0-255 – ESTUDOS de ARTE
O ICES NO SEU 10º ANIVERSÁRIO:
DE GRUPO À ORGANIZAÇÃO INCIPIENTE.
Arnoldo Walter DOBERSTEIN
Fig. 01– O artista Emílio SESSA (1913-1990) chefiou uma verdadeira MISSÂO ARTÍSTICA
ITALIANA ao Rio Grande do Sul. Depois de cumprir esta
missão ele retornou para a Itália e ali continuou a produzir. Permaneceu, no
BRASIL, a sua extensa obra e sua memória
que são as motivações básicas do Instituo Cultural Emílio SESSA
O
ICES – Instituto Cultural Emilio Sessa iniciou sua existência por um grupo de
estudiosos e pesquisadores interessados nas manifestações artísticas e
culturais do RS, e, em especial, na obra de Emilio Sessa, pintor bergamasco que
veio para o Brasil em 1948, junto com seu colega e amigo Aldo Locatelli. O mote principal do grupo era contribuir para
o devido reconhecimento social de sua obra que, diferentemente daquela de
Locatelli, permanecia (e ainda permanece) com baixos índices de legitimação.
Cena do LANÇAMENTO
do PRIMEIRO LIVRO http://institutoculturalemiliosessa.blogspot.com
Fig. 02 - O instituo Cultural Emílio SESSA no lançamento
do primeiro volume da obras do artista .
O evento realizou-se no
prédio do PACINHO da Ave. Cristóvão Colombo
Na
verdade, o conjunto fundador do ICES, já se conhecia anteriormente em função de
suas relações de amizade e de seus interesses culturais em comum. Mas era tão
somente um grupo e que, como tal, tinha que “lutar incessantemente contra a
dispersão”, como bem resume Neusa Rolita Cavedon[1],
amparada nos estudos de Lapassade[2].
Mas,
na medida que a pesquisa avançava e que as informações se acumulavam, o grupo
foi percebendo a constituição daquilo que Cavedon denomina de “movimentos endógenos, forças internas que
irão nortear as ações conjuntas de maneira autogestionária”[3].
Considerou-se, então, que os materiais recolhidos já eram suficientes para
serem divulgados. Decidiu, portanto, fazer uma primeira exposição (a pesquisa “norteando as ações”) de fotos das
igrejas que Sessa pintara, no RS e Itália, assim como de algumas de suas obras
de cavalete.
[1]
CAVEDON, Neusa Rolita. No ateliê dos conceitos. Artigo escrito para o Grupo de
Pesquisas da AAMARGS, mar/ 2018, p.1.
[2]
LAPASSADE, Georges. Grupos, Organizações e Instituições. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1983.
[3]
CAVEDON,op. cit. p.2
Fig. 03– O registro de uma parte
da obra do artista Emílio SESSA (1913-1990)
tornaram-se públicos e circulam em duas obras impressas. O primeiro volume registra pesquisas relativas aos à formação e
as primórdios da obra no Rio Grande do Sul. O segundo registra as pesquisas nas
obras mais conhecidas do Brasil, Aguarda-se
a publicação do um terceiro volume com as obras de Emílio Sessa após seu retorna para a Europa
Como
os recursos eram insuficientes, foi-se atrás de algum patrocínio. Não se sabia,
entretanto, que para tanto, a condição preliminar era estar devida e legalmente
constituída. Com regulamento, sede, objetivos, Diretoria, Conselho Fiscal,
inscrição no CGCMF, Prefeitura etc. Oportuno lembrar aqui aquela situação que o
prof. Círio Simon alerta, ou seja, que os artistas (e nós ampliamos: os
pesquisadores também) devem estar mais conscientes dos dispositivos legais que
cercam, e no mais das vezes enredam, a
sua atividade.[1]
Fundou-se,
assim o ICES, em 31 de outubro de 2008. De grupo à organização. Como assinala
Cavedon “ao se estruturar e se burocratizar o grupo constitui-se em uma
organização.”[2]
[1]
SIMON, Cirio. Ao longo de suas palestras nos encontros do Grupo de Estudos da
AAMARGS.
[2] CAVEDON, Neusa. Op. cit. p.2
Fig. 04– A doação de uma obra do artista Emílio SESSA (1913-1990) ao
Museu de Arte do Rio Grande do Sul . Ao
centro o Direto do Marga Gaudêncio Fidelis ladeado por Ilita Patrício
presidente da AAMARGS. Franco Sessa filho do artista segura o quadro Maria e
Arnoldo Walter Doberstein do ICES. Esta doação é amostra da
firma ação do Instituo Cultural
Emílio SESSA para garantir a permanência da extensa obra e memória do patrono.
Mas
se, como acentua Cavedon, amparada em Lapassade, devemos ver “dinamicidade na
construção desses fenômenos (grupos, organizações e instituições) ... e na
lógica do processo e do inacabado”[1]
entendemos que, dentro de cada um destes fenômenos (grupos, organizações, instituições)
existem momentos e que, tais momentos, podem ser, para efeitos de análise,
enquadrados em certas tipologias. Para o caso das organizações, então, poderiam
ser propostas as tipologias: organizações incipientes, organizações maduras e
organizações consolidadas.
