A
ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1970 e 2000
MANGANELI in PLAZA 2013 p. 53
Fig. 01 – O inicio
década de 1970 a artista percebeu-se
sobre um alto silencioso pódio,
solitário e altivo. Nas artes visuais intensificam-se as obras efêmeras,
conceituais e os happenings. Entre tantos outros anônimos Elton Manganelli seguiu os sulcos abertos pela
pesquisa em Porto Alegre por Júlio Plaza e Regina Silveira. A atualização
das inteligências mais célere com novas mídias e cumulativa trazia informações de Joseph Beuys, John Cage
e as obras de Andy Warholl
01 – ARTE no
RIO GRANDE do SUL após a ABERTURA POLITICA
01-1 O fim dos regimes totalitários no Mundo
e no Brasil.
01-2
A obra de arte na era pós-industrial.
01-3 O Rio Grande do Sul no contexto da era
pós-industrial.
02–
AGENTES e COMPETÊNCIAS na ARTE do RIO GRANDE do SUL
02-1 A divisão de tarefas em quatro
vertentes.
02-2 A iniciativa privada nas artes no Rio
Grande do Sul.
02-3 A competência municipal nas artes no Rio Grande
do Sul.
02-4 A iniciativa estadual nas artes no Rio
Grande do Sul.
02-5 A iniciativa privada nas artes no Rio
Grande do Sul.
03– A
ARTE do RIO GRANDE do SUL interage no PLANO MUNDIAL
03-1 A distinção entre pesquisa e
atualização.
03-2 Pontos e nódulos da rede mundial de
convergência de expressões de arte.
03-3 Um projeto desarticulado de arte local.
04– A
OBRA de ARTE do RIO GRANDE do SUL como PRIMORDIAL
04-1 A materialidade sensorial da obra de arte
04-2 A arte está em quem a produz
04-3
O papel da instituições de arte
no Rio Grande do Sul
05– A ARTE é um FENÔMENO que
CONTINUA no RIO GRANDE do SUL
05-1 A arte continua apesar das suas
mortes anunciadas
05-2 A morte anunciada das
tendências estéticas
05-3 A morte anunciada das
profissões da era industrial
05-4 O artista como príncipe ou
aquele que principia
A celebração coletiva do Fórum
Social Mundial em Porto Alegre no início de 3º milênio
Fig. 02 – No do
período 1970 até ano extremo de 2000 este foi de baixar paras ruas, juntar gente
e tentar inverter os polos da hegemonia
planetária. A preparação do I Fórum Social Mundial a ser celebrado em Porto
Alegre entre os dias 26 e 30 de Janeiro
de 2001 aportou sobre Porto Alegre e o Rio Grande do Sul olhares, falas e gente
proveniente dos mais inesperados lugares. Porém este Fórum entrou no rol dos eventos, das celebrações de
massas humanas e de uma euforia que evidenciou, mas não sanou os efeitos e as
as causas do colonialismo e da servidão. As culturas hegemônicas embaladas
pelos transgênicos, a corrida espacial vitoriosa e e os progressos da nano
eletrônica cotinuaram a comandar a economia, acultura e os movimentos sociais
de massa
01 – ARTE no RIO GRANDE do SUL após a ABERTURA
POLITICA
01-1 O fim dos regimes totalitários no
Mundo e no Brasil.
O fim oficial dos regimes totalitários na
América Latina e atenuação da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim e o
final do Regime Soviético, também
tiveram reflexos políticos, ideológicos e econômicos nas periferias como
nos centros hegemônicos. Estes se tomaram a dianteira tecnológica,
especialmente nos seus investimentos na área de informática, corrida espacial e
nos avanços da biotecnologia.
Fig. 03 – Os
últimos trinta anos do século XX foram marcados pelas distensões da Guerra Fria
e a ruina da União Soviética e do Muro de Berlim. No Rio Grande do Sul tornou-se
evidente a passagem da Era Industrial para a Pós-Industrial. Este período,
de relativa calma, permitiu a
consolidação de instituições culturais antigas e necessárias para um projeto
civilizatório digno deste nome. Outras novas surgiram em função da era
Pós-Industrial que aumentou a flexibilização de horários de trabalho e aumento
de circulação de informações. Assim os
equipamentos culturais, o aumento de consumo de produtos de entendimento e de
cultura.
[Clique sobre os nomes para ler]
Com o
adensamento da rede comandada pela informática. internet e com o progresso da
junção das forças da física quântica com o relativismo de Einstein se impuseram
novas formas de pensar, sentir e de agir no mundo. Formas que surgiram e se
impuseram em detrimento das concepções anteriores. A arte e a cultura das
nações hegemônicas condicionaram esta dianteira material, tecnológica e colocando-as
em estado critica e aptas para expansões para além de suas naturais fronteiras
físicas traçadas pela Era Industrial.
CAXIAS do SUL -
Santo Antônio - Memorial ZAMBELLI
Fig. 04 – A ERA
PÓS-INDUSTRIAL soube incorporar no seu repertório os saberes e os objetos do
artesanato e dos produtos dos múltiplos da ERA INDUSTRIAL. No Rio Grande do Sul
surgiram numerosos museus, casas de cultura e espaços multiuso nos quais, a
população em geral, encontra, não sí lazer
mas estímulos de interação, superação e apropriação de novas tecnologias Ao mesmo tempo reforçam os laços de
identidade com a região de sua origem, costumes e modos de pertencimento
coletivo É o que acontece em CAXIAS do
SUL no Memorial ZAMBELLI e a produção artesanal e em linha da imagética
santeira
01-2
A obra de arte na era pós-industrial.
