terça-feira, 11 de dezembro de 2018

256 – ESTUDOS de ARTE


O MARGS IMEDIATAMENTE  antes do MARGS

01 -  A necessidade do MARGS na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE 02 O FETICHE da DATA.   03As origens do museu na cultura ocidental.  04Da coleção particular ao depósito para a instituição burocrática e formal.  05  A necessidade SUL-RIO-GRANDENSE da exibição  suntuária do acúmulo  da sua posse simbólica. 06 - A necessidade de recuperar e consolidar a MEMÓRIA e as OBRAS de ARTES VISUAIS da identidade SUL-RIO-GRANDENSE anteriores ao MARGS 07 - A necessidade do MARGS como afirmação e a materialização do PROJETO CIVILIZATÓRIO compensador da VIOLÊNCIA do ESTADO SUL-RIO-GRANDENSE.  08 A necessidade do MARGS na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA ESTÉTICA COLETIVA   SUL-RIO-GRANDENSE 09A necessidade do MARGS na criação de uma REFERÊNCIA FÍSICA da ARTE DISPERSA  SUL-RIO-GRANDENSE. 10 - As necessidades dispersas do MARGS tomam uma FORMA INSTITUCIONAL na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE. 11 – ¿ Qual o lucro do GOVERNO do ESTADO com um MUSEU de ARTE? 12 - O  PROJETO IRREVERSIVEL do MUSEU de ARTE no RIO GRANDE do SUL -- FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÉRICAS DIGITAIS.
CONGREGAÇÂO do IBA reunida no dia 06. 01.1939 -  Foto publicada no Diário de Noticias em 08.01.1939
1 - TASSO CORRÊA  - 2 FERNANDO CORONA – 3 JOÂO FAHRION – 4 ÂNGELO GUIDO
Fig. 01 -  A imagem do dia 06  de janeiro de 1939 mostra uma massa crítica de profissionais das ARTES no RIO GRANDE do SUL. Enquanto os músicos já dispunham  de lugares de prestígio como Theatro São Pedro as artes visuais em minoria tinha de se contentar com eventuais e improvisados ambientes para expor, em eventos singulares que não deixavam memória ou constituam uma instituição específica. Nesta  foto os personagens -  de terno branco - serão fundamentais para  a origem do  MARGS. Além de este quarteto  aprovar a vinda de ADO MALAGOLI, Tasso CORRÊA (1) atuava no CONSELHO de EDUCAÇÃO e CULTURA do ESTADO  cuidando dos aspectos legais desta vinda e os primeiros passas do MARGS. Fernando CORONA (2) projetou uma sede para um Museu de ARTE e, em conjunto com Ângelo  GUIDO (4)  fez os contatos pessoais com Ado  Malagoli para convencê-lo a vir ao Estado, O silencioso João FAHRION (3)  é responsável por sua extensa obra, era membro nos diversos juris das exposições onde ele não entrava. Enquanto o falante e inteligente Ângelo GUIDO preparou e qualificou um imenso público para compreender o projeto do MARGS e a sua necessidade as vantagens em Porto Alegre.
[Clique sobre a imagem para ampliar e ler osn~umeros]

01 -  A necessidade do MARGS 
na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.

Pode-se conhecer o MARGS na medida em que ele  preencheu uma  necessidade real e objetiva na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE existente  antes da criação  física desta INSTITUIÇÃO. Assim possuímos um MARGS IDEAL do PROJETO e um MARGS CONCRETO no MUNDO FÍSICO.  Nesta postagem dedica-se a atenção ao MARGS do PROJETO e do MUNDO IDEAL do qual decorreu a sua realização no MUNDO FÍSICO.
Assim o MARGS decorre, em 1954, da mesma necessidade latente, em 1908, e que foi preenchida, no mundo real, pela criação do INSTITUTO LIVRE de BELLAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Os fundadores do IBA-RS escreveram num jornal local[1] em texto assinado por  Topsius[2], Vice presidente do Estado,  para quem o INSTITUO era:
   resultado logico do evoluir da civilização riograndense, o Instituto pairava latente na ordem natural das cousas, só a espera que o fiat creador trovejasse do alto, para que elle surgisse de baixo, aparelhado para os seus lucidos destinos.
Ele se reforçava num mito[3] enquanto não havia condições práticas e objetivas para satisfazer o ideal almejado  Este mesmo ideal também esteve presente na deliberação e decisão do CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ao autorizar o contrato Ado Malagoli com IBA-RS Ado Malagoli só aceitou  vinda  ao Rio Grande do Sul e a incumbência do cargo de professor no IBA-RS na medida das providências efetivas para a criação do MARGS.


[1] - Correio do Povo 22.04.1908(cópia datilografada do Arquivo do IA-UFRGS)
[2] TOPSIUS  - Juvenal Octaviano Miller (*Rio Grande, 13 de outubro de 1866  + Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1909) foi um político, militar e escritor brasileiro.
Fez seus estudos na Escola Militar de Porto Alegre e na Escola Superior de Guerra. Na revolta da Esquadra defendeu a Barra, depois marchou com a divisão Sul para o campo de luta, contra os Federalistas. Fundou a Escola de Engenharia de Porto Alegre. Em sua vida literária redigiu a “Denúncia”., órgão republicano da Escola Militar. Colaborou com a Revista Acadêmica da mesma escola. Escreveu para o Correio do Povo sob o pseudônimo de Dr. Topsius. Publicou em 1898, uma novela de propósitos positivamente intitulada “Professor” que teve grande aceitação na época.

