INSTITUIÇÕES de ARTES VISUAIS do RIO
GRANDE do SUL
A presente postagem continua o projeto
do GRUPO de PESQUISA da AAMARGS, do ano de 2018, do estudar e de socializar pesquisas relativas às INSTITUIÇÕES de ARTES
VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.
ATELIER LIVRE da
PREFEITURA de PORTO ALEGRE
- BREVE HISTÓRICO
Apresentado ao GRUPO de PESQUISA da
AAMARGS,
no dia 01 de novembro de 2018,
por Rosemari Sarmento
O Atelier Livre da Prefeitura é uma
instituição criada pela prefeitura de
Porto Alegre, através da coordenação de Artes Plásticas e da Secretaria
Municipal de Cultura. Dedicado à prática
e aprendizado em Artes (para o público adulto), em suas mais
amplas linguagens, está estruturado com amplas salas,
equipamentos adequados voltados para à produção plástica e
visual, e corpo docente qualificado. Sendo mantido pelo poder público, com custos mínimos ao
frequentador, é um espaço
público aberto a população, proporcionando assim acesso
democrático ao conhecimento nas diversas áreas da produção visual e plástica
(eventualmente teóricas) e, por todas as atividades que realiza, contribui para
a formação do público produtor, consumidor e interessado em arte.
(Foto acervo Paulo PERES . Pesquisa de Rosemari SARMENTO)
Fig.
01– Uma aula
de IBERÊ CAMARGO nos primórdios do ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE. Presentes Ana Walkiria Borba, Iberê Camargo, Edíria Carneiro, Maria de
Lourdes Sanches, Enio Lippmann, Paulo Peres e Susana Mentz. Produzindo obras de
arte para a exposição inaugurada no dia 03 de janeiro de 1961 nos altos do
Abrigo do Bondes de Porto Alegre
Em novembro de 1960 numa entrevista polêmica, Iberê acusou a
cidade de “marasmo cultural nas artes plásticas”, como resultado em dezembro
foram promovidos pela Prefeitura de Porto Alegre, na então Galeria de Arte
Municipal que estava localizada nos altos do Abrigo de Bondes na Praça XV, no
centro de Porto Alegre "Encontros com Iberê Camargo" originando assim
o embrião do Atelier Livre de Porto Alegre. Os encontros aconteceram com um
grupo de jovens artistas convidados a realizar seus trabalhos de pintura, sob a
orientação de Iberê. Além de Iberê, o crítico de arte Carlos Scarinci também
ministrou palestras sobre história e teoria das artes plásticas.
(Foto acervo da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de
Rosemari SARMENTO)
Fig.
02– Uma aula
teórica de ARTES de Carlos SCARINCI nos
ano de 1961-1962 do ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE nos altos do abrigo dos
bondes. Presentes Regina Silveira, Xico Stockinger, Maria de
Lourdes Sanches.
No encerramento dos encontros, foi realizada uma mostra com as
pinturas produzidas (mais de trinta), no mesmo local, com vernissage e discursos do Secretário
Municipal de Educação e Assistência Carlos de Britto Velho e do artista Iberê
Camargo que propôs então a criação de um atelier livre – respondendo à
inquietação e mobilização do grupo de artistas para obter um espaço onde
pudessem continuar a produzir plasticamente. Tal ideia foi aceita e com o
empenho de Istelita da Cunha Knewitz do setor de cultura da SMEA – outra
idealizadora na proposta, fundou-se o “Atelier Livre”. Em primeira mão o
jornalista Aldo Obino, do jornal Correio do Povo, em sua coluna de 1o de
janeiro de 1961, tornou pública a intenção da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre de buscar esse espaço para os artistas.
(Foto acervo da Secretaria de Transportes da Prefeitura de
Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari SARMENTO)
Fig. 03– Entre os ano de 1961 – 1962 o ATELIER LIVRE ARTES da PREFEITURA de PORTO ALEGRE funcionou nos altos do abrigo dos bondes da
Praça XV de NOVEMBRO. Lugar de convergência ao
redor das obras de arte que estavam nascendo
num espaço público e livre.
E assim em 1961 fundou-se o ALP nos
altos do Abrigo de Bondes, como o primeiro espaço municipal para os artistas
desenvolverem suas produções plásticas em Porto Alegre. Neste momento Iberê
volta ao Rio de Janeiro e Xico Stockinger é convidado a coordenar as atividades
do novo espaço, além de ministrar aulas de xilogravura. No ano seguinte, em março, Carlos Scarinci[1] iniciou o seminário
"Artes Plásticas Contemporâneas"
Como destaca a historiadora Kern (2007, p.
