Estas só percebem nela dissincronia com as suas próprias EXPRESSÕES ESTÉTICAS. Nesta condição a ARTE MISSIONEIRA e percebida e assimilada como exótica e como nota de rodapé negativa nas suas projeções de aspirações coloniais e de lucro fácil e sem fim.



[1] Os guaranis –  depois de perderem o abrigo das suas REDUÇÔES e a proteção dos JESUITAS - continuaram tranquilos-  e sem reivindicações  em relação à MEMÒRIA do PASSADO  PROSSEGUIRAM - o seu CAMINHO para a “TERRA SEM MAL” ou YVY MARANE’Ý   https://www.poder-originario.com/news/yvy-maraney/

[2] . LUGON, C. A República “Comunista” Cristã dos Guaranis. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1977
Fig. 12  O artista visual Plínio BERNHARDT[1] fazia frequentes estágios estéticos nas ruínas das MISSÕES. Isto era realizado desde a sua formação no Instituto de Artes e por intermédio da Associação ARAUJO PORTO ALEGRE [2] Assuas  obras evocam a essência da MEMÓRIA e do SENTIDO mais nobre que  a COMPANHIA de JESUS  conferia à PROPAGANDA da FÉ em cujo nome empreendeu na vasta  campanha do Rio Grande do Sul   



0.11  - A FORMA e a MENSAGEM do projeto jesuítico missioneiro.

Admite-se a OBRA de ARTE como PRIMORDIAL e desencadeadora de milhares de referencias que ela agregou ao longo de sua peregrinação pelo TEMPO, por LUGARES e através de SOCIEDADES diferentes. Necessita-se a VOZ e a VEZ da CONTEMPLAÇÃO da PRÓPRIA OBRA de ARTE face à dialética conceitual e as suas circunstâncias no Rio Grande do Sul. Só com a força desta concentração do olhar e da atenção mental sobre esta OBRA FÍSICA ela adquire possibilidades de escapar da capsula conceitual que é alheia à sua natureza. Esta OBRA de ARTE MISSIONEIRA, como PRIMORDIAL, impõe um conhecimento objetivo do contexto de sua origem, do sentido de sua encomenda e materialização física e única.
Esta PRIMORDIALIDADE nos faz aproximar destas OBRAS as ARTES VISUAIS PRATICADAS nos “POVOS das REDUÇÕES”. Esta proximidade destes objetos materiais - castigadas pelo TEMPO, pelas INTEMPÉRIES e pelos LONGOS SILÊNCIOS - não assusta o verdadeiro pesquisador. Antes ao contrário, as chagas, as incúrias e os longos silêncios são significativos tanto para a origem como para descobrir o percurso de CADA OBRA de ARTE. Este frágil vestígio - a ser examinado qual fóssil que passou milhões de anos no abandono no lugar onde esta vida tombou - rompe os silêncios da sua origem que tornam tênues e quase interromperam a sua DIACRONIA de sua migração até nós. A sua DIACRONIA é precária pela falta de ASSINATURA, de CONTRATOS seguros e objetivos. Os frágeis argumentos de origem e da intenção do autor de CADA OBRA de ARTE.
Cada aproximação, estudo e conclusão tornam-se autoral e ao sabor das evidências percebidas, registradas e conectadas com as redes culturais da nossa civilização.  No estado que se encontram em si mesmas estas obras são desafios e problemas que não passam de obstáculos de alerta, mas transponíveis ou contornáveis. Como muitas destas obras tiveram o destino de algum MUSEU[3], esta mesma instituição as tomba, faz a sua ficha cadastral, as exibe e as divulga com a sua a própria identidade e meios. Raras são abrigadas em MUSEUS de ARTE. Este fato evidencia que há dúvidas nestas instituições se as “OBRAS das MISSÕES são EXPRESSÕES de ARTE” de fato e de direito. A criação, desenvolvimento do MUSEU[4] é um fato recente e posterior à vigência das ARTES VISUAIS MISSIONEIRAS. No contraditório é possível afirmar que a ERA INDUSTRIAL criou e alimentou os MUSEUS com o objetivo de abrigar neles as obras físicas que perderam, ou estavam em vias de perder, a sua função que tinham no período anterior.