No mundo
do agir e da prática quotidiana torna-se cada vez mais evidente a superação da
era industrial, do taylorismo e lógica unívoca e linear do sistema da linha de
montagem. Na arte as rígidas tipologias unívocas, lineares e hegemônicas da era
industrial começaram a dar lugar ao múltiplo, para a rede e ao individualizado.
Na era pós-industrial cada obra recebe um toque pessoal no interior de programa
randômico. Desaparecem os trajes padronizados e cada qual se veste com uma
particularidade. A arte remete-se à “teoria dos jogos” onde cada lance ou cada
obra constitui-se no meio de uma constelação de possibilidades. A sua lógica remete-se
para miríadas de objetos atraídos por um
núcleo, guardando a sua particularidade
e personalidade. As obras de arte continuam perdem a aura da era industrial e
não possuem a pretensão de serem “obras primas”. Em consequência o arista ele desce cada vez
mais do pedestal de gênio para se perder na multidão. Muitas vezes se refugia
no absoluto anonimato na tendência da arte de rua.
Clóvis PERETTI Obra cinética para a Igreja São Porto Alegre 1970 -
Fig. 05 – Os
pioneiros possuem o desafio de verem suas obras incompreendidas, senão
eliminadas e destruídas. Isto aconteceu em 1970 com a OBRA CINÈTICA de Clóvis
Peretti que viu a sua obra para a igreja São João de Porto Alegre simplesmente
destruída. Os pesados anos de chumbo
– 1964-1979- refletiram-se nos ambientes
mais inesperados e onde o artista tinha de PENASR e SENTIR dentro mais
estreitos limites sociais, econômicos e locais.
Uma cultura externa, ou mesmo a criatividade local enfrentava rigorosos filtros
patrimonialistas, estéticos e até religiosos apesar do Para João XXIII e o
Concílio Vaticano II.
01-3 O Rio Grande do Sul no contexto da
era pós-industrial.
A leve camada econômica, política e social que
se formou no Rio Grande do Sul ao longo da era industrial dissipou-se junto com
o século XX. O final da Varig, da Editora Globo a desativação do transporte
ferroviário e fluvial são algumas das
marcas mais sensíveis desta dissipação do tênue acúmulo de capitais, tecnologia
e gente que a linha de montagem exigia.
Vasco PRADO - MURAL da parede sul
do prédio da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA do RIO GRANDE do SUL
Fig. 06 – A parede sul do Palácio da Assembleia
Legislativa de Porto Alegre recebeu uma obra de Vasco Prado que se inspira nas
tradições sul-rio-grandense sem cair no anedótico, narrativo linear e unívoco. Fruto dos
seus estudos da escultura contemporânea mundial e do seu exercício de seu
grafismo que ele transfere para a lâmina de alumínio com um jogo de cheios e
vazios e luz e sombra
02–
AGENTES e COMPETÊNCIAS na ARTE do RIO GRANDE do SUL
02-1 A divisão de tarefas em quatro
vertentes.
As
forças que atuam no imenso, fértil e mutante campo das artes possui lugar para
todos. Basta não se fixar e disputar apenas um destes campos. Uma sociedade
patrimonialista investe no sentido econômico proprietário. Não deixa de ser uma
possibilidade. Porém na medida em que se escuta Nietzsche
“A arte não pode ter
sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que
sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único
inútil, no sentido mais temerário” Nietzsche 2000, p.134[1]
Percebe-se
que o mundo da Arte está muito além do condicionamento que eventualmente uma
civilização, uma cultura ou um regime político, econômico ou
social pretendam-lhe impor como limite ou padrão. Com a chegada da Era
Pós-Industrial a pulverização de apoiadores, mediadores e empresário do mundo
da arte aconteceu um fato simétrico ao que ocorreu internamente à mundo da
arte. Desapareceram os paradigmas
unívocos e lineares da linha de montagem da era industrial.
No
Rio Grande do Sul, a política cultural pode ser dividida em quatro vertentes e
intencionalidades distintas e não conectadas entre si. Elas geram, repercutem e
abrangem a iniciativa da sociedade civil, a municipal, a estadual e a federal.
[1]
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)
Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
Fig. 07 – A
Fundação Iberê Camargo nasceu de um maduro planejamento que o próprio artista
conduziu enquanto pode. Esta fundação além do rico acervo de obras e de
informações relativas ao artista, o seu tempo e sociedade, teve o coroamento
com o projeto e execução de um prédio
especifico para esta instituição. O
arquiteto lusitano Siza Viera foi destacado no dia 17 de novembro de 1993 com
Prêmio Nacional de Arquitetura. Representa o esforço da iniciativa privada de
Porto Alegre. Inciativa que suficientemente madura para conservá-lo e
administrá-lo com recursos próprios sem recorrer ao erário publico.
02-2 A iniciativa privada nas artes no
Rio Grande do Sul.
As artes visuais se organizam n sociedade
civil ao redor da educação, do lazer e do mercado da arte. Neste mercado de arte, os espaços
as galerias comerciais, ocasionais ou com um programa de permanência. Em Porto
Alegre foram pioneiras as ocasionais e como outro tipo de suporte empresarial.
