quinta-feira, 13 de agosto de 2015

ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13

A ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1970 e 2000
MANGANELI in PLAZA 2013  p. 53
Fig. 01 –  O inicio década de 1970  a artista percebeu-se sobre um alto silencioso pódio,  solitário e altivo. Nas artes visuais intensificam-se as obras efêmeras, conceituais e os happenings. Entre tantos outros anônimos  Elton Manganelli seguiu os sulcos abertos pela pesquisa em Porto Alegre por Júlio Plaza e Regina Silveira. A atualização das inteligências mais célere com novas mídias e cumulativa  trazia informações de Joseph Beuys, John Cage e as obras de Andy Warholl

01     – ARTE no RIO GRANDE do SUL após a ABERTURA POLITICA
01-1 O fim dos regimes totalitários no Mundo e no Brasil.
01-2  A obra de arte na era pós-industrial.
01-3 O Rio Grande do Sul no contexto da era pós-industrial.

02– AGENTES e COMPETÊNCIAS na ARTE do RIO GRANDE do SUL
02-1 A divisão de tarefas em quatro vertentes.
02-2 A iniciativa privada nas artes no Rio Grande do Sul.
02-3  A competência municipal nas artes no Rio Grande do Sul.
02-4 A iniciativa estadual nas artes no Rio Grande do Sul.
02-5 A iniciativa privada nas artes no Rio Grande do Sul.

03– A ARTE do RIO GRANDE do SUL interage no PLANO MUNDIAL
03-1 A distinção entre pesquisa e atualização.
03-2 Pontos e nódulos da rede mundial de convergência de expressões de arte.
03-3 Um projeto desarticulado de arte local.

04– A OBRA de ARTE do RIO GRANDE do SUL como PRIMORDIAL
04-1 A materialidade sensorial da obra de arte
04-2 A arte está em quem a produz
04-3  O papel da instituições   de arte no Rio Grande do Sul

05– A  ARTE é um FENÔMENO que CONTINUA no RIO GRANDE do SUL
05-1 A arte continua apesar das suas mortes anunciadas
05-2 A morte anunciada das tendências estéticas
05-3 A morte anunciada das profissões da era industrial
05-4  O artista como príncipe ou aquele que principia
A celebração coletiva do  Fórum Social Mundial em Porto Alegre no início de 3º milênio
Fig. 02 –  No do período 1970 até ano extremo de 2000 este foi de baixar paras ruas, juntar gente  e tentar inverter os polos da hegemonia planetária. A preparação do I Fórum Social Mundial a ser celebrado em Porto Alegre entre os dias 26  e 30 de Janeiro de 2001 aportou sobre Porto Alegre e o Rio Grande do Sul olhares, falas e gente proveniente dos mais inesperados lugares. Porém este Fórum  entrou no rol dos eventos, das celebrações de massas humanas e de uma euforia que evidenciou, mas não sanou os efeitos e as as causas do colonialismo e da servidão. As culturas hegemônicas embaladas pelos transgênicos, a corrida espacial vitoriosa e e os progressos da nano eletrônica cotinuaram a comandar a economia, acultura e os movimentos sociais de massa

01     – ARTE no RIO GRANDE do SUL após a ABERTURA POLITICA
01-1 O fim dos regimes totalitários no Mundo e no Brasil.

    O fim oficial dos regimes totalitários na América Latina e atenuação da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim e o final do Regime Soviético, também  tiveram reflexos políticos, ideológicos e econômicos nas periferias como nos centros hegemônicos. Estes se tomaram a dianteira tecnológica, especialmente nos seus investimentos na área de informática, corrida espacial e nos avanços da biotecnologia.
Fig. 03 –  Os últimos trinta anos do século XX foram marcados pelas distensões da Guerra Fria e a ruina da União Soviética e do Muro de Berlim. No Rio Grande do Sul tornou-se evidente a passagem da Era Industrial para a Pós-Industrial. Este período, de relativa calma,  permitiu a consolidação de instituições culturais antigas e necessárias para um projeto civilizatório digno deste nome. Outras novas surgiram em função da era Pós-Industrial que aumentou a flexibilização de horários de trabalho e aumento de circulação de informações.  Assim os equipamentos culturais, o aumento de consumo de produtos de entendimento e de cultura.
[Clique sobre os nomes  para ler]

Com o adensamento da rede comandada pela informática. internet e com o progresso da junção das forças da física quântica com o relativismo de Einstein se impuseram novas formas de pensar, sentir e de agir no mundo. Formas que surgiram e se impuseram em detrimento das concepções anteriores. A arte e a cultura das nações hegemônicas condicionaram esta dianteira material, tecnológica e colocando-as em estado critica e aptas para expansões para além de suas naturais fronteiras físicas traçadas pela Era Industrial.
CAXIAS do SUL - Santo Antônio -  Memorial ZAMBELLI
Fig. 04 –  A ERA PÓS-INDUSTRIAL soube incorporar no seu repertório os saberes e os objetos do artesanato e dos produtos dos múltiplos da ERA INDUSTRIAL. No Rio Grande do Sul surgiram numerosos museus, casas de cultura e espaços multiuso nos quais, a população em geral, encontra,  não sí lazer mas estímulos de interação, superação e apropriação de novas tecnologias  Ao mesmo tempo reforçam os laços de identidade com a região de sua origem, costumes e modos de pertencimento coletivo É o que acontece em  CAXIAS do SUL no Memorial ZAMBELLI e a produção artesanal e em linha da imagética santeira