74): “Essa instituição, formada por jovens mestres, constitui uma modalidade de
ensino mais aberta e receptiva aos movimentos modernos e à formação de artistas
oriundos de grupos sociais menos privilegiados”. Ainda vários dos jovens
artistas convidados para o curso promovido pela Prefeitura eram também alunos,
à época, do Instituto de Belas Artes (IBA) e, nesses encontros, descobriram
outra forma de apreender o fazer artístico, a liberdade de criação, a
possibilidade de experimentação, diferentes dos absorvidos na academia. Tornou-se, portanto, uma instituição de ensino
não formal de Artes Plásticas, além de uma forma de inserção e legitimação de
artistas plásticos no sistema das artes local. Bulhões afirma:
Assim, galerias, museus e escolas de
arte são instituições onde se legitima um determinado objeto ou evento como
artístico; o crítico, o professor, o artista, o curador e outros especialistas
são os atores que, nestes espaços, recebem o poder de realizar esta legitimação
(BULHÕES, 2011).
O artista Carlos Scliar substituiu o
crítico Scarinci nas palestras do seminário promovido pelo ALP. Mesmo que seu nome
não conste nas listas de professores oficiais da instituição, considera-se como
o terceiro professor do ALP. Neste contexto, os jovens artistas e os
professores do ALP movimentavam o circuito local, com participações
individuais, em exposições locais, refletindo o anseio de se manterem através
da cooperação mútua, como escreve Scarinci (1982, p. 129):
“Dessa maneira, podia-se falar num
“atelier livre”, que os jovens discípulos de Iberê tinham a intenção de manter
associativamente”. Tem-se, portanto, um momento histórico de importante
protagonismo do grupo dos jovens artistas frente à mobilização para a criação
do ALP.
(Foto acervo do Atelier
Livre da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari SARMENTO)
Fig. 04– A segunda sede ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE nos
altos do MERCADO PUBLICO com as janelas voltadas ao atual largo Glênio
Peres e os fundos sobre o telhado das bancas do mercado com os seus famosos gatos. Entre 1962 e 1972 era local de convergência e o núcleo de pesquisa e produção obra de artes visuais
O ALP funcionou em quatro sedes, na antiga Galeria Municipal,
localizada nos altos do Abrigo de Bondes (1961-1962) — duas salas, nos altos do
Mercado Público (1962-1972), e em uma casa locada na Rua Lobo da Costa
(1972-1978), mudando-se para a sede definitiva, planejada e construída, na Av. Érico Veríssimo, em novembro de 1978. Nas mudanças de sedes do ALP, ocorriam alterações em suas rotinas,
fossem no setor administrativo, no número de funcionários, nas oficinas
oferecidas ou nas atividades realizadas nas salas de aula, como a implantação
da oficina de desenho para gravura, ministrada por Danúbio Gonçalves, em 1962,
no Mercado Público. Também houve o aumento gradativo de alunos e de novos
professores e, consequentemente, de novas oficinas, abrangendo outras áreas de
produção plástica.
(Foto acervo do
Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari
SARMENTO)
Fig. 05– A
terceira sede ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE foi num sobrado alugado da Rua Lobo da COSTA
nº 291 onde funcionou entre 1972 – 1978 . Esta localização era uma contribuição para que este bairro atraísse outras instituições, ateliers e
artistas. Estava próximo do que viria ser a sede atual do Atelier Livre.
Alguns orientadores do ALP participaram do curso de
Criatividade promovido pela Escolinha de Arte do Departamento de Assuntos
Culturais da Secretaria Estadual de Educação, com o renomado artista e
arte-educador, o inglês Tom Hudson, em 1974. Houve então uma significativa
mudança na didática do Atelier, que atribuo à participação dos professores do
ALP no referido curso.