Fig. 05– A realização
de um seminário destinado o garantir
meios e motivações para a realização de
uma exposição de obras de cavalete
artista Emílio SESSA reforçou e firmo ainda mais o Instituto Cultural Emílio SESSA na
permanência da extensa obra e da memória do seu
patrono . Permaneceu a sua extensa obra e sua
memória que são as motivações básicas do Instituo Cultural Emílio SESSA
O
caso do ICES, em nossa avaliação, encontra-se na transição entre uma
organização incipiente e uma organização madura. Uma organização quase madura
em função de suas realizações ao longo dos últimos 10 anos. Não é aqui o caso
de detalhá-las, mas só lembrar de seus dois livros editados, cujos lançamentos
ocorreram em Porto Alegre, Pelotas e Caxias do Sul, quando criaram-se vínculos
com outras organizações e até mesmo instituições. Nestas ocasiões, como as duas
publicações foram patrocinadas por empresa pública (Caixa Econômica Federal) o
ICES foi exigido nas respectivas prestações de conta, o que conseguiu por seus
próprios integrantes. Suas viagens de estudos, palestras e seminários, na
capital e cidades do interior do Estado como Pelotas, Caxias do Sul, Vacaria,
Arroio do Meio e Santo Ângelo. E, por último, a recente exposição das obras de
cavalete de Emilio Sessa, cercada de bastante sucesso.
ICES em Caxias
do SUL ---17.10.2013
Fig. 06– A obra de Emílio SESSA
está presente e é cultivada em numerosas
comunidades do Rio Grande do Sul
e Santa Catarina O Instituo Cultural
Emílio SESSA está mapeando esta extensa obra e memória desta verdadeira MISSÂO
ARTÍSTICA ITALIANA no Brasil . Na imagem os integrantes do ICES em CAXIAS do
SUL onde existem várias obras do mestre.
Mas,
de outro lado, o ICES ainda guarda diversos elementos daquelas
organizações aqui denominadas de
incipientes. Ainda ser estruturado basicamente na base do voluntariado
dificulta-lhe, por exemplo, avançar na área de filmagem e edição das atividades
que realiza (entre elas os depoimentos de convidados com atuação destacada no
movimento cultural e artístico). Outro setor carente de melhorias, na base do
voluntariado, é no atendimento ao site (mantido pelo ICES) e outras plataformas
digitais. Isso para não falar de uma sede mais apropriada, em espaço e
localização, para interagir com o conjunto da sociedade, assim como para
guardar seu acervo de documentos e materiais.
Fig. 07– O Presidente do ICES, Nilo MONTARDO (1º a esquerda de quem olha
foto), Maria Regina de SOUZA
LISBOA e
Arnoldo Walter DOBERSTEINA no momento da entrega de um dos volumes da pesquisa
relativa a Emílio SESSA.. A permanência da memoria do patrono do Instituto Cultural Emílio
SESSA exige pesquisas consistentes e a permanente
escrita e divulgações adequadas aos novos tempos, sociedade e lugares diferentes
daqueles que mestres viveu e produziu a sua
obra.
Preenchidas
estas e outras carências entendemos que o ICES esteja apto, e no caminho de
ingressar no rol das organizações consolidadas. Mas para alcançar a categoria
de instituição precisará dar tempo ao tempo. A institucionalização passa muito
pelo reconhecimento exterior. Como lembra Cavedon, “a institucionalização também requer a existência de uma história
compartilhada”[1]
É através de uma “história compartilhada”
que o universo de suas realizações “pode
ser explicado e legitimado”.
Mas
há que se considerar, como lembra Cavedon, seguindo Berger e Luckmann,[2]
que o “mundo institucionalizado”
requer “o controle das condutas humanas”.
E mais, que “a institucionalização faz
com que as atividades humanas fiquem submetidas ao controle social”.[3]
A historicidade, ou “história
compartilhada”, dessa forma, diminui a subjetividade e amplia a
objetividade, uma vez que os atores sociais, envolvidos numa instituição se
tornam capazes de tipificar reciprocamente suas condutas.
[1] CAVEDON, Neusa. Op. cit. p.3
[2]
BERGER, Peter L. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade.
Petrópolis: Vozes, 1985.
[3]
CAVEDON, Neusa. Op. cit. P.3
Prof. Dr. ARNOLDO
DOBERSTEIN no roteiro Praça da MATRIZ - PALÁCIO PIRATINI no dia 14.07.2018
Fig. 08– O Prof. Dr Arnaldo
Walter DOBEERSTEIN leva adiante as propostas do ICES num evento de uma AULA
PÚBLICA entre o Palácio Piratini e Farroupilha. A aula publica teve por
tema a Praça da Matriz e os seus entornos
Mas,
há que se considerar, como acentua Cavedon, essa objetividade “é produzida e construída pelo homem”.[1]
Escolherão os iceseanos se transformar numa instituição? Só o futuro dirá.
Fig. 09– Os dez anos do INSTITUTO
CULTURAL EMÌLIO SESSA foram comemorados,
com uma exposição das obras de PINTURA de CAVALETE do artista italiano Exposição aberta no dia 9 de outubro de 2018 na
Pinacoteca Aldo LOCATELLI
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BRITES
Blanca, Emilio Sessa, Tempos da Lembranças Porto Alegre; ICES catálogo da exposição na Pinacoteca Aldo
Locatelli [2018] {32 p. il. Cores}
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Emilio Sessa,
Pintor, Primeiros tempos. Porto Alegre;
Gastal&Gastal, 2012 160 p. ISBN 978-85-64916-01-2
------------ Emilio Sessa, Tempos Intermediários. Porto Alegre;
Gastal&Gastal, 2014 184 p. ISBN 978-85-64916-04-3
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
INSTITUTO
CULTURAL EMÌLIO SESSA [site]
O LANÇAMENTO
do PRIMEIRO LIVRO EMÌLIO SESSA
O LANÇAMENTO
do SEGUNDO LIVRO EMÌLIO SESSA
NO
ATELIÊ DOS CONCEITOS: INSTITUIÇÃO INSTITUCIONALIZAÇÃO
EMÍLIO SESSA um olhar
italiano no Rio Grande do Sul
Dizer o quê? Apenas...obrigado, prof. Círio. Arnoldo Doberstein.
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