Desde a galeria da ‘Casa ao Preço Fixo’[1]
passando pelos espaços das casas móveis, que também comercializavam quadros e
esculturas, como a Casa Jamardo ou hotéis com galerias como a ‘Galeria Carraro’[2]
ou ‘Guignard’. A Casa das Molduras’ que fabricava e emoldurava obras de arte
foi o local da primeira exposição publica do acervo do Museu de Arte do Rio
Grande do Sul Ado Malagoli. Os jornais, clubes[3] e
escolas mantém e divulgam formas de Arte condicionadas a políticas de suas
diretorias. Pode-se afirmar que foi na sequência das Bienais do Mercosul que, a
partir de 1998, se esboçou melhor as aspirações das lideranças empresariais e
suas concepções no campo das artes visuais[4].
[1] - Damasceno, 1971
[2] GALERIA CARRARO - http://arquivopoa.blogspot.com.br/2014/03/o-descaracterizado-predio-do-antigo.html
[3] - Seria possível destacar a «Galeria da Vera» sediada
no Clube Leopoldina Juvenil e com notáveis realizações para o sistema das artes
visuais do Rio Grande do Sul
[4] - AGUILAR, Nelson.
4a Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Porto Alegre: Fundação
Bienal de Artes Visuais de Mercosul, 2003
432 p. 272 il
Atividades no Atelier Livre de Porto Alegre em 2015
Fig. 08 – A
Prefeitura de Porto Alegre manteve uma audaciosa política de incentivo,
manutenção e administração da arte e da cultura no âmbito municipal O Atelier
Livre ganhou, 1978, um espaço próprio e articulado com teatro, música e Biblioteca Municipal e
situados prédio do Centro Cultural.. Esta política municipal enfoca a vida
e as preocupações estéticas de uma população que possui a sua percepção no
mundo próximo e ao seu alcance e proporção.
02-3
A competência municipal nas artes no Rio Grande do Sul.
Os
municípios do estado do Rio Grande do Sul desconhecem um amplo leque de
políticas articuladas de forma consiste no seu conjunto regional e estadual e
dinamizadas por agentes culturais atualizados. As vezes associadas ao turismo,
outras à educação e com maior ou menor autonomia* de políticas regionais. O
município de Porto Alegre evoluiu na década de sessenta ao ter seu atelier
Livre. Na década de 80 constituiu a sua secretaria de cultura. Nessa secretaria
as artes visuais disputam o seu espaço próprio. Assim o Centro Cultural deu
abrigo a essa política seguida pela ‘Usina do Gasômetro’. A Prefeitura Municipal
de Porto Alegre abriga, em 2015, as duas pinacotecas, Locatelli e Ruben Berta[1],
herdadas do império de Assis Chateaubriand e que estão alojadas no prédio restaurado
pela Prefeitura de Porto Alegre em pleno e continuada funcionamento. O Museu
José Joaquim Felizardo, além de lembrar a memória do criador da Secretaria de
Cultura de Porto Alegre, abriga preciosos acervos iconográficos do município
capital do estado.
Projeto do Prédio de Receita Federal de Porto Alegre, atual Museu de
Arte do Rio Grande do Sul (MARGS)
Fig. 09 Pelo Decreto Federal nº 73.789, de 11.03 1974, a União transferiu ao Estado do Rio
Grande a sua ANTIGA
DELEGACIA FISCAL de Porto Alegre para o
MARGS. Este prédio histórico - da época do
governo (1908-1913) de Carlos Barbosa- é a terceira sede oficial desta
instituição que recebeu o cognome do
artista Ado Malagoli o criador deste museu de arte. Representa uma
das expressões mais visíveis da política de arte mantido pela iniciativa da
esfera estadual. Representa, no entanto, a competência da política artística
para todo o território do estado e nos limites de toda arte.
02-4
A iniciativa estadual nas artes no Rio Grande do Sul.
No âmbito estadual a política cultural é
comandada pela sua Secretaria de Cultura. O Instituto de Belas Artes do Rio
Grande do Sul, criado em 1908, foi repassado para o âmbito federal na década de
40. O Museu Júlio de Castilhos foi o pioneiro e provocou uma sequência de
museus, gerando um sistema estadual. O Museu do Estado do Rio Grande do Sul
(MARGS), criado por Ado Malagoli[1]
em 1954, ganhou sede e administração regular no antigo prédio da Delegacia Fiscal
e continua a ampliar o seu acervo[2].
A Casa de Cultura Mário Quintana tornou-se sede dessa política. Na década de 90
foi criado o Museu de Arte Contemporâneo que possui a sua sede provisória na
Casa de Cultura Mário Quintana e como possibilidade de ocupar o Armazém nº 6,
do cais do porto.
[1] - Emprega-se o verbo ´criar` intencionalmente,
pois Ado Malagoli estava ciente da teleologia imanente ao projeto
civilizatório, no qual se coloca uma obra de arte e da sua ação ao criar o
MARGS, em 1954. Essa coerência ele explicita na sua tese, de 1957, onde
(p.47) coloca “ a obra de arte,
dentro de suas verdadeiras finalidades, como
um expoente da cultura e civilização”
[2] - MARGS -
Aquisições 1999-2002 . Porto Alegre : Museu de Artes do Rio Grande do Sul,
2002, 197 p.
Cartaz do 1º Salão
Nacional de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul:.
setembro de 1970[1]
Fig. 10 – O
projeto civilizatório - compensador da violência que um Estado e necessita
exercer encontra na arte uma das formas constantes, eficientes e de longa
duração. As grandes civilizações possuem a fortuna de continuar este projeto
mesmo que os seus governos, os seus
exércitos e a própria língua destes povos estejam no olvido e sem efeito
prático No contraditório há
necessidade de atenção para que a arte não tombe na propaganda barata do “PÃO e
CIRCO” governamental, ou, pior ainda, seja máscara de genocídios e crimes
hediondos contra a humanidade.