(Foto acervo do
Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari
SARMENTO)
Fig. 06– O
arte educador britânico Tom HUDSON atuando
em 1974 no ATELIER LIVRE de PORTO
ALEGRE num sobrado
alugado da Rua Lobo da COSTA nº 291. A soma das energias das ESCOLINHAS de ARTE e dos ATELIERES
INDIVIDUAIS dos ARTISTAS propiciava estes momentos de atualização das
inteligências por meio de experimentados artistas
E assim no ano seguinte, foi introduzido o curso de
Criatividade no ALP, com o objetivo de atender os iniciantes nas artes. As
metodologias das aulas tomaram justamente como ponto de partida o curso do
inglês Tom Hudson, com experiências compositivas no espaço, com materiais não
tradicionais e o uso de outras linguagens artísticas — o teatro e a poesia,
proporcionando ao aluno uma vivência interdisciplinar. Assim, em 27 de
fevereiro de 1975, o jornal local Correio do Povo publica, em nota, essa
alteração, anuncia que as matriculas estão abertas e informa sobre o curso para
iniciantes com duração de um semestre. Esse curso deu origem ao curso básico, o
qual passou a ser realizado após a mudança para a sede definitiva.
(Foto acervo do
Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari
SARMENTO)
Fig. 07 – O
prédio próprio do ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE resultou,
em 1978, da somatória de energias de
outras manifestações artísticas e culturais.. Evidente que o prédio não é sinônimo de instituição. Mas na
precariedade represente o ponto de convergência de vontades, inteligências e
sentimentos comuns de uma comunidade que se fortalece com este índice material.
A realização da construção de uma sede própria e definitiva
foi certamente uma grande conquista para o meio cultural municipal – liderada
pelo empenho do então diretor, o artista
Danúbio Gonçalves. E frutificou, pois resultou também na construção do Centro
Municipal de Cultura (CMC) que, além da sede do ALP, conta com a Biblioteca, o
Teatro Renascença, a sala multiuso (hoje sala Álvaro Moreira), o Saguão para
exposições, além de um café/bar. Além disso, o ALP, no início dos anos 1980,
trouxe a Porto Alegre alguns artistas que ministraram oficinas gráficas: Carlos
Martins, Romildo Paiva e Marília Rodrigues, o que proporcionou uma aproximação
da produção do eixo Rio-São Paulo tão inacessível aos artistas locais até
então, além da atualização técnica e do convívio mais intenso entre os artistas
locais. Era comum, nos finais de tarde, encontrar artistas conversando nas
salas ou no bar do CMC, assim como o acesso às informações das produções
plásticas fora do Estado era muito diferente de hoje. O ALP era, portanto
naquele momento, o centro das atividades em Artes Plásticas e de encontros dos
artistas plásticos da cidade, destacado pela flexibilidade e abertura das
linguagens artísticas, ressaltado no depoimento de José Augusto Avancini no livro
Atelier Livre: 30 anos:
A ressonância do Atelier Livre no
sistema das artes é de significativa importância. Já não cabe apenas interagir
com os movimentos do sistema, mas ter a capacidade de propor, no seu dia-a-dia,
uma atitude renovadora. É o “espaço” para fazer, sentir ou aprender arte. O
Papel do Atelier é fazer uma atualização das artes plásticas no Rio Grande do
Sul. Poderia até, forçando a expressão, dizer que o surgimento do Atelier em
1961, representou para nós o que foi, em nível nacional, a Semana de Arte
Moderna. E por essa estrutura muito flexível e muito aberta que ele teve, e
ainda mantém até hoje, possibilitou a presença em “confronto de várias
tendências artísticas, de vários movimentos com diferentes pressupostos
estéticos”. (POSSAMAI,1992, p. 32).
Para as comemorações dos 25 anos do Atelier, em 1986, foram
realizadas diversas atividades, entre as quais, o Festival de Arte Cidade de
Porto Alegre, considerado uma ampliação dos festivais de desenho realizados
desde 1981.
(Impresso, arte de Danúbio Gonçalves - acervo
do Atelier Livre da Prefeitura de Porto
Alegre . Pesquisa de Rosemari SARMENTO)
Fig. 08– Os
eventos do ATELIER LIVRE de PORTO ALEGRE marcaram o meio cultural e
continuaram a tradição inaugurada por Iberê CAMARGO no espaço de TEATRO de ARENA Nestes evento o ATELIER
se abria para a comunidade, atualizava as inteligências e mostrava PESQUISAS
ESTÈTICAS que não tinham como serem
socializadas em outras instituições
Artistas plásticos originários de diversas áreas e
localidades foram convidados a ministrar cursos durante as duas semanas do
inverno de julho. Essas atividades foram realizadas nos três turnos. Em poucos
anos, o Festival se tornou o principal evento das artes plásticas da cidade,
onde era aguardado pela comunidade artística e extrapolava as fronteiras do
Estado, sendo prestigiado a nível nacional.
