O
MARGS IMEDIATAMENTE antes do MARGS
01 - A necessidade do MARGS na
ARTE SUL-RIO-GRANDENSE 02 – O FETICHE da DATA. 03 – As origens do museu na cultura ocidental. 04 – Da
coleção particular ao depósito para a instituição burocrática e formal. 05 – A
necessidade SUL-RIO-GRANDENSE da exibição
suntuária do acúmulo da sua posse
simbólica. 06 -– A necessidade de recuperar e consolidar a
MEMÓRIA e as OBRAS de ARTES VISUAIS da identidade SUL-RIO-GRANDENSE anteriores
ao MARGS 07 - A necessidade do MARGS como afirmação e a
materialização do PROJETO CIVILIZATÓRIO compensador da VIOLÊNCIA do ESTADO
SUL-RIO-GRANDENSE. 08– A necessidade do MARGS na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA ESTÉTICA COLETIVA SUL-RIO-GRANDENSE 09 – A necessidade do MARGS na
criação de uma REFERÊNCIA FÍSICA da ARTE DISPERSA SUL-RIO-GRANDENSE. 10 - As necessidades dispersas
do MARGS tomam uma FORMA INSTITUCIONAL na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE. 11 – ¿ Qual o
lucro do GOVERNO do ESTADO com um MUSEU de ARTE? 12 - O PROJETO IRREVERSIVEL do MUSEU de ARTE no RIO
GRANDE do SUL -- FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÉRICAS DIGITAIS.
CONGREGAÇÂO do IBA reunida no dia 06. 01.1939
- Foto publicada no Diário de Noticias
em 08.01.1939
1 - TASSO
CORRÊA - 2 FERNANDO CORONA – 3 JOÂO
FAHRION – 4 ÂNGELO GUIDO
Fig. 01 - A imagem do dia 06 de janeiro de 1939 mostra uma massa crítica
de profissionais das ARTES no RIO GRANDE do SUL. Enquanto os músicos já dispunham de lugares de prestígio como Theatro São
Pedro as artes visuais em minoria tinha de se contentar com eventuais e
improvisados ambientes para expor, em eventos singulares que não deixavam memória
ou constituam uma instituição específica. Nesta foto os personagens - de terno branco - serão fundamentais
para a origem do MARGS. Além de este quarteto aprovar a vinda de ADO MALAGOLI, Tasso CORRÊA
(1) atuava no CONSELHO de EDUCAÇÃO e CULTURA do ESTADO cuidando dos aspectos legais desta vinda e os
primeiros passas do MARGS. Fernando CORONA (2) projetou uma sede para um Museu
de ARTE e, em conjunto com Ângelo GUIDO
(4) fez os contatos pessoais com
Ado Malagoli para convencê-lo a vir ao
Estado, O silencioso João FAHRION (3) é
responsável por sua extensa obra, era membro nos diversos juris das exposições
onde ele não entrava. Enquanto o falante e inteligente Ângelo GUIDO preparou e
qualificou um imenso público para compreender o projeto do MARGS e a sua
necessidade as vantagens em Porto Alegre.
[Clique
sobre a imagem para ampliar e ler osn~umeros]
01 - A necessidade do MARGS
na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.
Pode-se conhecer o MARGS
na medida em que ele preencheu uma necessidade real e objetiva na ARTE
SUL-RIO-GRANDENSE existente antes da
criação física desta INSTITUIÇÃO. Assim
possuímos um MARGS IDEAL do PROJETO e um MARGS CONCRETO no MUNDO FÍSICO. Nesta postagem dedica-se a atenção ao MARGS do
PROJETO e do MUNDO IDEAL do qual decorreu a sua realização no MUNDO FÍSICO.
Assim o MARGS decorre,
em 1954, da mesma necessidade latente, em 1908, e que foi preenchida, no mundo
real, pela criação do INSTITUTO LIVRE de BELLAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Os fundadores
do IBA-RS escreveram num jornal local[1] em
texto assinado por “Topsius”
[2], Vice presidente do Estado, para quem o INSTITUO era:
“resultado logico do evoluir da civilização
riograndense, o Instituto pairava latente na ordem natural das cousas, só a
espera que o fiat creador trovejasse do alto, para que elle surgisse de baixo,
aparelhado para os seus lucidos destinos.
Ele se reforçava num
mito[3]
enquanto não havia condições práticas e objetivas para satisfazer o ideal
almejado Este mesmo ideal também esteve
presente na deliberação e decisão do CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ao
autorizar o contrato Ado Malagoli com IBA-RS Ado Malagoli só aceitou vinda ao
Rio Grande do Sul e a incumbência do cargo de professor no IBA-RS na medida das
providências efetivas para a criação do MARGS.
[1] - Correio do Povo 22.04.1908(cópia datilografada do Arquivo do
IA-UFRGS)
[2] TOPSIUS - Juvenal Octaviano Miller (*Rio Grande, 13 de outubro de 1866 + Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1909)
foi um político, militar e escritor brasileiro.
Fez seus estudos
na Escola Militar de Porto Alegre e na Escola Superior de Guerra. Na revolta da
Esquadra defendeu a Barra, depois marchou com a divisão Sul para o campo de
luta, contra os Federalistas. Fundou a Escola de Engenharia de Porto Alegre. Em
sua vida literária redigiu a “Denúncia”., órgão republicano da Escola Militar.
Colaborou com a Revista Acadêmica da mesma escola. Escreveu para o Correio do
Povo sob o pseudônimo de Dr. Topsius. Publicou em 1898, uma novela de
propósitos positivamente intitulada “Professor” que teve grande aceitação na
época.