01-2  A obra de arte na era pós-industrial.
No mundo do agir e da prática quotidiana torna-se cada vez mais evidente a superação da era industrial, do taylorismo e lógica unívoca e linear do sistema da linha de montagem. Na arte as rígidas tipologias unívocas, lineares e hegemônicas da era industrial começaram a dar lugar ao múltiplo, para a rede e ao individualizado. Na era pós-industrial cada obra recebe um toque pessoal no interior de programa randômico. Desaparecem os trajes padronizados e cada qual se veste com uma particularidade. A arte remete-se à “teoria dos jogos” onde cada lance ou cada obra constitui-se no meio de uma constelação de possibilidades. A sua lógica remete-se para miríadas de objetos  atraídos por um núcleo,  guardando a sua particularidade e personalidade. As obras de arte continuam perdem a aura da era industrial e não possuem a pretensão de serem “obras primas”.  Em consequência o arista ele desce cada vez mais do pedestal de gênio para se perder na multidão. Muitas vezes se refugia no absoluto anonimato na tendência da arte de rua.
Clóvis PERETTI Obra cinética para a Igreja São Porto Alegre 1970 -
Fig. 05 –  Os pioneiros possuem o desafio de verem suas obras incompreendidas, senão eliminadas e destruídas. Isto aconteceu em 1970 com a OBRA CINÈTICA de Clóvis Peretti que viu a sua obra para a igreja São João de Porto Alegre simplesmente destruída.  Os pesados anos de chumbo – 1964-1979-  refletiram-se nos ambientes mais inesperados e onde o artista tinha de PENASR e SENTIR dentro mais estreitos limites sociais, econômicos e locais.  Uma cultura externa, ou mesmo a criatividade local  enfrentava rigorosos filtros patrimonialistas, estéticos e até religiosos apesar do Para João XXIII e o Concílio Vaticano II.

01-3 O Rio Grande do Sul no contexto da era pós-industrial.
 A leve camada econômica, política e social que se formou no Rio Grande do Sul ao longo da era industrial dissipou-se junto com o século XX. O final da Varig, da Editora Globo a desativação do transporte ferroviário  e fluvial são algumas das marcas mais sensíveis desta dissipação do tênue acúmulo de capitais, tecnologia e gente que a linha de montagem exigia.
Vasco PRADO -  MURAL da parede sul do prédio da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA do RIO GRANDE do SUL
Fig. 06 –   A parede sul do Palácio da Assembleia Legislativa de Porto Alegre recebeu uma obra de Vasco Prado que se inspira nas tradições sul-rio-grandense sem cair no anedótico,  narrativo linear e unívoco. Fruto dos seus estudos da escultura contemporânea mundial e do seu exercício de seu grafismo que ele transfere para a lâmina de alumínio com um jogo de cheios e vazios e luz e sombra

02– AGENTES e COMPETÊNCIAS na ARTE do RIO GRANDE do SUL
02-1 A divisão de tarefas em quatro vertentes.

As forças que atuam no imenso, fértil e mutante campo das artes possui lugar para todos. Basta não se fixar e disputar apenas um destes campos. Uma sociedade patrimonialista investe no sentido econômico proprietário. Não deixa de ser uma possibilidade. Porém na medida em que se escuta Nietzsche
A arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário” Nietzsche  2000, p.134[1]

Percebe-se que o mundo da Arte está muito além do condicionamento que eventualmente uma civilização, uma cultura ou um regime político, econômico  ou  social pretendam-lhe impor como limite ou padrão. Com a chegada da Era Pós-Industrial a pulverização de apoiadores, mediadores e empresário do mundo da arte aconteceu um fato simétrico ao que ocorreu internamente à mundo da arte.  Desapareceram os paradigmas unívocos e lineares da linha de montagem da era industrial.
No Rio Grande do Sul, a política cultural pode ser dividida em quatro vertentes e intencionalidades distintas e não conectadas entre si. Elas geram, repercutem e abrangem a iniciativa da sociedade civil, a municipal, a estadual e a federal.


[1]           NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      


Fig. 07 –  A Fundação Iberê Camargo nasceu de um maduro planejamento que o próprio artista conduziu enquanto pode. Esta fundação além do rico acervo de obras e de informações relativas ao artista, o seu tempo e sociedade, teve o coroamento com o projeto e execução de um  prédio especifico para esta instituição.  O arquiteto lusitano Siza Viera foi destacado no dia 17 de novembro de 1993 com Prêmio Nacional de Arquitetura. Representa o esforço da iniciativa privada de Porto Alegre. Inciativa que suficientemente madura para conservá-lo e administrá-lo com recursos próprios sem recorrer ao erário publico.

02-2 A iniciativa privada nas artes no Rio Grande do Sul.
   As artes visuais se organizam n sociedade civil ao redor da educação, do  lazer e do  mercado da arte. Neste mercado de arte, os espaços as galerias comerciais, ocasionais ou com um programa de permanência. Em Porto Alegre foram pioneiras as ocasionais e como outro tipo de suporte empresarial. Desde a galeria da ‘Casa ao Preço Fixo’[1] passando pelos espaços das casas móveis, que também comercializavam quadros e esculturas, como a Casa Jamardo ou hotéis com galerias como a ‘Galeria Carraro’[2] ou ‘Guignard’. A Casa das Molduras’ que fabricava e emoldurava obras de arte foi o local da primeira exposição publica do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli. Os jornais, clubes[3] e escolas mantém e divulgam formas de Arte condicionadas a políticas de suas diretorias. Pode-se afirmar que foi na sequência das Bienais do Mercosul que, a partir de 1998, se esboçou melhor as aspirações das lideranças empresariais e suas concepções no campo das artes visuais[4].