[3]  SPINELLI, Teniza Esculturas missioneiras em museus do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Evangraf, 2008 105 p.

[4] LEON, Aurora.  El Museu: teoria, práxis y utopia. Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.

São Francisco Xavier- - estátua missioneira do Museu Júlio de Castilhos POA-RS no dia 01 de setembro de 2016  n

Fig. 13 Ao aproximar nos e examinar de perto o rosto da estátua de São FRANCISCO de XAVIER abrigada e cadastrada no MUSEU Júlio de CASTILHO de Porto Alegre estamos quebrando o projeto jesuítico das MISSÕES. Neste projeto esta  obra foi  executada para fazer parte de um cenário que desapareceu.  Rosto  concebida em diagonal e com carnação,  teve ressaltado alguns detalhes significativos que são  contrastados por meio de vazios ou “silêncios visuais”  e pela madeira bruta das florestas subtropicais.

0-12 – Um mundo hierarquizado e fechado sobre si mesmo

A férrea disciplina da COMPANHIA de JESUS era comandada por um projeto hierarquizado e fechado nos cânones da PROPAGANDA da FÉ e inspirado nas COMPANHIAS MILITARES que floresciam, nesta época pela Europa e estavam à disposição de reis e de príncipes.
As ARTES constituem EXPRESSÕES VIVAS e SENSÍVEIS aos seus condicionamentos. No caso das EXPRESSÕES MISSIONEIRAS as ARTES VISUAIS PERMANECERAM ENCAPSULADAS neste mundo hermético. Cercadas pelas florestas e de grupos rivais a espreita para caírem sobre estes “POVOS de REDUZIDOS”.  A ARTE ali praticada  abrigou-se em cápsulas ao modelo no OCO das  volumosas ESTÁTUAS de MADEIRA e infensas a QUALQUER MUDANÇA de concepção ou crítica externa  .
  No contraditório as FORMAS de EXPRESSÃO MISSIONEIRAS das ARTES tinham um forte componente indígena, tradicional e subliminar e diferente do projeto hierarquizado e fechado nos cânones da PROPAGANDA da FÉ.
Esta PROPAGANDA da FÉ entendeu e se valeu da milenar e ininterrupta tradição indígena do fechamento social sobre o clã de origem, o mando inconteste e absoluto do cacique e o distanciamento de qualquer mudança ou aproximação aos estranhos à sua tradição e também hierarquizada em paradigmas ritualizados.
O interregno no qual se inscrevem a ARTES VISUAIS MISSIONEIRAS houve um pacto e um contrato no qual os dois lados cediam algo próprio. Contrato pactuado entre os rígidos JESUITAS e os CACIQUES que permaneciam no mando de seus clãs. Produziu-se uma terceira realidade frágil, artificial e precária.
Rompido, este pacto e contrato, desapareceu esta terceira realidade.  O jesuíta e indígena seguiram para a sua origem. Nenhum dos dois lados reivindicou a posse ou a guarda das OBRAS de ARTES VISUAIS que haviam produzido em conjunto, muito menos a abrigaram sob seus cuidados.
Para a mentalidade indígena - despida de qualquer posse individual - restou o longo e penoso caminho para as “TERRAS SEM MAL”. Atravessaram assim a ERA INDUSTRIAL e na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL estão sentados nas calçadas urbanas e obedientes aos caciques e as tradições profundas dos seus clãs hierarquizados em paradigmas ritualizados. Entre eles desapareceram completamente os traços da ARTE MISSIONEIRA e sem volta. O jesuíta, quando foi expulso da civilização europeia, refugiou-se na Rússia profunda. Retornou com projetos que em nada lembram as suas REDUÇÕES e os seus TRINTA “POVOS”  que floresceram na bacia dos afluentes do Rio da Prata. 
ESTÁTUAS MISSIONEIRAS do MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS no dia 01 de setembro de 2016   