O Festival foi, durante muitos anos, a possibilidade de
atualização de linguagens e teorias das Artes Plásticas na cidade, pois não
havia outra instituição que proporcionasse semelhante atividade. Durante o
evento, os artistas da cidade estavam lá para participar, conhecer uma nova
técnica, refletir sobre uma questão teórica, rever ou conhecer os artistas
visitantes, ano após ano.
Blanca Brittes, em seu texto titulado Breve Olhar Sobre os Anos
Oitenta, analisando os espaços de formação, cita o Festival como destaque local
nas atividades artísticas:
Como parte do nosso sistema de arte,
registra-se que o Atelier Livre da Prefeitura, devidamente institucionalizado,
continuou como espaço de iniciação e aprendizado, servindo também aos jovens
estudantes do Instituto de Artes - UFRGS e a artistas que se utilizavam das
oficinas do Atelier. Isso, no entanto já estava no cerne de sua criação. A
inovação que marcou a citada década foi a criação do I Festival de Arte Cidade
de Porto Alegre. Projetado como um momento de reciclagem de linguagens e
técnicas, o Festival compunha-se de oficinas de curta duração, seminário foi
consolidando-se como ocasião de especial efervescência, por reunir artistas
vindos de diversos pontos do país e exterior. Serviu como dinamizador junto à
comunidade Gaúcha, permanecendo ainda hoje como evento reconhecido e esperado
em nosso calendário artístico (BRITTES, 2007, p. 153).
Assim o Atelier Livre além de oferecer cursos
práticos e teóricos, e realizar diversas atividades paralelas durante o ano
como exposições, palestras criou a tradição do Festival de Artes da Cidade de
Porto Alegre. Hoje já na 32° edição FESTIVAL DE ARTE DE
PORTO ALEGRE (com oficinas, atrações culturais, debates, exposições,
performances, feira gráfica voltadas a
fomentar as artes visuais e a produção artística local).
(Foto acervo do
Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre . Pesquisa de Rosemari
SARMENTO)
01 Gastão HOFSTETTER 02 Plínio
BERHARDT 03 Marisa VEECK 04 José Carlos MOURA 05 Anico HERKOVITZ 06 Alfredo NIKOLAISKI 07 Maria TOMASELLI 08 Paulo PERES 09 Paulo
PORCELLA 10 Gustavo NAKLE 11 Maria Helena WEBSTER 12 Danúbio GONÇALVES 13 Britto VELHO 14 Francisco STOCKINGER 15 Wilson ALVES 16 Vera CHAVES BARCELLOS 17 Ado MALALAGOLI
Fig. 09– Uma
das grandes contribuições do ATELIER LIVRE de PORTO
ALEGRE foi o de reunir o
disperso CAMPO de FORÇAS das ARTES
VISUAIS. A foto do arquivo desta instituição é uma prova de um momento
desta competência institucional
[CLIQUE
sobre a FOTO para AMPLIAR e IDENTIFICAR os personagens]
Em 2010 o ATP celebrou seus 50 anos de história.
História essa contada por reconhecida atuação na comunidade cultural não só da
cidade, mas também do estado e do país. Ao longo de sua trajetória, foi e ainda
é fundamental para a formação dos artistas plásticos e visuais da região
metropolitana, fato já conhecido. Proposto como um
espaço de experimentação e pesquisa em Artes explorando diversas
linguagens artísticas e suas expressividades em um exercício contínuo de
criação. Visto que relações humanas que
permeiam as aulas e atividades do ALP extrapolam a instituição, e muitos
artistas que frequentavam as oficinas do ALP começaram a se organizar e a
formar seus ateliers particulares, mantendo uma
produção e participação em mostras e exposições, reverberando sua
característica essencial – a disseminação da experiência/prática artística.
Deste modo o ALP foi vital para que ocorressem essas formações de ateliers,
pois possibilitou (e ainda o faz- mesmo que em menor escala) o convívio dessas
pessoas com interesses comuns, sendo um lugar onde se podia/pode criar,
adquirir conhecimento técnico e estar inserido no sistema da arte local, além
de contribuir para a construção de novos relacionamentos.
FONTES BIBLIOGRÁICAS
BRITTES, Blanca .Breve Olhar Sobre os
Anos Oitenta. In: GOMES, paulo (org). Artes plásticas no rgs: uma panorâmica.