[1] - Damasceno, 1971

[3] - Seria possível destacar a «Galeria da Vera» sediada no Clube Leopoldina Juvenil e com notáveis realizações para o sistema das artes visuais do Rio Grande do Sul

[4] - AGUILAR, Nelson. 4a Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais de Mercosul, 2003    432 p. 272 il

Atividades no Atelier Livre de Porto Alegre em 2015
Fig. 08 –  A Prefeitura de Porto Alegre manteve uma audaciosa política de incentivo, manutenção e administração da arte e da cultura no âmbito municipal O Atelier Livre ganhou, 1978, um espaço próprio e articulado com   teatro, música e Biblioteca Municipal e situados prédio do Centro Cultural.. Esta política municipal enfoca a vida e as preocupações estéticas de uma população que possui a sua percepção no mundo próximo e ao seu alcance e proporção.

02-3  A competência municipal nas artes no Rio Grande do Sul.
Os municípios do estado do Rio Grande do Sul desconhecem um amplo leque de políticas articuladas de forma consiste no seu conjunto regional e estadual e dinamizadas por agentes culturais atualizados. As vezes associadas ao turismo, outras à educação e com maior ou menor autonomia* de políticas regionais. O município de Porto Alegre evoluiu na década de sessenta ao ter seu atelier Livre. Na década de 80 constituiu a sua secretaria de cultura. Nessa secretaria as artes visuais disputam o seu espaço próprio. Assim o Centro Cultural deu abrigo a essa política seguida pela ‘Usina do Gasômetro’. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre abriga, em 2015, as duas pinacotecas, Locatelli e Ruben Berta[1], herdadas do império de Assis Chateaubriand e que estão alojadas no prédio restaurado pela Prefeitura de Porto Alegre em pleno e continuada funcionamento. O Museu José Joaquim Felizardo, além de lembrar a memória do criador da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, abriga preciosos acervos iconográficos do município capital do estado.


[1] PINACOTECAS RUBEN BERTA e ALDO LOCATELLLI

Projeto do Prédio de Receita Federal de Porto Alegre, atual Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS)
Fig. 09  Pelo Decreto Federal  nº 73.789, de 11.03 1974, a União transferiu ao Estado do Rio Grande  a sua ANTIGA DELEGACIA FISCAL de Porto Alegre  para o MARGS. Este prédio histórico - da época do governo (1908-1913) de Carlos Barbosa- é a terceira sede oficial desta instituição que  recebeu o cognome do artista Ado Malagoli o criador deste museu de arte. Representa uma das expressões mais visíveis da política de arte mantido pela iniciativa da esfera estadual. Representa, no entanto, a competência da política artística para todo o território do estado e nos limites de toda arte.

02-4 A iniciativa estadual nas artes no Rio Grande do Sul.
   No âmbito estadual a política cultural é comandada pela sua Secretaria de Cultura. O Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, criado em 1908, foi repassado para o âmbito federal na década de 40. O Museu Júlio de Castilhos foi o pioneiro e provocou uma sequência de museus, gerando um sistema estadual. O Museu do Estado do Rio Grande do Sul (MARGS), criado por Ado Malagoli[1] em 1954, ganhou sede e administração regular no antigo prédio da Delegacia Fiscal e continua a ampliar o seu acervo[2]. A Casa de Cultura Mário Quintana tornou-se sede dessa política. Na década de 90 foi criado o Museu de Arte Contemporâneo que possui a sua sede provisória na Casa de Cultura Mário Quintana e como possibilidade de ocupar o Armazém nº 6, do cais do porto.


[1] - Emprega-se o verbo ´criar` intencionalmente, pois Ado Malagoli estava ciente da teleologia imanente ao projeto civilizatório, no qual se coloca uma obra de arte e da sua ação ao criar o MARGS, em 1954. Essa coerência ele explicita na sua tese, de 1957,  onde  (p.47) coloca “ a obra de arte, dentro de suas verdadeiras finalidades, como  um expoente da cultura e civilização

[2] - MARGS - Aquisições 1999-2002 . Porto Alegre : Museu de Artes do Rio Grande do Sul, 2002, 197 p.

Cartaz do 1º  Salão Nacional de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul:. setembro de 1970[1]
Fig. 10 –  O projeto civilizatório - compensador da violência que um Estado e necessita exercer encontra na arte uma das formas constantes, eficientes e de longa duração. As grandes civilizações possuem a fortuna de continuar este projeto mesmo que os seus governos, os seus  exércitos e a própria língua destes povos estejam no olvido e sem efeito prático  No contraditório há necessidade de atenção para que a arte não tombe na propaganda barata do “PÃO e CIRCO” governamental, ou, pior ainda, seja máscara de genocídios e crimes hediondos contra a humanidade.


02-5 A iniciativa federal nas artes no Rio Grande do Sul.
  O espaço federal foi ocupado pontualmente pela política desenvolvida pelas diversas Universidades Federais do Rio Grande do Sul. A ação neste espaço pertence aos Centros,  Institutos de Artes que se dedicam particularmente na formação de profissionais qualificados para agirem no interior do sistema artístico regional e internacional[2].
Esta diversidade certamente reflete a própria natureza da arre. Esta diversidade possui de desabonador a carência de um pacto coletivo, um projeto ou de um contrato político, estético e econômico coletivo de nação. Assim ocorrem sobreposições inúteis o senão trabalhos em franco conflito devastador dos parcos recursos econômicos, das energias políticas e uma desorientação geral para quem ingressa neste campo.