Fig. 14 -  Ao contornar as estátuas de madeira elas se revelam ocas. As mentes mal informadas e maliciosas imediatamente- e sem exame ou prova alguma - afirmavam que eram esconderijos e lugar de transporte dos “tesouros dos jesuítas”. Eventualmente até podem terem usadas mas pelas mãso do caluniadores, No entanto a explicação destas imagens ocas é devido às madeiras das florestas úmidas e subtropicais fornecem madeiras muito resinosas e que se fragmentam e racham, as longo da secagem e assim  se forem mantidas  maciças. Outro objetivo era facilitar o seu transporte e exibição em procissões e cerimonias ao ar livre. Como peças de teatros religiosos podiam abrigar pequenos autores e que as faziam falar conforme um roteiros.

0-13 Tentativas de institucionalizar a memória do projeto jesuítico missioneiro  A intervenção do Estado Brasileiro em nome do Patrimônio Nacional.

As obras das ARTES VISUAIS MISSIONEIRAS permaneceram ao relento e abandono entre os anos de 1750 e 1937. Neste longo período não há registro de tentativas de estudo e muito menos algum esforço de salvá-las das intempéries.  Atualmente  são PATRIMÔNIO da HUMANIDADE.
As autoridades eclesiásticas brasileiras não esboçaram qualquer politica de estudo, de identificação, catalogação ou reivindicação do todo ou de alguma parte disto que é atualmente patrimônio da Humanidade. Autoridades intimamente associadas ao ESTADO NACIONAL até o final do Regime Imperial brasileiro do qual eram servidores remunerados. 
O Estado Nacional Brasileiro esboçou alguma iniciativa prática na sua preservação após a Revolução de 1930 e com o presidente originário de São Borja. Foi uma das iniciativas pioneira do “SERVIÇO do PATRIMÔNIO HISTÓRICO e ARTÍSTICO NACIONAL” e tomou corpo, em 1937, sob o comando de Lúcio Costa, futuro urbanista de Brasília. Escolheu-se a RUÍNA da IGREJA de SÂO MIGUEL. Esta foi completamente desmontada, as pedras numeradas e posteriormente remontadas uma a uma no seu lugar original.
 Ao pé desta ruína preservada ergue-se o MUSEU[1] numa réplica das casas das Missões e que recebeu as estátuas ainda conhecidas.
ESTÁTUA MISSIONEIRA do MUSEU JÙLIO DE CASTILHOS no dia 01 de setembro de 2016   

Fig. 15 A imagem de Nossa Senhora da CONCEIÇÃO, era para Flavio de Carvalho a representação da fertilidade feminina expressa nos anjinhos que emergem sob a suas vestes, Do lado indígena a representação da FERTILIDADE FEMININA era a materializada na “ PACHàMAMA”.  Nesta imagem é visível a incorporação visual e plástica do rosto indígena e os longos cabelos lisos e negros desta etnia.

0-14 - Um BEM SIMBÓLICO como IDENTIDADE e   de PATRIMÔNIO da HUMANIDADE.

A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL vem se firmando técnica e conceitualmente após a IIª GUERRA MUNDIAL. Esta ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL entendeu os perigos de uma RAZÃO armada até os DENTES com ARMAS que PODEM LIQUIDAR SETE VEZES a VIDA em TODO PLANETA.
A ONU através da UNESCO trabalha para mostrar o lado positivo que esta mesma RAZÃO HUMANA pode implementar por meio de  motivações CIVILIZATÓRIAS  tendo por BASE a ARTE, a CULTURA e a EDUCAÇÃO MUNDIAL.
As abandonadas, desgastadas e depredadas  RUINAS das MISSÕES certamente não rivalizam, em si mesmas, com a moda fugaz das maravilhas tecnológicas Nem podem e nem querer torrentes de turistas consumistas onde cada um deseja levar um pedaço original.
Assim se impõe o plano ideal do CONHECIMENTO sua origem, da VONTADE deu esplêndido florescimento num lugar inesperado e os SENTIMENTOS HUMANOS diante de sua abrupta e inesperada decadência.   
  Os vestígios, que restaram das ARTES VISUAIS PRATICADAS na MISSÕES do Rio Grande do Sul, prometem uma sobrevida como FORMAS de EXPRESSÃO de um potencial humano que se nasce e desabrocha em ambientes adversos, com um povo ainda preso a muitos aspectos das forças primitivas  e sem minas de ouro e de prata
Se as ARTES dos POVOS da REDUÇÕES não tiveram GRATUIDADE e LIBERDADE ao longo de sua produção e vigência. Na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL e após o desaparecimento destas condicionantes nada impede atingir o MUNDO SIMBÓLICO.
 Neste imenso campo de FORMAS de EXPRESSÃO
São Francisco Xavier- - estátua missioneira do Museu Júlio de Castilhos POA-RS no dia 01 de setembro de 2016    