[3] - Rollo May afirmou (1992, p. 297)  um mito é uma forma de dar sentido a um mundo que não o tem. Os mitos são padrões normativos que dão significado à nossa existência. São como as vigas de uma casa, não aparecem no exterior, são a estrutura que  sustenta o edifício para que se possa viver nele
Bagé- 1906 -   Edifício da Sociedade dos Artistas in Vittorio BUCCELLI,  2016  p.487 a  -
Fig. 02 – Se existe problema nas datas é necessário percorrer todo o território do Rio Grande do Sul para encontrar as sementes de um museu.  A cidade de Bagé possuía, já em 1906,  um prédio construído  para a Sociedade dos Artistas da cidade especialmente concebido para  a institucionalização das ARTES.  Enquanto isto outros centros culturais aproveitaram PREDIOS já USADOS. No entanto - apesar deste prédio novo e especifico - não há noticias da produção e da permanência desta SOCIEDADE de ARTISTAS da fronteira meridional  do Brasil

02 -  O FETICHE da DATA.
Certamente as datas, relacionadas ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul, são importantes e são referências no seu caminho e permanência institucional. Porém elas, por si mesmas, pouco dizem deste imenso patrimônio físico e simbólico do Rio Grande do Sul. Antes, ao contrário, uma singela cronologia das realizações desta instituição reduz, esteriliza e aliena do foco institucional.  
Para o historiador amador o FETICHE da DATA é algo incontornável. Parece coisa de cemitério no qual as datas, do nascimento e morte na sepultura, dizem tudo e ao mesmo tempo nada do “malogrado”[1] ali sepultado. Estas datas macabras estão sumindo e sendo contornadas com a cremação. Permanece a memória dos feitos reais, o pensamento e os legados do falecido ao modelo das gestas  dos heróis míticos. Estes, como os mocinhos dos filmes do faroeste, sempre aparecem, no mundo,  já adultos e pontos a combaterem pelo bem, pela ordem e verdade. 
Na busca da memória dos feitos reais, o pensamento e os legados do MARGS é necessário  evidenciar as necessidades da Arte que ele se propôs ao aparecer e se materializar neste mundo. Assim   pode-se conhecer como o PROJETO e  a FORMA institucional do MARGS estiveram na busca de uma CONSTANTE MATERIALIZAÇÃO   ganhando e conferir outras dimensões do que o simples alinhamento cronológico dos seus feitos.

03 -  As origens do museu na cultura ocidental

Assim não adiantam muito as informações na intriga de qual foi o primeiro museus e nem a data de sua fundação. Importam os tateios, as dúvidas, as reais necessidades desta instituição neste tempo, lugar e sociedade. Com este conhecimentos conhecer  os experimentos até que um MUSEU de ARTE se constitua em algo canônico e assim durar por tempo indeterminado satisfazendo e agindo sobre estas circunstâncias e necessidades.
Na CULTURA OCIDENTAL, a instituição do MUSEU de ARTE, resultou das mais variadas necessidades e experimentos para resolver e equacionar da melhor possível estes diversos problemas. Assim os museus contemporâneos carregam índices e estigmas de  diversas funções das quais um sempre pretende ser a hegemônica. Uma das necessidades mais correntes e busca hegemonia nos museu contemporâneos, é qual o destino a objetos, obras e documentos que perderam a função original. Documentos, obras e objetos que testemunham hábitos, gostos e valores que não são mais vigentes porém carregados de sentidos solidários com o tempo, o lugar e a sociedade no qual se ergue e mantém o MUSEU de ARTE. A função de abrigo público de Estado arrasta para o presente os valores fundantes deste mesmo Estado nacional ou regional.
Em se tratando de ARTE, o seu MUSEU, carrega-se e se contagia com a multiplicidade de sentidos que uma obra de arte carrega e que cresce na medida da passagem do tempo. Assim um MUSEU de ARTE ganha singularidade e se distingue de um MUSEU de CIÊNCIAS, de TECNOLOGIA ou mesmo POLÌTICO.  Nestes a passagem do tempo cava um abismo cada vez maior. Nas Artes as suas AUTÊNTICAS  OBRAS não só crescem de sentido, com a passagem do  tempo, mas  acompanham o ser humano tornam-se seus valores contemporâneos incorporando, ao presente, a sua  sensibilidade, a sabedoria e os valores civilizatórios universais. Nunca a Mona Lisa esteve tão atual como nos dias, nos lugares mais diversos e na presente sociedade.

 Pode-se conhecer muito mais o projeto e a necessidade do MARGS nestes valores civilizatórios universais de  sabedoria e de  sensibilidade, expressos na OBRAS de ARTE, do que no seu acervo patrimonial, no seu ordenamento canônico e no seu prédio. 