[3] - Rollo May afirmou (1992,
p. 297) “um mito é uma forma de dar sentido a um mundo que não o tem. Os mitos
são padrões normativos que dão significado à nossa existência. São como as
vigas de uma casa, não aparecem no exterior, são a estrutura que sustenta o edifício para que se possa viver
nele”
Bagé-
1906 - Edifício da Sociedade dos Artistas in Vittorio
BUCCELLI, 2016 p.487 a
-
Fig. 02 – Se existe problema
nas datas é necessário percorrer todo o território do Rio Grande do Sul para
encontrar as sementes de um museu. A
cidade de Bagé possuía, já em 1906, um
prédio construído para a Sociedade dos
Artistas da cidade especialmente concebido para a institucionalização das ARTES. Enquanto isto outros centros culturais aproveitaram PREDIOS já USADOS. No entanto - apesar deste prédio novo e especifico - não
há noticias da produção e da permanência desta SOCIEDADE de ARTISTAS da
fronteira meridional do Brasil
02 - O FETICHE da DATA.
Certamente as datas,
relacionadas ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul, são importantes e são
referências no seu caminho e permanência institucional. Porém elas, por si
mesmas, pouco dizem deste imenso patrimônio físico e simbólico do Rio Grande do
Sul. Antes, ao contrário, uma
singela cronologia das realizações desta instituição reduz, esteriliza e aliena do foco institucional.
Para o historiador
amador o FETICHE da DATA é algo incontornável. Parece coisa de cemitério no
qual as datas, do nascimento e morte na sepultura, dizem tudo e ao mesmo tempo
nada do “malogrado”[1]
ali sepultado. Estas datas macabras estão sumindo e sendo contornadas com a
cremação. Permanece a memória dos feitos reais, o pensamento e os legados do
falecido ao modelo das gestas dos heróis
míticos. Estes, como os mocinhos dos filmes do faroeste, sempre aparecem, no
mundo, já adultos e pontos a combaterem
pelo bem, pela ordem e verdade.
Na busca da memória dos
feitos reais, o pensamento e os legados do MARGS é necessário evidenciar as necessidades da Arte que ele se
propôs ao aparecer e se materializar neste mundo. Assim pode-se
conhecer como o PROJETO e a FORMA
institucional do MARGS estiveram na busca de uma CONSTANTE MATERIALIZAÇÃO ganhando e conferir outras dimensões do que o
simples alinhamento cronológico dos seus feitos.
03 - As origens do museu na cultura ocidental
Assim não adiantam muito
as informações na intriga de qual foi o primeiro museus e nem a data de sua
fundação. Importam os tateios, as dúvidas, as reais necessidades desta instituição
neste tempo, lugar e sociedade. Com este conhecimentos conhecer os experimentos até que um MUSEU de ARTE se
constitua em algo canônico e assim durar por tempo indeterminado satisfazendo e
agindo sobre estas circunstâncias e necessidades.
Na CULTURA OCIDENTAL, a
instituição do MUSEU de ARTE, resultou das mais variadas necessidades e
experimentos para resolver e equacionar da melhor possível estes diversos
problemas. Assim os museus contemporâneos carregam índices e estigmas de diversas funções das quais um sempre pretende
ser a hegemônica. Uma das necessidades mais correntes e busca hegemonia nos
museu contemporâneos, é qual o destino a objetos, obras e documentos que
perderam a função original. Documentos, obras e objetos que testemunham hábitos,
gostos e valores que não são mais vigentes porém carregados de sentidos solidários com
o tempo, o lugar e a sociedade no qual se ergue e mantém o MUSEU de ARTE. A
função de abrigo público de Estado arrasta para o presente os valores fundantes
deste mesmo Estado nacional ou regional.
Em se tratando de ARTE, o
seu MUSEU, carrega-se e se contagia com a multiplicidade de sentidos que uma
obra de arte carrega e que cresce na medida da passagem do tempo. Assim um
MUSEU de ARTE ganha singularidade e se distingue de um MUSEU de CIÊNCIAS, de
TECNOLOGIA ou mesmo POLÌTICO. Nestes a
passagem do tempo cava um abismo cada vez maior. Nas Artes as suas AUTÊNTICAS OBRAS não só crescem de sentido, com a passagem
do tempo, mas acompanham o ser humano tornam-se seus
valores contemporâneos incorporando, ao presente, a sua sensibilidade, a sabedoria e os valores
civilizatórios universais. Nunca a Mona Lisa esteve tão atual como nos dias, nos lugares mais diversos e na presente sociedade.
Pode-se conhecer muito mais o projeto e a
necessidade do MARGS nestes valores civilizatórios universais de sabedoria e de sensibilidade, expressos na OBRAS de ARTE, do
que no seu acervo patrimonial, no seu ordenamento canônico e no seu prédio.
[1] -
MALOGRADO era uma designação e um eufemismo ao morto especialmente se morria
cedo
Fig. 03 – O acervo das
obras do artista bávaro, Joseph Seraph LUTZENBERGER (1882-1951), está acumulado no Rio Grade do
Sul desde a década de 1920 até a sua morte. Acervo disperso que, no entanto, continua a surpreender tanto na qualidade como
no cuidadoso ordenamento que lhe deu o autor desta produção. Esta produção anterior a
MARGS teve nas suas duas filhas a busca
desta institucionalização. Inclusive a também
artista visual Madalena Lutzenberger foi uma das fundadores e presidente da
AAMARGS.
04 - Da coleção particular ao depósito para a
instituição burocrática de formal.