Fig.16  A MUSEIFICAÇÂO das OBRAS da ARTE MISSIONEIRA não possui um PROJETO e muito menos uma UNIDADE CONCEITUAL e MUITO DISTANTE de uma IDENTIDADE PRÓPRIA e ESPECIFICA    O que restou ainda está no processo de migração da propriedade privada para instituições mais ou menos publicas. Com a perda de sua função primeira e pelo desinteresse secular das esferas eclesiásticas  passaram para típicas peças de museu e se inscrevem no acervo das obras que vieram da época agrícola postoril, foram identificadas pela ERA INDUSTRIAL como peças que perderam sua função. Na ÈPOCA PÒS-INDUSTRIAL são vista como BENS SIMBÒLICOS e PATRIMONIAIS

0-15 Os IMPASSES e os PROBLEMAS  que as OBRAS MISSIONEIRAS terão de ENFRENTAR no FUTURO PRÓXIMO ou REMOTO.

O acúmulo de peças exóticas que a ERA INDUSTRIAL acumulou em ACERVOS, MUSEUS e INSTITUIÇÕES atinge tradicionais culturas colonialistas que percebiam como troféus de conquista as ARTES dos povos que colonizavam, Troféus dos dominados  e uma extensão do seu poder político e econômico mas do qual faziam questão de desconhecer a sua origem e a profunda carga simbólica destes povos dominados.. Com a descolonização e a retomada das soberanias nacionais estas mesmas antigas colônias percebem uma época de opróbrio e de heteronomia de suas vontades, inteligências e sentimentos. Este tabu está distante de ser vencido por uma consciência e uma identidade coletiva. Esta consciência coletiva jamais foi permitida ais nativos pelo colonizador. Além de manter a COLONIA FECHADA SOBRE SI MESMA e APENAS ABERTA para o CONTROLE da METRÓPOLE promoviam sistemáticas DIVISÕES entre ESCRAVOS e DOMINADOS. Para tanto promoviam festejos, eventos e hábitos alienantes de sua férrea dominação colonial.
As OBRAS PROVENIENTES das MISSÕES resultaram dos hábitos alienantes e são expressões de cultos,  de festejos, de eventos e da férrea dominação ideológica e do controle externo. O silencia e o abandono, ao longo de dois séculos, permitiram que se dissipasse a memória direta desta dominação.
Permanece um acúmulo desordenado de OBRAS MISSIONEIRAS que migraram por um comércio desordenado e pouco rastreável de um nutrido MERCADO de ARTE. MERCADO movido pior interesses patrimoniais de peças exóticas e sem conexão com a sua origem e caminho realizado até chegar e este proprietário especulador
O ESPAÇO VIRTUAL oferecido pelas atuais  culturas  dominantes poderia realizar este cadastramento e ordenamento daquilo que restou das OBRAS MISSIONEIRAS e a descrição das CONDIÇÕES nas QUAIS se ENCONTRAM.  No contraditório a CULTURA BRASILEIRA e SUL-RIO-GRANDENSE são MEROS USUÁRIAS destas ferramentas e usinas de armazenamento de dados situadas em terras estranhas. Repetem-se assim os MUSEUS COLONIAIS. 
EXPOSIÇÃO das OBRAS das MISSÕES no MARGS set. 2000[1]