[1] A UFRGS manteve, entre 31.8 até 30.9.1973,  o 2º  Salão Nacional de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: - :Entre  01 até 30.9.1975 ocorreu  3º  Salão Nacional de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.   Em  1987 teve lugar na UFRGS -  Projeto MISSÕES com Cildo Meirelles entre outros.  Entre 14.11 até 14.12.1990 ocorreu o Salão de Arte Contemporânea UFRGS  - Em 1988 os estudantes da Artes da UFRGS  realizaram o 1º  Salão Nacional Universitário de Arte Contemporânea e 1º Encontro Nacional de Estudantes de Arte.

[2]  - Escolas ARTES no RIO GRANDE do SUL e seus endereços em 2010 –
 ·
 JOYCE SCHLEINIGGER  - maio 2015
Fig. 11 –  A cerâmica, a escultura associada à pintura fizeram de Joyce SCHLEINIGER uma verdadeira embaixadora das artes visuais do Rio Grande do Sul nos Estados Unidos.  Apesar de distante de Porto Alegre mantém contatos permanentes com a sua terra de origem. A sua exposição na recém-inaugurada Pinacoteca Ruben Berta de Porto Alegre é o resultado de uma atividade que atravessou todo o período de 1970 até 2000. Neste seu inquieto agir, fazer e pensar em termos plásticos mantém uma fidelidade a uma estética própria.

03– A ARTE do RIO GRANDE do SUL interage no PLANO MUNDIAL
03-1 A distinção entre pesquisa e atualização.
A partir da nova designação de “artes visuais” em vez de “artes plásticas” ,  existe um processo de interação institucional ampliado e com nova infraestrutura. Na designação “artes visuais”, são possíveis formulações de novos enfoques e metodologias  de investigação. No presente trabalho foi formulado e desenvolvido para uma institucionalização da arte num ambiente distinto do ambiente técnico e conceitual que se impôs durante a era industrial.  O acelerado processo, que emergiu da informática, não só trouxe novas formas de expressão, mas novos focos teóricos e metodológicos para o estudo da arte, em consequência da nova infraestrutura técnica[1]. O produtor artista, posterior à destruição do trabalho fabril, foi profundamente afetado pela era da informação, pela rede mundial de criação visual e virtual, num sistema que não parou de receber novos meios para constituir a obra de arte[2], gerando espaços  inimagináveis na época industrial[3].



[1] - A própria  designação de artes visuais se generalizou após o período que consta na presente epígrafe, substituindo as artes plásticas. A designação  ‘Departamento de Artes Visuais’ foi adotada no início da década de 1970, mas de fato esse departamento continuou a oferecer cursos de Artes Plásticas.
[2] - Para entender as novas condições que a arte numérica impõe tanto plano individual como no plano coletivo institucional ver: COUCHOT, Edmon. La technologie dans l’art: De la photographie à la réalité virtuelle. Nimes: Jacqueline Chambon  1998
[3] - Já em 1900 Benedeto Croce afirmava que  “Arte e Scienza sono, dunque, distinte e insieme congiunte: coincidono per un lato, ch’è il lato estético. Ogni opera di scienza è insieme opera d’arte”. Croce, 1950, p. 29.
CROCE, Benedetto.Estética come scienza dell’expressione e linguística generale, Teorie e Storia (9a  ed). Bari: Gius-Latezza, 1950, 564 p.
       

   Ruth SCHNEIDER - 1943-2003 - obra da artista no Museu de Passo Fundo
  • Fig. 12 –  A cidade de Passo Fundo transformou a antiga sede de seu executivo  no Museu RUTH SCHNEIDER. A Universidade de Passo Fundo (UPF) resultou da agregação de diversos cursos em vias de ingressar o nível superior. Uma delas era o resultado da ação da professora Cecília Zíngaro do Amaral formada do IBA-RS no Curso Superior de Artes Plásticas. O caso da FEEVALE foi iniciativa de Maria Beatriz Rahde que conseguiu em Brasília a transformação de uma Escola de Artes em Curso Superior, no que foi seguida por mais cinco outros cursos de outras áreas.
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03-2 Pontos e nódulos da rede mundial de convergência de expressões de arte.
A rede mundial de criação visual e virtual encontrou pontos e nódulos de convergência nos quais mostra com mais evidências as suas criações e onde alimenta instituições com novas potencialidades e limites, apesar da dimensão planetária. A concentração do poder industrial não coincide mais com concentração de poder  da arte. Em instituições que procuram responder essa direção Paris conseguiu criar e manter várias dessas plataformas públicas para as artes visuais. Uma delas é o Centro de Artes Pompidou[1]  só para exemplificar. Ele foi re-inaugurado no 1º dia do ano de 2000. Neste mesmo dia, Paris instalou a ‘Universidade de Todos os Saberes’[2]. Essas novas plataformas institucionais além da maciça circulação e atualização da inteligência oferecida pela rede mundial, impõem pesquisas estéticas capazes de discriminar o que a informação apresenta em bloco. O desafio em distinguir entre informação e criação, exige um exercício e uma potencialidade erudita que concede toda a sua atualidade à  necessidade de uma instituição de arte para elaborar as novas condições e recursos das artes, respondendo à sociedade da qual extrai as suas referências normativas e valorativas.