Pode-se especular que o
MARGS veio com as mala de mudança de ADO MALAGOLI. A garantia desta mudança
tornou-se institucional no dia 16 de janeiro se 1951 com o contrato deste
professor com o Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Nesta data o Conselho Técnico
Administrativo (C.T.A.) aprovou entre
outros os pelo
4) Professores Contratados - O Conselho
aprova a indicação dos seguintes nomes para proverem, como contratados, as cadeiras de...“Composição
Decorativa”....Professor Aldo Locatelli, 5) - Professores Interinos- O
Conselho aprova a indicação dos nomes dos professores...... Ado Malagoli, para as cadeiras de ...“Pintura”
Este contrato era a garantia institucional da
vinda e ação destes dos “estrangeiros”
em Porto Alegre. Exerciam e praticavam aquela neutralidade dos forasteiros que
George SIMMEL aponta (1986)[1]
como qualidade de quem vem de fora. Quanto ao contrato com MALAGOLI era mais ambicioso
especialmente da parte de Tasso Corrêa, o diretor do IBA-RS que vinha especulando, desde o ano de 1947, com a ideia da
UNIVERSIDADE das ARTES na qual a O MUSEU de ARTE e a PINACOTECA eram
fundamentais. Nas tratativas particulares da vinda de ADO MALAGOLI estava
subentendido um reforço para materializar este MUSEU de ARTE e esta
PINACOTECA Conhecedor e experiente dos museus de arte norte-americano ele
projetava dar corpo institucional a esta ideia de MUSEU de ARTE no RIO-GRANDE
do SUL conhecer o MARGS
[1] SIMMEL,
Georg
Sociología y estudios sobre las formas de
socialización. Madrid: Alianza. 1986,
817. 2v.
Fonte Documentos de Fernando Corona: Arquivo do Instituto de
Artes da UFRGS
Fig. 04 - O projeto elaborado por Fernando Corona para o
prédio da UNIVERSIDADE das ARTES dava visibilidade à proposta de Tasso Corrêa.
Em 1947 estava construída a metade do bloco central. Previa o Teatro Municipal,
para 1.800 lugares, a ser erguido até o
templo luterano. Um bloco destinado à Pinacoteca e Museu de Arte ocuparia o
espaço até a Praça Dom Feliciano. No terreno da Rua Riachuelo, nº 1.285, o
arquiteto Ernani Dias Corrêa elaborou o projeto de um prédio para a Escola de
Bailados.
Na
véspera do dia da República, em 14.11.1947, o jornal Correio do Povo estampava as intenções de Tasso Corrêa ao afirmar
que “se o Instituto de Belas Artes não
voltar para a Universidade [...] promoveremos a sua transformação em
Universidade de Belas Artes”[1]
Esta EXPRESSÂO da AUTONOMIA constitui
mais um precioso fragmento das expressões de autonomia que se busca na
verificação do MARGS antes do MARGS.
Esta Universidade das Artes continha um projeto de um MUSEU de ARTE e uma
PINACOTECA.
05 - A necessidade SUL-RIO-GRANDENSE da
exibição suntuária do acúmulo da sua posse simbólica.
Na metade do século XX e
na época mudança de ADO MALAGOLI, para o Rio Grande do Sul, era expressivo o
acúmulo de obras de arte tanto em coleções particulares com nos ambientes
públicos. Nelas pode-se conhecer a necessidade do MARGS.
Para
uma visão panorâmica da teoria, práxis e utopia do museu, segue-se Aurora Leon
que na sua obra (1995) destaca o papel do museu de arte[2]. Enquanto em Recht
segue-se (1998:8) a circulação da peça de culto, da coleção particular até receber
a legitimação, como obra de arte, num museu específico. Essa peregrinação da
obra de arte também é legível no Rio Grande do Sul. Gerações de artistas sul-rio-grandenses poderiam ter as suas obras
reconhecidas, preservadas e socializadas como obras de arte neste museu. Ali poderiam
figurar os objetos plásticos e visuais procedentes do universo indígena e do
africano, ao lado de obras de culto elaboradas por artistas anônimos das
missões jesuíticas, agregadas aos valores culturais e as contribuições religiosas
e utilitárias dos açorianos, estudadas por Damasceno (1971: 60/6) associados à
cultura visual dos imigrantes, completando no museu de arte aí o seu ciclo rumo
ao reconhecimento. Também as obras, produzidas sem o hábito das coleções
particulares e ultrapassadas pela última
moda que as condena à obsolescência, necessitam uma instituição que lhes
confira, ou retirem, a transcendência de aura de obra de arte. Em Porto Alegre, as
peças, com esse potencial, não tinham futuro antes do século XX. Elas
desapareceram quase na sua totalidade das residências particulares (Damasceno
1971:132/5)[3].
Entre elas se incluem as obras do
toreurta[4] João Couto e
Silva (? –1883). Outras tomaram o rumo do entulho[5], com raros casos
de peças transferidas para centros culturais evoluídos. As obras provenientes
de outros períodos adensam a consciência cultural do observador na medida em
que se institucionalizam e circulam.
[1] - Tasso Corrêa in Correio do
Povo 14.11.1947, p.7 ( recorte arquivo do CATC).
[2] - Esta obra se recomenda
pela bibliografia específica de que é portadora (pp. 361-375) em relação a cada
tópico que aborda.
[3] DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio
Grande do Sul (1755-1900) Porto Alegre:
Globo, 1971. 540p
[4] - Autor dos entalhes e
torêutica que ainda se conserva nas
tradicionais igrejas da Conceição e das Dores de Porto Alegre.