02-5 A iniciativa federal nas artes no
Rio Grande do Sul.
O espaço federal foi ocupado pontualmente
pela política desenvolvida pelas diversas Universidades Federais do Rio Grande
do Sul. A ação neste espaço pertence aos Centros, Institutos de Artes que se dedicam
particularmente na formação de profissionais qualificados para agirem no
interior do sistema artístico regional e internacional[2].
Esta
diversidade certamente reflete a própria natureza da arre. Esta diversidade
possui de desabonador a carência de um pacto coletivo, um projeto ou de um
contrato político, estético e econômico coletivo de nação. Assim ocorrem
sobreposições inúteis o senão trabalhos em franco conflito devastador dos
parcos recursos econômicos, das energias políticas e uma desorientação geral
para quem ingressa neste campo.
[1] A UFRGS manteve, entre 31.8 até 30.9.1973, o 2º Salão Nacional de Artes Visuais da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul: - :Entre 01 até 30.9.1975 ocorreu 3º
Salão Nacional de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Em
1987 teve lugar na UFRGS - Projeto MISSÕES com Cildo Meirelles
entre outros. Entre 14.11 até 14.12.1990
ocorreu o Salão de Arte Contemporânea UFRGS
- Em 1988 os estudantes da Artes da UFRGS realizaram o 1º Salão Nacional Universitário de Arte
Contemporânea e 1º Encontro Nacional de Estudantes de Arte.
[2] - Escolas ARTES
no RIO GRANDE do SUL e seus endereços em 2010 –
·
JOYCE SCHLEINIGGER
- maio 2015
Fig. 11 – A
cerâmica, a escultura associada à pintura fizeram de Joyce SCHLEINIGER uma
verdadeira embaixadora das artes visuais do Rio Grande do Sul nos Estados
Unidos. Apesar de distante de Porto
Alegre mantém contatos permanentes com a sua terra de origem. A sua
exposição na recém-inaugurada Pinacoteca Ruben Berta de Porto Alegre é o
resultado de uma atividade que atravessou todo o período de 1970 até 2000.
Neste seu inquieto agir, fazer e pensar em termos plásticos mantém uma fidelidade
a uma estética própria.
03–
A ARTE do RIO GRANDE do SUL interage no PLANO MUNDIAL
03-1 A distinção entre pesquisa e
atualização.
A partir da
nova designação de “artes visuais” em
vez de “artes plásticas” , existe um processo de interação institucional
ampliado e com nova infraestrutura. Na designação “artes visuais”, são possíveis formulações de novos enfoques e
metodologias de investigação. No
presente trabalho foi formulado e desenvolvido para uma institucionalização da
arte num ambiente distinto do ambiente técnico e conceitual que se impôs
durante a era industrial. O acelerado
processo, que emergiu da informática, não só trouxe novas formas de expressão,
mas novos focos teóricos e
metodológicos para o estudo da
arte, em consequência da nova infraestrutura técnica[1]. O
produtor artista, posterior à destruição do trabalho fabril, foi profundamente
afetado pela era da informação, pela rede mundial de criação visual e virtual,
num sistema que não parou de receber novos meios para constituir a obra de arte[2],
gerando espaços inimagináveis na época
industrial[3].
[1] - A própria designação de artes visuais se generalizou após o período que consta na presente
epígrafe, substituindo as artes plásticas. A designação ‘Departamento
de Artes Visuais’ foi adotada no início da década de 1970, mas de fato esse
departamento continuou a oferecer cursos de Artes Plásticas.
[2] - Para entender as novas
condições que a arte numérica impõe tanto plano individual como no plano
coletivo institucional ver: COUCHOT, Edmon. La technologie dans l’art: De la
photographie à la réalité virtuelle. Nimes: Jacqueline Chambon 1998
[3] - Já em 1900 Benedeto Croce
afirmava que “Arte e Scienza sono, dunque, distinte e insieme congiunte: coincidono
per un lato, ch’è il lato estético. Ogni opera di scienza è insieme opera d’arte”. Croce, 1950, p. 29.
CROCE,
Benedetto.Estética come scienza
dell’expressione e linguística generale, Teorie e Storia (9a ed). Bari: Gius-Latezza, 1950, 564 p.
- Fig. 12 – A cidade de Passo Fundo transformou a
antiga sede de seu executivo no
Museu RUTH SCHNEIDER. A Universidade de Passo Fundo (UPF) resultou da
agregação de diversos cursos em vias de ingressar o nível superior. Uma
delas era o resultado da ação da professora Cecília Zíngaro do Amaral
formada do IBA-RS no Curso Superior de Artes Plásticas. O caso da
FEEVALE foi iniciativa de Maria Beatriz Rahde que conseguiu em Brasília a
transformação de uma Escola de Artes em Curso Superior, no que foi seguida
por mais cinco outros cursos de outras áreas.
-
03-2 Pontos e nódulos da rede mundial de
convergência de expressões de arte.