[1] - Monnier  (1995, pp. 362/3) caracteriza  o Centro Pompidou “como espaço dedicado pelo Estado à cultura contemporânea, é, para a população nacional e do mundo inteiro um lugar simbólico e um instrumento cultural
[2] - Em dezembro de 2000 e no final de um ano corrido de funcionamento da ‘Universidade de Todos os Saberes’,  Yves Michaud apresentou (2000, pp. 98/9) o seguinte balanço, quando “o sucesso ultrapassou largamente nossas  expectativas. Uma média de quinhentas pessoas frequentaram cada dia o anfiteatro  Painlevé do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, o que levará no final ao total de cento e oitenta mil  ouvintes.  A isto é necessário acrescentar uma média de escuta  na Internet (site: www.telerama.fr) de quinhentas  a mil  pessoas em  cada conferência. O sucesso da publicação das conferências confirma esse grande interesse” . As aulas da Universidade de Todos os Saberes ocorrem todos os dias da semana às 1h30min e sábados, domingos e dias feriados às 11h, no Conservatório Nacional das Artes e Ofícios, anfiteatro Paul Painlevé à rua Saint-Martin,  no 292, 75003 – Paris.  No final as conferencias serão publicadas em quatro volumes  pela editora Odile Jacob
Iberê Camargo - pintura
Fig. 13 –  A obra de Iberê CAMARGO resultou de um intenso exercício do hábito de integridade estética e intelectual. Integridade estética na qual a tinta, o pincel e a superfície são testemunhos e desta luta de uma criatura humana na busca do “CONHECE a TI MESMO”. Distante de qualquer ecletismo, de soluções apenas formais e agráveis - ao artista e ao seu público -  buscou a “BELEZA da VERDADE” por mais chocante, arrasador e repulsivo resultassem os índices desta busca.

03-3 Um projeto desarticulado de arte local.
No início do 3° milênio o Rio Grande do Sul ainda não possui um projeto com esse desenho para a animação cultural, ou mesmo um prédio para o seu Museu de Arte Contemporânea (MAC)[1]. As políticas culturais, da iniciativa privada, da municipal, da estadual e da federal estão desarticuladas. Elas alimentam-se de eventos sem continuidade, ou movimentos como Vilhena os caracterizou (1993: 213). A ‘academia’ se reinventou diante da nova realidade fragmentada e descontínua ganhando imprevista sobrevida devido à sua natureza institucional e garantia de continuidade. Essa academia sublimou o atelier e deixando de insistir apenas sobre a técnica e o artesanato. Ela passou a dar ênfase ao processo, ao contexto e à formação de agentes alimentados pela arte conceitual. Como Bourdieu havia enunciado (1987: 108) a arte institucionalizada na academia – - leia-se, agora, universidade- constituiu os seus próprios pares[2] como observadores e interlocutores preferenciais em detrimento dos seus observadores tradicionais e desarticulados.


[1] - Deve-se esse empreendimento institucional à iniciativa a Gaudêncio Fidelis, um ex-aluno do Instituto, e agindo como diretor do Instituto Estadual de Artes Visuais por iniciativa da Secretária de Cultura do RS, Mila Cauduro no governo de Alceu Collares..
[2] - Em Porto Alegre, apenas para citar, está em atividade por décadas o grupo que se constituiu ao redor de Vera Chaves Barcelos, uma ex-aluna  das artes visuais e simultaneamente de música do IA-UFRGS. [2]  Conferir:  CARVALHO, Ana Albani de. “Nervo Ótico”e Espaço NO”:a diversidade no Campo Artístico Porto Alegrense durante os anos 70. Porto Alegre: Programa de Pós Graduação em Artes Visuais IA-UFRGS, 1994, 295 fls. + anexos. (dissertação)
 Gastão TESCHE (1932-2005) “Janela Noturna”
Fig. 14 –  O trabalho no múltiplo da gravura artesanal teve uma larga aceitação em Porto Alegre entre 1970 e 2000. Os processos gráficos industriais chegavam ao final de um ciclo com a editora do Globo e sua legendária revista. Este processo industrial retornou ao artesanato e com pequenas tiragens personalizadas. De outro lado existem retomadas cíclicas das lições do Clube de Gravura especialmente pelo denominado grupo dos quatro de Bagé

04– A  OBRA de ARTE do RIO GRANDE do SUL como PRIMORDIAL
04-1 A materialidade sensorial da obra de arte
A par das novas concepções das Artes Visuais e as vicissitudes externas, permanece como primordial a construção das suas obras físicas. Sem estas obras físicas estar-se-ia especulando e trabalhando nos domínios da metafísica, filosofia ou da  literatura.
Para se constituir em obra de arte, ela exige estar presente no meio social, fundando o sistema de artes na circulação e onde ela busca os seus valores
 Acampamento Farroupilha na área conquistada ao Guaiba.

Fig. 15 –  A arte ínsita possui um largo e pouco delimitado espectro no amplo movimento de retomada da identidade sul-rio-grandense após o Estado Novo. O ritual do Acampamento Farroupila entre os dias 07 de setembro e 20 de setembro vem se alargando ano após ano. A perda da vida rural e campestre é compensada, pela criatura urbana, pelo mito de sua origem. Nesta evocação entra as manifestações visuais da moda, das insígnias e artesanato de toda ordem. Apesar de todas as tentativas de “tornar científico” esta manifestações, de buscar enquadrar num sistema linear e unívoca a arte ínsita continua brotando de “QUEM a PRODUZ”
04-2 A arte está em quem a produz
O agente institucional as Artes Visuais assumiu novas dimensões na sua forma de ampliar, atualizar e fazer circular do poder da arte. Esta ampliação, atualização e  circulação foram realizadas por Iberê Camargo, um ex-aluno do IBA-RS,  sendo o inspirador do Atelier Livre Porto Alegre constituindo uma instituição de Artes Visuais. A tarefa do Atelier Livre foi de ampliar, atualizar e fazer circular a arte no interior de uma instituição. O mesmo aconteceu com a Fundação Iberê Camargo onde ele foi secundado por uma ex-aluna do Instituto que se tornou esposa e fiel depositária de todo o acervo de momentos privilegiados de criação artística. Esta fundação destina-se também a fazer circular democraticamente a arte de Iberê, depois do seu desaparecimento físico. Se há a adaptação do artista à sua nova função, dentro da realidade capitalista, ela expressa a coerência ou a reação a esse o modo de vida[1].