[1] - MALOGRADO era uma designação e um eufemismo ao morto especialmente se morria cedo
Fig. 03 – O acervo das obras do artista bávaro, Joseph Seraph LUTZENBERGER  (1882-1951), está acumulado no Rio Grade do Sul desde a década de 1920 até a sua morte. Acervo disperso que, no entanto,  continua a surpreender tanto na qualidade como no cuidadoso ordenamento que lhe deu o autor  desta produção. Esta produção anterior a MARGS teve nas suas duas filhas  a busca desta institucionalização. Inclusive  a também artista visual Madalena Lutzenberger foi uma das fundadores e presidente da AAMARGS.

04 -  Da coleção particular ao depósito para a instituição burocrática de formal.
Pode-se especular que o MARGS veio com as mala de mudança de ADO MALAGOLI. A garantia desta mudança tornou-se institucional no dia 16 de janeiro se 1951 com o contrato deste professor com o Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul.   Nesta data o Conselho Técnico Administrativo  (C.T.A.) aprovou entre outros os pelo
4) Professores Contratados - O Conselho aprova a indicação dos seguintes nomes para proverem, como contratados,  as cadeiras de...“Composição Decorativa”....Professor Aldo Locatelli, 5) - Professores Interinos- O Conselho aprova a indicação dos nomes dos professores...... Ado  Malagoli, para as cadeiras de ...“Pintura

 Este contrato era a garantia institucional da vinda e ação destes dos “estrangeiros” em Porto Alegre. Exerciam e praticavam aquela neutralidade dos forasteiros que George SIMMEL aponta (1986)[1] como qualidade de quem vem de fora. Quanto ao contrato com  MALAGOLI  era mais ambicioso especialmente da parte de Tasso Corrêa, o diretor do IBA-RS que vinha especulando, desde  o ano de 1947, com a ideia da UNIVERSIDADE das ARTES na qual a O MUSEU de ARTE e a PINACOTECA eram fundamentais. Nas tratativas particulares da vinda de ADO MALAGOLI estava subentendido um reforço para materializar este MUSEU de ARTE e esta PINACOTECA  Conhecedor e experiente  dos museus de arte norte-americano ele projetava dar corpo institucional a esta ideia de MUSEU de ARTE no RIO-GRANDE do SUL  conhecer o MARGS


[1] SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid:   Alianza. 1986,  817.  2v.

Fonte Documentos  de Fernando Corona: Arquivo do Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 04 -  O projeto elaborado por Fernando Corona para o prédio da UNIVERSIDADE das ARTES dava visibilidade à proposta de Tasso Corrêa. Em 1947 estava construída a metade do bloco central. Previa o Teatro Municipal, para 1.800 lugares, a ser erguido até  o templo luterano. Um bloco destinado à Pinacoteca e Museu de Arte ocuparia o espaço até a Praça Dom Feliciano. No terreno da Rua Riachuelo, nº 1.285, o arquiteto Ernani Dias Corrêa elaborou o projeto de um prédio para a Escola de Bailados.

Na véspera do dia da República, em 14.11.1947, o jornal Correio do Povo estampava as intenções de Tasso Corrêa ao afirmar que “se o Instituto de Belas Artes não voltar para a Universidade [...] promoveremos a sua transformação em Universidade de Belas Artes[1] Esta EXPRESSÂO da AUTONOMIA  constitui mais um precioso fragmento das expressões de autonomia que se busca na verificação do  MARGS antes do MARGS. Esta Universidade das Artes continha um projeto de um MUSEU de ARTE e uma PINACOTECA.

05 -  A necessidade SUL-RIO-GRANDENSE da exibição  suntuária do acúmulo  da sua posse simbólica.
Na metade do século XX e na época mudança de ADO MALAGOLI, para o Rio Grande do Sul, era expressivo o acúmulo de obras de arte tanto em coleções particulares com nos ambientes públicos. Nelas pode-se conhecer a necessidade do MARGS.
Para uma visão panorâmica da teoria, práxis e utopia do museu, segue-se Aurora Leon que na sua obra (1995) destaca o papel do museu de arte[2]. Enquanto em Recht segue-se (1998:8) a circulação da peça de culto, da coleção particular até receber a legitimação, como obra de arte, num museu específico. Essa peregrinação da obra de arte também é legível no Rio Grande do Sul. Gerações de artistas sul-rio-grandenses poderiam ter as suas obras reconhecidas, preservadas e socializadas como obras de arte neste museu. Ali poderiam figurar os objetos plásticos e visuais procedentes do universo indígena e do africano, ao lado de obras de culto elaboradas por artistas anônimos das missões jesuíticas, agregadas aos valores culturais e as contribuições religiosas e utilitárias dos açorianos, estudadas por Damasceno (1971: 60/6) associados à cultura visual dos imigrantes, completando no museu de arte aí o seu ciclo rumo ao reconhecimento. Também as obras, produzidas sem o hábito das coleções particulares e  ultrapassadas pela última moda que as condena à obsolescência, necessitam uma instituição que lhes confira, ou retirem, a transcendência de aura de obra de arte. Em Porto Alegre, as peças, com esse potencial, não tinham futuro antes do século XX. Elas desapareceram quase na sua totalidade das residências particulares (Damasceno 1971:132/5)[3]. Entre elas  se incluem as obras do toreurta[4] João Couto e Silva (? –1883). Outras tomaram o rumo do entulho[5], com raros casos de peças transferidas para centros culturais evoluídos. As obras provenientes de outros períodos adensam a consciência cultural do observador na medida em que se institucionalizam e circulam.