A rede mundial
de criação visual e virtual encontrou pontos e nódulos de convergência nos
quais mostra com mais evidências as suas criações e onde alimenta instituições
com novas potencialidades e limites, apesar da dimensão planetária. A
concentração do poder industrial não coincide mais com concentração de
poder da arte. Em instituições que procuram responder essa direção Paris
conseguiu criar e manter várias dessas plataformas públicas para as artes
visuais. Uma delas é o Centro de Artes Pompidou[1] só para exemplificar. Ele foi re-inaugurado
no 1º dia do ano de 2000. Neste mesmo dia, Paris instalou a ‘Universidade de Todos os Saberes’[2]. Essas novas plataformas institucionais
além da maciça circulação e atualização da inteligência oferecida pela rede mundial,
impõem pesquisas estéticas capazes de discriminar o que a informação apresenta
em bloco. O desafio em distinguir entre informação e criação, exige um
exercício e uma potencialidade erudita que concede toda a sua atualidade à necessidade de uma instituição de arte para
elaborar as novas condições e recursos das artes, respondendo à sociedade da
qual extrai as suas referências normativas e valorativas.
[1] - Monnier (1995, pp. 362/3) caracteriza o Centro Pompidou “como espaço dedicado pelo Estado à cultura contemporânea, é, para a
população nacional e do mundo inteiro um lugar simbólico e um instrumento
cultural”
[2] - Em dezembro de 2000 e no
final de um ano corrido de funcionamento da ‘Universidade de Todos os Saberes’,
Yves Michaud apresentou (2000, pp. 98/9) o seguinte balanço, quando “o sucesso ultrapassou largamente nossas expectativas. Uma média de quinhentas pessoas
frequentaram cada dia o anfiteatro
Painlevé do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, o que levará no
final ao total de cento e oitenta mil
ouvintes. A isto é necessário
acrescentar uma média de escuta na
Internet (site: www.telerama.fr) de
quinhentas a mil pessoas em
cada conferência. O sucesso da publicação das conferências confirma esse
grande interesse” . As aulas da Universidade de Todos os Saberes ocorrem
todos os dias da semana às 1h30min e sábados, domingos e dias feriados às 11h,
no Conservatório Nacional das Artes e Ofícios, anfiteatro Paul Painlevé à rua
Saint-Martin, no 292, 75003 –
Paris. No final as conferencias serão
publicadas em quatro volumes pela
editora Odile Jacob
Iberê Camargo - pintura
Fig. 13 – A obra
de Iberê CAMARGO resultou de um intenso exercício do hábito de integridade
estética e intelectual. Integridade estética na qual a tinta, o pincel e a
superfície são testemunhos e desta luta de uma criatura humana na busca do
“CONHECE a TI MESMO”. Distante de qualquer ecletismo, de soluções apenas
formais e agráveis - ao artista e ao seu público - buscou a “BELEZA da VERDADE” por mais
chocante, arrasador e repulsivo resultassem os índices desta busca.
03-3 Um projeto desarticulado de arte
local.
No início do 3° milênio o Rio Grande
do Sul ainda não possui um projeto com esse desenho para a animação cultural,
ou mesmo um prédio para o seu Museu de Arte Contemporânea (MAC)[1].
As políticas culturais, da iniciativa privada, da municipal, da estadual e da
federal estão desarticuladas. Elas alimentam-se de eventos sem continuidade, ou movimentos como Vilhena os caracterizou
(1993: 213). A ‘academia’ se
reinventou diante da nova realidade fragmentada e descontínua ganhando
imprevista sobrevida devido à sua natureza institucional e garantia de
continuidade. Essa academia sublimou o atelier e deixando de insistir apenas
sobre a técnica e o artesanato. Ela passou a dar ênfase ao processo, ao
contexto e à formação de agentes alimentados pela arte conceitual. Como Bourdieu
havia enunciado (1987: 108) a arte institucionalizada na academia – - leia-se,
agora, universidade- constituiu os seus próprios pares[2] como
observadores e interlocutores preferenciais em detrimento dos seus observadores
tradicionais e desarticulados.
[1] - Deve-se esse
empreendimento institucional à iniciativa a Gaudêncio Fidelis, um ex-aluno do
Instituto, e agindo como diretor do Instituto Estadual de Artes Visuais por
iniciativa da Secretária de Cultura do RS, Mila Cauduro no governo de Alceu
Collares..
[2] - Em Porto Alegre, apenas
para citar, está em atividade por décadas o grupo que se constituiu ao redor de
Vera Chaves Barcelos, uma ex-aluna das
artes visuais e simultaneamente de música do IA-UFRGS. [2] Conferir:
CARVALHO, Ana Albani de. “Nervo
Ótico”e Espaço NO”:a diversidade no Campo Artístico Porto Alegrense durante
os anos 70. Porto Alegre: Programa de Pós Graduação em Artes Visuais IA-UFRGS,
1994, 295 fls. + anexos. (dissertação)
Gastão TESCHE (1932-2005) “Janela Noturna”
Fig. 14 – O trabalho
no múltiplo da gravura artesanal teve uma larga aceitação em Porto Alegre entre
1970 e 2000. Os processos gráficos industriais chegavam ao final de um ciclo
com a editora do Globo e sua legendária revista. Este processo industrial
retornou ao artesanato e com pequenas tiragens personalizadas. De outro lado
existem retomadas cíclicas das lições do Clube de Gravura especialmente pelo
denominado grupo dos quatro de Bagé
04–
A OBRA de ARTE do RIO GRANDE do SUL como PRIMORDIAL
04-1 A materialidade sensorial da obra de arte
A par das novas
concepções das Artes Visuais e as vicissitudes externas, permanece como
primordial a construção das suas obras físicas. Sem estas obras físicas estar-se-ia
especulando e trabalhando nos domínios da metafísica, filosofia ou da literatura.
Para se constituir em
obra de arte, ela exige estar presente no meio social, fundando o sistema de
artes na circulação e onde ela busca os seus valores
Acampamento Farroupilha na área
conquistada ao Guaiba.