Porto Alegre. 2007.
BULHÕES, Maria Amélia. Do que Falamos
quando Falamos de Arte? Jornal
Sul 21, 2011.
Disponível em: . Acesso em: 10/09/2018
KERN, M LUCIA BASTOS. A EMERGENCIA DA
ARTE MODERNISTA NO RGS. In: GOMES, Paulo (org). Artes plásticas no rgs: uma
panorâmica. Porto Alegre. 2007.
Scarinci,
CARLOS. A GRAVURA NO RGS 1900-1980 . Porto Alegre: Mercado Aberto.1982
Pettini, Ana Maria. ATELIER LIVRE DA PREFEITURA: GRUPOS DE
ARTISTAS. UFRGS- Pós graduação em
Educação, 1992.
Prefeitura Municipal. Sec. Educação e
Cultura. Coord. Artes Plásticas. ATELIER LIVRE 30 ANOS. Porto Alegre, 1992
FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS
SECRETARIA MUNICIPAL de CULTURA de
PORTO ALEGRE
ATELIER LIVRE da PREFEITURA de PORTO
ALEGRE
FACE
Carlos SCARINCI
CONTEXTO das ORIGENS do ATELIER
TOM HUDSON
**Equipe
hoje do ALP:
Professores: Ana Flávia Baldisserotto, Daisy Viola, Eleonora Miranda, José Francisco Alves, Renato Garcia, Wilson Cavalcante, Nelcindo Roza, Paulo Rogério da Rosa; duas secretarias e duas estagiarias
Professores: Ana Flávia Baldisserotto, Daisy Viola, Eleonora Miranda, José Francisco Alves, Renato Garcia, Wilson Cavalcante, Nelcindo Roza, Paulo Rogério da Rosa; duas secretarias e duas estagiarias
Anexo:
Discurso feito
por Iberê Camargo por ocasião abertura de Exposição dos “Encontros com Iberê” –
em 03 de janeiro de 1961,
ATELIER LIVRE: 30 anos. Porto Alegre: secretaria
municipal de cultura/ Coordenação de
Artes Plásticas.
1992, pp.14-15.
“Esta
exposição é um esforço e uma resposta. Não pretendo fazer aqui uma análise dos
quadros que apresentamos, prefiro analisar o significado deste esforço e desta resposta que traduzem a
inquietação e a rebeldia. Eu me alegro com esta inquietação e com esta rebeldia que conduzem para à
criação, condição de ser da arte. Refiro-me à rebeldia que exclui o estado
paciente, tenaz, necessário na
elaboração de uma linguagem própria e viva. Nestes vinte dias de trabalho em
comum, procuramos estudar o desenho, os ritmos. A composição, os valores
cromáticos do quadro, enfim, todos os elementos que constituem a linguagem da pintura. Fomos exigentes nesta busca e também
humildes. Abrimos os livros e dialogamos com Kandinski, Leger, Matisse, Braque,
Klee, estres da pintura contemporânea. Para melhor nos informarmos da evolução de nosso meios,
pedimos e recebemos de Carlos Scarinci uma dissertação clara e concisa. Agora
podemos dizer que o problema está posto,
tomamos consciência, das nossa deficiências reformulando nosso propósitos. Este
movimento foi uma arrancada: é intenção dos jovens prosseguir associados num Atelier Livre (...)
Amigos, celebramos hoje o nosso último encontro,
quero lembrara a vocês que a pintura é uma amante exigente ela só se dá àqueles que também a ela integralmente se
entregam. A sinceridade em arte significa uma expressiva resposta da vida e
esta resposta está no meio que também é vida (...)
A
técnica do pintor seria coisa de pouca valia se fosse mero jogo de cores que o
espírito não transformasse na forma e no conteúdo vivente da obra de arte.
Intuir não é simples jogo de cores, assim como poesia não é simples jogo de palavras.
Direi que pintura se faz com a cor, com a forma e com o coração. Procurei
nestes breves encontros transmitir a vocês o pouco que tenho, não com o fim de
fazer discípulos, mas com o propósito de coloca-los diante da pintura de hoje.
Aí estão quadros, este é o nosso esforço, esta é a nossa resposta. Com o
decorrer do tempo nossa voz se tornará
mais, cada vez mais nítida, mais poderosa porque nós falamos a linguagem do
nosso século”.
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