[5] - Esta mentalidade está
ativa mesmo no início do século XXI. Assim a esposa de Ado Malagoli foi
solicitada para autenticar uma pintura de seu marido falecido. Esta obra alguém
havia adquirido pelo valor de R$ 10,00 do ‘Mensageiro da Caridade’ que o coletara através do seu caminhão de
donativos.. Na época era praticamente impossível encontrar, no mercado de arte
nenhuma obra de Malagoli inferior a mil
dólares. Este fato foi narrado pela esposa do artista, Ruth Malagoli, a um
grupo de monitores do MARGS, em 2002, entre os quais estava o autor (O valor de
R$ 1,00 ainda estava próximo de 1 dólar americano, quando se deu o fato.).
MISSÔES
- 1906 - Prédio em ruinas da igreja São Miguel in Vittorio BUCCELLI, 2016
p.450b
Fig. 05 – O patrimônio da
igreja de São Miguel, da foto de1906,
permaneceu ao relento por séculos sem guarida de um museu. Uma das
primeiras iniciativas do recém criado
IPHAN foi em território do Rio Grande do Sul
com a intervenção, no ano de 1937.
Esta ação não só ensejou a consolidação das ruinas com também a criação de
UM MUSEU de ARTE das MISSÕES. A função primordial e original das MISSÔES foi
rompida com surgimento dos primórdios da ERA INDUSTRIAL e o seu centralismo e
comando nos polos hegemônicos nos centros EUROPEUS. Um projeto autônomo e
autossustentável, fora destes centros europeus, era uma ameaça e um claro confronto
com o projeto hegemônico destes novos atores mundiais.
06 - A necessidade de recuperar e consolidar a
MEMÓRIA e as OBRAS de ARTES VISUAIS da identidade SUL-RIO-GRANDENSE anteriores
ao MARGS .
Fig. 06 – A surpresa
maior dos organizadores do SALÃO de OUTONO de 1925[1] foi o expressivo
número de pessoas que, naquela época, se
dedicam ao cultivo das ARTES VISUAIS no
Rio Grade do Sul. Este número não parou de subir e foi um dos índices
favoráveis para esta manifestação cultural tivesse uma instituição e um prédio
próprios. O Salão de Outono teve como abrigo temporário o Salão nobre da
Prefeitura de Porto Alegre. Em 2018 este mesmo prédio da Prefeitura abriga a
Pinacoteca Aldo Locatelli
Um dos projetos básicos
de qualquer museu de arte nacional ou regional é conhecer, identificar e se
possível incluir no acervo da instituição obras do seu passado. Obras
referenciais à identidade deste ESTADO, fundamento de sua memória positiva, formador
e raiz de novas pesquisas estéticas.
Um MUSEU de ARTE
NACIONAL -ou ESTADUAL - é a materialização da básica física da FORMAÇÃO de uma
CONSCIÊNCIA e de uma MEMÓRIA COLETIVA ESTADUAL e NACIONAL, como se verá na 8º
seção desta postagem.
07 - A necessidade do MARGS como afirmação e a
materialização do PROJETO CIVILIZATÓRIO compensador da VIOLÊNCIA do ESTADO SUL-RIO-GRANDENSE.
Pode-se conhecer o MARGS
na medida o projeto civilizatório
republicano sul-rio-grandense. Este projeto tinha de ir, forçosamente, muito além da formulação
de novas leis e da sua fundamentação no pensamento filosófico da moda.
O pesquisador MARQUES
dos SANTOS[2]
deixou suficiente clara a concepção e evidente o sentido de um PROJETO
CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA de um
governo. Um ESTADO recebe a DELEGAÇÂO e o CONTRATO do EXERCÌCIO da
VIOLÊNCIA à qual o seu CIDADÃO renuncia a favor do seu governo. CIDADÃO
que renuncia ao uso dos instrumentos aversivos e delega está prática para sua nação, seja qual for o regime ou
governo.
Como a ARTE possui esta
competência - de ser socialmente aceita ou transgredir qualquer norma moral,
econômica ou política - um governo inteligente, sensível e experiente estimula,
por todos melos, que esta ARTE SEJA SOCIALMENTE ACEITA. Este governo sabe que
quanto mais intervier, proibir ou coibir a ARTE transgressora, perdulária e
caótica, mais evidência e propaganda da transgressão. Assim, um MUSEU de ARTE é um
forte índice e um aliado da ARTE SOCIALMENTE ACEITA.
08 - A necessidade do MARGS na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA ESTÉTICA COLETIVA SUL-RIO-GRANDENSE.
A necessidade do MARGS pode ser medido em três
vetores propostos, em 1942, por Mario de Andrade[3].
O primeiro vetor aponta para a necessidade
de manter, num ponto critico e aceitável, a PESQUISA ESTETICA. Outro vetor
impõe a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA BRASILEIRA e que conflui e culmina na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA
COLETIVA rumo a busca de uma identidade própria e criativa. Isoladamente nenhum destes
vetores é suficiente sem contar com a solidariedade e efetiva ação
dos outros dois.