Fig. 15 – A arte
ínsita possui um largo e pouco delimitado espectro no amplo movimento de
retomada da identidade sul-rio-grandense após o Estado Novo. O ritual do
Acampamento Farroupila entre os dias 07 de setembro e 20 de setembro vem se
alargando ano após ano. A perda da vida rural e campestre é compensada, pela
criatura urbana, pelo mito de sua origem. Nesta evocação entra as manifestações
visuais da moda, das insígnias e artesanato de toda ordem. Apesar de todas as
tentativas de “tornar científico” esta manifestações, de buscar enquadrar num
sistema linear e unívoca a arte ínsita continua brotando de “QUEM a PRODUZ”
04-2 A arte está em quem a produz
O agente
institucional as Artes Visuais assumiu novas dimensões na sua forma de ampliar,
atualizar e fazer circular do poder da arte. Esta ampliação, atualização e circulação foram realizadas por Iberê
Camargo, um ex-aluno do IBA-RS, sendo o
inspirador do Atelier Livre Porto Alegre constituindo uma instituição de Artes
Visuais. A tarefa do Atelier Livre foi de ampliar, atualizar e fazer circular a
arte no interior de uma instituição. O mesmo aconteceu com a Fundação Iberê
Camargo onde ele foi secundado por uma ex-aluna do Instituto que se tornou
esposa e fiel depositária de todo o acervo de momentos privilegiados de criação
artística. Esta fundação destina-se também a fazer circular democraticamente a
arte de Iberê, depois do seu desaparecimento físico. Se há a adaptação do
artista à sua nova função, dentro da realidade capitalista, ela expressa a
coerência ou a reação a esse o modo de vida[1].
[1] - Este modo de vida
capitalista faz com que “o artista tende a ser, não o produtor de um
objeto durável, capaz de ser trocado, mas antes o autor e o organizador do
espetáculo temporário e fugaz. Protegido pela imagem histórica de produtor da
inovação, ele não espera mais fazer depender o seu sucesso do público, mas
somente dos conhecedores” como Monnier escreveu (1995, 353) e que assim
concorda com Bourdieu quando tratou (1987: 108). do ‘público de pares
concorrentes’
Fig. 16 – Um
legado de Assis Chateaubriand e sistematizado por Ângelo Guido recebeu um lugar
definitivo na Pinacoteca Ruben Berta na rua Duque de Caxias e na proximidade
dos poderes legislativo, executivo e judiciário. O prédio recuperado e
adequado para as funções administrativas, museológicas e culturais ressalta a
importância e o sentido do projeto civilizatório do qual ela é fiel depositária,
04-3 O papel da instituições de arte no Rio Grande do Sul
A possibilidade
de continuar a fazer circular as Artes Visuais, mesmo depois da morte do
artista, possui no modo de vida, comandado pelo neoliberalismo e na lógica do
capitalismo financeiro, um permanente anúncio de apocalipse[1].
Se existe a
certeza implacável do limite e um apocalipse irreversível face à eternidade
essa certeza é um estímulo na busca humana do maior adiamento possível desse
final[2],
mesmo para quem se dedica à ciência. O adiamento é possível por meio da produção da obra de
arte e sua reprodução infatigável, diante
certeza mais objetiva implacável do limite e de um apocalipse
irreversível face à eternidade. Para essa reprodução continuada, estas obras
das Artes Visuais mergulham as suas raízes no mais profundo passado da espécie
humana. Diante dessa genealogia, é possível acreditar que ela será uma das
últimas das quais o ser humano irá abdicar no futuro[3],
mesmo com designação distinta da atual.
[1] - Esse sentimento da arte frente ao
capitalismo que Monnier registrou (1995,
p.42) e para quem “esse território é tão
minado, e tão ameaçado de desaparecer como a floresta amazônica. Nós somos os
últimos índios”. De outra parte, as provas científicas dos limites, que o
ciclo de longuíssima duração da presença do homem sobre a Terra, foram os
estímulos à criatividade do escritor
Saramago, que expressou essa certeza
na língua portuguesa a o ponto de
ser distinguido com o Nobel de
Literatura.
[2] - Depois dos atentados ao
WTC-NY, do dia 11 de setembro de 2001 o critico John Rockwell escreveu (2001,
p. 2) que “retroativamente é sempre
possível interpretar a inquietude artística como prenúncio de desastre
iminente, embora no passado, os sinais tenham por vezes iniludíveis. Talvez
seja iniludível agora, e ainda sequer os conhecemos. [...] Se conseguirmos
sustentar nossas artes numa diversidade tão rica quanto nossa diversidade
social, política e religiosa, nossos artistas podem realmente desempenhar um
papel valiosíssimo: eles podem nos amparar e inspirar, mas podem também nos
guiar – diretamente ou, o que é mais provável, indiretamente – da escuridão
para a luz”.(in:
http://www.estado.com br/editoriais/2001/01/23/int019.html). O que interessa
é a abertura imediata das instituições de arte, logo após os
atentados, como luz de um arraigado projeto civilizatório dos cidadãos de Nova
York contra a barbárie.
[3] - Carlos Oswald escrevia em setembro de 1962 “as antenas dos artistas, espelham
misteriosamente os acontecimentos do mais afastado futuro e mais do que os
cientistas, que analisando o presente deduzem as possibilidades futuras, o
artista com suas sínteses, nos apresenta simbolicamente o”vir-a-ser”da
humanidade” in Monteiro, 2000, p.