Fig. 17 – O MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL não possui um acervo de obras da ARTE MISSIONEIRA. No entanto presta o seu prestígio e equipe de museológica  de pesquisadores e a ajuda da sua ASSOCIAÇÇAO  de AMIGOS e seus apoiadores financeiros para  apresentar didaticamente e destacar devidamente estas obras icônicas deste passado sul-rio-grandense Ao mesmo tempo sedimenta o espaço conceitual com a passagem de pesquisadores que tem por objeto este estudo além de renir pessoas interessadas em conhecer in loco este passado

0.15 A esperança republicana em GRUPOS de PESQUISA com projetos voltados para as ARTES MISSIONEIRAS

Na medida em que as praticas dos ESTADOS NACIONAIS estão se inviabilizando pelo acúmulo de uma fé cega e irracional num centralismo absurdo e administrável, rebrotam pequenos grupos civis. Estes organizam-se sob a proteção do regime republicano em instituições reconhecidos e legitimados e tomam vida para exercer estudos críticos das ARTES VISUAIS das MISSÕES do Rio Grande do Sul.
Estudos crítico exercidos por grupos legitimados por programas de graduação, de pós-graduação, museus, instituto municipais ou da iniciativa com o apoio de algum anfitrião e mecenas ilustrados.
Certamente não há novidades nisto na medida em que este patrimônio se formou a margem dos ESTADOS NACIONAIS IBÉRICOS. No Rio Grande do Sul republicano a primeiro INSTITUTO de ARTES foi sustentado por uma Comissão Central e por 63 Comissões regionais espalhadas em todo território estadual. Em 1957, o professor Ado MALAGOLI ao inaugurar a primeira sede do MARGS para o qual criou uma Associação dos Amigos do Museu. O objetivo era a aquisição de obras valiosas e de interesse às Artes do Rio Grande, mediante a cooperação destes associados. No entanto, até o presente, não consta no acervo do MARGS nenhuma OBRA autêntica e original PROVENIENTE das MISSÕES
     O que se defende aqui são PROJETOS CIVILIZATÓRIOS COMPENSADORES da VIOLÊNCIA que o ESTADO se veja COMPELIDO a USAR POR DELEGAÇÃO e CONTRATO com o seu CIDADÃO. Distingue-se a ingerência e administração burocrática do ESTADO nas ARTES, da delegação e garantia legal da LIBERDADE dos seus CIDADÃOS em PESQUISA ESTÉTICA PERMANENTE, a ATUALIZAÇÃO da sua INTELIGÊNCIA convergindo para a FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA e de uma IDENTIDADE COLETIVA por MEIO de AUTÊNTICAS OBRAS de ARTE.
SESSÃO do GRUPO de PESQUISAS da AAMARGS no dia 01 de setembro de 2016 com o tema  ESTATUAS MISSIONEIRAS do MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS

Fig. 18 -  Um flagrante do GRUPO de PESQUISAS da AAMARGS em ação numa visita ao MUSEU JÚLIO de CASTILHOS. Ao centro do GRUPO está  Luiz Inacio MEDEIROS, tendo ao seu lado direito Tenisa SPINELLI e ao lado esquerdo Flavio Gil Medeiros foi diretor doa Museu Jíulio de Castilhos e do mARGS,, SPINELLI escreveu um livro das obras MISSINEIROS que constam em Museus do Rio Grande do Sul enquanto GIL está desenvolvendo um tese de doutorado no Rio de Janeiro e com tema da ARTE MISSIOINEIRA..