No Brasil Le Breton
possui o mesmo projeto e a mesma luta. Trouxe vários ARTISTAS ERUDITOS para
a PESQUISA ESTÉTICA. Para a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA BRASILEIRA
incorporou, na MISSÃO ARTÍSTICA FRANESA, artífices da gravura, do desenho e da reprodução mecânica das obras de arte. Na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA no
Brasil LE BRETON expressou e esta necessidade ao escrever para o Conde da Barca
“Ousaria recomendar-lhe particularmente uma precaução, sem a qual se
perderia um dos melhores efeitos dos trabalhos dos trabalhos que devem formar a
coleção acadêmica. Trata-se de lhes consignar um lugar, uma destinação, logo
após a exposição pública; sem isto, ficariam de algum modo com o diamante
talhado que voltássemos a colocar nas entranhas da mina. Mais frequente, pelo
contrário, eles suscitarão por si mesmos o gosto, contribuindo para fazê-lo nascer. Caso ainda não existam
locais, poder-se-ia aproveitar recintos provisórios ou mesmo colocar as obras
da escola de belas artes com hóspedes de honra, em casas de ricos particulares
e em corporações”.
Joaquin LE BRETON é lembrado
na França, como Secretário Perpétuo do “Institut de France” cargo no qual expressou, diante do trono de
Napoleão, dúvidas em devolver as obras de arte resultado da expedição ao Rio
Nilo e devolvê-las ao EGITO o ou incorporar ao patrimônio da França[4] .
No Brasil, na verdade esta
intenção só ganhou corpo, em 1937, com a criação oficial do Museu Nacional de
Belas Artes do Rio de Janeiro[5]
no prédio pré-existente e construído
para a Escola Nacional de Belas Artes e posteriormente com a criação do MUSEU
DOM JOÃO VI[6]
No Rio Grande do Sul a
peregrinação do MARGS por prédios pré-existentes a ele marca estes tateios, dúvidas e percalços de toda ordem.
[1] CONTEXTO do SALÂ de OUTONO de 1925 http://profciriosimon.blogspot.com/2010/07/arte-em-porto-alegre-0701.html
[2] MARQUES dos
SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes Anais do
Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.
[3] Uma AULA de
Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/02/estudos-de-arte-008.html
[4] MONNIER, Gérard. L’art et ses institutions en France: de
la Révolution à nos jours. Paris:
Gallimard-Folio-histoire, 1995. 462p.
[5] MUSEU NACIONAL
de BELAS ARTES do BRASIL https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Nacional_de_Belas_Artes_(Brasil)
[6] MUSEU DOM JOÃO VI http://www.eba.ufrj.br/index.php/eba/museu-d-joao-vi
Fig. 07 – O prédio
pré-existente ao MARGS pode ser visto e interpretado no sentido de que a
qualidade institucional de um MUSEU de ARTE NÃO é determinada pelo PRÉDIO novo,
especifico ou antigo. A referência física ao MARGS diz mais ao seu acervo,
aos equipamentos, espaços e serviços efetivamente prestados Um prédio da ERA
INDUSTRIAL, por mais arrojado que seja no seu tempo de planejamento e de construção, é conhecido e reconhecido como mais
sujeito às leis da OBSOLESCÊNCIA
PROGRAMAFDA características da fábrica e dos seus produtos, do que um prédio
histórico devidamente reciclado e conservado ..
09 - A necessidade do MARGS na criação de uma
REFERÊNCIA FÍSICA da ARTE DISPERSA SUL-RIO-GRANDENSE.
Esforços individuais, coleções espalharam-se, pelo Rio Grande do Sul, obras, acervos, esforços
individuas e coletivos muito anteriores a MARGS. Esforços visíveis desde a “VITRINE do PREÇO FIXO” por iniciativa do médico Olímpio Olinto
de OLVEIRA[1]
até a legendária “CASA das MOLDURAS”. Foi nesta "CASA" que o MARGS organizou o seu primeiro evento público nos seus primórdios.
No prédio da
Prefeitura de Porto Alegre aconteceu o SALÃO de OUTONO de 1925. No Theatro São
Pedro houve a exposição de 1929
Fig. 08 – Na exposição de
novembro de 1929 realizada no foyer do Theatro São Pedro foi iniciativa da
ESCOLA de ARTES do IBA-RS,. A obra, aqui reproduzida, do artista tcheco Francis PELICHEK figurou nesta
exposição e foi capa a Revista do Globo. Uma série de outras obras reunidas
neste evento[1] estão conservados no contexto de na
Pinacoteca Aldo Locatelli da prefeitura de Porto Alegre[2]
10 - As necessidades dispersas do MARGS tomam uma
FORMA INSTITUCIONAL na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.
Pode-se evidenciar as
necessidades dispersas do MARGS nos vestígios deixados na trajetória do
INSTITUTO de ARTES da UFRGS no rumo para tomar uma forma no mundo físico e material. Se aplicarmos
essa concepção ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) veremos que a
competência desta instituição já existia latente e se expressava na origem do ILBA-RS.
O MARGS expressa,
no início do século XXI, a totalidade espaço físico do Estado. Neste mesmo
MARGS pulsa e torna-se visível o projeto no traçado no Instituto em 1908 ao
reproduzir a sua competência e, a mesmo tempo, mantendo unidade no tempo e no
espaço. A partir da Comissão Central a concepção do Instituto de Belas Artes,
teve um projeto global do campo artístico do qual a menção ao museu de arte não
era ocasional.
[1] ÍNDICES do SALÃO de 1929 http://profciriosimon.blogspot.com.br/2013/11/076-isto-e-arte.html
[2] Uma PINACOTECA como
DEVE SER http://profciriosimon.blogspot.com.br/2012/12/056-isto-e-arte.html
Fig. 09 - Antes do MARGS a Associação de Artes Plásticas Manuel Araújo
Porto Alegre[1]
produziu mais do 300 obras nas suas viagens para as Missões, Bahia e as cidades
históricas de Minas Gerais. Este patrimônio se dispersou e nada chegou a um
Museu de Arte. Isto apesar das exposições em SALVADOR, BELO HORIZONTE e
PORTO ALEGRE, registrada nos jornais, mas que não ganhou um corpo documental
que só um MUSEU de ARTE é competente para lhe garantir no ESPAÇO FÍSICO e no
TEMPO da MEMÓRIA. .