203
Francisco STOKINGER murais no respiradouro do Viaduto Conceição da 1ª
Perimetral de Porto Alegre
Fig. 17 – A
grande obra viário que porto Alegre recebeu no início dos anos 1970 compreende também
obras de Carlos Gustavo Tenius, de Tina
Felice, de 1996, além de viadutos e ajardinamentos. Estas
cirurgias urbanas responderam parcialmente ao crescimento de carros
particulares cuja produção se automatizou e foi amplamente potencializado pela
entrada de robôs que transformaram a linha de montagem repetitiva em ilhas de
produção conectadas em rede às sistematizadoras.
05–
A ARTE é um FENÔMENO que CONTINUA no RIO
GRANDE do SUL
05-1 A arte continua apesar das suas mortes anunciadas
Esqueceram-se de avisar ao arista, que a ARTE
MORREU. Ou ele simplesmente não quer
escutar, ver e sentir. Nisto consiste o SOBRE-HUMANO que Nietzsche apontava
como destino do artista.
A arte, na sua autonomia, é cega,
muda e surda aos profetas que a MATAM, CONSPURCAM ou IGNORAM ao seu bel prazer
e para causar espetáculo gratuito a
custa de OUTROS. Apesar destes profetas de mau agouro, arte é um fenômeno humano que continua. Ela é
uma fonte da História que no seu continuar desvela os pontos críticos da sua teleologia imanente contribuindo para
tornar contemporâneas todas as gerações humanas[1].
A institucionalização da arte
continua sendo o instrumento para a consciência dessa contemporaneidade das
diversas gerações. Esse fato é possível conferir nos desígnios do IA-UFRGS como
instituição, que, nas sucessivas etapas gerou um sistema de artes visuais para
a consciência. Este sistema de artes visuais conecta-se com a sociedade no bojo
da qual esse Instituto democratizou a sua competência num projeto civilizatório
desenvolvido entre 1908 e 1962 e que continua a desenvolver no interior do
terceiro milênio.
[1] - Como Gonçalves Viana, um
dos membros do CC-ILBA, afirmou (1948, p. 56) que “a História, que nos faz contemporâneos de todas as épocas”.
Pinacoteca Aldo Locatelli ocupou diversas salas climatizadas do prédio
histórico da antiga prefeitura de Porto Alegre
Fig. 18 – A obra
de arte evoluiu de sua função subalterna para o estágio de prestígio, centro de
preocupações e cuidados como valor simbólico que no seu mínimo material carrega
um testemunho e um documento de seu autor, tempo e lugar. As imensas filas
de visitantes que se formam nas portas dos museus de arte reforçam economias de
cidades e de nações que estiveram atentas mensagens de suas obras de arte e as
cercaram com os devidois cuidados
05-2 A morte anunciada das tendências estéticas
A “forma é morte da arte”
sentenciava e provava Paul Klee. Na medida em que a arte está em que produz e
não no que produz tomar esta produção formal como a própria arte é condenar à
morte a autêntica fonte da criatividade. As culturas hegemônicas e formadoras
das tendências estéticas, trabalham e se esforçam por separa a arte de suas
aparências materiais. Aparências sensórias indispensáveis enquanto degraus de acesso ao patamar da criação. Contudo
perdem todo sentido quando conduzem ao objeto morto e a cadáver da arte. As
fortes confluências sociais, econômicas e do ambiente físico que geram possuem
a energias para deflagrar as energias criativas humanas
O problema da periferia ou em
lugares nos quais estão ausentes estas condições geográficas, econômicas e
sociais estas tendências não passam de
atualização da inteligências, do concreto não há condições de pesquisa estética
coerente e produção de obras de arte
Fig. 19 – Claudio Martins Costa faz parte de uma pequena
e qualificada geração de escultores cuja carreira produtiva teve o seu auge em
Porto Alegre entre 1970 e 2000. Os vínculos com a cultura indígena, e a busca
de arquétipos plásticos não o impediram de projetar estes valores no plano
erudito. O seu pequeno legado
material se ampliou no ensino do hábito da integridade intelectual aqueles que
seguiram o seu caminho como discípulos
05-3 A morte anunciada das profissões da era industrial
Na era pós-industrial as
instituições, a sociedade e a economia estão voltadas para a formação.
Desapareceram as profissões. Assim a universidade recupera a sua função
precípua da formação do SER humano. Com o desaparecimento das profissões
clássicas, regulamentadas e lineares, emerge um mundo de trabalho onde a
criatura humana necessita de uma criatividade, de uma ética e com hábitos de
integridade intelectuais em constantes rupturas com a fase anterior e com as formas
rígidas lineares e unívocas.
O ideal de uma arte única, de
leitura linear de permanência indeterminada e longa, cedeu lugar para manifestações efêmeras, obras
aglutináveis em redes e múltipla leituras e repertórios variados
Diante destas manifestações pós
industriais o artista precisa ir, mais do que nunca, para a universidade. Da
parte desta mesma instituição a recíproca é verdadeira. Esta universidade só
terá sentido se ela tiver competências para aprender com o mundo e as forças do
campo das artes. Isto implica no seu exercício do seu hábito de integridade intelectual.
MANCHETE n.966 de 24.10.1970 p. 149 c
Fig. 20 – O ano
de 1970 foi marcado pela tentativa de um alentado grupo de artistas
sul-rio-grandenses projetar suas obras
em Brasília. Este evento teve acerbas críticas pelo núcleo do poder
ocupado pelos mentores da Revolução de 1964. No contraditório não há
registo de seleção de personagens, recusas
ou controle de obras. Porém a corrente foi efêmera e não há registro de
aquisições oficiais de obras de arte deste grupo formado, nesta imagem, por
Zorávia Bettiol, Vasco Prado e Carlos Alberto Petrucci (1919-2012).