[1] - Tasso Corrêa in Correio do Povo 14.11.1947, p.7 ( recorte arquivo do CATC).
[2] - Esta obra se recomenda pela bibliografia específica de que é portadora (pp. 361-375) em relação a cada tópico que aborda.
[3] DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre:  Globo, 1971. 540p

[4] - Autor dos entalhes e torêutica que ainda se conserva nas  tradicionais igrejas da Conceição e das Dores de Porto Alegre.

[5] - Esta mentalidade está ativa mesmo no início do século XXI. Assim a esposa de Ado Malagoli foi solicitada para autenticar uma pintura de seu marido falecido. Esta obra alguém havia adquirido pelo valor de R$ 10,00 do ‘Mensageiro da Caridade’ que o  coletara através do seu caminhão de donativos.. Na época era praticamente impossível encontrar, no mercado de arte nenhuma obra de Malagoli inferior a  mil dólares. Este fato foi narrado pela esposa do artista, Ruth Malagoli, a um grupo de monitores do MARGS, em 2002, entre os quais estava o autor (O valor de R$ 1,00 ainda estava próximo de 1 dólar americano, quando se deu o fato.).
MISSÔES - 1906 -   Prédio em ruinas  da igreja São Miguel in Vittorio BUCCELLI,  2016  p.450b  
Fig. 05 – O patrimônio da igreja de São Miguel, da foto de1906,  permaneceu ao relento por séculos sem guarida de um museu. Uma das primeiras iniciativas  do recém criado IPHAN foi em território do Rio Grande do Sul  com  a intervenção, no ano de 1937. Esta ação não só ensejou a consolidação das ruinas com também a criação de UM MUSEU de ARTE das MISSÕES. A função primordial e original das MISSÔES foi rompida com surgimento dos primórdios da ERA INDUSTRIAL e o seu centralismo e comando nos polos hegemônicos nos centros EUROPEUS. Um projeto autônomo e autossustentável, fora destes centros europeus, era uma ameaça e um claro confronto com o projeto hegemônico destes novos atores mundiais.

06 -  A necessidade de recuperar e consolidar a MEMÓRIA e as OBRAS de ARTES VISUAIS da identidade SUL-RIO-GRANDENSE anteriores ao MARGS .
Fig. 06 – A surpresa maior dos organizadores do SALÃO de OUTONO de 1925[1] foi o expressivo número de pessoas que, naquela época,  se dedicam ao cultivo das ARTES VISUAIS  no Rio Grade do Sul. Este número não parou de subir e foi um dos índices favoráveis para esta manifestação cultural tivesse uma instituição e um prédio próprios. O Salão de Outono teve como abrigo temporário o Salão nobre da Prefeitura de Porto Alegre. Em 2018 este mesmo prédio da Prefeitura abriga a Pinacoteca Aldo Locatelli

Um dos projetos básicos de qualquer museu de arte nacional ou regional é conhecer, identificar e se possível incluir no acervo da instituição obras do seu passado. Obras referenciais à identidade deste ESTADO, fundamento de sua memória positiva, formador e raiz de novas pesquisas estéticas.
Um MUSEU de ARTE NACIONAL -ou ESTADUAL - é a materialização da básica física da FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA e de uma MEMÓRIA COLETIVA ESTADUAL e NACIONAL, como se verá na 8º seção desta postagem.

07 -  A necessidade do MARGS como afirmação e a materialização do PROJETO CIVILIZATÓRIO compensador da VIOLÊNCIA do ESTADO SUL-RIO-GRANDENSE.
Pode-se conhecer o MARGS na medida  o projeto civilizatório republicano sul-rio-grandense. Este projeto tinha de ir, forçosamente, muito além da formulação de novas leis e da sua fundamentação no pensamento filosófico da moda.
O pesquisador MARQUES dos SANTOS[2] deixou suficiente clara a concepção e evidente o sentido de um PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA de um  governo. Um ESTADO recebe a DELEGAÇÂO e o CONTRATO do EXERCÌCIO da VIOLÊNCIA à qual  o  seu CIDADÃO renuncia a favor do seu governo. CIDADÃO que renuncia ao uso dos instrumentos aversivos e delega está prática  para sua nação, seja qual for o regime ou governo.
Como a ARTE possui esta competência - de ser socialmente aceita ou transgredir qualquer norma moral, econômica ou política - um governo inteligente, sensível e experiente estimula, por todos melos, que esta ARTE SEJA SOCIALMENTE ACEITA. Este governo sabe que quanto mais intervier, proibir ou coibir a ARTE transgressora, perdulária e caótica,  mais evidência e propaganda da transgressão. Assim, um MUSEU de ARTE é um forte índice e um aliado da ARTE SOCIALMENTE ACEITA.

08 -  A necessidade do MARGS na  FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA ESTÉTICA COLETIVA   SUL-RIO-GRANDENSE.