O Instituto
de Belas Arte, após se consolidar, começou a manifestar a necessidade de MUSEU de
ARTE no Rio Grande do Sul. As intenções começaram a se expressar entre 1946 e
1947, na apresentação de um grandioso projeto para um prédio[2]
onde reuniria a Pinacoteca do Instituto, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul[3]
e o gabinete de restauro e conservação. Esse conjunto estaria no contexto da
Universidade de Artes do Rio Grande do Sul.
O
Instituto propugnou constantemente por um museu de arte. Este era vital para
constituir o serviço público e reforçar um sistema de Artes Plásticas no Rio Grande
do Sul. Na origem o Instituto - os fundos coletados em todo Estado - eram
garantidos por meio de uma espécie de hipoteca para criação de um museu da arte
para o Rio Grande do Sul. Em todos os estatutos do ILBA-RS contava está
cláusula caso o IBA-RS se dissolvesse.
[1] Associação Araújo Porto-alegre :AUTONOMIA do ARTISTA o
seu PERTENCIMENTO.
[3] - A ponte entre o Instituto
e o governo do Estado do Rio Grande do Sul, para a formação do MARGS, pode ser
atribuída também a Tasso Corrêa que foi nomeado conselheiro da Educação e
Cultura do Estado pelo Decreto no 2.018
de 06/ 09/ 1946.
Fig. 10 – As vicissitudes
do PRÉDIO do THEATRO SÃO PEDRO -
concebido em 1833, interrompido com a Revolução Farroupilha, inaugurado em
1858, palco de celebrações, eventos de todas as ARTES do Rio Grade do Sul - seu
FOYER foi o abrigo do MARGS. Esta prestigiosa casa expressava o nível e a
exigência que um MUSEU de ARTE precisa para a divulgação e conhecimento das
OBRAS das ARTES NOBRES exigem como índices
do melhor e mais duradouro que uma civilização é capaz de colocar no mundo
prático. O acervo das obras de arte
ficavam no sótão do prédio.
Os dirigentes do Instituto
engajaram-se na concepção da administração das artes como um serviço público
concebendo a intenção de criar um museu de arte em Porto Alegre. O Instituto
estendeu-se como um dos lugares de domínio público onde a obra de arte deve ser
mostrada e sintonizada com o espírito da teleologia das atividades humanas na concepção de Arendt (1983 : 114)[1]
quando “a distinção entre o domínio
privado e público, do ponto de vista mais do privado que da cidade, restabelece
a distinção entre as coisas que devem ser mostradas e aquelas que devem se
escondidas”. Evidente que as obras das Artes Plásticas pertencem àquelas coisas que devem ser
mostrados a todos. Um museu de arte é assim um apoio para a reprodução desse
espírito público, alimentado pela emergência das artes visuais, na medida em
que são valores públicos.
Se a Pinacoteca do Instituto foi a
primeira a se constituir como um corpo de obras Artes Plásticas[2]
públicas no Rio Grande do Sul, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) teve de esperar quase meio século.
Ele foi objeto de uma reunião do CTA do IBA-RS no dia 02 de junho de 1946, com
promessa de ajuda do governo[3].
O seu projeto ganhou as ruas em 1947 através de imprensa, no contexto da ‘Universidade de Artes’, lançada pelo Instituto, como visto acima.
Assim não foi por acaso que o MARGS saiu da iniciativa do professor Ado
Malagoli, como membro efetivo do corpo docente do Instituto[4].
Essas iniciativas do Instituto constituem-se expressões concretas de autonomia
do seu projeto civilizatório no interior de sua teleologia imanente.
[1] ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres:
Calmann-Lévy 1983. 369 p. https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne
[3] - Ata da reunião do CTA do
dia 02.06.1946 . Livro de Atas I - folha 52v. Ver CD-ROM Disco 4 ATAS Arquivo
1946
[4] - O contrato para a vinda do
pintor Ado Malagoli ao Rio Grande do Sul e ao Instituto, estava vinculado ao
projeto do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Nesse convite, depois
transformado em contrato efetivo, entraram decisivamente os professores Ângelo
Guido e Fernando Corona, na época, membros ativos do CTA-IBA-RS. Informação prestada pela sua viúva Ruth
Malagoli em entrevista informal em abril de 1999
Fig. 11 - A necessidade de um MUSEU de ARTE possuir um
sólido e forte vinculo com o ESTADO NACIONA ou REGIONAL supõe o conhecimento, a anuência e ajudas do governo para esta
iniciativa. O interesse e o lucro do ESTADO consistem em dar atenção e
investir num PROJETO CIVILIZATÒRIO para
COMPENSAR a necessária VIOLÊNCIA que este governo necessita exercer como
delegação dos cidadãos e com o intuito
de garantir a ordem e o bem coletivo da NAÇÂO. Assim se compreende a visita
de Ado Malagoli ao Governado Ildo Meneghetti
para a entrega pessoal do convite para garantir o conhecimento, a anuência e ajuda do. Governo do Estado do Rio
Grande do Sul. Um MUSEU de ARTE torna-se um projeto impessoal, por tempo indeterminado
e isento de personalismos e ideologias de qualquer eventual ocupante da chefia
d Poder Executivo.