[1] - Este modo de vida capitalista  faz com que “o artista tende a ser, não o produtor de um objeto durável, capaz de ser trocado, mas antes o autor e o organizador do espetáculo temporário e fugaz. Protegido pela imagem histórica de produtor da inovação, ele não espera mais fazer depender o seu sucesso do público, mas somente dos conhecedores” como Monnier escreveu (1995, 353) e que assim concorda com Bourdieu quando tratou (1987: 108). do ‘público de pares concorrentes’  
Fig. 16 –  Um legado de Assis Chateaubriand e sistematizado por Ângelo Guido recebeu um lugar definitivo na Pinacoteca Ruben Berta na rua Duque de Caxias e na proximidade dos poderes legislativo, executivo e judiciário. O prédio recuperado e adequado para as funções administrativas, museológicas e culturais ressalta a importância e o sentido do projeto civilizatório do qual ela é fiel depositária,


04-3  O papel da instituições   de arte no Rio Grande do Sul
A possibilidade de continuar a fazer circular as Artes Visuais, mesmo depois da morte do artista, possui no modo de vida, comandado pelo neoliberalismo e na lógica do capitalismo financeiro, um permanente anúncio de apocalipse[1].
Se existe a certeza implacável do limite e um apocalipse irreversível face à eternidade essa certeza é um estímulo na busca humana do maior adiamento possível desse final[2], mesmo para quem se dedica à ciência. O adiamento  é possível por meio da produção da obra de arte e sua reprodução infatigável, diante  certeza mais objetiva implacável do limite e de um apocalipse irreversível face à eternidade. Para essa reprodução continuada, estas obras das Artes Visuais mergulham as suas raízes no mais profundo passado da espécie humana. Diante dessa genealogia, é possível acreditar que ela será uma das últimas das quais o ser humano irá abdicar no futuro[3], mesmo com designação distinta da atual.


[1]  - Esse sentimento da arte frente ao capitalismo que Monnier registrou  (1995, p.42) e para quem “esse território é tão minado, e tão ameaçado de desaparecer como a floresta amazônica. Nós somos os últimos índios”. De outra parte, as provas científicas dos limites, que o ciclo de longuíssima duração da presença do homem sobre a Terra, foram os estímulos à criatividade do escritor  Saramago, que expressou essa certeza  na língua portuguesa  a o ponto de ser distinguido com  o Nobel de Literatura.
[2] - Depois dos atentados ao WTC-NY, do dia 11 de setembro de 2001 o critico John Rockwell escreveu (2001, p. 2) que “retroativamente é sempre possível interpretar a inquietude artística como prenúncio de desastre iminente, embora no passado, os sinais tenham por vezes iniludíveis. Talvez seja iniludível agora, e ainda sequer os conhecemos. [...] Se conseguirmos sustentar nossas artes numa diversidade tão rica quanto nossa diversidade social, política e religiosa, nossos artistas podem realmente desempenhar um papel valiosíssimo: eles podem nos amparar e inspirar, mas podem também nos guiar – diretamente ou, o que é mais provável, indiretamente – da escuridão para a luz”.(in:  http://www.estado.com br/editoriais/2001/01/23/int019.html). O que interessa é  a abertura imediata  das instituições de arte, logo após os atentados, como luz de um arraigado projeto civilizatório dos cidadãos de Nova York contra a barbárie.
[3] -  Carlos Oswald escrevia em setembro de 1962 “as antenas dos artistas, espelham misteriosamente os acontecimentos do mais afastado futuro e mais do que os cientistas, que analisando o presente deduzem as possibilidades futuras, o artista com suas sínteses, nos apresenta simbolicamente o”vir-a-ser”da humanidade”  in Monteiro, 2000, p. 203

Francisco STOKINGER murais no respiradouro do Viaduto Conceição da 1ª Perimetral de Porto Alegre
Fig. 17 –  A grande obra viário que porto Alegre recebeu no início dos anos 1970 compreende também obras de Carlos Gustavo Tenius, de Tina Felice, de 1996,  além de viadutos e ajardinamentos. Estas cirurgias urbanas  responderam  parcialmente ao crescimento de carros particulares cuja produção se automatizou e foi amplamente potencializado pela entrada de robôs que transformaram a linha de montagem repetitiva em ilhas de produção conectadas em rede às sistematizadoras.