 A necessidade do MARGS pode ser medido em três vetores propostos, em 1942, por Mario de Andrade[3]. O primeiro vetor aponta  para a necessidade de manter, num ponto critico e aceitável, a PESQUISA ESTETICA. Outro vetor impõe a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA BRASILEIRA e que  conflui e culmina na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA rumo a busca de uma identidade própria e criativa. Isoladamente nenhum destes vetores é suficiente sem contar com a solidariedade e efetiva ação dos outros dois.
No Brasil Le Breton possui o mesmo projeto e a mesma luta. Trouxe vários ARTISTAS ERUDITOS para a  PESQUISA ESTÉTICA. Para  a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA BRASILEIRA incorporou, na MISSÃO ARTÍSTICA FRANESA, artífices da gravura, do desenho e  da reprodução mecânica das obras de arte.  Na FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA no Brasil LE  BRETON   expressou e esta  necessidade ao escrever para o Conde da Barca
Ousaria recomendar-lhe particularmente uma precaução, sem a qual se perderia um dos melhores efeitos dos trabalhos dos trabalhos que devem formar a coleção acadêmica. Trata-se de lhes consignar um lugar, uma destinação, logo após a exposição pública; sem isto, ficariam de algum modo com o diamante talhado que voltássemos a colocar nas entranhas da mina. Mais frequente, pelo contrário, eles suscitarão por si mesmos o gosto, contribuindo  para fazê-lo nascer. Caso ainda não existam locais, poder-se-ia aproveitar recintos provisórios ou mesmo colocar as obras da escola de belas artes com hóspedes de honra, em casas de ricos particulares e em corporações”.

Joaquin LE BRETON é lembrado na França, como Secretário Perpétuo do “Institut de France”  cargo no qual expressou, diante do trono de Napoleão, dúvidas em devolver as obras de arte resultado da expedição ao Rio Nilo e devolvê-las ao EGITO o ou incorporar ao patrimônio da França[4]   .
No Brasil, na verdade esta intenção só ganhou corpo, em 1937, com a criação oficial do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro[5] no prédio pré-existente e  construído para a Escola Nacional de Belas Artes e posteriormente com a criação do MUSEU DOM JOÃO VI[6]
No Rio Grande do Sul a peregrinação do MARGS por prédios pré-existentes a ele marca estes tateios, dúvidas e percalços de toda ordem. 


[2] MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto   Civilizatório do Império»  in  180 anos de Escola de Belas Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.

[3] Uma AULA  de  Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/02/estudos-de-arte-008.html
[4] MONNIER, Gérard. L’art et ses institutions en France: de la Révolution à nos jours.   Paris: Gallimard-Folio-histoire,  1995.  462p.

Fig. 07 – O prédio pré-existente ao MARGS pode ser visto e interpretado no sentido de que a qualidade institucional de um MUSEU de ARTE NÃO é determinada pelo PRÉDIO novo, especifico ou antigo. A referência física ao MARGS diz mais ao seu acervo, aos equipamentos, espaços e serviços efetivamente prestados Um prédio da ERA INDUSTRIAL, por mais arrojado que seja no seu tempo de  planejamento e de construção,  é conhecido e reconhecido como mais sujeito  às leis da OBSOLESCÊNCIA PROGRAMAFDA características da fábrica e dos seus produtos, do que um prédio histórico devidamente reciclado e conservado ..

09 -  A necessidade do MARGS na criação de uma REFERÊNCIA FÍSICA da ARTE  DISPERSA SUL-RIO-GRANDENSE.

 Esforços individuais, coleções espalharam-se, pelo Rio Grande do Sul, obras, acervos, esforços individuas e coletivos muito anteriores a MARGS. Esforços visíveis desde a “VITRINE do PREÇO FIXO” por iniciativa do médico Olímpio Olinto de OLVEIRA[1] até a legendária “CASA das MOLDURAS”. Foi nesta "CASA" que o MARGS organizou o seu primeiro evento público nos seus primórdios.
No prédio da Prefeitura de Porto Alegre aconteceu o SALÃO de OUTONO de 1925. No Theatro São Pedro houve a exposição de 1929


[1] O PENSAMENTO de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA nas ARTES do RIO GRANDE do SUL.

Fig. 08 – Na exposição de novembro de 1929 realizada no foyer do Theatro São Pedro foi iniciativa da ESCOLA de ARTES do IBA-RS,. A obra, aqui reproduzida,  do artista tcheco Francis PELICHEK figurou nesta exposição e foi capa a Revista do Globo. Uma série de outras obras reunidas neste evento[1]  estão conservados no contexto de na Pinacoteca Aldo Locatelli da prefeitura de Porto Alegre[2]

10 -  As necessidades dispersas do MARGS tomam uma FORMA INSTITUCIONAL na ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.

       Pode-se evidenciar as necessidades dispersas do MARGS nos vestígios deixados na trajetória do INSTITUTO de ARTES da UFRGS no rumo para tomar uma forma  no mundo físico e material. Se aplicarmos essa concepção ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) veremos que a competência desta instituição já existia latente e  se expressava na origem do ILBA-RS. 
        O MARGS expressa, no início do século XXI, a totalidade espaço físico do Estado. Neste mesmo MARGS pulsa e torna-se visível o projeto no traçado no Instituto em 1908 ao reproduzir a sua competência e, a mesmo tempo, mantendo unidade no tempo e no espaço. A partir da Comissão Central a concepção do Instituto de Belas Artes, teve um projeto global do campo artístico do qual a menção ao museu de arte não era ocasional. 