11 - ¿ Qual o lucro do GOVERNO do ESTADO com um
MUSEU de ARTE ?
O MARGS preenche a
necessidade de o ESTADO demonstrar, na prática e objetivamente, que seus interesses
transcendem ambições pessoais, partidárias e ou ideológicas. Assim o GOVERNO legitima o seu amparo à ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.
De outra parte, este Governo, recebe a delegação do EXERCÍCIO da VIOLÊNCIA que o cidadãos. Cidadãos que renunciam praticar esta VIOLÊNCIA a favor de aparelhos aversivos de que o Governo dispõe tanto pela delegação como pela via legal. A ARTE compensa esta VIOLÊNCIA ESTATAL. Em termos mais simples qualquer governo necessita optar entre abrir escolas ou presídios.
De outra parte, este Governo, recebe a delegação do EXERCÍCIO da VIOLÊNCIA que o cidadãos. Cidadãos que renunciam praticar esta VIOLÊNCIA a favor de aparelhos aversivos de que o Governo dispõe tanto pela delegação como pela via legal. A ARTE compensa esta VIOLÊNCIA ESTATAL. Em termos mais simples qualquer governo necessita optar entre abrir escolas ou presídios.
Na Época Pós-Industrial todo
esforço físico é substituído pelas máquinas e as rotinas intelectuais são
confiadas cada vez mais aos robôs. O tempo livre e ócio podem serem canalizados
para realizações positivas ou negativas. A arte está em ambas as dimensões.
Assim urge conhecer, estimular, reforçar e garantir o lado positivo. Nada mais
convincente lado positivo do QUE as OBRAS de ARTE que a HUMANIDADE PRODUZIU em
TODOS os TEMPOS, LUGARES e SOCIEDADES. O Museu de ARTE é a instituição que está
atenta, seleciona, hierarquiza e
socializa estas conquistas positivas da CIVILIZAÇÃO HUMANA.
É significativo que Malagoli tenha
iniciado, em 1954, o MARGS exatamente no
mesmo lugar em que Libindo Ferrás havia instalado o primeiro salão de Artes
Plásticas, no dia 30 de novembro de 1929, promovido pela Escola de Artes do
ILBA-RS. Ou seja, no ‘foyer’ do Theatro São Pedro, centro de consagrações da
música, do teatro a quem se
agregava então o que havia de mais
significativos nas Artes Plásticas no
Rio Grande do Sul[1].
[1] - Ado Malagoli
detalhava as peripécias, pelos gabinetes
da administração de Estado, para identificar obras de arte e deslocá-las para o
MARGS, em relatos feitos ao autor que na
época era o seu aluno e o visitava frequentemente no seu atelier particular.
Fig. 12 - A necessidade do MARGS é mensurável como um lugar privilegiado
para discursos, as narrativas e as palavras suscitadas pela presença física das
OBRAS de ARTE de QUALIDADE e ORIGINAIS. Na concepção de Pächt as PALVRAS CONDUZEM o OLHAR. Muito ANTES do
MARGS Ângelo GUIDO exerceu, no Rio Grande do Sul a palavra, as narrativas e discursos
relativos às ARTES VISUAIS[1]
Todo este capital estético estava a
espera do FIAT CRIADOR do MARGS-RS e no qual este catedrático da História da
Arte e Estética do Instituto de Artes do Rio Grande do Sul deu o melhor de si
mesmo[2]
,
O vínculo entre a universidade, o museu de arte, o artista e o
mercado, parece ainda ser um caminho a ser percorrido. Caminho necessário e apropriado aos países em vias
de desenvolvimento, até constituir-se em um sistema de arte denso, onde cada um
dos atores é suficientemente forte para agir autonomamente.
O museu de arte pode oferecer retorno na medida em que o seu projeto prosseguir nas concepções e nas tendências apontadas pelas normas e as necessidades superiores da sociedade na qual se inscreve. Na metade do século XX, todos os núcleos urbanos dos Estados Unidos, com mais de duzentos e cinquenta mil habitantes, dispunham o seu museu de arte, e, em geral, ligado à universidade local[3]. E não há visibilidade melhor do que as Artes Plásticas, apesar dos perigos que correm quando são confundidas e na heteronomia do puro marketing [4].
O museu de arte pode oferecer retorno na medida em que o seu projeto prosseguir nas concepções e nas tendências apontadas pelas normas e as necessidades superiores da sociedade na qual se inscreve. Na metade do século XX, todos os núcleos urbanos dos Estados Unidos, com mais de duzentos e cinquenta mil habitantes, dispunham o seu museu de arte, e, em geral, ligado à universidade local[3]. E não há visibilidade melhor do que as Artes Plásticas, apesar dos perigos que correm quando são confundidas e na heteronomia do puro marketing [4].
[1] SILVA, Úrsula
Rosa da - A critica de arte em Ângelo
Guido. Curitiba: Appris, 2017 247p ISBN 978-85-473-0833-9
[3] - Dodd
procurou esse vínculo entre arte universidade quando afirma ser “íntima associação entre
museu e universidade resultou no predomínio do aprendizado artístico em ateliês
de cursos instalados em faculdades, o que significou cobertura econômica e
institucional de que não dispôs, e ainda não dispõe, o artista plástico de
outros países. Montou-se assim um mecenato miúdo, quando individualmente
considerado, mas de peso, se tomado em conjunto, indispensável como meio de sobrevivência
dos artistas”. in Durand, 1989, p. 91
[4] - Roberta Smith em «Carta
abierta a los museos» denuncia o perigo dessa busca transformar as ‘artes visuais’ em ‘artes
visíveis’, na critica de Dave Hickei. Acontece assim “a lamentável metamorfose de um museu
universitário em uma sala de exibição de produtos comerciais. Esse foi caso da
exposição Cara a Cara: Shiseido e a fabricação da beleza, na galeria de
Artes e Centro de Estudos Grey da Universidade de Nova York. Essa exposição do
tipo ‘mostrador de cosméticos de uma grande loja’ foi patrocinada por Shiseido, o colosso japonês, e organizada
integralmente com materiais de seus arquivos”. La Nacion. Buenos Aires, 17.12.2000
– Arte.