05– A  ARTE é um FENÔMENO que CONTINUA no RIO GRANDE do SUL
05-1 A arte continua apesar das suas mortes anunciadas
 Esqueceram-se de avisar ao arista, que a ARTE MORREU.  Ou ele simplesmente não quer escutar, ver e sentir. Nisto consiste o SOBRE-HUMANO que Nietzsche apontava como destino do artista.
A arte, na sua autonomia, é cega, muda e surda aos profetas que a MATAM, CONSPURCAM ou IGNORAM ao seu bel prazer e para causar espetáculo gratuito a  custa de OUTROS. Apesar destes profetas de mau agouro,  arte é um fenômeno humano que continua. Ela é uma fonte da História que no seu continuar desvela os pontos críticos  da sua teleologia imanente contribuindo para tornar contemporâneas todas as gerações humanas[1].
A institucionalização da arte continua sendo o instrumento para a consciência dessa contemporaneidade das diversas gerações. Esse fato é possível conferir nos desígnios do IA-UFRGS como instituição, que, nas sucessivas etapas gerou um sistema de artes visuais para a consciência. Este sistema de artes visuais conecta-se com a sociedade no bojo da qual esse Instituto democratizou a sua competência num projeto civilizatório desenvolvido entre 1908 e 1962 e que continua a desenvolver no interior do terceiro milênio.


[1] - Como Gonçalves Viana, um dos membros do CC-ILBA, afirmou (1948, p. 56) que “a História, que nos faz contemporâneos de todas as épocas”.  
Pinacoteca Aldo Locatelli ocupou diversas salas climatizadas do prédio histórico da antiga prefeitura de Porto Alegre
Fig. 18 –  A obra de arte evoluiu de sua função subalterna para o estágio de prestígio, centro de preocupações e cuidados como valor simbólico que no seu mínimo material carrega um testemunho e um documento de seu autor, tempo e lugar. As imensas filas de visitantes que se formam nas portas dos museus de arte reforçam economias de cidades e de nações que estiveram atentas mensagens de suas obras de arte e as cercaram com os devidois cuidados

05-2 A morte anunciada das tendências estéticas
A “forma é morte da arte” sentenciava e provava Paul Klee. Na medida em que a arte está em que produz e não no que produz tomar esta produção formal como a própria arte é condenar à morte a autêntica fonte da criatividade. As culturas hegemônicas e formadoras das tendências estéticas, trabalham e se esforçam por separa a arte de suas aparências materiais. Aparências sensórias indispensáveis enquanto degraus  de acesso ao patamar da criação. Contudo perdem todo sentido quando conduzem ao objeto morto e a cadáver da arte. As fortes confluências sociais, econômicas e do ambiente físico que geram possuem a energias para deflagrar as energias criativas humanas
O problema da periferia ou em lugares nos quais estão ausentes estas condições geográficas, econômicas e sociais  estas tendências não passam de atualização da inteligências, do concreto não há condições de pesquisa estética coerente e produção de obras de arte
Fig. 19 –   Claudio Martins Costa faz parte de uma pequena e qualificada geração de escultores cuja carreira produtiva teve o seu auge em Porto Alegre entre 1970 e 2000. Os vínculos com a cultura indígena, e a busca de arquétipos plásticos não o impediram de projetar estes valores no plano erudito. O seu pequeno  legado material se ampliou no ensino do hábito da integridade intelectual aqueles que seguiram o seu caminho como discípulos

05-3 A morte anunciada das profissões da era industrial
Na era pós-industrial as instituições, a sociedade e a economia estão voltadas para a formação. Desapareceram as profissões. Assim a universidade recupera a sua função precípua da formação do SER humano. Com o desaparecimento das profissões clássicas, regulamentadas e lineares, emerge um mundo de trabalho onde a criatura humana necessita de uma criatividade, de uma ética e com hábitos de integridade intelectuais em constantes rupturas com a fase anterior e com as formas rígidas lineares e unívocas.
O ideal de uma arte única, de leitura linear de permanência indeterminada e longa,  cedeu lugar para manifestações efêmeras, obras aglutináveis em redes e múltipla leituras e repertórios variados
Diante destas manifestações pós industriais o artista precisa ir, mais do que nunca, para a universidade. Da parte desta mesma instituição a recíproca é verdadeira. Esta universidade só terá sentido se ela tiver competências para aprender com o mundo e as forças do campo das artes. Isto implica no seu exercício do  seu hábito de integridade intelectual.
MANCHETE n.966 de 24.10.1970 p. 149 c
Fig. 20 –  O ano de 1970 foi marcado pela tentativa de um alentado grupo de artistas sul-rio-grandenses projetar suas obras  em Brasília. Este evento teve acerbas críticas pelo núcleo do poder ocupado pelos mentores da Revolução de 1964. No contraditório não há registo de seleção de personagens,  recusas ou controle de obras. Porém a corrente foi efêmera e não há registro de aquisições oficiais de obras de arte deste grupo formado, nesta imagem, por Zorávia Bettiol, Vasco Prado e Carlos Alberto Petrucci (1919-2012).

05-4  O artista como príncipe ou aquele que principia
O ARTISTA nunca foi PROFISSÃO REGULAMENTADA e RECONHECIDA como tal.  Nesta medida ele possui o papel social de PRÍNCIPE. O ARTISTA PRÍNCIPE - ou aquele que principia – está no seu lugar certo na ERA PÓS-INDUSTRIAL. Ninguém assina carteira de trabalho de PRÍNCIPE. Ele é PRÍNCIPE ou NÃO É. Evidente que está muito distante da NOBREZA ou FAMÍLIAS HEREDITÁRIAS. O artista recompõe, na sua autonomia e principia, pela sua obra, uma nova história e outra linhagem que nunca existiu antes.