Fig. 09 -  Antes do MARGS a  Associação de Artes Plásticas Manuel Araújo Porto Alegre[1] produziu mais do 300 obras nas suas viagens para as Missões, Bahia e as cidades históricas de Minas Gerais. Este patrimônio se dispersou e nada chegou a um Museu de Arte. Isto apesar das exposições em SALVADOR, BELO HORIZONTE e PORTO ALEGRE, registrada nos jornais, mas que não ganhou um corpo documental que só um MUSEU de ARTE é competente para lhe garantir no ESPAÇO FÍSICO e no TEMPO da MEMÓRIA. .

O Instituto de Belas Arte, após se consolidar, começou a manifestar a necessidade de MUSEU de ARTE no Rio Grande do Sul. As intenções começaram a se expressar entre 1946 e 1947, na apresentação de um grandioso projeto para um prédio[2] onde reuniria a Pinacoteca do Instituto, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul[3] e o gabinete de restauro e conservação. Esse conjunto estaria no contexto da Universidade de Artes do Rio Grande do Sul.
O Instituto propugnou constantemente por um museu de arte. Este era vital para constituir o serviço público e reforçar um sistema de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Na origem o Instituto - os fundos coletados em todo Estado - eram garantidos por meio de uma espécie de hipoteca para criação de um museu da arte para o Rio Grande do Sul. Em todos os estatutos do ILBA-RS contava está cláusula  caso o IBA-RS se dissolvesse.


[1] Associação Araújo Porto-alegre :AUTONOMIA do ARTISTA o seu PERTENCIMENTO.

[2]  - O prédio do IBA-RS foi projetado, em 1847, por Fernando Corona para  UNIVERSIDADE das ARTES:                                                                             
[3] - A ponte entre o Instituto e o governo do Estado do Rio Grande do Sul, para a formação do MARGS, pode ser atribuída também a Tasso Corrêa que foi nomeado conselheiro da Educação e Cultura do Estado pelo Decreto no  2.018 de 06/ 09/ 1946.

Fig. 10 – As vicissitudes do  PRÉDIO do THEATRO SÃO PEDRO - concebido em 1833, interrompido com a Revolução Farroupilha, inaugurado em 1858, palco de celebrações, eventos de todas as ARTES do Rio Grade do Sul - seu FOYER foi o abrigo do MARGS. Esta prestigiosa casa expressava o nível e a exigência que um MUSEU de ARTE precisa para a divulgação e conhecimento das OBRAS das ARTES NOBRES  exigem como índices do melhor e mais duradouro que uma civilização é capaz de colocar no mundo prático.  O acervo das obras de arte ficavam no sótão do prédio.

Os dirigentes do Instituto engajaram-se na concepção da administração das artes como um serviço público concebendo a intenção de criar um museu de arte em Porto Alegre. O Instituto estendeu-se como um dos lugares de domínio público onde a obra de arte deve ser mostrada e sintonizada com o espírito da teleologia das atividades humanas  na concepção de Arendt (1983 : 114)[1] quando “a distinção entre o domínio privado e público, do ponto de vista mais do privado que da cidade, restabelece a distinção entre as coisas que devem ser mostradas e aquelas que devem se escondidas”. Evidente que as obras das Artes Plásticas  pertencem àquelas coisas que devem ser mostrados a todos. Um museu de arte é assim um apoio para a reprodução desse espírito público, alimentado pela emergência das artes visuais, na medida em que são valores públicos.
Se a Pinacoteca do Instituto foi a primeira a se constituir como um corpo de obras Artes Plásticas[2] públicas no Rio Grande do Sul, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul  (MARGS) teve de esperar quase meio século. Ele foi objeto de uma reunião do CTA do IBA-RS no dia 02 de junho de 1946, com promessa de ajuda do governo[3]. O seu projeto ganhou as ruas em 1947 através de imprensa, no contexto da ‘Universidade de Artes’,  lançada pelo Instituto, como visto acima. Assim não foi por acaso que o MARGS saiu da iniciativa do professor Ado Malagoli, como membro efetivo do corpo docente do Instituto[4]. Essas iniciativas do Instituto constituem-se expressões concretas de autonomia do seu projeto civilizatório no interior de sua teleologia imanente.


[1] ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.    https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne

[2]  -  [IA.3.4 – 038-c-ca]    PARREIRAS: Antônio «Christo” 1907.     CD-ROM - Disco 6 -  IMAGENS. .
[3] - Ata da reunião do CTA do dia 02.06.1946 . Livro de Atas I - folha 52v. Ver CD-ROM Disco 4 ATAS Arquivo 1946
[4] - O contrato para a vinda do pintor Ado Malagoli ao Rio Grande do Sul e ao Instituto, estava vinculado ao projeto do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Nesse convite, depois transformado em contrato efetivo, entraram decisivamente os professores Ângelo Guido e Fernando Corona, na época, membros ativos do CTA-IBA-RS.  Informação prestada pela sua viúva Ruth Malagoli em entrevista informal em abril de 1999
Fig. 11 -  A necessidade de um MUSEU de ARTE possuir um sólido e forte vinculo com o ESTADO NACIONA ou REGIONAL  supõe o conhecimento, a  anuência e ajudas do governo para esta iniciativa. O interesse e o lucro do ESTADO consistem em dar atenção e investir  num PROJETO CIVILIZATÒRIO para COMPENSAR a necessária VIOLÊNCIA que este governo necessita exercer como delegação dos cidadãos  e com o intuito de garantir a ordem e o bem coletivo da NAÇÂO. Assim se compreende a visita de Ado Malagoli ao Governado Ildo Meneghetti  para  a entrega pessoal do  convite para garantir o  conhecimento, a  anuência e ajuda do. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Um MUSEU de ARTE torna-se um projeto impessoal, por tempo indeterminado e isento de personalismos e ideologias de qualquer eventual ocupante da chefia d Poder Executivo.