Foto original aos cuidados e guardado no Arquivo do MARGS
Fig. 14 – Quadro de beneméritos que
tornaram possível a criação, no mundo físico, do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS)
mostrado ao publico na ocasião da primeira exposição pública realizada no
foyer do Theatro São Pedro, em 1957. Tasso Corrêa era conselheiro de Educação e
Cultura do Rio Grande do Sul[1] quando agenciou a
contratação e a vinda efetiva de Ado
MALAGOLI ao IBA-RS e orientou os passos jurídicos no âmbito do Governo do
Estado do Rio Grande do Sul
12 - O MUSEU
de ARTE no RIO GRANDE do SUL como PROJETO IRREVERSÍVEL.
Tornou-se impossível recuar após evidenciar as necessidade-es, as
vantagens de um MUSEU de ARTE no RIO GRANDE do SUL. Neste estado existiam as GARANTIAS de sua REALIZAÇÃO PRÁTICA e de PERMANÊNCIA por TEMPO INDETERMINADO. Passara-se
o tempo do voluntarismo, da improvisação e dos sonhos imponderáveis.
Este propósito contava com as GARANTIAS jurídicas, conceituais e de um grupo altamente
qualificado para tal. GRUPO qualificado e determinado para a REALIZAÇÃO que se
alojavam no interior de um CONTRATO coletivo
acertado longa e detalhadamente. A REALIZAÇÃO no mundo físico deste PROJETO passou a ser aguardado pela opinião pública esclarecida.
Para este GRUPO as NECESSIDADES e as VANTAGENS de um MUSEU de ARTE no RIO-GRANDE
do SUL era meridianamente claras A PERMANÊNCIA, por TEMPO INDERMINADO apontava
para um número crescente tanto de um
publico com de aumento significativo de artistas visuais capazes e qualificados
para levar para outros tempos e fazer frutificar esta semente no Rio Grande do
Sul.
O que aconteceu depois, no mundo
físico, veio comprovar o acerto desta concepção ideal e projeto de criar o
MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL. Acerto perceptível nas tomadas de decisões das
sucessivas gerações que o administraram, nos seus quadros de agentes
qualificados, nos artistas visuais que se desafiam reciprocamente e de um
público que se renova e que não para de prestigiar o MARGS.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, Hannah
(1907-1975) Condition de l’homme
moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p. https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne
BUCCELLI, Vittório (1861-1929) - Uma Viagem ao Rio Grande do Sul;(1906)
.Brasília: Senado Federal Conselho Editorial, 2016, 580 p.
DAMASCENO, Athos. Artes
plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)
Porto Alegre: Globo, 1971. 540p
LEON, Aurora. El Museu: teoria, práxis y
utopia. Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.
MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de
Belas Artes e o projeto Civilizatório
do Império» in 180 anos de Escola de Belas
Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.
MÉROT, Alain (edit.)
Les conférences de l’Academie royale de
peinture et esculpture au XVIIe
siècle. Paris
: RNSBA, 1996. 533p.
MONNIER, Gérard. L’art et ses institutions en France: de
la Révolution à nos jours. Paris:
Gallimard-Folio-histoire, 1995. 462p.
PÄCHT, Otto. Historia del arte y metodologia. Madrid: Alianza Forma 1986. 127p
SILVA, Úrsula
Rosa da - A critica de arte em Ângelo
Guido. Curitiba: Appris, 2017 247p ISBN 978-85-473-0833-9
SIMMEL, Georg Sociología y estudios sobre las formas de
socialización. Madrid:
Alianza. 1986, 817. 2v.
FONTES DOCUMENTAIS
Ata da sessão extraordinária do
Conselho Técnico Administrativo, realizado em 16 -1 - 1.951 III livro de atas do Conselho Técnico e
Administrativo ( C.T.A.) do Instituto de Belas Artes
CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA
MOTIVAÇÕES do
MUSEU de ARTE do SENEGAL
Associação
Araújo Porto-alegre :AUTONOMIA do ARTISTA o seu PERTENCIMENTO.
Uma PINACOTECA
como DEVE SER
CONTEXTO do SALÂ de
OUTONO de 1925 http://profciriosimon.blogspot.com/2010/07/arte-em-porto-alegre-0701.html
ÍNDICES do
SALÃO de 1929
Uma AULA de Mário
Raul de Morais Andrade (1893-1945)
MUSEU NACIONAL de BELAS ARTES do BRASIL
MUSEU DOM JOÃO
VI
O
PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA
ASSUME as FUNÇÕES como CONSTRUTOR
O PENSAMENTO de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA nas ARTES do RIO GRANDE do
SUL.
ANGELO GUIDO:-e a sua ESCOLHA para VIVER a
ARTE no RIO GRANDE do SUL.
SIMON, Cirio - Origens do Instituto de Artes da UFRGS:
etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de
autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto
Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..-
Disponível
digitalmente: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2632/000323582.pdf?sequence=1
DOMÍNIO
PÚBLICO http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp000043.pdf
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