Na cultura ocidental os maiores nomes do Renascimento, do Impressionismo e do Cubismo se elevaram e se consolidaram neste patamar de autonomia.
Maria Lídia dos Santos MAGLIANI (1946-2012)
Fig.21 –  Uma vocação singular sob a orientação e cuidado de Ado Malagoli ganhou os ares da cidade do Rio de Janeiro onde se integrou ao grupo de artistas domiciliados em ateliers no bairro de Santa Teresa. Dedicou uma breve e intensa vida as artes de tempo integral

A história da arte no Rio Grande do Sul contou com estes nomes. Entre eles encontram-se os nomes de Pedro Weingärtner (1853-1929) e Oscar Boeira(1883-1943).
No período de 1970 até 2000 e aqui em foco,  inscreveram os seus nomes neste patamar elevado Vasco Prado (1941-1998), Francisco Stockinger (1919-2009), Maria Lidia Magliani  e  sobretudos Iberê Camargo. Eles foram competentes e pagaram o preço de tentarem o sobre-humano pelo caminho da autonomia na sua arte
FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ALVES de Almeida, José Francisco (1964).  STOCKINGER – Vida e obra . Porto Alegre : MultiArte 2012 - 308 p. il

AQUISIÇÔES MARGS 1999-2002 – Porto Alegre MARGS- AAMARGS 2002- 198 p il.

BRITES, Blanca et alii – 100 anos de Artes Plásticas no Instituto de Artes da UFRGS, três ensaios. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2012 264 p. il ISBN 978-85-386-0180-7

GOMES, Paulo Cesar Ribeiro et GRECCO, Vera Regina Luz – Memória de Museu- Porto Alegre : MARGS 2005 3 vol. 240 pp il. Col.

HOLTZ, Raul - MUSEU de ARTE do Rio Grande do Sul Ado Malagoli Catálogo geral Porto Alegre: MARGS 2013, 472 pp il. Col

Os gaúchos em Brasília – Revista MANCHETE Rio de Janeiro  : Adolfo Bloch n.966 de  24.10.1970 pp. 148-149

PIETA., Marilene A modernidade da pintura no Rio Grande do Sul. Porto  Alegre : Sagra-Luzzato. 1995,
       273 p  Il. Color

PRESTES, Cézar. Vasco Prado escultor. Porto Alegre : Memorial Vasco Prado 2002, 140 p

ROSA, Renato et   PRESSER, Décio .Dicionário das Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre :
        UFRGS, 1997, 360 p.
 --------MAGLIANI a solidão do corpo – Porto Alegre: Piancoteca Aldo Locatelli 2013,
Salão de Arte Contemporânea da UFRGS Museu Universitário da UFRGS: Porto Alegre: UFRGS 1990, 36 p

SCARINCI, Carlos.  A gravura no Rio Grande do Sul (1900-1982). Porto Alegre  : Mercado Aberto, 1982,
        224 p. il. Color.

ZIELINSKY, Mônica -  Iberê Camargo- Catálogo raisonné-  volume 1 Gravuras São Pualo: Cosaca Naify, 2006 504 pp. 692 ils - ISBN -85-7503-528-2-

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.

ARTE INSITA

ATELIER LIVRE da PREFEITURA de PORTO ALEGRE

BIENAL MERCOSUL

CLOVIS PERETTI (1935-1995)
CONSELHO ESTADUAL de CULTURA

DECRETO FEDERAL nº.73.789 de 11.03.174 transfere a DELEGACIA FISCAL para o MARGS


DIA da ARTE no BRASIL

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO 1995
obras

GOVERNADORES do RIO GRANDE do SUL

GRUPO NERVO ÓTICO – 1976-1978

MAC-RS

MERCOSUL 28.03.1991

PINACOTECA RUBEN BERTA – prédio


Plano Real

 PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA do ESTADO

PROJETO MISSÕES com CILDO MEIRELES 1987

SALÃO de ARTE CONTEPORÂNEA UFRGS 1990

TEORIA dos JOGOS nas ARTES VISUAIS

UNIÃO EUROPEIA

XICO


SÉRIE de  POSTAGENS ARTE no RIO GRANDE do SUL

[esta série desenvolve o tema “ARTE no RIO GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html  ]

INTRODUÇÃO
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES das  SEMENTES das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA e SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus ESTÁGIOS PRODUTIVOS.

PRIMEIRA PARTE
125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais indígenas sul-rio-grandenses

126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto civilizatório jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do Sul

127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais afro--sul-rio-grandenses

128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio Grande do Sul.

129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província sul-rio-grandense  diante do projeto imperial brasileiro

130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande do Sul diante de projeto republicano

131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos primórdios do ILBA-RS e  a sua Escola de Artes até a Revolução de  1930

132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE do SUL  entre 1930 e 1945

133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O  projeto da democratização da arte após 1945.

134  – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
A ARTE e a ARQUITETURA em AUTONOMIA no RIO GRANDE do SUL


SEGUNDA  PARTE
Iconografia e Iconologia das artes  visuais de diferentes projetos políticos do Rio Grande do Sul.

135 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
Obras das artes visuais afro-sul-rio-grandense

136 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 14
Obras de arte dos Sete Povos das Missões Jesuíticas como metáfora da Contrarreforma

137 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 15
A “casa do cachorro-sentado” como índice açoriano no meio  cultural do Rio Grande do Sul .

138 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 16
Obras de Manuel Araújo Porto-alegre

139 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 17
Obras de Pedro Weingärtner

140 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 18
Obras de Libindo Ferrás

141 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 19
Obras de Francis Pelichek

142 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 20
Obras de Fernando Corona

143 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 21
Obras de Ado Malagoli

144 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 22
Obras de Iberê Camargo
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