11 -  ¿ Qual o lucro do GOVERNO do ESTADO com um MUSEU de ARTE ?

O MARGS preenche a necessidade de o ESTADO demonstrar, na prática e objetivamente, que seus interesses transcendem ambições pessoais, partidárias e ou ideológicas. Assim o GOVERNO legitima o seu amparo à ARTE SUL-RIO-GRANDENSE.
 De outra parte, este Governo, recebe a delegação do EXERCÍCIO da VIOLÊNCIA que o cidadãos. Cidadãos que renunciam praticar esta VIOLÊNCIA a favor de aparelhos aversivos de que o Governo dispõe tanto pela delegação como pela via legal. A ARTE compensa esta VIOLÊNCIA ESTATAL. Em termos mais simples qualquer governo necessita optar entre abrir escolas ou presídios. 
Na Época Pós-Industrial todo esforço físico é substituído pelas máquinas e as rotinas intelectuais são confiadas cada vez mais aos robôs. O tempo livre e ócio podem serem canalizados para realizações positivas ou negativas. A arte está em ambas as dimensões. Assim urge conhecer, estimular, reforçar e garantir o lado positivo. Nada mais convincente lado positivo do QUE as OBRAS de ARTE que a HUMANIDADE PRODUZIU em TODOS os TEMPOS, LUGARES e SOCIEDADES. O Museu de ARTE é a instituição que está atenta, seleciona, hierarquiza  e socializa estas conquistas positivas da CIVILIZAÇÃO HUMANA.
É significativo que Malagoli tenha iniciado,  em 1954, o MARGS exatamente no mesmo lugar em que Libindo Ferrás havia instalado o primeiro salão de Artes Plásticas, no dia 30 de novembro de 1929, promovido pela Escola de Artes do ILBA-RS. Ou seja, no ‘foyer’ do Theatro São Pedro, centro de consagrações da música, do  teatro a quem se agregava  então o que havia de mais significativos nas Artes Plásticas  no Rio Grande do Sul[1].


[1] - Ado Malagoli detalhava  as peripécias, pelos gabinetes da administração de Estado, para identificar obras de arte e deslocá-las para o MARGS, em  relatos feitos ao autor que na época era o seu aluno e o visitava frequentemente no seu atelier particular.
Fig. 12 -  A necessidade do  MARGS é mensurável como um lugar privilegiado para discursos, as narrativas e as palavras suscitadas pela presença física das OBRAS de ARTE de QUALIDADE e ORIGINAIS. Na concepção de Pächt as  PALVRAS CONDUZEM o OLHAR. Muito ANTES do MARGS Ângelo GUIDO exerceu, no Rio Grande do Sul  a palavra, as narrativas e discursos relativos  às ARTES VISUAIS[1]  Todo este capital estético estava a espera do FIAT CRIADOR do MARGS-RS e no qual este catedrático da História da Arte e Estética do Instituto de Artes do Rio Grande do Sul deu o melhor de si mesmo[2] ,

O vínculo entre a universidade, o museu de arte, o artista e o mercado, parece ainda ser um caminho a ser percorrido. Caminho necessário e apropriado aos países em vias de desenvolvimento, até constituir-se em um sistema de arte denso, onde cada um dos atores é suficientemente forte para agir autonomamente. 
O museu de arte pode oferecer retorno na medida em que o seu projeto prosseguir nas concepções e nas tendências apontadas pelas normas e as necessidades superiores da sociedade na qual se inscreve. Na metade do século XX, todos os núcleos urbanos dos Estados Unidos, com mais de duzentos e cinquenta mil habitantes,  dispunham o seu museu de arte, e, em geral, ligado à universidade local[3]. E não há visibilidade melhor do que as Artes Plásticas, apesar dos perigos que correm quando são confundidas e na heteronomia do puro marketing [4].