0-16 Síntese da postagem
 Na síntese -  realizada sob as influências da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL e dos seus meios tecnológicos - os índices das ARTES VISUAIS do período   MISSIONEIRO do Rio Grande do Sul – permitem ter e manter a dialética entre o que se PRETENDE como SÓLIDO e ETERNO ei que OIDE SER DESACATADO e ESQUECIDO. O que PERMANECE da UMA CIVILIZAÇÃO são as suas OBRAS de ARTE Como todo este conjunto sempre está ameaçado de DESMANCHAR no AR  - na hora mais inesperada  e  sob os argumentos os mais absurdos e improváveis - existe um imenso trabalho para  colocar as OBRAS MISSIONEIRAS à margem deste processo entrópico. Garantir-lhes um trânsito interno e além-fronteiras do RIO GRANDE do SUL. Trata-se de descobrir, entender, catalogar e garantir uma sobrevida aquilo que, alguma vez, foi alma e carne.  Ao AUTÊNTICAR estas OBRAS MISSIONEIRAS como ARTE estão aptas para colaborar positivamente para a IDENTIDADE COLETIVA sul-rio-grandense e além-fronteiras.
No passado estas PRÁTICAS e OBRAS tinham compromissos sérios, com realidades externas à ARTE.  Atualmente estas mesmas FORMAS de EXPRESSÃO gozam de LIBERDADE, de GRATUIDADE própria de um MUNDO SIMBÓLICO.
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL anuncia o MUNDO SIMBÓLICO a ser implementado em instituições locais, municipais, estaduais, nacionais e internacionais abalizadas pela UNESCO[1]. Figuram também - nesta ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL - as ARTES VISUAIS do período MISSIONEIRO do atual Rio Grande do Sul

FONTES BIBLIOGRÀFICAS
BUCCELLI, Vitório (1861-1928) Um viaggio a Rio Grande del Sul: Porto Alegre:
      Palestrini 1906 391 p il mapa 229 c 20 co

COSTA Lúcio ARQUITETURA dos JESUITAS no BRASIL 0 Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional  Rio de Janeiro – Ministério da Educação, Cultura e Saúde Publica  nº 5 1941

ISABELLE Arsène.(1806-1888)  Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul / Arsène Isabelle ; tradução e nota sobre o autor Teodemiro Tostes ; introdução de Augusto Meyer. -- Brasília : Senados Federal, Conselho Editorial, 2006. XXXII+314 p. -- (Edições do Senado Federal ; v. 61)

LEON, Aurora.  El Museu: teoria, práxis y utopia. Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.

.LUGON, C. A República “Comunista” Cristã dos Guaranis. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1977

SOUZA CAMPOS, Ernesto. Educação Superior no Brasil: esboço de um quadro         histórico de 1549-1939. Rio de Janeiro: Ministério de Educação, 1940. 611p.

SPINELLI, Teniza Esculturas missioneiras em museus do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Evangraf, 2008 105 p.

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HAMERMULLER, Luiz et KUIAVA, José O CACIQUE ÑHEÇU ÀS VISTAS DA LITERATURA E DA HISTÓRIA Revista TRAVESSIAS, vol 11 nº X pp 261-283 2017

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
COMPANHIA de JESUS

OS JESUITAS e as sua ESCOLAS e REDUÇÔES

Ñheçu

VISTA de uma MISSÃOJESUÌTICA

BIOMA do PAMPA SUL-RIO-GRANDENSE

ESCULTURA MISSIONEIRA

SÂO BORJA MUSEU MISSIONEIRO SILVA RILO

BRASANELLI na ARTE MISSIONEIRA

JOSE BRASANELLI

PINTURA MISSIONEIRA

ESCULTURA MISSIONEIRA

Plínio LIVI BERNHARDT

ASSOCIAÇÁO  ARAÚJO PORTO-ALEGRE

YVY MARANE’Ý ou “TERRA SEM MAL” da mitologia GUARANI
MUSEU de  SÂO MIGUEL

Redução de San Ignacio MINI
+

Lendas e mitos dos Tesouros dos Jesuítas https://www.youtube.com/watch?v=asTEQvOjp10&feature=youtu.be

A ENCICLOPÈDIA FRANCESA como PRODUTO e PRECURSORA da ERA INDUSTRIAL https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/12800/1/José%20M.Amado%20Mendes%2023.pdf


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CONTINUAÇÂO e COMPLEMENTO 02 -o projeto civilizatório jesuítico  no Rio Grande do Sul
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