05-4 O artista como príncipe ou
aquele que principia
O ARTISTA nunca foi PROFISSÃO
REGULAMENTADA e RECONHECIDA como tal. Nesta
medida ele possui o papel social de PRÍNCIPE. O ARTISTA PRÍNCIPE - ou aquele
que principia – está no seu lugar certo na ERA PÓS-INDUSTRIAL. Ninguém assina
carteira de trabalho de PRÍNCIPE. Ele é PRÍNCIPE ou NÃO É. Evidente que está
muito distante da NOBREZA ou FAMÍLIAS HEREDITÁRIAS. O artista recompõe, na sua
autonomia e principia, pela sua obra, uma nova história e outra linhagem que
nunca existiu antes.
Na cultura ocidental os maiores
nomes do Renascimento, do Impressionismo e do Cubismo se elevaram e se
consolidaram neste patamar de autonomia.
Maria Lídia dos Santos MAGLIANI (1946-2012)
Fig.21 – Uma
vocação singular sob a orientação e cuidado de Ado Malagoli ganhou os ares da cidade
do Rio de Janeiro onde se integrou ao grupo de artistas domiciliados em
ateliers no bairro de Santa Teresa. Dedicou uma breve e intensa vida as
artes de tempo integral
A história da arte no Rio Grande do
Sul contou com estes nomes. Entre eles encontram-se os nomes de Pedro
Weingärtner (1853-1929) e Oscar Boeira(1883-1943).
No período de 1970 até 2000 e aqui
em foco, inscreveram os seus nomes neste
patamar elevado Vasco Prado (1941-1998), Francisco Stockinger (1919-2009), Maria
Lidia Magliani e sobretudos Iberê Camargo. Eles foram
competentes e pagaram o preço de tentarem o sobre-humano pelo caminho da autonomia
na sua arte
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de Museu- Porto Alegre : MARGS 2005 3 vol. 240 pp il. Col.
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Sul Ado Malagoli Catálogo geral Porto Alegre: MARGS 2013, 472 pp il.
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Brasília – Revista MANCHETE Rio de Janeiro
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PRESSER, Décio .Dicionário
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--------MAGLIANI
a solidão do corpo – Porto Alegre: Piancoteca Aldo Locatelli 2013,
SCARINCI, Carlos. A
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ZIELINSKY, Mônica - Iberê
Camargo- Catálogo raisonné- volume 1
Gravuras São Pualo: Cosaca Naify, 2006 504 pp. 692 ils - ISBN -85-7503-528-2-
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
ARTE INSITA
ATELIER
LIVRE da PREFEITURA de PORTO ALEGRE
BIENAL MERCOSUL
CLOVIS PERETTI (1935-1995)
CONSELHO
ESTADUAL de CULTURA
DECRETO
FEDERAL nº.73.789 de 11.03.174 transfere a DELEGACIA FISCAL para o MARGS
DIA
da ARTE no BRASIL
FUNDAÇÃO
IBERÊ CAMARGO 1995
obras
GOVERNADORES
do RIO GRANDE do SUL
GRUPO
NERVO ÓTICO – 1976-1978
MAC-RS
MERCOSUL
28.03.1991
PINACOTECA
RUBEN BERTA – prédio
Plano
Real
PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA
do ESTADO
PROJETO
MISSÕES com CILDO MEIRELES 1987
SALÃO
de ARTE CONTEPORÂNEA UFRGS 1990
TEORIA
dos JOGOS nas ARTES VISUAIS
UNIÃO
EUROPEIA
XICO
SÉRIE de POSTAGENS ARTE no RIO GRANDE do SUL
[esta
série desenvolve o tema “ARTE no RIO GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html ]
INTRODUÇÃO
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES
das SEMENTES das ARTES VISUAIS do RIO
GRANDE do SUL
124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA
e SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus ESTÁGIOS
PRODUTIVOS.
PRIMEIRA PARTE
125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais
indígenas sul-rio-grandenses
126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto
civilizatório jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do Sul
127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais
afro--sul-rio-grandenses
128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista
contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio Grande do Sul.
129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província
sul-rio-grandense diante do projeto
imperial brasileiro
130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande
do Sul diante de projeto republicano
131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos primórdios do ILBA-RS e a sua Escola de Artes até a
Revolução de 1930
132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE do
SUL entre 1930 e 1945
133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O projeto da
democratização da arte após 1945.
134 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
A ARTE e a ARQUITETURA em AUTONOMIA no RIO GRANDE do SUL
SEGUNDA
PARTE
Iconografia e Iconologia das
artes visuais de diferentes projetos
políticos do Rio Grande do Sul.
135 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
Obras das artes
visuais afro-sul-rio-grandense
136 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 14
Obras de arte dos
Sete Povos das Missões Jesuíticas como metáfora da Contrarreforma
137 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 15
A “casa do cachorro-sentado”
como índice açoriano no meio cultural do
Rio Grande do Sul .
138 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 16
Obras de Manuel
Araújo Porto-alegre
139 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 17
Obras de Pedro
Weingärtner
140 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 18
Obras de Libindo Ferrás
141 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 19
Obras de Francis Pelichek
142 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 20
Obras de Fernando Corona
143 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 21
Obras de Ado Malagoli
144 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 22
Obras de Iberê Camargo
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