[1] SILVA, Úrsula Rosa da - A critica de arte em Ângelo Guido. Curitiba: Appris, 2017 247p ISBN 978-85-473-0833-9

[2] ANGELO GUIDO:-e a sua ESCOLHA para VIVER a ARTE no RIO GRANDE do SUL.
[3] - Dodd procurou esse vínculo entre arte universidade quando afirma ser “íntima associação entre museu e universidade resultou no predomínio do aprendizado artístico em ateliês de cursos instalados em faculdades, o que significou cobertura econômica e institucional de que não dispôs, e ainda não dispõe, o artista plástico de outros países. Montou-se assim um mecenato miúdo, quando individualmente considerado, mas de peso, se tomado em conjunto, indispensável como meio de sobrevivência dos artistas”. in Durand, 1989, p. 91
[4] - Roberta Smith em «Carta abierta a los museos» denuncia o perigo dessa busca  transformar as ‘artes visuais’ em ‘artes visíveis’, na critica de Dave Hickei. Acontece assim “a lamentável  metamorfose de um museu universitário em uma sala de exibição de produtos comerciais. Esse foi caso da exposição Cara a Cara: Shiseido e a fabricação da beleza, na galeria de Artes e Centro de Estudos Grey da Universidade de Nova York. Essa exposição do tipo ‘mostrador de cosméticos de uma grande loja’ foi patrocinada  por Shiseido, o colosso japonês, e organizada integralmente com materiais de seus arquivos”.    La Nacion. Buenos Aires, 17.12.2000 – Arte.
Foto original aos cuidados  e guardado no Arquivo do MARGS
Fig. 14 –    Quadro de beneméritos que tornaram possível a criação, no mundo físico, do  Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) mostrado ao publico na ocasião da primeira exposição pública realizada no foyer do Theatro São Pedro, em 1957.  Tasso Corrêa era conselheiro de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul[1] quando agenciou a contratação  e a vinda efetiva de Ado MALAGOLI ao IBA-RS e orientou os passos jurídicos no âmbito do Governo do Estado do Rio Grande do Sul

12 -  O  MUSEU de ARTE no RIO GRANDE do SUL como PROJETO IRREVERSÍVEL.  
Tornou-se impossível recuar após evidenciar as necessidade-es, as vantagens de um MUSEU de ARTE no RIO GRANDE do SUL. Neste estado existiam as GARANTIAS de sua REALIZAÇÃO PRÁTICA  e de PERMANÊNCIA por TEMPO INDETERMINADO. Passara-se o tempo do voluntarismo, da improvisação e dos sonhos imponderáveis.
 Este propósito contava com as GARANTIAS  jurídicas, conceituais e de um grupo altamente qualificado para tal. GRUPO qualificado e determinado para a REALIZAÇÃO que se alojavam no interior de  um CONTRATO coletivo acertado longa e detalhadamente. A REALIZAÇÃO no mundo físico deste  PROJETO passou a ser  aguardado pela opinião pública esclarecida. Para este GRUPO as NECESSIDADES e as VANTAGENS de um MUSEU de ARTE no RIO-GRANDE do SUL era meridianamente claras A PERMANÊNCIA, por TEMPO INDERMINADO apontava para um número crescente  tanto de um publico com de aumento significativo de artistas visuais capazes e qualificados para levar para outros tempos e fazer frutificar esta semente no Rio Grande do Sul.
O que aconteceu depois, no mundo físico, veio comprovar o acerto desta concepção ideal e projeto de criar o MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL. Acerto perceptível nas tomadas de decisões das sucessivas gerações que o administraram, nos seus quadros de agentes qualificados, nos artistas visuais que se desafiam reciprocamente e de um público que se renova e que não para de prestigiar o MARGS.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p.    https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne

BUCCELLI, Vittório (1861-1929) - Uma Viagem ao Rio Grande do Sul;(1906)  .Brasília:  Senado Federal Conselho Editorial, 2016,  580 p.

DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre:  Globo, 1971. 540p

LEON, Aurora.  El Museu: teoria, práxis y utopia. Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.

MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto   Civilizatório do Império»  in  180 anos de Escola de Belas Artes Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.

MÉROT, Alain (edit.) Les conférences de l’Academie royale de peinture et esculpture  au XVIIe siècle. Paris : RNSBA, 1996. 533p.

MONNIER, Gérard. L’art et ses institutions en France: de la Révolution à nos jours.   Paris: Gallimard-Folio-histoire,  1995.  462p.

PÄCHT, Otto. Historia del arte y metodologia. Madrid: Alianza Forma 1986.  127p

 SILVA, Úrsula Rosa da - A critica de arte em Ângelo Guido. Curitiba: Appris, 2017 247p ISBN 978-85-473-0833-9

SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid:         Alianza. 1986,  817.  2v.

FONTES DOCUMENTAIS
Ata da sessão extraordinária do Conselho Técnico Administrativo, realizado em 16 -1 - 1.951 III livro de atas do Conselho Técnico e Administrativo ( C.T.A.) do Instituto de Belas Artes

CARTA de LE BRETON ao CONDE da BARCA

MOTIVAÇÕES do MUSEU de ARTE do SENEGAL

Associação Araújo Porto-alegre :AUTONOMIA do ARTISTA o seu PERTENCIMENTO.

Uma PINACOTECA como  DEVE SER


ÍNDICES do SALÃO de 1929

Uma AULA  de  Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945)
MUSEU  NACIONAL de BELAS ARTES do BRASIL

MUSEU DOM JOÃO VI
O PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA ASSUME as FUNÇÕES como CONSTRUTOR

O PENSAMENTO de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA nas ARTES do RIO GRANDE do SUL.
ANGELO GUIDO:-e a sua ESCOLHA para VIVER a ARTE no RIO GRANDE do SUL.

SIMON, Cirio  - Origens do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..-


[1] O PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA ASSUME as FUNÇÕES como CONSTRUTOR
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